Nos antigos rituais, nove Mestres, por grupos de três, partem à procura do cadáver de Hiram. No Rito Francês, o Experto faz três viagens, acompanhado cada vez por dois Mestres; portanto, só sete Mestres participam da procura.
Essa divergência provém do fato de os números sete e nove pertencerem ao grau de Mestre. Sete é a idade do Mestre e Nove o número da bateria. O Rito Francês observa, assim como o Rito Escocês, a bateria de nove golpes, mas adotou o número de sete \Mestres em lugar de nove, o que nos parece um erro.
Entre os nove Mestres, apenas três operam a ressurreição de Hiram. Como se convencionou que os três Companheiros “assassinos” representam a Ignorância, o Fanatismo, a Inveja, os três “ressuscitadores” não poderiam deixar de serem qualificados, por antinomia: Saber, Tolerância, Desprendimento. Isso constitui somente o exoterismo da lenda e , digamo-lo, um exoterismo bastante grosseiro de que o Mestre, recém-criado, dificilmente poderá se libertar se seu espírito não estiver aberto à transcendência do simbolismo.
Hiram ressuscitado é o Mestre “individualizado”, é o “homem verdadeiro”, como diz Guénon. Se, por outro lado, a Franco-Maçonaria é uma “comunhão” (de cum, com, união) que une os homens mediante uma mesma liturgia, isto é, mediante ritos comuns, por outro lado, ela tende a criar homens “indivíduos” (indivis,indivisível), tendo cada um consciência do próprio valor
Isso explica a hostilidade encontrada pela Maçonaria por parte da Igreja e dos governos ditatoriais. Eles não podem admitir que um indivíduo se distinga do resto do rebanho, do servum pecus. Ora, a liberdade de pensar é também a liberdade de passar, que às vezes é simbolizada por um ponto com a três letras L.'.D.'.P.'., letras que, numa intenção política, foi interpretada pela formula latina: Lilia Pedibus Destrue, “pisa aos pés os lírios”.Essas três letras são a iniciais das palavras Liberdade, Dever, Poder.
A liberdade do Maçom, submisso a seus deveres, dá-lhe o poder, isto é, a força, a capacidade de agir, a autoridade – tendo essa última palavra o sentido de criador...
...Enfim, o Mestre, na plenitude de seus direitos maçônicos e de seus deveres, verdadeiramente individualizados, será na Loja um elemento, uma Pedra perfeita, indispensável à existência dessa Loja.
Jules Boucher – A Simbólica Maçônica, Pág.293 – Ed. Pensamento – 1979. Original: Paris, 1948
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