O Coelho de Alice no País das Maravilhas não é apenas um personagem curioso que corre apressado, olhando para o relógio; ele é um arquétipo, um símbolo que nos toca em profundidade. Ele representa a inquietação do tempo, a urgência que nunca se satisfaz, a lembrança constante de que há algo a ser feito, algo a não ser perdido.
Quando Alice o segue, não é apenas uma perseguição a um animal de cartola, mas a decisão inconsciente de atravessar a fronteira do conhecido em direção ao mistério. O coelho abre a fenda no tecido da realidade: é o chamado do imprevisto, o convite para mergulhar na própria psique, onde nada é linear e onde cada símbolo pede decifração.
A pressa do Coelho Branco é a mesma que sentimos diante da vida moderna, onde os ponteiros do relógio parecem ditar nossa existência. Mas, filosoficamente, ele nos lembra que essa pressa pode ser também o início de uma jornada: se não fosse a inquietação do coelho, Alice jamais teria descoberto a si mesma.
Assim, o Coelho Branco não é só o guia da aventura, mas também o paradoxo: ele corre porque teme o atraso, mas é justamente esse atraso que abre o caminho para o despertar. É como se nos dissesse: siga o que te inquieta, porque é nesse desconforto que a realidade se abre em maravilhas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário