outubro 13, 2025

OS QUATRO ELEMENTOS - Alexandre Fortes



Empédocles (Agrigento, 490 a.C. – 430 a.C.), foi um filósofo e pensador pré-socrático grego e cidadão de Agrigento, na Sicília. É conhecido por ser o criador da teoria cosmogênica dos quatro elementos clássicos que influenciou o pensamento ocidental de uma forma ou de outra, até quase meados do século XVIII. Autor, em versos, de “Purificações” e “Sobre a Natureza”, sendo esta a obra em que Empédocles explica não apenas a natureza e a história do universo, incluindo a sua teoria dos Quatro elementos, mas ele descreve as suas teorias da causa, da percepção e do pensamento, assim como também explicações do fenômeno terrestre e processos biológicos.

Para Empédocles a água, o ar a terra e o fogo são as substâncias que estão no princípio de todas as outras coisas. Elas são as substâncias mais simples das quais derivam todas as outras, são os elementos básicos que não mudam nunca a sua qualidade. As quatro substâncias básicas se unem e se separam umas das outras formando todas as substâncias existentes. Elas são a origem das restantes. Os quatro elementos da filosofia de Empédocles criam as coisas quando se unem, e quando se separam, destroem o que existia quando estavam unidos.

Tanto os elementos como as forças que atuam sobre eles, segundo Empédocles, são divinos. Deus é o Esfero, a união de todos os elementos através do amor ou da amizade. Na fase em que o amor domina todos os elementos, eles vão estar ligados em perfeita harmonia. Nesta fase não existe o Sol, a terra ou o mar, mas uma unidade de tudo que Empédocles denomina como sendo o Esfero. As almas também são constituídas pelos elementos e sofrem a ação das forças do amor ou da amizade e do ódio ou da discórdia.

Destarte, a Maçonaria, em alguns ritos como, por exemplo o REAA, utiliza-se, dentre os diversos legados ou contribuições filosóficas depreendidas no mundo iluminado, também a empedocliana, dos seus Quatro Elementos, presentes nas Viagens que o candidato, para ser aceito como Maçom, terá que experienciar, através dos elementos Terra, Ar, Água, e, finalmente, o Fogo, que purifica ardente e simbolicamente, o candidato das nódoas do mundo profano, preparando-o para o mundo maçônico.

Justamente nesta última Viagem (REAA), a 3ª Viagem Iniciática, com a utilização do quarto elemento, o Fogo, é que o candidato é purificado pelas chamas que emanam de um purificador, que aumenta a sua intensidade de luz e calor, através do sopro do Mestre de Cerimônias, nesse instrumento de trabalho tão antigo, clássico, e importante na Cerimônia de Iniciação (no REAA), do candidato à Maçonaria.

Há, por vezes, o esquecimento ou silêncio no pronunciar dos nomes de alguns desses instrumentos tão utilizados nos nossos trabalhos, como a “Lâmpada de Licopódio”, assim como também objetos e lugares do Templo, que são tão utilizados ou avistados por nós no correr dos anos idos e que chegamos a nos olvidar aqui e ali dos seus nomes próprios, (no que é muito compreensível, tamanha a riqueza de detalhes no REAA).

Somente a título de exemplo deste olvidar ou usar (ou não usar) de vocábulos no REAA, às vezes chamamos até de outros nomes alguns instrumentos de trabalho, ou mesmo, simplesmente esquecemos dos seus reais nomes,  quando chamamos, às vezes, de “apagadores”, as Espevitadeiras ou Abafadores das luzes, que cessam momentaneamente as Luzes dos candelabros dos altares; ouvimos, às vezes, carinhosamente, outros nomes atribuídos, ou, ainda, outros que nem sempre são mencionados, como por exemplo, os Batedores dos malhetes; o Leitoril ou Atril, (utilizado nos Tempos de Estudos e palestras), o Nicho, onde repousam as Bandeiras ou Bastões, a Naveta no Altar dos Perfumes, as Estrelas presentes na Comissão de Recepção; as Aras das Dignidades; os Balaústres da Balaustrada da Grade do Oriente, ou o Balaústre feito pelo Irmão Secretário, ao Retábulo do Oriente, as Trapeiras do painel de Aprendiz, o Dossel e o Sólio no Trono de Salomão, as Borlas do Pavimento Mosaico, a Prancheta da Loja, ou, ainda, ao Mar de Bronze, utilizado como instrumento purificador, quando das Iniciações, com o elemento Água, e, por fim, também, entre aspas, o “purificador de fogo”. – Mas este seria o seu verdadeiro nome? Por que o soprar deste instrumento de trabalho na Iniciação? O que haveria no interior do seu bojo? Qual o seu significado? Qual o seu verdadeiro nome? Que instrumento é esse? E para quê soprá-lo?

O Fogo

Segundo o Irmão Almir Sant’Anna Cruz, M∴ I∴. O Fogo é o mais sutil, ativo e puro dos quatro elementos. Para os antigos, era considerado o princípio ativo, germe e origem da geração, fonte de energia, princípio animador e masculino, em oposição à Água.

Para os hermetistas, representava as qualidades quentes e secas, análogas ao Verão, ao meio-dia, à cor vermelha e à inteligência brilhante. Na Maçonaria, em alguns ritos de vertente francesa, o elemento Fogo é emblema da purificação iniciática, do fervor, do zelo e da Verdade.

O fogo foi adorado e considerado sagrado por inúmeros povos, seja como símbolo de vida ou da força animadora, seja diretamente como fogo aceso, seja como Sol, ou ainda como a própria divindade.

Na liturgia da Igreja Católica, apenas como um mero exemplo, o fogo novo simboliza Cristo, a Luz do Mundo; como também na cerimônia da Vigília Pascal, onde, no vestíbulo ou fora da Igreja, obtido pelo atrito de pedras, o novo fogo vai iluminar todo o templo, lembrando a figura de Cristo ressuscitado, pelo que se acende o Círio Pascal até o dia da Ascensão.

Na Bíblia, no Antigo ou no Novo Testamento, por exemplo, a palavra fogo é usada, tanto no sentido literal quanto no figurado, com inúmeros significados e em diversos contextos, todos de denso sentido simbólico. Exemplos:

- O fogo do inferno, que queima, no sentido figurado, tanto a alma, que é espiritual, quanto o corpo, que é material, sem consumi-los;

- O fogo como símbolo da providência divina (Êxodo 13:21 – Salmos 78:14);

- O fogo testando as virtudes (Zacarias 13:9 – I Coríntios 3:13);

- O fogo simbolizando a purificação moral e espiritual (Malaquias 3:2);

- O fogo como manifestação de Deus (Génesis 15:17 – Êxodo 3:2-4);

- O fogo associado ao Espírito Santo (Atos 2:3-4); e

- O fogo associado ao Espírito Santo e a um batismo superior ao da água:

Em Lucas 3:16: Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das alpercatas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com FOGO.

Portanto, embora todas as religiões cristãs utilizem a Água para as suas cerimônias de iniciação, batismo e purificação, o seu próprio Livro Sagrado, a Bíblia, especialmente o Novo Testamento, indica que existe um batismo superior, pelo Espírito Santo e pelo FOGO.

A Lâmpada de Licopódio

Em pesquisa à Lâmpada de Licopódio, segundo Sérgio Pereira Couto, no seu Dicionário Secreto da Maçonaria, da editora Universo dos Livros, página 219, relata:

“O licopódio é uma resina extraída de um arbusto proveniente da destilação da hulha, um carvão mineral facilmente inflamável quando reduzido a pó. Este arbusto simboliza a Sarça Ardente do Sinai, vista por Moisés quando Deus estava presente. Para a realização da purificação pelo Fogo, na Cerimônia de Iniciação, é usado um aparelho com uma vasilha com tampa perfurada para permitir, quando sacudido, a saída do pó. No centro da tampa, é colocado um toco de vela aceso. A vasilha possui ainda um cabo oco por onde é dado um sopro, que faz com que o pó saia rapidamente da vasilha e exploda no contato com a chama da vela, produzindo, assim, uma chama de grande volume que aquece o rosto do Iniciado, que está de olhos fechados e não sabe de onde vem o calor. O uso desta lâmpada simboliza a purificação pelo fogo.”.

Na Antiguidade, a lâmpada era um recipiente que continha óleo e um pavio que, quando aceso, produzia uma chama amarelada e emitia um ténue fio de fumaça e odor acre. A Lâmpada sempre foi uma expressão da fé, já que a sua luz simboliza a luminosidade recebida de Deus.

No Templo de Salomão, era colocada a Lâmpada Votiva, alimentada com azeite de oliva e que permanecia constantemente acesa. Em alguns Templos Maçônicos, usa-se este tipo de lâmpada, porém a sua presença não faz parte da ritualística maçônica. Quando a Lâmpada Votiva está acesa, significa a presença simbólica constante da divindade naquele recinto. No Templo Maçônico, porém, ela só é reacesa quando é formada a chamada Egrégora (atmosfera espiritual de um ambiente), após a abertura do Volume das Sagradas Escrituras. Por tradição, os gases que são emitidos da chama e os resíduos da cera queimada agradam a Deus e fazem parte do incensamento do Templo, prática ainda em uso em alguns Templos Maçônicos, como no REAA e Adonhiramita.

Portanto, o instrumento utilizado no REAA, na purificação pelo fogo, tem o nome de Lâmpada de Licopódio, por ser uma lâmpada e ter no seu interior o licopódio, que possui a faculdade de incrementar as chamas na purificação do candidato quando da sua iniciação, fazendo-o sentir o calor das chamas.

O licopódio é uma planta criptogâmica, isto é, não se reproduz por flores, mas sim por esporos, os quais surgem de uma espiga terminal. Quanto ao seu nome científico, a palavra Lycopodium é derivada das palavras gregas “pus” e “lycos”, as quais significam respectivamente “pé” e “lobo”, aludindo ao aspecto dos seus ramos jovens e a palavra “clavatum”, que vem do latim significa “moca”, uma variedade de café árabe, devido à semelhança dos esporângios com esta.

Se um pouco do pó for lançado na chama, inflama-se e um clarão vivo é emitido, devido a uma reação que ocorre com o óleo essencial presente no licopódio. É devido a isso que é utilizado na fabricação de peças de fogos de artifício com chamas coloridas.

Nome Científico: Lycopodium clavatum

Meus Irmãos, na Maçonaria, nos ritos que possuem a purificação ou provação pelos 4 Elementos nas suas Viagens, como nos REAA, Adonhiramita, e Brasileiro, por exemplo, o candidato depois de passar pelas Viagens com os elementos da Terra, do Ar da Água, e com a purificação pelo Fogo, chega, enfim, à Iniciação pura, à purificação superior, em que, (no REAA), o Mestre de Cerimônias utiliza a Lâmpada de Licopódio, livrando-lhe, simbolicamente, das nódoas lodosas dos vícios do mundo profano, para uma nova vida, para a vida maçônica.



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