março 09, 2025

A DOUTRINA MACONICA - Izautonio Machado Jr.


A Maçonaria possui duas dimensões: operativa e especulativa.

A Maçonaria Operativa se refere à construção de edifícios físicos, fazendo uso de materiais como a pedra e o mármore.

A Maçonaria Especulativa se refere à construção de um templo espiritual no interior de cada um de seus adeptos, usando para esta finalidade as instruções. A maçonaria especulativa adota para o seu propósito os utensílios e materiais que são utilizados na maçonaria operativa, conferindo-lhes significados simbólicos.

Enquanto a Maçonaria Operativa é uma Arte, a Maçonaria Especulativa é um Sistema de Pensamento fundado em uma Filosofia Moral.

A Maçonaria Operativa tem por fim uma construção física (algo concreto), utilizando como meio, conhecimentos científicos, como a geometria e a arquitetura.

Por sua vez, a Maçonaria Especulativa tem por fim uma construção espiritual (algo abstrato), utilizando como meio, conhecimentos filosóficos e simbólicos que fazem alusão a construções físicas.

Embora não haja unanimidade entre os historiadores maçônicos, que criaram várias teorias acerca da origem da maçonaria especulativa, é geralmente aceito que esta é decorrente da fraternidade medieval de maçons operativos, o que se evidencia pela preservação de muitas de suas regras e lendas derivadas das chamadas Old Charges (Antigas Obrigações).

Definição

É relativamente fácil definir a Ordem. A Maçonaria é uma organização fraterna secular, tradicionalmente franqueada somente aos homens. Propaga os princípios morais e busca promover a prática do amor fraterno e da atividade caritativa entre todas as pessoas – não somente entre os maçons. Não é uma religião; mas é uma sociedade de homens religiosos, na medida em que exige de seus membros que acreditem na existência de um “Ser Supremo”. (...) Embora não seja uma religião, a Ordem pode ser considerada uma “companheira filosófica da religião”. Essa ideia está implícita na definição da Maçonaria – tirada da Leitura do Primeiro Grau (Trabalho de Emulação) – como “um peculiar sistema moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos”. (MACNULTY, 2012, p. 09)

Podemos ainda afirmar que a maçonaria é também uma organização iniciática e esotérica:

 Iniciática

“Iniciação” significa introdução de alguém em um novo conhecimento, sendo exatamente isso que ocorre na Iniciação Maçônica, onde o Iniciado passa a ter acesso aos conhecimentos da Ordem.

Esotérica

Ensinos exotéricos:

Ensinos passíveis de serem ministrados ao grande público e não somente a um grupo seleto de alunos.

Ensinos e doutrinas que, nas escolas da Antiguidade grega, eram transmitidos em público.

Ensinos esotéricos:

Ensinos ministrados a um círculo restrito e fechado de ouvintes.

Ensinos que, em certas escolas da Grécia antiga, destinado a discípulos particularmente qualificados, completava e aprofundava a doutrina.

O esoterismo se caracteriza pela transmissão de conhecimentos mais avançados de forma progressiva a pessoas eleitas consideradas aptas a recebê-los, sendo, portanto, de acesso restrito. 

É exatamente isso o que ocorre na maçonaria, através da seleção de membros e do sistema de graus maçônicos, que são etapas de estudos acessíveis progressivamente.

Tais características não devem ser confundidas com o misticismo ou com o ocultismo.

Reflexão

Infelizmente, por desconhecimento da natureza da instituição a que pertencem, muitos maçons desejam fazer dela uma organização com objetivos completamente diferentes daqueles para os quais ela existe, desvirtuando as suas finalidades, o que é perigoso e coloca em risco a própria existência da maçonaria.

Não há sentido em ser maçom se a Filosofia Iniciática, que é a própria razão pela qual alguém ingressa na caminhada maçônica, é desprezada. Se um novo pensamento de busca pelos valores realmente iniciáticos da Maçonaria não começar a brotar dentro de suas fileiras e de suas instituições, é pouco provável que a essência filosófica se mantenha e possa sustentar sua manutenção e seu avanço pelos séculos vindouros. Deixará de ser uma “instituição iniciática” e se tornará apenas uma instituição beneficente e altamente burocrática, de onde terá se retirado todo o teor iniciático. É preciso que cada maçom repense seu próprio papel, seu próprio proceder e que, pouco a pouco, isso se torne uma onda de renovação no interior do povo maçônico.” (MUNIZ, Curso Elementar de Maçonologia). 

Os Princípios da Maçonaria

Os Princípios da Maçonaria revelam três dos principais aspectos da Ordem:

Amor Fraternal: a maçonaria é uma Fraternidade de Irmãos;

Amparo: a maçonaria prega a prática da Caridade e do bem ao próximo;

Verdade: a maçonaria é um Sistema de Filosofia Moral e Ética Social, que contém em seu bojo um conjunto de instruções e lições de virtudes com o objetivo promover o aperfeiçoamento de seus membros.

A maçonaria é uma filosofia de vida, e por intermédio da sua liturgia, simbologia, alegorias e palestras inculca em seus membros a prática das virtudes.

O Lema da Maçonaria latina

A Igualdade de direitos e obrigações dos seres e grupos sem distinguir a religião, a raça ou nacionalidade;

A Liberdade dos indivíduos e dos grupos humanos, sejam eles instituições, etnias, nações;

A Fraternidade de todos os homens, já que somos todos filhos do mesmo CRIADOR e, portanto, humanos e como consequência, a fraternidade entre todas as nações.

A doutrina maçônica

Terceira Instrução de Aprendiz Maçom

(Ritual de 1928)

Ven. — Que é a Maçonaria?

1° Vig. — Uma associação íntima de homens escolhidos, cuja doutrina tem por base o G.A.D.U., que é Deus; como regra, a Lei Natural; por causa, a verdade, a liberdade e a Lei moral; por princípio, a igualdade, a fraternidade e a caridade; por frutos, a virtude, a sociabilidade e o progresso; por fim, a felicidade dos povos que ela procura incessantemente reunir sob sua bandeira de paz. A Maçonaria existe e existirá sempre onde houver o gênero humano.

Ritual do Grau de Aprendiz Maçom 

(1928)

A Maçonaria proclama as seguintes doutrinas sobre que se apoia:

«Para elevar o homem aos próprios olhos, para torná-lo digno de sua missão sobre a Terra, a Maçonaria erige em dogma que o Grande Arquiteto do Universo deu ao mesmo, como o mais precioso dos bens, a liberdade, patrimônio da Humanidade toda, cintilação celeste que nenhum poder tem o direito de obscurecer ou de apagar e que é a fonte de todos os sentimentos de honra e de dignidade».

«Desde a preparação do primeiro grau até a obtenção do mais elevado da Maçonaria Escocesa, a condição primordial, sem a qual nada se concede ao aspirante, é uma reputação de honra ilibada e de probidade incontestada».

«Àquele para quem a religião é o consolo supremo, a Maçonaria diz: Cultiva a tua religião ininterruptamente, segue as inspirações de tua consciência; a Maçonaria não é uma religião, não professa um culto; quer a instrução leiga; sua doutrina se condensa toda nesta máxima — AMA A TEU PRÓXIMO».

«Àquele que, com razão, teme as discussões políticas, a Maçonaria diz: «Eu condeno qualquer debate, qualquer discussão em minhas reuniões; serve fiel e devotadamente à tua Pátria e não te pedirei contas de tuas crenças políticas. O amor da Pátria é perfeitamente compatível com a prática de todas as virtudes; a minha Moral é a mais pura, pois funda-se sobre a primeira das virtudes — A SOLIDARIEDADE HUMANA».

«O verdadeiro maçom pratica o Bem e leva a sua solicitude aos infelizes, quaisquer que eles sejam, na medida de suas forças. O maçom deve, pois, repelir com sinceridade e desprezo, o egoísmo, a imoralidade».

Os ensinamentos maçônicos induzem seus adeptos a dedicarem-se à felicidade de seus semelhantes, não porque a razão e a justiça lhes imponham esse dever, mas porque esse sentimento de solidariedade é a qualidade inata que os fez filhos do Universo e amigos de todos os homens, fiéis observadores da Lei de Amor e Simpatia que Deus estabeleceu no Planeta.

Considerações 

A maçonaria é depositária de doutrinas morais, religiosas e filosóficas que têm sua gênese nos Antigos Manuscritos e que foram com o tempo sendo desenvolvidas, ao ponto em que estamos em sua atual fase especulativa.

Muito mais simples no princípio, a simbologia e filosofia maçônica foi gradativamente se tornando mais complexa à medida que absorvia elementos oriundos de outras escolas de pensamento.

Durante o século XVIII, foram criados cerca de mil graus maçônicos, dos quais boa parte foram aproveitados na organização de dezenas de ritos diferentes. Foi necessário buscar conteúdo para a produção destes graus em várias fontes, tais como a Cabala, a Alquimia, o Rosacrucianismo, o Hermetismo, a Teosofia e a Numerologia Pitagórica.

Alguns graus traziam conexões com temas da Antiguidade, surgindo daí a mítica da origem egípcia, na esteira na “egiptomania” que estava em voga na época. Outros graus traziam temas Templários, etc.

Em meio a esta avalanche de novas informações, o conteúdo original da maçonaria, que teve origem a partir do método pedagógico de alegorias e símbolos, com raiz genética na Maçonaria Operativa, sobreviveu.

A bem da verdade, a Maçonaria não estuda de forma aprofundada esses temas adicionados, senão apenas utiliza alguns elementos destes, fazendo somente menções superficiais, ficando a critério do maçom buscar mais informações em fontes externas.

O espírito do Rito Francês

É comum ouvir que cada ritual tem sua própria especificidade e sua própria espiritualidade. Como os outros ritos, o Rito Francês baseia seus ensinamentos nos emblemas bíblicos e nos pretextos históricos a ele associados, mas não acrescenta nenhuma abordagem hermética e se concentra mais no valor moral das alegorias que são usadas do que nos seus detalhes.

Poderíamos dizer que a especificidade do rito francês é que ele não possui um: os outros ritos foram influenciados por fatores extra maçônicos e é essa influência que dá a todos sua especificidade, enquanto o rito francês não sofreu tal influência. Isso é verdade quando comparamos o Rito Francês com os outros Ritos da Maçonaria Francesa do século XVIII, isto é, com o Rito Escocês Retificado e com o Rito Escocês Antigo e Aceito, deixando os Ritos Britânicos e Americanos. Em particular, o rito francês não tem doutrina explícita. O fato de ele não ter doutrina não significa que ela não contenha ensino, mas seu ensino não é desenvolvido em lugar algum na forma doutrinária explícita e discursiva nos textos do rito.

A espiritualidade maçônica está enraizada na tradição judaico-cristã e tem dois fundamentos muito simples: a irmandade dos homens, a paternidade de Deus, sendo este último o fundamento do primeiro. Os pedreiros do rito francês das classes azuis recebem assim uma educação simbólica baseada nesses dois princípios e nas alegorias que lhe são anexadas sem desenvolver o simbolismo alquímico ou cavalheiresco que está presente em outros ritos. É claro que isso não constitui de forma alguma um juízo de valor em relação a esses ritos, também praticados nas lojas da Grande Loja Nacional Francesa.

Texto extraído do website da Grande Loja Nacional Francesa.

Referências

ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Londrina: Editora Maçônica “A Trolha”, 2012.

GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DE RONDÔNIA. A Maçonaria para não maçons, 2020.

ISMAIL, Kennyo. Curso de Introdução à Maçonaria. No Esquadro, 2016.

ISMAIL, Kennyo. O que é Cabala e qual sua verdadeira relação com a Maçonaria? Disponível em O que é Cabala e qual sua verdadeira relação com a Maçonaria? – O Ponto Dentro do Círculo (wordpress.com). Acesso em 26 de setembro de 2022.

GRANDE LOJA SYMBÓLICA DO RIO DE JANEIRO. Ritual do Gráo de Aprendiz – Maçon. Rio de Janeiro: Typographia Delta, 1928.

MACNULTY, W. Kirk. A maçonaria. Símbolos, segredos, significado. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

MACHADO JUNIOR, Izautonio da Silva. Como o Rito Moderno pode contribuir para o futuro da maçonaria e das grandes lojas brasileiras. Apostila do Congresso Nacional do Rito Moderno - Novembro de 2021.

MACHADO JUNIOR, Izautonio da Silva. Curso de Introdução ao Rito de York. Disponível em https://cmsb.org.br/curso/introducao-ao-rito-de-york/. Acesso em 06 de janeiro de 2021.

MACHADO JUNIOR, Izautonio da Silva. Definição d

e Maçonaria. Revista Triponto, ANO II - Nº 03 - Fevereiro de 2021.

MUNIZ, André Otávio de Assis. Curso Elementar de Maçonologia. Editora Richard Veiga Editorial, São Paulo, 2016.

março 08, 2025

08 DE MARÇO DIA DA VIDA - Dia Internacional das Mulheres - Newton Agrella

 



Como não poderia ser diferente
A alma é o sabor da vida 
E o coração bate mais forte
Quando a mulher se faz presente.

Tal qual a terra que fecunda a semente pra posteridade
Deus concedeu-lhe o dom universal da fertilidade.

É ela que nos dá a luz, 
E assume o protagonismo ímpar de nossa existência...

Desempenha o papel de mãe,
irmã, namorada e esposa.
E do alto de sua Sabedoria é a melhor amiga e conselheira.

A mulher é o esteio do mundo
É a inteligência e o poder de tudo
Nela que encontramos o amor, o afeto, a segurança e o carinho

Nos seus braços sentimos nosso verdadeiro porto seguro.
De sua força infinita aprendemos que o tempo se traduz em passado, presente e futuro.

A mulher é a nossa estrela guia
É nossa fonte perene de energia.
Dela herdamos a inteligência, a sensatez, e a razão que nos ilumina.

Seja qual for a data, as homenagens a ela são meras referências e formalidades.

É do ventre dela que a história se pronuncia, ganha corpo e se materializa como culto mais sublime da humanidade.

OBRA CELESTIAL - Adilson Zotovici

 


Andarás deveras à exaustão !

No mar, no vale, na serra

Aos quatro cantos da terra

Para encontrares a razão 


Buscarás com isso em verdade

Plausível explicação 

Quiçá a motivação

De tal superioridade 


Perscrutarás com instância

Com denodo e acuidade

Seu ser, sua divindade

Entre nós, tal relevância 


Indagarás resposta factual

De toda sua importância

Sua natural elegância

Ao homem presença vital


Saberás quando a luz se fizer

E enxergares  afinal

Tratar-se de obra Celestial...

Ou simplesmente...MULHER !


UM CONVITE - Newton Agrella


Abra o envelope e leia:

"A título de exercício, experimente imaginar que Deus é apenas e tão somente uma disposição de sua alma.

Que ELE se manifesta em cada uma de suas percepções, nos seus sentidos e nas suas ações e emoções...

Imagine que ELE não tem cor, cheiro, forma...que ELE é a "sua" própria existência e que se manifesta através do seu Pensamento...

Faça uma introspecção e procure divisar o infinito da sua imaginação e observe como o seu pensamento não conhece fronteiras...

Arrisque supor que Deus seja um Universo contido em você e do qual você é uma indivisível partícula.

Pois, imagine Deus revelado em você mesmo, mas que sua consciência parcialmente adormecida prefere terceirizar...

Seu salvo-conduto é o seu discernimento e a capacidade de sentí-lo se instaura no seu Templo Interior...

ELE não faz diagnóstico, não pergunta e não responde. É a fonte abstrata de sua Vida.

Cuide do Deus que habita em Você...

Guarde o Convite, feche o envelope e deixe-o em algum canto onde sua imaginação sugerir.


março 07, 2025

ARLS MONTE CARMELO 22 - Brasília





 A ARLS Monte Carmelo 22, em Brasília, tem como lema "A Loja fácil de amar", e pude constatar nesta segunda visita que o mote corresponde a realidade 

Visitei a Loja há poucas semanas em momento de troca de diretoria, e o irmão que viria a ser o novo Venerável Mestre me convidou para uma palestra assim que assumisse. Convite feito, convite atendido.

Na noite de ontem, quinta feira, apresentei a palestra "Maçonaria, de Isaac Newton à Internet" para o quadro e alguns visitantes, sob o comando do Venerável Mestre Fabio Lincoln Lemos Lobo, que conduziu a sessão com ritualística e leveza.

No saguão estava exposta a Mostra Literária da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras.

Em retribuição a palestra a Loja adquiriu, para doação, dez cestas básicas e com os recursos da Bolsa prometeu mais três ou quatro.

O DONO DA LOJA - José Dias

 

Recentemente, ouvi mais uma vez a expressão *"FULANO É DONO DE LOJA"* sendo utilizada em tom pejorativo. Isso me levou a uma profunda reflexão: *_qual é, afinal, o erro em ser chamado de DONO DE LOJA?_* 

Se o *DONO DE LOJA* é aquele que se dedica a garantir que a loja funcione em harmonia, que zela pela fluidez dos processos, que busca, com imparcialidade, o cumprimento dos ideais fraternos e das leis maçônicas, então, onde está o erro nisso? 

Se o *DONO DE LOJA* é aquele que se preocupa com o patrimônio material e simbólico da loja, que trabalha incansavelmente para preservar sua integridade e sua missão, então, por que tantos veem esse título como algo negativo?

A *verdade é* que a loja não deveria ter apenas *UM ÚNICO* dono. 

TODOS deveriam ser os ditos *DONOS*. 

Onde estão todos aqueles que, um dia, *juraram defender* os interesses da loja? 

Onde estão aqueles que prometeram auxiliar o *VENERÁVEL MESTRE em suas múltiplas obrigações?*

A loja não é — e nunca deveria ser — apenas de *UM ÚNICO DONO*. Ela é um patrimônio coletivo, um *espaço sagrado* que pertence a todos os irmãos que nela trabalham e crescem.

Neste ano de eleições em todas as lojas, convido a todos a refletirem sobre o verdadeiro significado de *SER* e não apenas ESTAR em nossos cargos. Não basta ocupar temporariamente uma posição; é preciso *SER aquilo que o cargo exige.* É preciso assumir, com responsabilidade e dedicação, o papel que nos foi confiado. Cada um de nós, independentemente do grau ou da experiência, deve se comprometer a ser mais um *DONO DA LOJA.*

Enquanto eu for parte da loja que frequento, orgulhosamente lutarei pelos seus interesses. E não apenas eu: incentivarei que o mais novo aprendiz, assim como o mais graduado mestre, também se torne um *DONO DA LOJA.* 

Se ser DONO DA LOJA significa zelar pela fraternidade, pela harmonia e pelo cumprimento dos princípios maçônicos, então que todos nós sejamos *DONOS DE NOSSAS LOJAS*, DONOS DE NOSSOS RITOS, DONOS DE NOSSA POTÊNCIA e, acima de tudo, DONOS DE NOSSA FRATERNIDADE.

Que possamos, juntos, assumir nossa postura maçônica de forma integral — *DENTRO E FORA* da loja. Que cada um de nós carregue consigo a responsabilidade de construir, preservar e elevar nossa instituição, não apenas como membros, mas como verdadeiros guardiões dos valores que nos unem.

março 06, 2025

O "OLHO QUE TUDO VÊ" - Newton Agrella


O OLHO QUE TUDO VÊ E  QUE DIFICILMENTE  ENXERGAMOS

Se nos ativermos ao aspecto filosófico e cogniscível maçônico, cuja essência de seu significado se apoia fundamentalmente na SIMBOLOGIA, como a experiência científica mais antiga da humanidade,  perceberemos que num templo maçônico, 

"O OLHO QUE TUDO VÊ", inserido no Delta  Luminoso, representa a chamada "ONISCIÊNCIA"

 A composição do referido vocábulo constitui-se de "OMNI" que significa "tudo" e "SCIENTIA" que  quer dizer:  "conhecimento", "saber", "ciência".  

Portanto, o Olho que Tudo Vê, simboliza a posse de todo o conhecimento, ou seja; da presença do Grande Arquiteto do Universo..

Neste simbolismo, o Olho revela e traduz sua capacidade sensorial de saber absolutamente tudo.

O "Olho que Tudo Vê" conhece todas as formas, pensamentos, sentimentos, bem como a cronologia de pretérito, presente e futuro. 

Em suma, é o autor e testemunha ocular do universo.

Destaque-se que no Simbolismo Maçônico a Onisciência constitui-se num princípio que se manifesta na capacidade  humana de se expressar nas Artes, na Literatura, na Música e em todas as demais manifestações culturais e intelectuais.

A despeito das referências históricas, lendárias, místicas e esotéricas que o arcabouço maçônico traz consigo na sua essência dialética, podemos empreender um olhar isento, sem qualquer proselitismo religioso, sejam desde os registos sacerdotais das antigas doutrinas egípcias, ou de quaisquer outras doutrinas, tais como: cristãs, judáicas, islâmicas e assim por diante.

A Simbologia do Olho que Tudo Vê, revela por si, que o Homem não está só, e que tudo o que faz, fica registrado no histórico de sua Existência, como sua marca e identidade.

março 05, 2025

FELIZ 4a FEIRA DE CINZAS - Newton Agrella


                                   

Você já experimentou perguntar-se  a si mesmo se a Indulgência pode ser interpretada como uma espécie  de alvará oferecido pela Igreja como forma de perdoar pecados ou de amortizar dívidas contraídas pelo comportamento que atenta contra a própria moral estabelecida através de códigos consagrados pela sociedade ?

Pois é, mais ou menos por aí que a Quarta Feira de Cinzas incorpora seu significado.

Apesar do Carnaval no Brasil exortar a alegria através da música, da dança, da aglomeração de pessoas e dos desfiles e blocos, invariavelmente regados a muita bebida e outros ingredientes, é impossível desassociá-lo do lado obscuro do comportamento humano.

Essa Quarta Feira portanto, é algo como se a Igreja tivesse que ligar um sinal de alerta e puxar o freio das atitudes humanas que se deixam levar incontidamente pela lascívia e despudor, durante a festa da carne que se próspera durante ruidosos 7 dias.   

A semana de Carnaval.

Tal qual uma varinha mágica, a Igreja interpõe estrategicamente um dia, logo após os festejos, para lembrar às pessoas que na Quarta Feira, as Cinzas devem se manifestar na mente humana, como uma sutil lembrança de que a vida é efêmera, breve e transitória, e que o caminho entre a Terra e Céu deve passar por um processo de purificação.

A Antítese desse processo é a confirmação da contrariedade e da insensatez que se travestem de arrependimento.  

Na sede de provar esse sentimento, a pessoa se submete a um período de retratação, que obedece o nome de Quaresma.

Jejuar, orar, refletir e entregar-se a uma vida espiritual, tornam-se "lição de casa",  pelo menos até a Páscoa.  

O paradoxo desse esdrúxulo comportamento é uma tênue linha da ética e da moral, que mal se sustenta diante da débil oferta da Indulgência.

As cinzas continuam flanando no aguardo de arrependidos, que durante dias se esbaldam na Festa Pagã e ao término dela buscam a absolvição da Matriz, por quem os sinos dobram em sinal de compaixão.

E assim começa a Penitência, num país sobejamente cristão, mas que traz consigo o Carnaval como manifestação primitiva e degradante do comportamento de muitos.



JACQUES DE MOLAY


Jacques de Molay foi o último grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários, uma das mais poderosas ordens militares da Idade Média. Sua trajetória está marcada pela ascensão e queda dos templários, culminando em sua trágica execução e no fim oficial da ordem.

Nascido por volta de 1243 no condado da Borgonha, na atual França, ingressou jovem na Ordem dos Templários e rapidamente demonstrou habilidades excepcionais como cavaleiro e estrategista. Por volta de 1292, foi eleito grão-mestre, sucedendo Thibaud Gaudin, e assumiu o comando em um período crítico para a ordem.

As Cruzadas estavam em declínio e a cidade de Acre, último grande reduto cristão na Terra Santa, havia sido perdida em 1291. Sem territórios na região, os templários passaram a ser questionados em sua existência, mas Jacques de Molay manteve a esperança de organizar uma nova expedição para recuperar a Terra Santa.  

A crescente desconfiança sobre os templários foi agravada pelo imenso poder e riqueza da ordem, que possuía vastas propriedades e um sistema bancário sofisticado, emprestando dinheiro a reis e nobres. Filipe IV da França, fortemente endividado com os templários, viu na ordem uma ameaça e uma oportunidade de se livrar das dívidas. Em 1305, o novo papa, Clemente V, propôs a união dos templários com os hospitalários, mas Jacques de Molay se opôs.

Aproveitando-se das tensões, Filipe IV tramou contra os templários e no dia 13 de outubro de 1307 ordenou a prisão em massa dos cavaleiros na França, incluindo Jacques de Molay. Foram acusados de heresia, idolatria, sodomia e blasfêmia, com alegações de que adoravam um ídolo chamado Baphomet, negavam Cristo em rituais secretos e praticavam atos imorais.  

As confissões foram extraídas sob tortura brutal pela Inquisição. Jacques de Molay, submetido ao suplício do cavalete e ao esmagamento dos pés, confessou parcialmente alguns crimes, mas logo se retratou. Filipe IV pressionou o papa, que em 1312 dissolveu oficialmente a Ordem dos Templários através da bula "Vox in excelso", sem declara-los formalmente culpados. 

Jacques de Molay e outros líderes templários permaneceram presos por anos. Em 18 de março de 1314, foram levados para julgamento público. Molay reafirmou a inocência dos templários e renegou todas as confissões feitas sob tortura. Furioso, Filipe IV ordenou sua execução imediata. Naquela noite, Jacques de Molay e Geoffroi de Charney foram queimados vivos na Ilha dos Judeus, no rio Sena, em Paris.  

Diz a lenda que, enquanto era consumido pelas chamas, Jacques de Molay lançou uma maldição contra seus algozes, proclamando que Filipe IV e Clemente V morreriam dentro de um ano e seriam chamados ao tribunal de Deus para prestar contas. Curiosamente, Clemente V faleceu um mês depois, em abril de 1314, vítima de uma grave doença, e Filipe IV morreu em novembro do mesmo ano após sofrer um derrame. Esse evento fortaleceu a crença de que os templários possuíam segredos místicos e que sua queda envolveu forças ocultas. Com o tempo, essa narrativa ajudou a alimentar teorias da conspiração, lendas e sociedades secretas supostamente ligadas aos templários.  

Apesar do fim oficial da ordem, o legado de Jacques de Molay e dos templários continuou a crescer ao longo dos séculos. Sua história tornou-se símbolo de traição e injustiça, inspirando obras literárias, pesquisas e movimentos esotéricos. Muitas tradições, como a Maçonaria, reivindicam algum vínculo simbólico com os templários. Hoje, Jacques de Molay é lembrado como um mártir cuja morte selou o destino de uma das organizações mais enigmáticas da Idade Média, e sua lenda persiste, envolta em mistério e fascínio.

 

março 04, 2025

DO CODIGO AO DECALOGO - Ivan Froldi Maezollo


A conduta do peregrino da Arte Real do Código ao Decálogo .

A premissa a este ensaio é o fundamento inicial do signo de ser livre e bom costumes ...É a condição exigida para que um profano ingresse na Maçonaria por intermédio da Iniciação.

Não basta o candidato ser politicamente livre; não basta que tenha um comportamento moral comum.

A Maçonaria proclama que a sua doutrina urge pela filosofia baseada na tradição, nos usos e costumes; portanto, “costumes” não é um mero comportamento, uma moral de conduta, mas sim um universo de práticas que conduzem o ser humano a amar a vida espiritual.

O candidato deve comparecer à Iniciação com uma disposição quase inata de “amar a seu futuro irmão” como a si mesmo. Ter em determinado assunto um irmão como oponente mas jamais inimigo, tudo é efêmero " política, religião, dicotomia ideológica, mas a irmandade é eterna...sempre em todos os momentos acima de tudo em nossas atitudes e julgamentos o grande preceito é M.'.I.'.C.'.T.'.M.'.R.' . e isso a um filho da Viúva é imutável. 

Isso exige um comportamento para com seu próprio corpo, para com sua própria alma e para com o seu espírito.

Ser livre e de bons costumes constitui uma exigência de maior profundidade do que parece à primeira vista; seria muito cômodo aceitar um candidato que politicamente é livre, pois não há mais escravidão no mundo; ou que, penalmente, não se encontre preso, cumprindo alguma pena.

A liberdade exigida é ampla; sem compromissos que inibam o cumprimento das obrigações maçônicas, sem restrições mentais.

Todo maçom, mesmo antigo na Ordem, tem o dever de se manter “livre e de bons costumes”.

Com esta premissa adentramos nos ensinos do código ao decálogo:  

É uma coleção de preceitos morais e éticos, que fazem parte da doutrina maçônica. De maneira geral, ele é o mesmo para todas as Obediências, considerando-se que a doutrina é a mesma, embora divergências político-administrativas muitas vezes as separem. Um código que tem sido muito reproduzido e que foi haurido das instruções do Rito de York, é o seguinte, já presente em instruções brasileiras da metade do século passado: 

I. Adora o Grande Arquiteto do Universo. 

II. Ama a teu próximo. 

III. Não faças mal a ninguém. 

IV. Faze o bem que puderes. 

V. Deixa falar os homens. 

VI. O verdadeiro culto ao Grande Arquiteto consiste nos bons costumes. 

VII. Faze o bem, só com o fim de fazeres o bem. 

VIII. Não faças a outrem o que não quiseres que te façam. 

IX. Conserva sempre pura a tua alma, para poderes aparecer dignamente diante do G.A.D.U., que é Deus. 

X. Ama os bons, lamenta os fracos, foge dos maus, mas não odeies a ninguém. 

XI. Fala sabiamente com os grandes, prudentemente com os teus iguais, sinceramente com os teus amigos e ternamente com os pobres. 

XII. Escuta sempre a voz da consciência. 

XIII. Cumpra o teu dever, aconteça o que acontecer. 

XIV. Não lisonjeies os teus Irmãos, porque é uma traição; se teu Irmão te lisonjeia, teme que ele te corrompa. 

XV. Sê tolerante, porém lembra-te que a tolerância não vai ao ponto de proteger atos imorais. 

XVI. Pratica o auxílio aos fracos, a justiça a todos, a dedicação à Pátria, à Família e à dignidade para contigo mesmo. 

XVII. Sê o pai dos pobres; cada suspiro que a tua dureza lhes arrancar, aumentará o número de maldições que cairão sobre a tua cabeça. 

XVIII. Respeita o estrangeiro viajante; ajuda-o; a sua pessoa é sagrada para ti. 

XIX. Evita as disputas; previne os insultos; põe sempre a razão de tua parte. 

XX. Respeita as mulheres e as crianças; nunca abuses de sua fraqueza e antes queira morrer do que desonrá-las. 

XXI. Se o G.A.D.U. te der um filho, agradece-lhe esta graça, mas teme o depósito que Ele te confia; sê, para esta criança, a imagem da divindade. 

XXII. Faze que, até aos 10 anos, ele te tema; que, até aos 20, ele te ame; que, até à morte, te respeite. Até aos 10 anos, sê seu mestre, até aos 20 anos, sê seu pai; e, até à morte, sê seu amigo. 

XXIII. Cuida, com preferência, em lhe dar bons princípios, do que lhe dar boas maneiras; é melhor que ele te deva uma boa doutrina do que uma elegância frívola, e que seja, antes, homem de bem do que homem hábil. 

XXIV. Se te envergonhas do teu ofício, lembra-te de que não é o teu emprego que te honra ou te avilta, mas, sim, a maneira como o exerces. 

XXV. Lê e aproveita; vê e imita os bons costumes; reflete e trabalha. 

XXVI. Refere tudo á utilidade dos teus Irmãos, porque trabalharás para ti mesmo. 

XXVII. Não julgues levianamente as ações dos homens; não censures e louva ainda menos; é ao G.A.D.U., que sonda os corações, que pretende apreciar a sua obra. 

Mas, além do Código, há o Decálogo da Maçonaria, também originário da Maçonaria inglesa e que merece divulgação integral, pelas lições que encerra: 

1. Deus é a Sabedoria eterna, onipotente e imutável; suprema inteligência e inextinguível amor. Deves adorá-lo, reverenciar e amar; praticando as virtudes, muito O honrarás. 

2. Tua religião consiste em fazer o bem, por ser um prazer para ti e não unicamente um dever. Constitui-te em amigo do homem sábio e obedece aos seus preceitos. Tua alma é imortal; nada farás que a desagrade. 

3. Combaterás, incessantemente, o vício. Não farás a outrem o que não quiseres que te façam. Deverás ser submisso à Fortuna e conservar vivo o fogo da Sabedoria.

4. Honrarás a teus pais. Respeitarás e tributarás homenagens aos anciãos.Instruirás os jovens. 

5. Sustentarás tua mulher e filhos. Amarás tua Pátria e obedecerás às suas leis. 

6. Teu amigo será, para ti, tua própria imagem. O infortúnio não te afastará do seu lado. E farás, por sua memória, o que farias por ele em vida. 

7. Evitarás e fugirás de amigos falsos, assim como, quanto possível, dos excessos. Temerás ser a causa de uma mancha em tua memória. 

8. Não permitirás que as paixões te dominem. Obterás, das paixões dos demais, lições de proveito para ti mesmo. Serás indulgente com o erro. 

9. Ouvirás muito; falarás pouco e obrarás bem. Olvidarás as injúrias, darás o Bem em troca do mal. Não abusarás de tua força ou superioridade. 

10. Estudarás o conhecimento dos homens. Buscarás sempre a virtude. Serás justo. Evitarás a ociosidade. 

Com estes bons preceitos é possível fazer uma viagem ao Eu interior e se permitir morrer de si mesmo , dar-se ao infinito , olhar a Luz nos olhos olhar os olhos da Luz .

Que o Grande Arquiteto do Universo cientifique todo peregrino da Arte Real daí ao viajor a Estrela Guia.



março 03, 2025

ATE MAIS VER, QUERIDA GOIÂNIA - Michael Winetzki


Momento da minha despedida da linda Goiânia. De domingo a sexta fiz seis palestras em Lojas Maçônicas, seIs exposições de livros dos autores da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras que presido, e arrecadei uma quantidade significativa de cestas básicas que serão doadas a entidades locais.

O irmão Edmilson Mendonça, um astro da informatica, me recebeu no sábado passado e me acompanhou até a rodoviária nesta segunda-feira, quando retornei a Brasília.

Além das palestras agendadas pela Academia Goiana Maçônica de Letras através de seu presidente José Mariano, estive elaborando com o irmão Edmilson o lançamento para maio ou junho da Unimol - Universidade Maçonaria on Line que irá oferecer de maneira virtual cursos, treinamentos, biblioteca e outras atividades de desenvolvimento de cultura maçônica.

Com a Academia Goiana Maçônica de Letras estive auxiliando o planejamento do primeiro Congresso de Academias Maçônicas de Letras que deve ocorrer em agosto, provavelmente em Caldas Novas.

Foi uma semana movimentada.

EMOÇÕES, RITUAL E VESTIMENTA MAÇÔNICA - Alain Bréant

 


I ― Introdução

A abordagem maçônica é um desafio baseado na capacidade de um ritual de permitir que um grupo de seres humanos acesse uma espiritualidade acompanhada de preocupações sociológicas.

A primeira dificuldade encontrada para ter sucesso neste desafio é a capacidade dos membros da loja de gerenciar as emoções. O objetivo deste artigo é expor as diferentes expectativas.

II – Recordação da especificidade das emoções

Emoções e sentimentos não devem ser confundidos; São também reações afetivas que evoluem de forma mais duradoura e complexa, mas com uma participação cerebral que apela à nossa experiência, ao nosso intelecto e até à nossa imaginação. Eles também podem ser intensos.

A palavra "emoção" vem do francês antigo movimento, ou seja, movimento, que gerava mover, depois tumulto e depois emoção. É uma reação do organismo secundário ao sentimento de um evento experimentado. Essa reação geralmente é espontânea e mais ou menos controlável.

Psicologicamente, são descritos diferentes sentimentos psicológicos que pontuam a vida dos seres humanos:

O sentimento dos órgãos dos sentidos

Sentimentos

Emoções

Stress.

A especificidade das emoções está em sua reação espontânea a um evento intercorrente. Lembre-se de que a utilidade das emoções está em sua capacidade de reagir a um perigo improvisado.

A sensação dos órgãos dos sentidos (paladar, olfato, visão, tato, audição) é mais física e elementar, mas pode fazer parte de uma emoção: um estrondo intenso, por exemplo, pode nos encorajar a nos pressionar contra o chão.

O estresse geralmente não é considerado uma emoção porque é um estado geral de infelicidade que interrompe o funcionamento do pensamento.

As principais emoções são geralmente definidas:

alegria (amor, excitação sexual),

medo

raiva (revolta),

tristeza (depressão, desânimo);

Às vezes adicionamos surpresa, nojo, desprezo.

A sede da emoção está localizada no sistema límbico, às vezes chamado de cérebro límbico ou cérebro emocional. É uma área diferente daquela do córtex, onde está localizado o funcionamento da razão. 

II – Na loja, o ritual cria emoções:

a - Todo ritual é escrito para criar emoção;

As emoções desempenham um papel fundamental nos rituais quando entendidas como uma forma de fortalecer a meditação interior ou transcendental.

Na maioria das vezes, trata-se de alegria em sua modalidade de "alegria interior"; Também pode ser tristeza quando se faz menção ao falecido ou a irmãos em dor. A surpresa também surge em certos momentos da iniciação.

Vivemos na pousada, às vezes uma poderosa emoção coletiva imbuída de serenidade: a egrégora; Nesse exato momento a emoção é sublimada, é em outra dimensão onde a razão não tem mais seu lugar. É claro que isso é induzido pelo ritual da cadeia de união.

Em uma abordagem mística, as emoções são usadas para promover o acesso à espiritualidade e, em particular, ao Grande Arquiteto do Universo.

Em uma abordagem não dogmática, é necessário reinterpretar os rituais para torná-los um meio de acesso a uma espiritualidade entendida como uma busca de harmonia.

Quais símbolos para experimentar emoção?

Poderíamos mencionar:

O coração: símbolo universal da emoção, especialmente do amor,

Luz: suave e radiante, especialmente quando se trata de uma vela

Cores:

Vermelho: Paixão, amor, raiva.

Azul: Tristeza, calma, serenidade.

Amarelo: Alegria, felicidade, calor.

Violeta: Mistério, espiritualidade.

As mãos ou um círculo de indivíduos: em particular a cadeia de união.

b - Pré-requisitos:

Para viver o ritual, é essencial estar livre de emoções anteriores que possam ter surgido nas horas anteriores ao traje; Isso pressupõe um "retorno a si mesmo" permitindo um "desapego".

Este pré-requisito às vezes é difícil de alcançar quando um distúrbio psicológico estabelecido transforma as disposições mentais do maçom: é o caso, por exemplo, no caso de transtornos de personalidade (especialmente paranoicos), doenças crônicas incapacitantes ou choques emocionais.

c - Emoções rituais e "perturbadoras":

No camarim, o ritual impõe seu ritmo e dramaturgia. Mas às vezes surgem emoções não previstas pelo ritual; seja um ataque de riso desencadeado por um lapso de língua ou uma casualidade inadequada de um policial ou um discurso "excêntrico", a expressão de emoção pode se tornar perturbadora.

Os momentos de votação também são períodos capazes de despertar emoções.

Há também as reações provocadas por uma peça de arquitetura: tradicionalmente nenhuma declaração de parabéns ou desaprovação é planejada, mas a realidade é obviamente diferente e a paixão pode assumir o controle se um assunto delicado for mencionado!

Um apego excessivo aos desejos (a famosa erupção do "ego") ou às expectativas emocionais pode criar obstáculos à busca espiritual maçônica.

Quem já não viu a reação irada de um Venerável ao se ver desafiado em uma tomada de decisão autocrática?

Essas emoções perturbadoras são, obviamente, contraproducentes para o ritual.

Como podemos aceitar essas emoções perturbadoras no vestiário? É responsabilidade do colégio de oficiais garantir que as expressões intempestivas de emoções imprevistas sejam controladas. Isso requer tato e moderação! A antecipação costuma ser uma boa maneira de "controlar" a possível ocorrência de emoções prematuras

III – Como gerir as emoções?

Seja na vida secular ou na vida maçônica, as emoções, por definição, são incontroláveis! A única possibilidade que nos resta é vivê-los da melhor maneira possível, preparando-nos para os diferentes eventos de nossa existência!

O papel do Venerável e dos membros do colégio de oficiais é particularmente importante na encenação dos momentos emocionalmente criadores do ritual, mas também no domínio e, se possível, evitar emoções "perturbadoras" imprevistas para que não perturbem muito o ritual.

A melhor forma de privilegiar as emoções despertadas pelo ritual é o envolvimento de todos os membros da loja tanto em seu comportamento quanto em seus discursos: seriedade, dignidade, concentração são as palavras-chave!

IV – O lugar da Razão em uma roupa maçônica:

Basicamente, a razão não tem lugar em uma roupa maçônica porque a emoção reina! Por outro lado, fora do templo, a razão prevalece! É como se estivéssemos operando sob a influência de duas formas de inteligência:

Inteligência cognitiva que implementa o conhecimento adquirido por meio de educação e aprendizado ou por meio da experiência. É ela quem "oficia" quando se trata de Razão!

E inteligência emocional, que é "a capacidade de um indivíduo de reconhecer suas próprias emoções e as dos outros e usar essas informações para orientar seus pensamentos e comportamentos de maneira eficaz e ideal".

Descartes afirmou "Todo conhecimento verdadeiro tem sua fonte exclusivamente na razão"; hoje, seria mais preciso dizer: "Toda expressão razoável é baseada no conhecimento que se possui!" Isso tem o mérito de mostrar os limites da razão, porque todos sabem que o conhecimento ainda tem limites!

O conhecimento do funcionamento do cérebro permite fixar a sede da razão no nível do córtex cerebral, ou seja, a parte do cérebro onde as informações acumuladas pelos seres humanos de acordo com suas experiências são empilhadas. Vimos que para as emoções isso acontece em outros lugares!

V – Conclusão:

A emoção é uma força interior imprevisível. Os rituais o usaram para facilitar a impregnação simbólica e iniciática.

Mas outras emoções podem surgir espontaneamente, às vezes intensamente, e podem invadir rapidamente nossa mente.

Para alcançar o equilíbrio interior, é essencial saber acolher as emoções. Aceitar uma emoção é reconhecer sua presença, sem procurar reprimi-la ou ignorá-la, para analisá-la em uma segunda vez e compreendê-la ou mesmo criticá-la.

Aceitar a emoção não significa ceder à emoção. A razão nos ajuda a dar um passo para trás e escolher nossa resposta.

Essa atitude requer lucidez e introspecção. Ao aprender a observar nossas emoções, descobrimos como aceitá-las, mantendo nossas mentes claras e livres. É nessa harmonia que se encontra o verdadeiro autodomínio, onde a emoção e a razão coexistem, cada uma encontrando seu devido lugar.


março 02, 2025

ORGULHO DE SER MAÇOM - Michael Winetzki




Nas paredes do escritório as lembranças de uma vida de intenso trabalho social e muitas homenagens, e no surpreendente diálogo que assisti na noite de ontem, a prova da elevada postura ética de dois maçons excepcionais.

Divino Freitas, 73, dono do escritório, Nivaldo Lopes, 81 e eu, 75, falando do passado. A certa altura diz Nivaldo: - quando seu pai mudou-se do sítio, o meu pai foi morar lá. Seu pai deixou uma charrete e um cavalo que meu pai nunca conseguiu pagar porque naquele tempo as comunicações eram muito difíceis. Lembra disso?

Não - diz Freitas - faz muito tempo.

- Pois eu vou pagar agora, para que o espírito do meu pai fique em paz. Vou ver quando custam hoje uma charrete e um cavalo, e lhe dou o valor e você divide com seus irmãos.

Eu fiquei estarrecido. Uma dívida de décadas, ninguém mais lembrava ou dava importância, mas para o octogenario filho do devedor, honradez e palavra dada são atemporais.

Por isso tenho tanto orgulho de ser maçom, e ter como irmãos homens desta rara qualidade.