setembro 06, 2025

JOAQUIM GONÇALVES LEDO – O grande arquiteto da independência - Almir Sant'Anna Cruz


Sem querer contestar o título que a História oficial deu ao Maçom José Bonifácio, de “Patriarca da Independência”, já que estamos contando a “História que a História não conta”, outro Maçom, Joaquim Gonçalves Ledo, foi o verdadeiro “Grande Arquiteto da Independência”.

Nasceu em Cachoeira de Macacu no Rio de Janeiro em 11 de dezembro de 1781. Estudava na Universidade de Coimbra, não se bacharelando em virtude da morte de seu pai, que o fez retornar ao Brasil em 1808 trazendo na bagagem apenas um título de Mestre Maçom.

Não faremos aqui sua trajetória política, que se estenderá pelos capítulos seguintes. Por ora, destacaremos sua incansável busca por elementos que poderiam ajudá-lo em seus ideais separatistas, levando para a Maçonaria inúmeros militares, como os Brigadeiros Luiz Pereira da Nóbrega, Domingos Alves Branco Muniz Barreto e José Joaquim da Gama e Silva, os Majores Francisco de Paula Vasconcellos, Albino dos Santos Pereira, Manoel dos Santos Portugal e Pedro José da Costa Barros, os Capitães João Mendes Vianna e Manoel José de Oliveira, além de grande número de oficiais de menor patente. 

Excetuando-se o Grande Arquiteto do Universo, nenhum outro Arquiteto ou Mestre Pedreiro (Maçom vem do inglês Mason e do francês Maçon que significa “pedreiro”) está livre de cometer erros, e Joaquim Gonçalves Ledo, o Grande Arquiteto da Independência, cometeu os seus.

Erros perfeitamente justificáveis, pois priorizou, entre tantos objetivos da Maçonaria, o amor à Pátria. 

Traçou e geometrizou em sua Prancheta um projeto de Independência do Brasil que evitaria derramamento de sangue como ocorrera em todas as demais independências dos países do continente. 

Para tal, deixou de lado seus sentimentos republicanos para abraçar um sistema que congraçaria todas as correntes políticas de então, uma Monarquia Constitucional.

Ombreado com diversos outros valorosos Irmãos Maçons, atraiu um sem número de militares de alta patente, clérigos e funcionários públicos e em seguida o brasileiro mais poderoso do Reino do Brasil, o Ministro dos Negócios e Estrangeiros, José Bonifácio de Andrade e Silva, fazendo-o Grão Mestre do recém criado Grande Oriente Brasílico, passo fundamental para atrair, também para a Maçonaria, o jovem Príncipe Regente, D. Pedro de Alcântara, de nacionalidade portuguesa, que, cedendo às pressões dos Maçons, acabou separando pouco a pouco o Brasil de Portugal, culminando, já como Mestre Maçom, proclamando a sua definitiva Independência em 7 de setembro de 1822.

Muito se fala modernamente que os Maçons, que embora se tratem como Irmãos, por pertencerem a uma mesma fraternidade, na verdade estão desunidos e separados em inúmeras Obediências Maçônicas, seja por nepotismo de uns ou por vaidades de outros.

Pois isso também aconteceu na Maçonaria em 1822 e Ledo não levou em consideração em seu projeto essas importantes variáveis, características próprias do ser humano: a desunião, o nepotismo, a vaidade, o ciúme, a inveja, os projetos pessoais de poder.

Usando o traço do Grande Secretário na Ata da sessão de 28 de setembro de 1822, “Não julgando a Grande Loja motivo suficiente para participar de nossos Augustos trabalhos o ser Maçom, pois também, por desgraça, viram a Luz homens indignos de gozá-la ...” podemos infelizmente afirmar que isso continua sendo de uma atualidade que  já não nos impressiona mais.

Embora o planejamento de Gonçalves Ledo tenha funcionado perfeitamente para o que havia priorizado, a Independência do Brasil, o projeto teve um efeito colateral indesejado e imprevisto: a interrupção dos trabalhos maçônicos, justamente pelo Imperador e Grão Mestre da Maçonaria.

Mas não foi só isso, a perseguição constante a Gonçalves Ledo e seus correligionários liberais, rotulados de anarquistas, pelos conservadores liderados pelo poderoso José Bonifácio.

Muitos deles, como José Clemente Pereira, foram processados e presos; o periódico Revérbero Constitucional Fluminense deixou de circular; o Cônego Januário da Cunha Barbosa, temeroso das perseguições, fundou e passou a ser o redator do Diário Fluminense, jornal defensor das práticas governamentais.

Mas o maior “inimigo” do poder, o principal líder liberal, não se conseguiu pôr as mãos, apesar de todos os esforços despendidos para prendê-lo, pois conseguiu refugiar-se em Araruama, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, propriedade do grande filantropo, fundador do Banco Rural Hipotecário e posteriormente agraciado com o título  nobiliárquico de Barão de São Gonçalo, Belarmino Ricardo de Siqueira. De lá, graças ao auxílio do Maçom Lourenço Westine, cônsul da Suécia, retornou ao Rio de Janeiro para embarcar secretamente com destino a Buenos Aires.

Todavia, o caráter despótico do Imperador, acabou encerrando sua parceria com José Bonifácio e seus seguidores, deportando-os para Le Havre, porto Francês.

Todos sabemos que com a partida de D. Pedro para Portugal, em 1831, para retomar o trono português, o Grande Oriente do Brasil foi reinstalado, mais uma vez sob a presidência do Grão Mestre José Bonifácio.


É uma pena que a História oficial exalte a figura de dois ilustres Maçons, ambos Grão Mestres do Grande Oriente do Brasil, D. Pedro, por ter proclamado a Independência, e José Bonifácio, que foi intitulado como sendo o “Patriarca da Independência”, e praticamente esqueceu do simples Primeiro Grande Vigilante do Grande Oriente do Brasil e redator do Revérbero Constitucional Fluminense, que foi o verdadeiro artífice, o Grande Arquiteto da Independência do Brasil, Joaquim Gonçalves Ledo.

Nesse nosso estudo sobre a História que a História não conta, não nos esquecemos desse grande patriota e Maçom que honra todos os seus Irmãos Maçons com seu incansável e nem sempre reconhecido trabalho para a Independência do Brasil. Por isso, aqui nos referimos a ele como o Grande Arquiteto da Independência do Brasil!


Excertos do livro: A História que a História não conta: A Maçonaria na Independência do Brasil - Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

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