novembro 09, 2025

PRIMO–CUIDADO COM ELE - Waldemar Coelho


 

Ah, os Primos de Loja. 

Quanta tinta tem sido gasta em favor de mais uma chance, afinal somos todos Irmãos... 

Quanta saliva desperdiçada em favor de mais uma oportunidade para que um fulano que não está nem aí para qualquer coisa que não são suas próprias conveniências.

E lá vão eles, de chance em chance,

sempre motivo de discórdia e aborrecimento, mas, de um modo ou de outro, sempre desculpados por quem tem como princípios primeiros a tolerância e o respeito.

Vai ser sempre assim, um sempre dando de si, sempre pronto a socorrer e auxiliar, e outros de corpo mole, se é que de corpo presente...

Como ainda não existe vacina contra ele, pelo menos vale a pena identificá-lo e aí, a Ter coragem de dar uma sarrafada caridosa, senão para ele, com certeza, para a paciência e o bolso dos Irmãos...

Não é difícil reconhecer um Primo, ele tem pelo menos 10 características muito marcantes.

Vejam só:

1. Primo pouco comparece, não precisa motivo para faltar – pretexto basta. 

E nas poucas vezes em que der o ar da sua graça, chega atrasado, esquece o Avental e nunca está convenientemente vestido ou calçado.

2. Primo não trabalha – Ora, ele não entrou para a Ordem para se cansar. 

Além do mais nunca vai faltar quem faça, não é mesmo? 

Por isso, em dia de

Boca-livre, Primo chega tarde, bota a barriga em dia "a custa dos Irmãos " e sai de fininho para não Ter de ajudar. 

E, se duvidar, ainda leva um monte de penetras, porque a Loja é rica – e ele faz presença com o bolso alheio...

3. Primo não contribui – o tronco quando passa por ele, tilinta ( e isso quando ele está generoso e bota duas moedas). 

Qual é? 

Tão querendo enriquecer a Loja às custas dele? 

E que negócio é esse de cobrar atualizado o que ele deixou de pagar, isso não é Maçônico.

4. Primo não colabora – mas critica. 

Não levanta um alfinete, mas vê defeito em absolutamente tudo o que os outros fazem. 

E bota sempre o que pensa para fora, sem escolher hora ou lugar, mesmo que quebre a harmonia da Sessão ou estrague a festa. 

Mas quando é com ele, sua excelência, o "desmancha prazeres ", exige paciência de Jó, tolerância Divina e linguagem impecavelmente maçônica.

5. Primo não move uma palha por ninguém – mas sempre acha que o Venerável, a Loja, o Grão-Mestre ou a Maçonaria Universal tem de se posicionar ou fazer algo a respeito de alguma coisa. 

Ele mesmo, não faz, Já fez muito em falar sobre o problema...

6. Primo não serve ninguém – e por que? 

A Loja está cheia desses Caxias para isso. 

Mas se ele não for servido, Ah, se ele não for servido, vai falar cobras e lagartos de tudo e de todos.

7. Primo não estuda - mas pontifica. 

Não lê o Ritual e, se bobear, nem saber fazer os Sinais. 

Mas fala como se catedrático fosse. 

Entretanto, se nos exames para aumento de salário tiver de perguntar aos candidatos sem colar do Ritual, vai ficar caladinho, caladinho...

8. Primo não aceita nenhuma responsabilidade – nunca vai aceitar a secretaria, mas vai achar uma injustiça não ser escolhido Vigilante ou Orador. 

Comissões só se tiverem mordomias e honrarias sem obrigações...

9. Primo não participa – mas fica uma fera com essa panelinha (!) que toca o barco. 

Detesta estes pretensiosos que agem como donos da Loja. 

A cada eleição ele esperneia e diz que é por isso que se afasta da Loja.

10. Primo não liga para ninguém – mas acha antimaçônico não ligarem para ele. 

Não se lembra de ninguém, mas não consegue, do alto de sua importância, aceitar que o esqueçam. 

No fundo, acha que deveria receber Jeton quando aparece.

Esse é a Primo, figura indigesta, rei do "vem a mim”.

Embora aos outros nada. 

Maçom por conveniência, não se incomoda em ser inconveniente. 

Verdadeiro "pé no saco" que se aproveita da tolerância dos Irmãos sabendo que estes quase sempre cederão para evitar rupturas.

E assim viceja essa erva daninha, a expressão viva a lei de "Gerson", cujo jeton deveria ser um vidro de óleo de peroba para que ele polisse a sua baita cara de pau.

Mas ele tem seu lado útil. 

Por mais belo que seja o sentimento de tolerância, ele não poder ser ilimitado. 

Como já disseram, é tênue a linha entre a tolerância e a conivência. 

Quando a paciência se esgota, quando mais ninguém tolera e vê a desarmonia que ele provoca, o tempo que ele nos desperdiça, as Sessões que ele azeda, aí então vem o basta.

E neste basta o microcosmo da Loja se recompõe, reexamina seus valores e cresce como sociedade. 

Por isso não há porque não evitar tão badalada e tão deformada pela conveniência de grupelhos tem de ser compreendida como uma inter-relação de direitos e deveres. 

E essa relação pressupõe uma vida de mão dupla, pavimentada com respeito e educação. 

Quando assim não ocorre, nós temos o direito, sem o temor de parecermos intolerantes, de recorrer a solução extrema. 

*..."Mais vale ficar vermelho alguns instantes que amarelo o resto da vida"...*





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