O PAI NOSSO ORIGINAL, EM ARAMAICO



O Pai Nosso original, em aramaico

 

            O Pai Nosso é a oração mais comum da cristandade. Não há quem não tenha a proferido em adoração, súplica ou gratidão em algum momento da vida, só ou em grupo, antecedida da expressão “a oração que nos foi ensinada pelo Pai”.

 No entanto o Pai Nosso que costumamos rezar não é aquele que nos foi ensinado por Jesus Cristo, conforme conta Mateus: Jesus estava rezando em algum lugar, sozinho, próximo a Cafarnaum, em alguma colina com vista para o Mar da Galiléia. Quando ele parou de orar, um dos discípulos se aproximou e pediu: - “Senhor, emsina-nos a rezar como João ensinou a seus discípulos”. E então Jesus lhes disse, na língua comum do povo daquela época, o aramaico: - “Quando vocês rezarem, digam”:

            Abvum d’bashmáia, netcádash shimóch, tetê malcutách, nehuê tcevianách aicana d`bashimáia af b’arha, havlan lácma d’suncanán ianomána, uáshbocan haubéin uahtehin aicána dáf quinan shbuocán l´haiabéin, uêla tahlan l´nesiôna. Ela patssan min bixa, mêtol diláhie malcutá uahália usteshbôcta l’ahlám almin. Amen.

            O aramaico, (cujo nome deriva do Patriarca Aaram – ou Aarão) é um idioma semítico[M1]  nascido por volta de 600 anos antes de Cristo e era falado por todo o povo daquela região. É uma língua de pastores e agricultores, muitos deles nômades, e cujos limites geográficos eram as estreitas faixas de terra fértil delimitadas pelos intermináveis desertos e o límpido céu maravilhosamente estrelado como cobertura. Tem um vocabulário limitado e os seus conceitos referem-se fundamentalmente a vida simples daquelas pessoas, ligadas a terra, a agricultura, às colheitas, aos animais de pastoreio e as tradições místicas dos povos do deserto.

            Desta forma, muitas expressões em aramaico têm significados impossíveis de se verter com precisão para outros idiomas. Por exemplo, a palavra céu, no sentido bíblico, traduzida para o grego como “cosmos” que significa “ordem”, tem em aramaico o sentido muito mais amplo e belo, de “luz e som brilhando através de toda a criação”, provavelmente a sensação que emocionava aqueles primitivos pastores durante as noites de vigília.

            Os 39 livros que compõe o Velho Testamento e outras dezenas de livros que chamamos de apócrifos, foram grafados em aramaico, hebraico e siríaco e os 27 livros contidos no Novo Testamento em grego. Mas os livros do Velho Testamento também foram vertidos para o grego, a língua culta da época, idioma muito mais estruturado e lógico, e a partir deste foram feitas as traduções da Bíblia, para quase todos os idiomas.

            O grego foi introduzido no Oriente Médio por Alexandre da Macedônia, cujas conquistas militares helenizaram o mundo antigo mas nunca se tornou uma língua popular. Era falado pelos intelectuais e pela elite da época e o povo da Terra Santa sempre usou o aramaico. O hebraico era um idioma litúrgico falado apenas pelos sacerdotes e nas cerimônias das sinagogas.

Em 1681 é publicada a primeira Bíblia em língua portuguesa, tradução do Reverendo João Ferreira de Almeida, (Torre de Álvares, Portugal, 1628-1691), sacerdorte católico que se converteu ao protestantismo e que dedicou praticamente toda sua vida a verter a Bíblia para o português.

            Uma vez que as traduções da

            Abvum d`bashmáia (Pai-mãe, Respiração da Vida, Fonte do Som. Ação sem Palavras, Criador do Cosmos. Faça sua Luz brilhar entre nós, fora de nós e que possamos nos tornar úteis).

            Netcádash shimóch ( Ajude-nos a seguir nossos caminhos, respirando apenas o sentimento que emana de você)


 [M1]Refere-se aos povos semitas, um dos quais é o povo hebreu.



Comentários