junho 23, 2025

 Essa é pra pensar.

Cabe uma incursão bem profunda ao no sso interior.

O valor das coisas é o substrato das nossas percepções.

Sejam nas nossas atitudes, nos nossos sentimentos, mas sobretudo nas nossas emoções.

O valor das coisas, lá no fundo, é uma questão de distância.

Antes de ter, a vontade é mais acentuada e às vezes até aflitiva e o valor parece inestimável.

Quando se tem, torna-se algo pertinente, rotineiro, circunstante e ganha um aspecto trivial e não há mais distância.

Porém...quando se perde, aí sim o cenário torna-se mais crítico.

Muitas vezes, falta-nos o chão. 

Quando se perde, se condensam as experiências do que se almejava, do que se teve e da dor e da frustração daquilo que se foi...e a distância se torna infinita.

Assim somos nós, passageiros transitórios da vida e de tudo o que nos cerca. No

A experiência é cíclica e contribui para que possamos aprimorar nosso nível consciencial.


NEWTON AGRELLA

NOBLESSE OBLIGE - Heitor Rodrigues Freire


Todos nós somos filhos do Pai Altíssimo, que nos criou livres e iguais para, assim, termos a oportunidade de nos desenvolver por nossos próprios meios, para conquistarmos nossa evolução. A única diferença entre nós é o modo como utilizamos o conhecimento de que somos dotados. Só depende de cada um.

No livro Deuteronômio, o quinto do Pentateuco da Bíblia Sagrada, no capítulo 30, versículos 11-14, Deus declara a Moisés: “Este mandamento que hoje lhe ordeno não é muito difícil, nem está fora do seu alcance. Ele não está no céu, para que você fique perguntando: ‘Quem subirá até o céu para trazê-lo a nós, a fim de que possamos ouvi-lo e colocá-lo em prática?’ Também não está no além-mar, para que você fique perguntando: ‘Quem atravessará o mar, para trazer esse mandamento até nós, a fim de que possamos ouvi-lo e colocá-lo em prática?’ Sim, esta palavra está ao seu alcance: está na sua boca e no seu coração, para que você o coloque em prática”.

Assim, Deus concedeu a cada um de nós o mesmo mandamento e o fez da mesma forma, sem distinção. O mandamento do Pai Altíssimo está em nossa palavra e em nosso coração. Cabe a cada um procurá-lo, encontrá-lo e praticá-lo. Somos todos nobres de origem, independentemente de raça, gênero, classe social, nacionalidade, religião ou época. Afinal, somos todos filhos do Pai.

Dessa forma, nosso comportamento deve ser sempre nobre, pois noblesse oblige: a nobreza obriga. Devemos agir de uma forma que esteja de acordo com a nossa natureza, a nossa graduação original e a nossa consciência. Indo diretamente à fonte, que mora em nosso coração. A tradução literal dessa frase quer dizer “a nobreza manda”, e para entendê-la é bom que se volte um pouco no tempo e que pensemos na história. 

Houve uma época em que as normas de conduta ética e moral eram transmitidas às novas gerações pelas classes dominantes: a aristocracia, os intelectuais, os escritores, os artistas, ou seja, pela elite, aquela categoria de pessoas que tinha acesso ao conhecimento e, por isso, era um exemplo de conduta. Isso mudou muito hoje em dia, mas o significado da frase permanece. Quando, por exemplo, nos confrontamos com uma situação em que o outro lado age de maneira rude ou equivocada, noblesse oblige: independentemente de quão rude agiu o outro lado, por mais tentador que seja, jamais devemos sair da atitude correta – e a atitude correta acaba desarmando ou neutralizando a grosseria cometida pelo outro lado.

Noblesse oblige é uma frase que deveria se fazer mais presente em nosso cotidiano e sobre a qual deveríamos refletir com mais frequência. 

Na realidade, houve uma renúncia, por desconhecimento, ao direito que cada um tem de acessar seu coração e obter diretamente, sem intercessão de quem quer que seja, a ligação direta com o nosso Pai. Sem dogmas, sem rituais, sem liturgia.

O primeiro passo para a evolução é o discernimento. E o que ele significa? Discernimento é a capacidade de decidir por nós mesmos, ter a confiança de que somos capazes de pensar com a própria cabeça, sem nos deixar influenciar por quem quer que seja. “Tudo é permitido. Mas nem tudo convém. Tudo é permitido. Mas nem tudo edifica.” São palavras de Paulo na 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 10, versículo 23. Ou ainda: “A liberdade é bonita, mas não é infinita. Acredite: a liberdade é a consciência do limite” (letra da canção A liberdade é bonita, de Jorge Mautner com José Miguel Wisnik). 

Paulo também afirmou, na Carta aos Gálatas, capítulo 5, versículos 22-23: “Mas o fruto do Espírito é amor, é alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si”. Ele mostra o caminho para a prática do mandamento que Deus nos concedeu e que colocou em nosso sentimento (coração) e em nossa palavra (boca).

Já que estamos com Paulo, na 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 13, ele também escreveu que o caminho que ultrapassa todos os dons e ao qual todas as pessoas devem aspirar é o amor. O amor é a fonte de qualquer comportamento verdadeiramente humano, pois leva as pessoas a discernir as situações e a criar gestos oportunos. No versículo 13, ele encerra: “Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor”.

Voltando ao conceito noblesse oblige, não nos deixemos dominar por outro sentimento que não seja o amor, que tudo encerra e tudo engloba.


PEDREIROS X MAÇONS OPERATIVOS


Para que se possa bem compreender o que se segue, é importante lembrar que a palavra Maçom vem do inglês Mason e do francês Maçon, todas significando Pedreiro.

Mas faço aqui distinção entre Pedreiro e Maçom Operativo. Nem todo Pedreiro era um Maçom Operativo, mas todo Maçom Operativo era Pedreiro, ou seja, os Maçons Operativos eram pedreiros profissionais dedicados a construção de edificações, mas com o diferencial de estarem congregados em uma corporação do ofício, com suas histórias lendárias, fundamentos morais e obrigações, com seus segredos profissionais e  que, com o passar do tempo, com a decadência dessas corporações, passaram a admitir pessoas não profissionais, os “Aceitos”, que, tornando-se maioria, deram origem à Maçonaria Especulativa, de “Pedreiros” construtores de seu Eu e da Sociedade.

Ora, os Pedreiros surgiram muito antes de qualquer tipo de organização operária e, portanto, não havia uma Maçonaria. Segundo uma lenda Maçônica pouco conhecida, depois de expulso do Éden, Caim se uniu a Lebuda, gerando Enoque (Gênesis 4:17), que ensinou os homens a talhar a pedra, reunir-se em sociedade e construir seus edifícios. Foi, então, o primeiro Maçom? Não! Foi o primeiro Pedreiro! 

Depois o ofício de pedreiro foi se disseminando e temos a construção bíblica da Torre de Babel (Gênesis 11:9), evidentemente construída por Pedreiros. Maçons? Não! Pedreiros. 

E as monumentais pirâmides egípcias, que sobrevivem até os nossos dias, foram construídas por Maçons? Não! Por pedreiros! 

E chegamos a construção do Templo de Salomão, por Fenícios da cidade-estado de Tiro, por um acordo entre o rei Salomão e o Rei Hiram. Esses fenícios eram Maçons? Não! Pedreiros. 

Passamos para os construtores de palácios e templos da antiga Grécia. Eram Maçons? Não! Pedreiros. 

Nas Américas, Maias, Incas e Astecas construíram templos e pirâmides. Eram Maçons? Não! Pedreiros! 

Em Roma surgem as primeiras organizações de Pedreiros, os Collegia artificum e os Collegia fabrorum, criados por Numa Pompilio. Eram Maçons? Não! E as organizações eram Maçonaria? Não! 

Chegamos então à Idade Média, em que a sociedade era feudal e criam-se as corporações de ofício de artesãos e de certas profissões, como as de alfaiates, chapeleiros, carpinteiros, cuteleiros, ferreiros, sapateiros, seleiros, lenhadores e pedreiros, entre outros. Invariavelmente, essas corporações possuíam seus segredos profissionais e praticavam rituais de recepção de calouros, de cunho mais ou menos espiritual, em que se mesclavam práticas vulgares, por vezes obscenas, grosseiras e com paródias de ritos religiosos, sendo certo que não há como se comparar essas práticas com as dos pedreiros, verdadeiros Maçons Operativos, a quem o conhecimento da Geometria lhes conferia um enobrecimento intelectual.

Além disso, ao que se saiba, a única corporação que tinha o privilégio de circular livremente entre os diversos feudos era a dos Pedreiros (Maçons Operativos), daí a denominação Freemason em inglês e Franco-Maçom em francês, pois seus principais clientes eram a nobreza e a Igreja, para a construção de castelos, palácios, templos e catedrais.

Sobreviveram desse período medieval alguns manuscritos com os estatutos dessas diversas corporações operárias, daí se conhecer algumas de suas práticas. 

No caso dos Pedreiros (Maçons Operativos), esses manuscritos são denominados tecnicamente pela Maçonaria Especulativa de Old Charges, Antigas Obrigações, Antigos Deveres, Antigas Constituições ou Constituições Góticas. Muitas dessas práticas sobreviveram a trnsformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa.

Com a decadência das corporações de ofício, os Maçons Operativos passaram a admitir pessoas dissociadas da arte de construir, os “Aceitos”, sobretudo nobres, militares e antiquários e, com o advento do Iluminismo, intelectuais, místicos, alquimistas, etc, que passaram a ser predominantes nas Lojas operativas.

Finalmente, em 1717, com a reunião de 4 Lojas de Londres, formou-se a Grande Loja de Londres, marco da definitiva transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa, a Maçonaria que conhecemos atualmente.


Autoria desconhecida

junho 22, 2025

SÍNDROME DE CARÊNCIA DE PROTAGONISMO - Marcelo Duarte Lins


Um dia você é chamado de “doutor”, “comandante” ou seja lá qual for o título de autoridade civil ou militar. 

No outro, é só o seu Fulano da caminhada matinal, a dona Cicrana do pilates das nove, a voz que o neto chama para ajeitar o Wi-Fi.

E tudo bem.

Durante anos — décadas, talvez — você construiu, decidiu, liderou.

Resolveu problemas que pareciam montanhas.

Carregou a casa, a empresa, o Estado — o mundo, quem sabe — nas costas.

Teve horário, metas, gente que dependia de você.

Chamavam, você respondia. Ordenava, e o mundo obedecia. Ou quase.

Mas enquanto o mundo obedecia, havia um outro mundo que crescia — e que, muitas vezes, você mal viu crescer.

Filhos que aprenderam a andar, falar, sofrer e se virar sem você.

No fundo, você prometia a si mesmo que um dia compensaria o tempo.

Esse dia chegou. E, para sua surpresa, não é mais com os filhos — é com os netos.

Agora, o crachá foi entregue, o e-mail corporativo desativado, a agenda virou um caderno de aniversários e exames de rotina.

Um clique silencioso no botão “sair”.

E então começa o verdadeiro login: o da vida que existia por trás da função.

No início, é estranho.

Acordar sem pressa.

Almoçar sem o celular à mesa.

Não precisar provar nada a ninguém.

Parece perda.

Mas, com o tempo, a gente descobre que é ganho.

É quando o ego — aquele bicho barulhento e faminto — finalmente vai dormir mais cedo.

As vaidades começam a se despentear.

E o poder, coitado, vira uma piada interna entre lembranças e ironias.

Há uma liberdade secreta — e quase sagrada — em deixar de ser importante.

Depois que os holofotes se apagam e as salas esvaziam, sobra um silêncio que assusta no início, mas logo revela algo raro: a chance de ser inteiro sem precisar ser centro.

É nesse intervalo entre a grandeza e o anonimato que mora uma liberdade que poucos aceitam — a de não precisar provar mais nada.

Ser ex-presidente, ex-artista da moda, ex-chefe temido ou ex-qualquer-coisa relevante exige mais do que currículo.

Exige maturidade para suportar o eco do próprio nome dito cada vez menos.

Há quem aceite essa travessia com dignidade, transformando passado em legado e presente em sossego.

E há quem se agarre a qualquer manchete, a qualquer aplauso residual, como quem se recusa a apagar as luzes do palco mesmo quando a plateia já foi embora.

Que a vida pregressa sirva de boas lembranças, orgulho e referências — não de prisão.

Viver de glórias passadas é confortável, mas perigoso.

Morar no passado é correr o risco de se tornar o próprio fantasma do metrô no filme Ghost — aquela alma inquieta, presa entre estações, que assombra os outros no vagão porque não consegue aceitar que o tempo passou.

Há dignidade em reconhecer a importância que se teve.

Mas há ainda mais liberdade em não precisar provar isso o tempo todo.

Nesse novo tempo, surgem outras rotinas: o café sem pressa, a leitura sem prazo, a escuta sem interrupção.

Aparece uma nova importância — mais discreta, mas muito mais verdadeira.

Porque já não importa o que você faz.

Importa quem você é.

Agora, você é o dono do cachorro Weiss e da gata Menina Chanel.

E as pessoas da praça nem sabem seu nome — quanto mais o que você já foi.

E não faz falta.

As ilusões do “ser alguém na vida” se dissolvem como espuma.

E o que sobra é a essência:

O prazer de uma conversa boa.

A alegria de ensinar sem cobrar.

O tempo de ouvir mais do que falar.

A leveza de não ser mais “necessário” — e descobrir que isso é liberdade, não desprezo.

Talvez o que antes era ausência agora vire presença.

A pressa que te levou embora dos aniversários dos filhos cede lugar à calma de montar quebra-cabeças com os netos.

O conselho que você não deu aos 17, você agora sussurra aos 7 — com voz mais mansa, com menos urgência, com mais amor.

Os netos não são só a continuação da linhagem: são a chance de acertar com mais ternura onde antes só houve esforço e intenção.

A verdadeira grandeza talvez esteja em saber sair de cena. E permanecer inteiro.

Quem já foi importante, se souber deixar de ser, talvez descubra que o anonimato é só outra forma de liberdade — menos barulhenta, mas muito mais leve.

Alguns chamam de aposentadoria.

Outros, de desaceleração.

Mas talvez seja apenas o início da verdadeira vida adulta: aquela em que você vive, enfim, para si mesmo — sem script, sem performance, sem palco.

E é nesse silêncio do “já fui” que se escuta, pela primeira vez, o que você sempre foi.

Sem cargo, sem salário, sem plateia.

Só sabedoria.

E paz.

Porque a verdadeira importância pode estar, agora, em ter o tempo inteiro para fazer coisas simples que levam à felicidade:

Brincar com um neto.

Passear com o cachorro.

Conversar com velhos amigos.

Sentar à mesa com quem sempre esteve por perto — mesmo quando o mundo exigia que você estivesse longe.

É a liberdade de quem já foi importante.

E, enfim, aprendeu a ser presente.

MUDANÇA LEGAL - Adilson Zotovici


 

Tem que haver muito cuidado

E também discernimento

Com o que convencionado

Aceito sem constrangimento


Se não houver concordado

Com teor em detrimento

Que anterior adotado

Busque o legal instrumento


Tem que ser observado

Seu inicial intento

Por maioria aprovado


Moral comprometimento

Com ritual praticado

Tal Estatuto ou Regimento !


SERIE OURO DA ARLS EPAMINONDAS

Conduzido por Adilson Zotovici, este programa resgata a vida e a obra de ilustres maçons com inestimáveis contribuições a Ordem. FRANCISCO RORATO, por Adilson Zotovici; JOSÉ DE SOUZA MARQUES, por Denizart Silveira de Oliveira e FRANCISCO DE ASSIS CARVALHO (XICO TROLHA) por Fuad Haddad. Imperdível.




junho 21, 2025

PISANDO EM FALSO - Newton Agrella



Neste complexo universo, em que a inveja é um claro dispositivo como regulador social, as aparências são decisivas porque elas comandam a inveja dos outros.

É um estado da alma que nos persegue, nos deixa incrédulos e de vez enquanto, entope nossas veias.

Essa analogia se destina a revelar que cada um de nós, de forma mais ou às vezes menos intensa, deixamos transparecer aquilo que nos incomoda, nos irrita e nos torna reféns de nossas próprias limitações.

Essa disposição da alma humana se manifesta como uma  inquietante e irrefreável experiência que produz um conflito íntimo de dor e prazer. 

A vontade de ter o que pertence  ao alheio e ao mesmo tempo sentir-se inferior a outrem consistem na tradução mais clara desse sentimento tão negativo.

A inveja causa desconforto, cria distanciamento e até inibe relações pessoais, pois ela se instala sorrateiramente, e mal consegue disfarçar sua expressão singular de desatino.

O sorriso contido, o elogio vazio, a saudação lacônica, e o coração apertado são testemunhas legítimas da inveja.

Apenas a título de ilustração, cabe lembrar que o substantivo abstrato "inveja" advém do  Latim (INVIDIA) e por extensão da locução  "in videre" , que significa "não ver"  ... 

A idéia, portanto que o adjetivo "invejoso(a)"  encerra é a da pessoa que possui "pouca percepção de si mesma".

Este sentimento constitui-se numa densa barreira e num claro impeditivo na busca do conhecimento e no caminho para a evolução.

O filósofo grego, Antístenes, discípulo de Sócrates afirmava:

"...A inveja consome o invejoso como a ferrugem o ferro...“ 

Essa máxima talvez descreva com a mais precisa legitimidade, esta deplorável propriedade humana de forma figurada.

Para um "wrap up" desta breve crônica, cabe lembrar que para aquele que alimenta a inveja como escudo e faz dela uma profissão de fé, o que realmente conta não é “ser feliz”, mas sofismaticamente "parecer feliz".





UMA CRÍTICA A ORIGEM TEMPLÁRIA - Almir Sant'Anna Cruz



 UMA CRÍTICA A ORIGEM TEMPLÁRIA E AOS GRAUS TEMPLÁRIOS DA MAÇONARIA

O autor francês Alec Mellor, em seu excelente Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons, no verbete TEMPLÁRIOS, depois de fazer um breve resumo da Ordem do Templo, desde a sua fundação em 1118 até 1314, quando foi queimado vivo Jacques de Molay, seu último Grão Mestre, assim se expressa: 

“Quatro séculos depois, em pleno século XVIII, nasceu uma incrível fábula, imaginada por fabricantes sem escrúpulos de Altos Graus fantasiosos, a chamada “origem templária”, segundo a qual a Ordem do Templo, da qual alguns sobreviventes teriam se refugiado na Escócia, teria dado origem à Franco-Maçonaria. 

Refutada várias vezes, condenada na convenção de Willhelmsbad em 1782, despedaçada por Albert Lantoine em La Franc-Moçonnerie chez elle [A Franco-Maçonaria em casa], renascendo periodicamente a despeito de todos os contra-ataques dos historiadores, a fábula ainda não desapareceu completamente (...) 

Ramsay, em seu Discours (1737) falara sobre os cruzados, mas não sobre os templários em particular. Tinha lançado a fábula, destinada ao sucesso, segundo a qual os cruzados teriam dado origem à Franco-Maçonaria. 

Essa pretensão satisfazia, na época, o orgulho aristocrático dos maçons franceses, que não se satisfaziam com o prestígio obscuro dos construtores medievais. 

Restava encontrar uma explicação para o hiato de quatro séculos que separava os cruzados de uma instituição ainda recente. 

Pelo seu desaparecimento, a Ordem do Templo revelava-se um tapa-buraco providencial, bastava afirmar que ela sobrevivera secretamente, o que não era nada difícil, nem para os espíritos imaginativos nem para os espíritos crédulos e sem formação crítica (...) 

É certo que os templários e os arquitetos mantiveram, na Idade Média, relações comerciais, mas para transmitir um esoterismo, seria necessário que eles tivessem um esoterismo a transmitir! Ora (1) Nenhum documento contemporâneo favorece essa hipótese; 

(2) Quando do processo dos Templários, a Maçonaria operativa não foi incomodada; 

(3) Monges-soldados e banqueiros judiciosos, os templários parecem ter sido completamente indiferentes ao espiritual, assim como ao pseudo-espiritual. Não produziram sequer um pensador, um único escritor. (...) 

Atualmente, pode-se dizer que o Templarismo se democratizou. É encontrado sob as mais diversas formas. (...) 

A persistência de um vestígio templário nos rituais escoceses - que não se deve confundir o heroísmo autêntico dos cavaleiros com a pseudo-história de uma descendência inexistente - não é incomoda, não mais do que o ritual americano dos “De Molay”, ordem para-maçônica para adolescentes, cujo valor não é iniciático, mas educativo. Longe disso, a grande figura do Grão-Mestre Jacques de Molay, restituída à sua verdade, aparece como uma alegoria sublime do homem justo até a morte, e, A ESSE TÍTULO, MAS SOMENTE A ESSE TÍTULO, pode-se dizer que ele se situa ao lado de outras grandes figuras propostas pela ordem para meditação humana”

junho 20, 2025

SOLSTÍCIO de INVERNO - Adilson Zotovici


 

Parece que o “Sol parado“... 

Mas de ofício segue em frente 

Oriente, ocidente...

Assim “Solstício” chamado 


Levando vida à gente 

Do equador afastado 

Com rigor dia encurtado 

E a noite longamente 


Coeterno tem deixado 

No inverno, anualmente 

Folhas mortas, o superado  


Na evolução evidente

A um canteiro renovado 

Ao livre pedreiro evidente !



LESTE E OESTE OU ORIENTE E OCIDENTE? - Kennyo Ismail


O primeiro cuidado que se toma ao traduzir um termo é quanto à semântica, ou seja, o significado e uso das palavras e termos. Um exemplo clássico é o termo “kick the bucket”. Se traduzirmos ao pé da letra, seria “chutar o balde”. Contudo, a expressão “kick the bucket” é usada nos EUA quando alguém morre, enquanto o mesmo termo em português é usado quando alguém perde o controle ou desiste de algo. Assim, traduzir ao pé da letra pode muitas vezes passar uma ideia errada. Uma boa tradução para “kick the bucket” seria “bater as botas”, pois usa uma gíria similar para o mesmo uso e significado, que é o que realmente importa.

Esse cuidado básico de tradução não tem sido tomado em algumas traduções de rituais maçônicos que temos visto no Brasil. E duas palavras que têm ferido os ouvidos são Leste e Oeste, opção de tradutores brasileiros para East e West, em vez do usual Oriente e Ocidente.

Qual a diferença? Leste e Oeste são direções. Oriente e Ocidente são localizações. Na língua inglesa, East e West podem ser usados nos dois sentidos, mas na língua portuguesa, não. Como exemplo, tem-se o Oriente Médio, que em inglês escreve-se Middle East, não Middle Orient. E não o chamamos de Leste Médio, mas de Oriente Médio, por ser uma localização.

A exceção a essa regra é quando os termos Leste e Oeste estão acompanhados de uma localização ou região, seja na forma substantiva ou adjetiva. Exemplo: Leste Europeu. E mesmo assim, é comum o uso de termos como Europa Oriental. Entretanto, esse não é o caso do uso nos rituais maçônicos, não se aplicando tal exceção.

Em Loja, quando se pergunta de ONDE viemos e para ONDE vamos, está claro que se trata de localização, e não de direção. O mesmo quando se pergunta o LUGAR do Primeiro Vigilante ou do Venerável Mestre. O Primeiro Vigilante não se está no Oeste, porque Oeste é uma direção. Ele está no Ocidente. Além disso, os termos Oriente e Ocidente são de uso mais que bicentenário na Maçonaria brasileira, consolidados no vocabulário maçônico nacional.

Parece que a vontade de ser “diferente” dos demais pode ter falado mais alto. Mas a que preço? O ditado em latim “ex oriente lux” é traduzido para o inglês como “light from the east”. Mas, partindo do termo em inglês, ao seguir a regra de tradução desses irmãos inovadores, tem-se “a luz vem do leste”. Assim, o ditado perde todo seu significado filosófico. E o mesmo ocorre na Maçonaria.

HeLA - AS CELULAS IMORTAIS


Provavelmente, milhões estariam mortos hoje… se não fosse por ela.

E, ainda assim, quase ninguém sabe seu nome.

Henrietta Lacks.

Mulher. Negra. Pobre.

Mãe de cinco filhos.

Viveu na Virgínia, entre 1920 e 1951. Morreu jovem, aos 31 anos, com um câncer agressivo no colo do útero.

E foi no silêncio dessa dor que o impossível aconteceu.

Durante o tratamento no Hospital Johns Hopkins, os médicos colheram amostras do seu tumor — sem pedir permissão, como era “normal” na época — e enviaram-nas para o laboratório do Dr. George Otto Gey.

O que veio a seguir transformou a medicina para sempre.

Até então, nenhuma célula humana havia sobrevivido mais que alguns dias em laboratório. Mas as células de Henrietta eram diferentes. Elas não só sobreviveram — elas se multiplicaram. Para sempre.

Imortais.

Essas células receberam um nome técnico: HeLa — as duas primeiras letras de seu nome e sobrenome.

Com elas, desenvolveu-se a vacina contra a poliomielite, avançou-se nos tratamentos de câncer e HIV, testaram-se medicamentos, estudaram-se doenças genéticas, fertilidade, até os efeitos do espaço no corpo humano.

HeLa foi enviada à Lua.

HeLa ajudou a salvar vidas em todos os continentes.

HeLa deu à ciência o que ela mais sonhava: um caminho para a cura.

Mas Henrietta… não soube de nada disso.

Nem sua família. Por décadas, ninguém lhes disse que parte dela ainda vivia em bilhões de células espalhadas pelo planeta.

Usada sem autorização. Esquecida. Ignorada.

Henrietta Lacks tornou-se um símbolo da desigualdade racial na ciência — mas também um lembrete poderoso:

Às vezes, uma única vida invisível muda o destino da humanidade.

Ela não era cientista.

Ela não era médica.

Ela era apenas… humana.

E, mesmo sem querer, tornou-se eterna.

junho 19, 2025

A PALAVRA SEMESTRAL NA ORDEM DO DIA - Márcio dos Santos Gomes


A Palavra Semestral da tradição maçônica é sempre renovada na passagem dos solstícios e destina-se a comprovar a regularidade do maçom em visita a outras Lojas e serve para reforçar a segurança da cobertura. O Maçom que desconhece a palavra do semestre em curso e nem a do anterior não frequenta Loja há pelo menos seis meses, podendo ser considerado irregular.

As Grandes Lojas, por intermédio da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB), definem e encaminham de forma criptografada aos Veneráveis Mestres, que devem decifrá-las e repassá-las, em Cadeia de União, exclusivamente aos obreiros de suas respectivas Lojas.

O costume remonta à instalação de Felipe de Orleans, duque de Chartres, como Grão-Mestre do Grande Oriente da França, em 28 de outubro de 1773. O motivo da criação da Palavra Semestral se deveu à necessidade de impedir a presença de maçons não filiados às reuniões do GOF, então criado como dissidência da Grande Loja da França, limitando o livre direito de visitação até então vigente. Posteriormente foi adotada por outras Potências. O Grande Oriente do Brasil adotou a Palavra Semestral na sua reinstalação em 1831.

Segundo Boucher (1979), originalmente eram duas palavras e ambas começavam pela mesma letra, sendo pronunciadas, a primeira da esquerda para a direita e a outra da direita para a esquerda do ouvido, durante a Cadeia de União, e deveriam voltar ao Venerável que as comunicou, “justas e perfeitas”. Constatado algum erro na volta, o procedimento se repetia.

A eficácia das Palavras era aferida na visitação, no sistema de senha e contrassenha, quando o irmão daria uma palavra ao Cobridor e receberia a outra palavra, ficando dessa forma estabelecida a regularidade de ambos, tanto a do visitante quanto a da Loja.

Entre os maçons operativos, a “Palavra Secreta” (daí a curiosidade e o desejo de descobri-la) era o meio de reconhecimento e de comunicação que somente era ensinada e usada pelos Companheiros, Membros da Fraternidade (Carvalho, 1990). A posse da Palavra do Maçom indicava a qualificação para trabalhar junto a outros maçons.

Foi por ouvir falar dela que os forasteiros descobriram pela primeira vez que os maçons tinham segredos.” (Stevenson, 2009).

Por sua vez, o cowan, termo originário da Escócia, designava o operativo admitido para executar serviço temporário a respeito do qual não era exigida habilidade equivalente a um Maçom regular e que poderia ser dispensado logo após o término do trabalho. Considerado “Maçom sem a Palavra de Trabalho”, o equivalente à Palavra Semestral da atualidade, a referência já constava dos Estatutos de Shaw, em 1598, com a proibição aos Mestres de contratá-lo, a não ser para suprir a falta de um Maçom capacitado. O cowan, mais tarde associado à figura de um bisbilhoteiro, intruso ou espião, interessado em obter a “Palavra do Maçom”, criou a necessidade do Cobridor Externo (Tyler) e deu origem ao termo “Goteira”.

Dessa forma, considerando-se hoje a existência de uma só Palavra Semestral, e dada a profusão de Potências irregulares e Lojas espúrias, vislumbra-se a premente necessidade de revisão do critério de sua elaboração por parte de nossas autoridades litúrgicas, de forma a restabelecer o formato original de duas palavras, mantendo a tradição e visando ao fortalecimento dos mecanismos de segurança, inclusive envolvendo GOB e COMAB. Seria possível tal consenso? Uma “Palavra de Convivência” que chegou a prosperar em Minas Gerais, fruto da Carta de Uberlândia de junho de 1998 (Guimarães, 2014), não é atualizada desde 2012. O tema precisa retornar à Ordem do Dia para, pelo menos, ser reavaliado.

Nota

– Em seu livro Grande Loja Maçônica de Minas Gerais – História, Fundamentos e Formação, o irmão José Maurício Guimarães transcreve os desdobramentos da Carta de Uberlândia, de junho de 1998 (pg. 427 e seguintes), bem como o Tratado de Mútuo Socorro, Fraternal Convivência, Recíproca Amizade e Estreita Colaboração, entre as Potências de Minas Gerais, que contem, dentre outros avanços, a adoção de uma Palavra Semestral de Convivência.


Referências bibliográficas

BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. São Paulo: Pensamento, 2015;

CARVALHO, Assis. Símbolos Maçônicos e Suas Origens. Londrina: Editora Maçônica “A Trolha”, 1990;

GUIMARÃES, José Maurício. Grande Loja Maçônica de Minas Gerais – História, Fundamentos e Formação. Belo Horizonte: GLMMG, 2014;

STEVENSON, David. As Origens da Maçonaria: o século da Escócia. São Paulo: Madras, 2009.

A ALIENAÇÃO SOCIAL - Juliana Vannucchi


Alienação social é um termo que se refere à maneira pela qual membros de uma sociedade tornam-se padronizados e perdem – ainda que parcialmente – seu senso crítico. 

Dessa forma, surge como consequência o “senso comum”, que é um conjunto de crenças e suposições populares edificadas a partir da falta de reflexões profundas. 

Ou seja, o senso comum é o que torna tudo raso e supérfluo.

A palavra “alienação” vem do latim alienus e significa “algo que vem de outra pessoa”. 

Karl Marx foi um dos principais filósofos que estudaram o significado da palavra “alienação”, bem como suas causas e consequências. 

Em suas obras, o pensador alemão relacionou essa palavra diretamente à noção de trabalho, explicando que os homens, para sobreviver, submetem-se à venda de sua força de trabalho e isso gera desigualdade social e ocasiona uma divisão das relações sociais. 

Assim, para Marx, um sujeito submete-se à alguma coisa sem ao menos questionar sobre as razões históricas e sociais que fizeram com que tal coisa se tornasse aquilo que é.

Há uma categorização elaborada em torno do tema “alienação social”, que a divide em três classes: a alienação econômica, a intelectual e a social. 

Na econômica os produtores não se veem como produtores; na social o homem sente-se separado do meio externo e coloca a sociedade como sendo “o outro”; *e na intelectual os indivíduos consideram as ideias como sendo universais, tomam-nas como verdades absolutas, reproduzem-nas e tendem a perder seu senso reflexivo*. 

Todas elas, apesar de suas diferenças, possuem um aspecto em comum: resultam num mesmo fator, que é o surgimento de uma Ideologia. 

A Ideologia é uma elaboração intelectual da classe dominante e dirigente, que passa a ser incorporada pelas outras classes sociais. 

Assim, essas outras classes (compostas pelos cidadãos alienados) irão reproduzir as ideias, pensamentos e opiniões dos dominantes ou dirigentes. 

Dentro de tal contexto, aqueles que se tornam alienados e, conforme já mencionado anteriormente, perdem sua capacidade crítica, passam a reproduzir o que lhes é passado pelos outros e acabam por viver num mundo de aparências e dissimulações, pois encaram e vivem seu cotidiano somente sob uma perspectiva já formulada por outros e não por eles próprios (conforme a tradução da terminologia latina citada anteriormente: algo que vem de outra pessoa). 

Portanto, esses indivíduos alienados irão se submeter aos valores pregados pelas instituições vigentes.

O grande problema da Alienação Social, qualquer que seja a categoria em que se manifeste, é que o indivíduo atingido por ela torna-se padronizado e tem seus pensamentos limitados. 

Filosoficamente isso é um grande obstáculo, pois representa a perda da autonomia dos homens, além de significar uma aceitação e um plágio inconsciente do que outras pessoas dizem e pensam. 

A Filosofia deve atuar na batalha contra a perda do senso crítico, pois é capaz de despertar a indagação no ser humano e levá-lo a examinar a realidade que o cerca, podendo assim instaurar a emancipação do pensamento, da consciência e da subjetividade de um homem.

ps: (considere uma comparação com as sessões em sua Loja e identifique se é necessário deixar de ser "Senso Comum" para se tornar *"Senso Crítico"*) 

Bom dia meus filósofos irmãos. 🙏 



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