outubro 08, 2025

...ESPARGINDO LUZ.... - Valter Cardoso Junior


Espalhando pólen no cultivo de milho e espargindo luz no mundo maçônico


Diariamente, de segunda a sexta feira, recebo via WhatsApp, de meu IR∴ M.M. Jorge lá de Tubarão, uma Cidade linda conhecida como a Cidade Azul, que fica no Sul de nosso Estado de Santa Catarina, o “Diário do Sul”, um Jornal nos moldes de nossos antigos jornais de circulação diária aqui por Florianópolis e acredito, por todo Brasil e, que com o tempo foi desaparecendo dando lugar aos instrumentos virtuais, que para mim não tem o mesmo brilho, o mesmo cheirinho do papel, o mesmo prazer que tínhamos do virar as páginas, todavia a alegria de saber que ainda existem em muitas cidades, nos faz sentir abençoados.  

 Melhor ainda em saber que existem Colunistas, que pesquisam e escrevem, com a razão e o coração, trazendo boas informações e textos para nossas reflexões e, o prazer de exercitar a necessária e boa leitura diária. 

 Trata-se de um Jornal bastante completo e prazeroso de ser lido e, em toda pagina onde encontramos a Coluna de Ramires Linhares, base desse meu texto, existe um cantinho denominado de “Frase solta, que deveria estar presa” e, neste número 8963 em especial, temos este fragmento “ Há galos que acham que o sol nasce porque eles cantam” e, confesso já seria um belo título para um bom texto, onde poderíamos fazer uma viagem no mundo profano e mais ainda no mundo maçônico.

 Profanamente muitos acreditam, que pelo galo cantar antes do pôr do sol, este evento natural, torna ele, a causa do evento, fazendo achar-se o ator principal desta passagem terrena, ignorando todos os outros fatores que os circundam, tornando-se como um galo, que limitado que é, não consegue entender o mundo além de sua própria experiência.

 Assim são como muitas pessoas, que se agarram em suas crenças, sem aceitar e respeitar outras opiniões, precisamos na verdade refletir, sobre o mundo que vivemos e, aproveitarmos o verdadeiro papel que temos neste roteiro da vida, para não cairmos nas armadilhas que o mundo simplista está a nos levar.

 Já, no pensamento Maçônico, nós enquanto recipiendários, já visualizamos nos primeiros momentos, na Câmara de Reflexões um galo com significado de autor da trilha sonora do nascer do sol, quando simboliza, o despertar da nova consciência que ali está a nascer, que deve manter-se vigilante sempre, para que possamos entender de que depois da escuridão noturna, aquele galo cantará, anunciando um novo dia, uma nova oportunidade, onde morremos para o mundo profano e renascemos para uma nova Luz, oferecida pelo Grande Arquiteto.

 Este momento é de suma importância para o aprendiz de maçom, quando ele já pode desfrutar do seu direito individual, de viajar ao seu templo interior e, começar a construir templos as virtudes e cavar masmorras aos vícios, para que o mais rapidamente possível, possa compreender as verdadeiras forças que moldam sua vida e o mundo em que vive. 

Opa, quase esqueci o verdadeiro foco deste meu escrito, o maçom que gosta de pesquisar, estudar e escrever, passa por isso, pois nossa maçonaria, como sempre tenho dito, é um verdadeiro manancial de conteúdos, que nos oferecem maravilhosas reflexões, principalmente para o maçom que busca respostas para seus questionamentos mais profundos sobre a grande Verdade, somos instigados a buscar o autoconhecimento, explorando cada vez mais as grandes questões da vida, do porquê nascemos, vivemos e um dia temos que partir para o O.E., sem jamais esquecer de que nada adiantará se não nos tornarmos multiplicadores destes conhecimentos.

Voltemos, ao Jornal “Diário do Sul” naquele dia 22.09.2025, na página 7, quando o bom colunista Ramires Linhares deixou seu coração falar mais alto sobre o tema “ESPALHAR”, interessante é que minha mente viajou no passado quando meu pai, assinante da Revista Seleções como chamávamos, que na verdade o nome era Revista Americana Reader´s Digest, numa versão brasileira, de excelente qualidade e conteúdo, que todos nós, pais e filhos, liamos de forma prazerosa e, lembrei que devo ter lido este texto utilizado pelo Ramires exatamente naquela revista e, já na época sentindo o mesmo valor filosófico ali contido.

O Colunista inicia seu texto dizendo: “ Mesmo com dificuldades, mesmo com barreiras pelo caminho, mesmo ás vezes nos falte esperança e até fé, é preciso que entendamos o valor de espalhar coisas boas por aí. ”, na sequencia deixa o conteúdo que foi base para seu texto:  


Isso lembra a história de John, um agricultor americano. Ano após ano, John ganhava o troféu “Milho Gigante” da feira da agricultura do seu município, por cultivar o melhor milho de todos. Numa dessas ocasiões, um repórter, ao abordá-lo após a colocação da faixa, ficou intrigado com a informação dada pelo entrevistado. O repórter descobriu que o fazendeiro compartilhava a semente do seu milho gigante com os vizinhos. – Como pode o senhor dispor-se a compartilhar sua melhor semente com seus vizinhos quando eles estão competindo com o senhor aqui na feira? O fazendeiro respondeu: – Você deve saber que é o vento que apanha o pólen do milho maduro e o leva através do campo para os outros milharais, né? Se meus vizinhos cultivam milho inferior, a polinização degradará continuamente a qualidade do meu próprio milho. Se eu quiser cultivar milho bom, eu tenho que ajudar meus vizinhos a cultivar milho bom. 

 E Ramires conclui filosofando, de que: 

John era atento às conectividades da vida. Assim é também em outras dimensões da nossa existência. Aqueles que escolhem estar em paz devem fazer com que seus semelhantes estejam em paz. Aqueles que querem viver bem têm que ajudar os outros a assim viver. Aqueles que querem ser felizes têm que ajudar os que com ele convivem a encontrarem a felicidade. Que todos consigamos ajudar nossos vizinhos a cultivar um milho cada vez melhor.

 No mundo em que hoje estamos inseridos, não podemos negar este entendimento, pois mais do que nunca, a vida com o outro, nosso semelhante, exige entender de que nossas ações afetam o meio em que vivemos, assim como sabemos que o meio com seus múltiplos procedimentos também nos afetam, mostrando que o sucesso de um depende em muito do sucesso do outro, compartilhar é necessário, não precisamos ver o outro que está ao nosso lado como um concorrente; aliando-se conseguem atingir objetivos de forma muito mais produtiva e que atenda de igual forma seus propósitos e necessidades, certamente prosperar vem de espalhar colaboração, uma necessidade que atinge a todas as áreas de nossas vidas.

COMO A MAÇONARIA ESTA INSERIDA NESTE SENTIDO

Sinceramente, depois que fui iniciado na Maçonaria, naquele feliz dia 07.08.2013, venho de forma constante verificando que ela tem me dado respostas a todas as minhas dúvidas, oferecendo-me oportunidades para entender minha vida e meus propósitos, inclusive neste sentido do ESPALHAR, na sua forma mais ampla, ela tem me oferecido uma base de sustentação filosófica e ética tão forte, que acabam me trazendo ensinamentos que se transformam guias para minha caminhada.

 Interessante que quando estamos lá fora ainda no mundo profano, pensamos maçonaria com fundamentos apenas alicerçados em seus rituais e símbolos, quando na verdade ao adentrarmos no grande portal que se abre ao recebermos a luz, vemos que tratam-se na verdade, de princípios universais que adentram ao nosso templo individual, tocam nossos corações, como num ressoar profundo que amplia nosso horizonte espiritual e preenche nossos sentidos do porquê vivemos, morremos e um dia partimos para o Oriente Eterno.

 Estes princípios fundamentais que acabei de citar, começam desde cedo, como ensinamentos de vida, entender de que Liberdade, com Igualdade e com Fraternidade, não espelhou apenas os aspectos da luta empreendida na Revolução Francesa, mais sim representam valores individuais, onde o livre pensar, a igualdade entre irmãos, em todos os sentidos e, a fraternidade a cada momento, criam o que pode ser chamado de a verdadeira cultura maçônica, sustentada por um ambiente harmonioso, onde se valoriza a dignidade, se compreende as emoções de cada irmão, onde estimulamos o dialogo fraterno, a tolerância e a cooperação mútua, auxiliando na construção do sonhado Edifício Social.

 É esse ESPALHAR como entendimento maçônico, que da base de sustentação para que cada membro da Ordem entenda sua responsabilidade, com sua própria evolução, fator que é inato e individual, o maçom absorve desde cedo que tem capacidade de agir conscientemente, assumindo erros, é como um sinal adquirido em nossa iniciação, que nos faz lembrar sempre de que no uso de nossas decisões , façamos com ética e moral, realidade que nos moldam a cada novo momento, tornando-nos mais experientes e maduros, aplicando-os em nossos Templos, em nossos lares, em nossos locais de trabalho, enfim, em todas as nossas relações humanas.

 Enquanto o (...) vento que apanha o pólen do milho maduro e o leva através do campo para outros milharais (...), como deixou dito John, a maçonaria entende este pólen como luz que o maçom ESPALHA, compartilhando sabedoria, agindo com bondade e assim, contribuindo para o bem de todos, tornando-nos sementes transformadoras, onde todos se beneficiam e, a qualidade do milho de John é a mesma qualidade da luz que espalhamos, onde tudo depende da saúde dos (milharais/luz) de nossos vizinhos.

 Facilmente vemos isso acontecer, de forma sistemática em nossa Arte Real, onde fica refletida a compreensão de que o sucesso de cada um de nós, pode ser levado a toda nossa comunidade, permitindo um ambiente mais saudável e próspero, num mundo mais justo e perfeito, lembrando sempre de que para cultivar um bom milho e, espargir a boa luz, , precisamos estar atentos, verificando se todos em nosso redor estão bem, se a paz, a justiça e o entendimento comum, estão existindo entre todos os seres, nossos parceiros de caminhada.

 Assim, este mesmo pólen que orbita e influência a história de John, é a mesma luz que amplia nossas estruturas evolutivas, quando estamos imbuídos nesta constante construção do Edifico Social com mais harmonia e prosperidade, onde todos de forma igualitária recebem a oportunidade de florescer, onde os bons frutos irão representar o esforço contínuo e consciente de todos.  

 Sim, o maçom, espalhando está luz (pólen) vê em si próprio uma evolução constante, e arregimentando forças para enfrentamento das dificuldades apresentadas, vai a cada grau na escada de Jacó, celebrando suas conquistas ao longo da caminhada, precisamos ser continuamente um John plantador de milho, esforçando-nos pacientemente, para nos tornarmos auxiliares no cultivo da vida, onde cada processo deste plantio seja essencial para nossa própria colheita, que John o plantador de milho e, nós maçons espalhadores de luz sejamos iguais sempre, neste mesmo desejo de crescer e prosperar mesmo que os campos de plantio sejam diferentes.

 John o plantador, espalhador de pólen e, o maçom disseminador de luz, estão de certa forma intimamente ligados, nesta ideia que respeita a solidariedade e, engajados nesta tarefa prazerosa de semear e colher algo bem mais valioso em nossa existência, passamos a transmitir valores que atendam a todos em igualdade de condições, criando oportunidades para o autoconhecimento e a busca pela Verdade, lembrando que pólen e luz espalham-se em grandes velocidades, mais como disse o poeta, não por imposição mais sim por ressonância, tocando a todos aqueles que buscam sentido , sabedoria e fraternidade. 

Deixo meu Abraço fraterno a todos e, para reflexão final, este fragmento trazido pelo Ir. Bruno Linz de Arruda, da ARLS Rei Salomão 21 – GLOMEAL de Maceió, em Alagoas:

“Somos pedras em constante lapidação. Cada vício vencido, uma aresta retirada. Cada virtude conquistada, um traço definido. O maçom é escultor de si mesmo, obra sempre inacabada, em busca de luz”.



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