abril 11, 2025

ARLS LEONARDO DA VINCI 538 - São Paulo


    
Atendendo ao convite do VM Ronald Todorovic visitei na noite de ontem a ARLS Leonardo da Vinci n. 538 da GLESP em uma sessão de aprendiz maçom.
Estive várias vezes nesta querida  Loja, ontem também já palestrei, e a razão de meu retorno é o espírito de união e fraternidade que sempre pude observar, além da dedicação aos estudos.
Ontem, por exemplo, o jovem Venerável Mestre estava com forte dor de cabeça que atrapalhava a sua concentração, mas não faltou a sessão e nem desistiu da responsabilidade. Distribuiu tarefas, inclusive para mim,  e os trabalhos prosseguiram com perfeição com a primeira instrução de aprendiz e a apresentação de um ótimo trabalho.
É sempre um grato prazer estar com os irmãos desta Loja e quando houver oportunidade lá estarei.



FERRAMENTAS DO APRENDIZ - Pedro Juk


Em 22.09.2014 o Irmão Fábio Silva Pedroso, Aprendiz da Loja Acácia do Sudoeste, REAA, 2.278, GOB-PR, Oriente de Pato Branco, Estado do Paraná, solicita o que segue: 

_*Estive no ERAC de Cândido Rondon ontem apresentando o trabalho sobre Abóboda Celeste. Tenho que apresentar em minha Loja um trabalho sobre "Ferramentas do Aprendiz", e gostaria que se possível me balizasse sobre referências bibliográficas sobre o tema.


Considerações:


Primeiro vale a pena mencionar que existem diferenças entre os sistemas doutrinários maçônicos nas suas duas vertentes principais – a inglesa e a francesa.

Embora o objetivo da Moderna Maçonaria seja um só (aprimoramento do Homem), existem os Ritos que seguem modelos de concepção doutrinária oriunda da França (deísta) e aquela de concepção nativa da Inglaterra (teísta).

Por exemplo: o Trabalho de Emulação (conhecido por aqui como York) se coaduna com a raiz inglesa, enquanto que o Rito Escocês Antigo e Aceito se coaduna com a genealogia francesa.

Embora de objetivo único, os costumes, cultura, condições políticas e sociais da época acabariam por influenciar o moderno especulativo maçônico entre os Séculos XVIII e XIX.

Sob essa óptica, em se tratando das ferramentas simbólicas do Aprendiz na Moderna Maçonaria, devido às duas principais vertentes citadas, estas não são em número completamente iguais conforme o sistema. Geralmente o sistema inglês adota três instrumentos para o Aprendiz: o Maço, o Cinzel e a Régua de 24 Polegadas, enquanto que no sistema francês, do qual faz parte o Rito Escocês Antigo e Aceito, adota-se apenas dois, o Maço e o Cinzel.

Observe que na alegoria do Aprendiz, comumente inserida nos rituais usados na França, por extensão no Brasil, o Aprendiz aparece classicamente ajoelhado fazendo uso do Maço e do Cinzel. Do mesmo modo podemos observar que no Painel do Primeiro Grau do Rito Escocês aparecem também apenas esses dois instrumentos.

Como o mote dessa questão se refere ao REAA, filho espiritual da França, embora este até possua raízes anglo-saxônicas, o caso aqui é apenas do Maço e do Cinzel como instrumentos de ofício para o Aprendiz.

Chamo atenção porque alguns rituais equivocados, além de certas bibliografias temerárias misturam os sistemas apregoando com isso o uso na Régua para o Aprendiz no Rito Escocês, o que é um lamentável engano. A Régua no escocesismo simbólico é um dos objetos de trabalho do Companheiro.

Transcrevo aqui um pequeno trecho inerente ao livro “Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom – Tomo I” de minha autoria: 

O MAÇO E O CINZEL – Como instrumentos imprescindíveis para o desbaste da Pedra Bruta, eles se apresentam no Painel da Loja do primeiro Grau unidos, assumindo valor destacado para o trabalho dos Aprendizes.

O MAÇO – Também conhecido com Malho, é um utensílio de madeira resistente, idêntico a um martelo, embora maior, mais pesado e desprovido de unhas, sua utilização é feita por escultores, entalhadores e esquartejadores da pedra.


Operando de forma impactante sobre o Cinzel na tarefa de desbastar a pedra, simboliza a energia do caráter a serviço da razão e da inteligência (Cinzel). Resume a vontade como fator existencial nos homens que precisa ser concentrada com eficiência para que não resulte no esforço inútil. O seu uso de forma desordenada, certamente fragmentará a pedra deixando-a em desacordo com a forma desejada tornando-se, sob esse aspecto, uma ferramenta posta a serviço da destruição. O Maço, se usado de acordo com as exigências da Arte, é um instrumento imprescindível para o desenvolvimento do trabalho que disciplina a vontade.

Sob o ponto de vista esotérico, ele representa a ação do espírito sobre o campo da materialidade.

O CINZEL – É um instrumento de aço, incisivo em uma das suas extremidades, enquanto a outra está preparada para receber o impacto de uma ferramenta contundente sendo utilizado normalmente pelos escultores e gravadores em trabalhos que necessitem perfeição. Simbolicamente ele é uma das ferramentas do Aprendiz necessária ao desbaste da Pedra Bruta, no que representa a razão e a inteligência no direcionamento da vontade do Maço – o discernimento e a inteligência (Cinzel), dirigem a força da vontade (Maço). À vontade por si só não garante a eficácia do trabalho.

O Maço e o Cinzel, tal como apresentados no Painel da Loja de Aprendiz, estão unidos para indicar que de forma independente podem não produzir um trabalho satisfatório. A alegoria ensina o iniciado que a vontade, se aplicada com harmonia e de forma inteligente, alcançará os objetivos procurados, entretanto, é necessário observar uma associação equilibrada da força física com a força intelectual permitindo que a Pedra Bruta seja verdadeiramente transformada na Pedra Cúbica. 

Finalizando, indico para começar como fonte de pesquisa, além do livro de minha autoria aqui já mencionado, também o intitulado “Símbolos Maçônicos e suas Origens” de autoria do Irmão Xico Trolha, bem como a “Cartilha do Aprendiz” de autoria do Irmão José Castellani. Todos os títulos serão encontrados na Editora Maçônica A Trolha – www.atrolha.com.br – ver nestes uma extensa bibliografia para pesquisa.


P.S. – É primordial que o estudante de Maçonaria compreenda que existem duas vertentes principais na Moderna Maçonaria. Nesse particular a Maçonaria é composta por ritos e trabalhos do Craft, pelo que em não raras vezes encontrar-se-ão diferenças que servirão para explicar muitos procedimentos distintos em Loja.



abril 10, 2025

GLOMARON - 40 ANOS






À GLOMARON – Grande Loja Maçônica de Rondônia 

Ao Sereníssimo Grão Mestre Paulo Benevenute Tupan 


                                                          Michael Winetzki, Eminente Presidente da AMVBL- Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, em nome de todos os eminentes Confrades, tenho a honra de parabenizar em seu nome Eminente Confrade Paulo Benevenute Tupan

Fundador e Presidente de Honra desta Douta Academia e Sereníssimo Grão Mestre, da GLOMARON - Grande Loja Maçônica de Rondônia, pela passagem do 40º aniversário de sua Fundação, a todos irmãos e Lojas jurisdicionadas à essa laboriosa, respeitada e evolucionista Potência Maçônica, reconhecida aos quatro cantos do Orbe, por seus valorosos trabalhos em prol de tornar mais feliz a humanidade. 

Que o GADU continue sempre, a iluminar esse esteio cultural maçônico. 

             Atenciosa e fraternalmente,

Michael Winetzki

Presidente


GLOMARON 1985 - 2025


40 anos - Jubileu de Rubi / Esmeralda


Resistência e raridade

Como tal a sua beleza

Com excelência a unidade

Por Arte Real a nobreza


Surgida em bela cidade

Com Luz de intensa clareza

Para brilhar à sociedade

Assim se conduz com firmeza


Justa e perfeita irmandade

De livres pedreiros...coesa

Robusta, com a Divindade


GLOMARON em sua proeza

De Rondônia à humanidade

Qual ESMERALDA a grandeza


Adilson Zotovici

AMVBL

O MAÇOM E A FORMAÇÃO: A VIA DO ESTUDO - Paulo Pinto


Em muitos movimentos e correntes espirituais, uma das tensões mais frequentes é a que ocorre entre aqueles que definem o saber positivo como fundamental, cultivando-o, fundamentalmente no campo da História e da História do Pensamento;

E aqueles que definem uma pertença e uma prática como um caminho que apenas no interior pode ter lugar, sem que o conhecimento livresco e acadêmico tenha algum lugar significativo no processo de crescimento e aperfeiçoamento.

Hoje, tal como em muitos outros momentos, tem lugar essa tensão, afirmando-se recorrentemente uma conceção de Maçonaria como quase exclusivamente prática. 

A frase “fez-se maçonaria”, demonstração de satisfação e regozijo, dita tantas vezes no final de uma sessão, leva ao limite o campo semântico da ideia de oficina, do labor oficinal. 

Isto é, faz-se Maçonaria no trabalho em Loja, e só isso realiza o maçom.

E este ponto, a centralidade do trabalho em sessões ritualísticas, mais que central, é o centro do que é a Maçonaria. 

A dimensão iniciática, renovada em cada abertura de trabalhos através do reconhecimento entre Irmãos e da delimitação de um espaço e um tempo fora dos espaços e tempos comuns, é a essência da alquimia interior que é transformadora e que atualiza, ritual após ritual, o trabalhar a pedra que cada maçom procura realizar em si mesmo.

Contudo, entendemos a semântica que a tradição cimentou e que se expressa nos Ritos? 

Isto é, temos as capacidades que nos permitam fruir plenamente de um momento ritualístico, tendo as ferramentas para especular com base no que se passa à nossa volta e onde participamos?

Num mundo profano imensamente afastado das ritualidades e ainda mais do vivenciado símbolo, o trabalho em Loja é empobrecido pela iliteracia que pode grassar entre aqueles que, vivendo o ritual, dele não podem retirar verdadeiro proveito porque não possuem o léxico, a cultura e o domínio da tradição que os habilitaria a uma plena vivência ritual.

Viver o ritual é fundamental numa dimensão antropológica, mas isso não basta se o sujeito não estiver equipado com os apetrechos que lhe permitam abrir as portas que o símbolo franqueia.

A Maçonaria precisa do conhecimento como ferramenta para dotar os seus membros das capacidades que lhes permitam gozar da plena liberdade hermenêutica no rito. 

Sem essa liberdade, que funciona em cima da cultura maçônica, não se cumpre nenhum Rito. 

Vivem-se gestos e repetem-se palavras, mas nada de alquímico e verdadeiramente transformador pode ter lugar.

A especulação maçônica é inevitavelmente do campo filosófico, com o que isso implica de genealogia de ideias. 

A sensibilidade, por si só, não conduz a um aperfeiçoamento total. 

O ato de trabalhar a pedra necessita de um escopro e um martelo que, na dimensão especulativa, são a bibliografia, as leituras, o debate.

Urge, num momento em que tantas equações se colocam em relação ao futuro da Maçonaria, apostar na formação dos novos membros, na “reciclagem” constante, na “formação ao longo da vida” daqueles que teimaram em continuar a vir às sessões.

A resposta a algumas das questões que mais preementemente se colocam hoje, seja em torno da redução de membros nas Obediências em alguns países, seja na elevada taxa de abandono entre nós, encontra-se numa fraca formação que conduz a que, nem os de fora, nem os de dentro, saibam o que é Maçonaria, o que fazem em Loja, para além de repetir frases bonitas e ouvir discursos interessantes, esvaziando de sentido a frase que repetem: “fez-se Maçonaria”.

PORTANTO IRMÃOS, VAMOS AOS ESTUDOS URGENTEMENTE!


Paulo Pinto M.'.M.'.

abril 09, 2025

ENSINAR e DOUTRINAR - Newton Agrella


A linha nem é tão tênue.

A questão é bem mais profunda.

Ensinar tem regência múltipla.

Doutrinar é transitivo direto.

Ensinar requer respeito.

Doutrinar impõe persuasão.

Ensinar faculta modos para transmitir conhecimento.

Doutrinar é um caminho impositivo de via única.

Ensinar possibilita ao aprendiz construir juízo de valores, discernir e a pensar por conta própria.

Doutrinar impinge idéias que mal permitem a contra-argumentação.

Ensinar, na sua essência, sugere o compartilhamento de informações de maneira equilibrada, que permite a quem aprende, viver a experiência de aquiescer, até discutir e avaliar aquilo que lhe é transmitido.

Doutrinar, em contrapartida, tem por princípio, induzir a conceitos sectários, unilaterais, e incutir a quem aprende, uma crença ou atitude particular de maneira a que não se aceite qualquer outra.

Ensinar amplia.

Doutrinar reduz.

Cabe a cada um decidir se prefere caminhar por pernas próprias e seguir seu caminho soberanamente, ou se subjugar à escuridão da ignorância e marchar ao som do gado que não tem escolha.



abril 08, 2025

A MAÇONARIA É UMA RELIGIÃO? - Almir Sant'Anna Cruz


Devem-se destacar alguns pontos coincidentes entre Maçonaria e Religião:

1 - O local onde os Maçons se reúnem chama-se templo; 

2 - A mesa onde são depositadas as Luzes da Maçonaria – o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso – e onde são tomados os principais compromissos dos Maçons chama-se Altar (dos Juramentos); 

3 - A mesa onde é queimado incenso chama-se Altar (dos Perfumes);  

4 - Ninguém ingressa na Maçonaria sem crer num princípio criador;  

5 - A Maçonaria cultua a Deus que, em respeito às crenças individuais, é denominado Grande Arquiteto do Universo; 

6 - As Lojas Maçônicas cumprem uma liturgia, fazendo uso de Rituais padronizados que não podem ser alterados ou suprimidos; 

7 - Dentre os Rituais adotados, existem os de Consagração (de Templo, de Estandarte, etc.);

8  - Para distinguir as formas com que se praticam os Rituais, a Maçonaria utiliza-se de diferentes Ritos; 

9 - A Maçonaria adota uma moral que “levanta templos às virtudes e cava masmorras aos vícios”;

10 - A instalação de um Venerável Mestre, tornando-o um Mestre Instalado, faz dele, em última análise, um sacerdote, com prerrogativas de iniciar novos Maçons, elevar ao grau de Companheiro, exaltar ao grau de Mestre e criar novos Mestres Instalados.

Assim, a priori, se poderia dizer que a Maçonaria é uma religião, não só pelos aspectos que relacionamos, mas, também, por se enquadrar perfeitamente nas definições que citamos.

Portanto, a Maçonaria seria uma religião com características diferentes das religiões “ismo” (budismo, cristianismo, hinduísmo, islamismo, judaísmo, etc.). Seria uma religião que não se limita a reconhecer um poder sobrenatural sobre o homem. Seria uma religião que não se atém unicamente em crer em Deus. Seria uma religião que não está confinada a ser simplesmente um sistema de fé e de culto. Seria uma religião que não só respeita, mas também aceita todas as “ismo” como válidas, conquanto as entenda como tentativas, entre si competitivas, de enunciar a verdade divina, que é relativa. 

Por tudo isso, por suas características singulares, estudiosos e respeitados Maçons não conseguiram enxergá-la como religião. 

E a Maçonaria é uma religião?

Considerando-se que as definições sobre o que é religião, via de regra, são circunlóquios, são rodeios de palavras tão preconceituosos ou tão genéricos quanto inúteis, não podemos nos limitar às definições clássicas. Se assim o fizéssemos a resposta poderia ser afirmativa: a Maçonaria é uma religião.

Contudo, a nosso ver, a Maçonaria não é uma religião. 

A Maçonaria é, isto sim, uma “Alternativa Laica da Religião”, isto é, conquanto não seja uma religião, possui o suficiente em comum com elas a ponto de poder se apresentar como uma opção que permite, inclusive, excluir a adesão a qualquer uma delas. Em outras palavras, como “Alternativa Laica da Religião”, o Maçom pode crer numa determinada religião, em todas ou em nenhuma. Para o Maçom, basta acreditar num princípio criador, no Grande Arquiteto do Universo, significando dizer que embora haja um ponto de vista laico, existe um comprometimento que exerce a mesma função da adesão a uma religião.

O ceticismo, com sua crença em negar a existência de fundamentos racionais nas religiões; o empirismo, com seu credo segundo o qual não há conhecimento do mundo senão o derivado da experiência dos sentidos; o freudismo, com sua fé na psicanálise; o marxismo, com seu credo no comunismo e sua fé na revolução; o positivismo, com sua fé na ciência; o racionalismo, com sua fé na razão; o humanismo, com seu conjunto de crenças e valores inteiramente não religiosos, o que não o impede de possuir instituições semelhantes a igrejas, como a Sociedade Ética de South Place, em Londres, são “Alternativas Laicas da Religião”.

A Maçonaria, com seus templos, com seus altares, com seus Ritos, com seus Rituais, com sua liturgia e com seu “sistema de moral velado por alegorias e ilustrado por símbolos”, é, igualmente, uma “Alternativa Laica da Religião”. 

Sumariando, a Maçonaria é uma “Alternativa Laica da Religião”, adotada, consciente ou inconscientemente, pelos Maçons!

Excerto do livro *Maçonaria para Maçons Simpatizantes Curiosos e Detratores do Irm.'. Almir Sant'Anna Cruz 

abril 07, 2025

USO DO CHAPÉU NA MAÇONARIA - SIGNIFICADO - Pedro Juk





Em 14/12/2019 o Respeitável Irmão Jaime Pedrassani, Loja Sophia, nº 60, REAA, GLMERS (CSMB), Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão:

Caro Irmão Pedro. Uma vez mais, recorro à vossa sábia orientação: em que momento do ritual de instalação do novo Venerável Mestre ele passa a usar o chapéu? Seria no momento em que lhe é transferida a joia, malhete, avental e punhos? 

CONSIDERAÇÕES:

Como resposta objetiva, deve receber o chapéu assim que ele for instalado no trono. 

A rigor, no REAA, sob o ponto de vista da originalidade, qualquer Mestre Maçom deveria usar chapéu negro e desabado quando trabalhando nas Lojas abertas em Câmara do Meio. Como Venerável Mestre ele deveria se apresentar aos trabalhos sempre usando cobertura, não importando o grau simbólico.

Reitero, essas colocações se prendem principalmente à tradição no REAA, o que infelizmente nem sempre é atendida nos rituais vigentes. 

De qualquer modo, aproveito para deixar um pequeno arrazoado pertinente ao uso da cobertura da cabeça pelos Mestres Maçons, principalmente para que essa tradição não caia no esquecimento e também como repúdio a certas "chacotas" proferidas por alguns maçons que, por não conhecer a Maçonaria a contento, às vezes nos brindam com comentários desairosos, inconvenientes e de refinado mau gosto.

Segue um breve relato sobre o porquê dos fatos.

Por conta da influência hebraica na Maçonaria, segue o seguinte resumo sobre a cobertura da cabeça utilizada no judaísmo: Na tradição judaica, para os que atendem aos seus mais rígidos princípios, o homem deve sempre trazer a sua cabeça coberta, o que ocorre desde o brit-milá (circuncisão no oitavo dia de vida) por simbolizar a aliança abraâmica - a aliança que Abrão fez com Deus. Na prática, entretanto, de modo geral a cobertura da cabeça - que no judaísmo utiliza-se o kipá - é obrigatória somente durante as cerimônias litúrgicas.

Em Maçonaria, a cobertura da cabeça, que é feita com um chapéu negro e desabado, é imprescindível (ou pelo menos deveria ser) para todos os Mestres Maçons em trabalho no 3º Grau, muito embora existam ritos que também utilizem cobertura para Aprendizes e Companheiros.

Além da herança hebraica, em Maçonaria boa parte desse costume advém das cortes europeias, quando o rei, na presença dos seus inferiores hierárquicos, cobria a cabeça como sinal de superioridade – é como deve fazer o Venerável em sessão no Grau de Aprendiz e Companheiro.

Já no tocante à herança hebraica, sob o ponto de vista místico é nítida a sua influência, pois em Maçonaria, sobretudo considerando aspectos teístas, assim como no judaísmo, trazer a cabeça coberta, além do significado de que acima da cabeça do homem existe algo transcendental, onisciente, onividente e onipresente, que é Deus, o "Grande Arquiteto do Universo", também demonstra a pequenez humana e a prostração do homem perante Deus, o que, em linhas gerais, procura demonstrar que por ser a cabeça a sede da mente e do conhecimento, estando ela coberta, evidencia a incapacidade humana de entender o Criador. Em última análise é uma demonstração de submissão do homem a Deus.

Ainda sobre a cobertura da cabeça na Maçonaria, a título de esclarecimento cabe comentar o porquê de o chapéu negro ser "desabado", isto é, com abas caídas. Segundo alguns historiadores, tal como o saudoso Irmão Francisco de Assis Carvalho, o Xico Trolha, a característica desabada servia para esconder o rosto, dificultando a identificação facial do usuário do chapéu, sobretudo quando a discrição e o anonimato eram elementos muito importantes nas ações de combate que a Maçonaria travava contra o despotismo e a crueldade dos regimes totalitários.

Por fim, me cabe dizer que infelizmente na atualidade o uso do chapéu na Maçonaria não tem tido a importância merecida, possivelmente porque muitos "entendidos" simplesmente não sabem da sua história na Ordem e muito menos o que essa parte da indumentária maçônica significa para o iniciado.



abril 06, 2025

NARCISISMO - Adilson Zotovici


Observo a atitude

E só faço algum juízo

Pela ausência da virtude

Que com frequência diviso


Cuido para não ser rude

A quem como  tal balizo

Não conter a inquietude

Quem d’Arte Real tem siso


A vaidade amiúde

Tantas auto imagens, friso,

Insanidade à saúde


Perplexo me escandalizo

Na exposição que alude

O ¨complexo de Narciso¨ !



EGRÉGORA MAÇÔNICA - Ubyrajara de Souza Filho




Pertenço ao grupo de irmãos que citou várias vezes “egrégora” em suas “Peças de Arquitetura”, inclusive em livro editado: em um tópico sobre a “Cadeia de União”. Os depoimentos de vários irmãos e as leituras de diversos textos destacando os benefícios daquela forma de energia e de seus efeitos sobrenaturais marcaram um significativo período de minha vida maçônica.

Entretanto, com o passar dos anos, persistindo em minha caminhada pela “busca da verdade‟, depararei com diversos textos, estudos e opiniões de outros pesquisadores maçônicos contestando o disseminado conceito de “egrégora‟. Diante de minha inquietude, resolvi arregaçar as mangas e realizar uma pesquisa pessoal sobre o tema.

Debrucei-me sobre vários textos: artigos, livros, citações etc. (maçônicas e não maçônicas), e procurei o “confronto‟ entre os pensadores. Em nome da verdade, devo admitir que não encontrei absolutamente nada que comprove, justifique ou explique de forma coerente e racional a existência das “egrégoras”.

Inicialmente, vale o registro de que não encontrei o termo “egrégora” em nenhuma passagem nas versões na língua portuguesa de alguns principais Livros Sagrados que pesquisei: a Bíblia (católica e protestante), o Torá, o Bhagavad-Gita e o Alcorão; e nem em livros referentes ao kardecismo (“O Evangelho segundo Kardec”) e budismo (“A Bíblia do Budismo”).

Nenhuma dessas obras relacionadas fazem qualquer citação ao termo “egrégora”. Da mesma forma, afirmo que nenhum dos rituais maçônicos que tive acesso, nos três graus simbólicos: Schröder, REAA, YORK, Brasileiro e Moderno, assim como os rituais dos Altos Graus do REAA e do Brasileiro, em nenhum deles, aparece a citação do termo “egrégora‟, muito menos de suas benesses.

Após complementar a pesquisa com diversas consultas à internet, conclui que existe um consenso entre os irmãos que questionam o uso do termo “egrégoras” na Maçonaria, de que o seu aparecimento no meio esotérico remonta a 1824 com o ocultista Eliphas Levi que a definiu como “capitães das almas”, e que, posteriormente, teve o seu sentido “adaptado‟ às diversas interpretações esotéricas místicas-ocultistas que foram agregadas à Maçonaria ao longo dos anos por autores maçônicos franceses que, ao final do século XIX, insistiram em transformar a Maçonaria em um braço esotérico do espiritismo, tal como os seus antecessores ingleses insistiram em cristianizá-la.

As doutrinas que aceitam a existência das “egrégoras”, de diferentes formas, afirmam que elas estão presentes em todas as coletividades, sejam nas mais simples associações, ou mesmo nas assembléias religiosas, “plasmada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais dos membros do grupo, na forma de uma poderosa entidade autônoma que adquire individualidade e interfere nas vidas e nos destinos das pessoas, sendo capaz de realizar no mundo visível as suas aspirações transmitidas ao mundo invisível pela coletividade geradora”.

Após ler e refletir bastante sobre o tema fiz algumas observações e alguns questionamentos que divido com os irmãos. Não considero nenhum absurdo aceitar que a reunião de várias pessoas, mentalizando e direcionando os seus pensamentos para o alcance de um objetivo comum possa gerar uma energia “positiva‟ que proporcionará “aos membros desse grupo‟ uma sensação de bem estar, de alívio de tensão ou algo similar; também aceito que o contato físico – como na Cadeia de União – amplie essas sensações, pois serve para renovar e fortalecer o companheirismo que deve existir entre os irmãos, relembrando-lhes sempre que o objetivo primário da Maçonaria é nos unir de modo que formemos um só corpo, uma só vontade e um só espírito. 

Mas, como aceitar, ou crer, que a “energia‟ emanada de nossas mentes possa plasmar uma “entidade‟ movida por vontade própria que irá interferir – para o bem ou para o mal – nas vidas e nos destinos das pessoas? 

Ou que seja capaz de realizar no mundo visível as suas aspirações transmitidas ao mundo invisível pela coletividade geradora. Como isso poderia acontecer sem considerarmos o fator “sobrenatural‟?

Aceitar tal fato, sem questionamento, é fugir do racional. É mais lógico fundamentar essa crença à interferências de conceitos superficiais ou subjetivos ligados a superstição, que não necessitam ser demonstrados, mas nos proporcionam uma falsa sensação de segurança. 

A maçonaria nos orienta a não nos entregarmos às superstições; logo, não podemos desprezar a lógica e a razão aceitando passivamente ilusórias promessas de felicidade e proteção advindas de “entidades‟ sobrenaturais plasmadas em nossas sessões.

Concluindo, entendo que as chamadas “egrégoras” são quimeras sustentadas por forças motivadoras da superstição, e como tal se deve evitar a utilização dessa expressão na maçonaria, de modo a não contribuirmos à perpetuação e validação de uma falsa “entidade psíquica‟ gerada pela equivocada crença no desconhecido, que, na verdade, camufla a necessidade de mantermos um controle racional sobre os nossos temores. Mas essa decisão é pessoal e passa pela conscientização de cada um.

O maçom deve ser livre para investigar a verdade, crer naquilo que melhor lhe confortar, e deve utilizar as suas “descobertas‟ para o seu próprio crescimento pessoal. As palavras, e até mesmo os equivocados conceitos por trás delas, se esvaecem ante o objetivo maior da maçonaria de formar livres pensadores.

abril 05, 2025

O BLOG - Newton Agrella




592.000 VISUALIZAÇÕES

Publicado hoje no Grupo da Academia Internacional de Maçons Imortais


Cabe aqui, neste democrático espaço acadêmico, em que a cultura literária exerce inequívoco protagonismo, renovar nosso reconhecimento ao BLOG de nosso sapiente e querido Irmão MICHAEL WINETZKI, o qual se constitui numa verdadeira fonte de pesquisas e referências para todos os nossos Irmãos.

O BLOG, que já atingiu números impressionantes de acessos, enseja ao leitor navegar pelos mais variados temas maçônicos e filosóficos.

Sejam através de crônicas, poesias, narrativas ou dissertações, fato é, que sua pluralidade cultista e conceptista, satisfaz plenamente as necessidades daqueles que o acessam, na busca de mais conhecimento !

Fraternalmente

*NEWTON AGRELLA*

TU ÉS UM MAÇOM REGULAR ? - Liber Grinmoire

 


Nunca houve essa pergunta nos graus de qualquer ritual maçônico da antiguidade ou da atualidade.

A questão da Regularidade Maçônica tem sido a principal luta priorizada pelas organizações maçônicas, as quais se voltaram unicamente para a burocracia e apegos superficiais, esquecendo-se da necessidade do aperfeiçoamento interior.

É lamentável ver maçons imorais, arrogantes, cheios de vícios e defeitos, galgarem os graus maçônicos, sem saberem qualquer significado das lendas ou dos personagens, sem retificarem sua moral, sua conduta social, arrogando-se “maçom regular” e imputando aos outros o anátema de “maçom irregular” ou “espúria”.

Para estes maçons, importa primeiramente saber, antes de qualquer coisa, qual a Loja Simbólica ou Potência/Obediência Maçônica a qual se está filiado, do que avançar no diálogo calcado em conhecimento histórico, simbólico e místico da Maçonaria. São os considerados “MAÇONS DE PAPEL”, que priorizam a carteira de identificação, o certificado de graus, atestados e declarações, os quais se encontram todos em suas paredes para exibição.

Mas afinal, o que significa “ser maçom regular?”.

Num tempo não longínquo, na época em que os pedreiros se reuniam em tavernas ou nos átrios de igrejas, ou ainda em campo aberto, seria impróprio perguntar a um irmão – “és maçom regular?”.

Não havia qualquer templo para reunião periódica, porque nem periodicidade era obrigatória entre os maçons.

Os templos, atendendo a um conceito contemporâneo, somente foram institucionalizados em 1726, mas inicialmente com muitas reservas.

Não havia “grau superior ou filosófico” ou mesmo o grau de mestre. Inexistiam os paramentos mais complexos, o painel do grau (que eram apenas um desenho riscado no chão, a giz ou com carvão), as colunas, os nós, os degraus, a balaustrada, os altares, enfim… a instituição maçônica era formada mais de irmãos do que forjada de aparências. O que antes era impensável e motivos de repulsa hoje se digladiam para saber quem é e quem não é “regular”

Ultrapassado o preconceito de achar que Maçonaria sempre existiu tal como é hoje, ainda há a questão da regularidade. É evidente que ambos os termos “regular” ou “irregular” significam CONCEITOS DE EXCLUSÃO. Ou seja, quem é regular deverá atender ou atentar para as regras, normas, estatutos, formalidades exigidas de quem se presta a “conceder” a regularidade. Assim, essa disciplina gera subordinação, dominação, submissão a determinado conjunto de normas, usos, costumes da Obediência da qual se pressupõe a regularidade. Mas…

Quem foi a primeira “Potência Regular”

Foi a dos Estados Unidos que organizou o primeiro Supremo Conselho ou a da Inglaterra, onde aparentemente se estruturou a primeira Loja ou Primeiro Grão- Mestrado

Será menos “regular” a França que teve os pedreiros livres em seu seio antes mesmo dos Estados Unidos virarem um país independente?

E o que dizer no Brasil? Será “regular” o Oriente mais antigo, com ou sem vários reconhecimentos internacionais ou as Grandes Lojas Estaduais, que se rebelaram daquele primeiro Oriente, fundando suas próprias Potências

Qual das rupturas políticas gerou a “potência mais regular”?

E acaso se reconhecem uma a outra que convivem há décadas?

Observa-se que “regularidade” depende da instituição, conselho, congregação, para os quais se voltam o agrupamento que busque esse título “Regular”. Esse procedimento é como tudo o mais na vida, vinculante à coerência.

Uma potência pode se dizer “regular”, quando outra vizinha não a reconhece?

Afinal, será que a regularidade maçônica está sob o jugo e o cabresto de um conjunto de outras potências externas, elas mesmas lutando por ser “mais regular e reconhecida” que a outra?

Por óbvio, o raciocínio nesse diapasão não poderá prosperar, porquanto teremos a seguinte situação:

“Uma potência brasileira “X”, do século XIX se diz regular, da qual nasceu uma potência brasileira “Y”, por meio de um rompimento no século XX. Essa potência “Y” não é regular para a potência “X”, mas por ter sido reconhecida por um Supremo Conselho Internacional, o será para todas as potências ligadas a este Supremo Conselho, enquanto que a potência “X” torna-se irregular para este Supremo Conselho Internacional e suas demais Potências…”

E então, como ficamos?

Ora, persistindo neste grande erro, a Obediência será e não será regular dependendo da conveniência política da ocasião, da instituição que a reconhece, dos interesses em jogo, da penetração social disposta no tabuleiro

Como a maçonaria chegou a este ponto

Onde ela errou tanto?

Como conseguiram desvirtuar a Maçonaria dessa forma

Infelizmente hoje observamos Maçons corrigirem Maçons, dizendo o que é “certo” e o que é “errado”, mesmo que a história demonstre que nunca houve nada além de Lojas livres, sem subordinação, sem obediências.

É uma ignorância sem fim ver os doutos expedirem os pareceres sobre cores, colunas, nós, altares, disposição de oficiais, joias
, usos e costumes, e toda essa pletora de práticas que se compõe um ritual, o qual já sofreu centenas de modificações ao longo do tempo, por razões das mais diversas.

Foram tantas as mudanças e eram tantas as vertentes locais, regionais e nacionais, ritos dos mais diversos que não há como afirmar quem é regular ou irregular. Há os princípios gerais e só. Mais do que isso é fantasiar a história e mistificar a própria Obediência que sempre se arroga como “antiga, regular, aceita” e outros adjetivos. 

Na verdade, tais qualificações são apenas excludentes.

Afirmamos sem medo de errar que a estrutura profana tem dominado algumas potências maçônicas ditas regulares. Tribunais, Ministério Público, Defensoria, Conselhos, Tratados, Direito Maçônico, Jurisprudência, Atas, Secretarias, carimbos, carteiras.

Qual a origem disso tudo?

É tradição ou criação moderna?

Então, resta a pergunta: – Tu és um maçom regular?

Como responder

É muito simples, ao contrário do que parece.

Para a Maçonaria Universal, MAÇOM REGULAR é aquele que:

1) Estuda com frequência e conhece o significado dos símbolos do seu próprio Rito.

2) É assíduo na loja da qual é filiado, arcando com todas as obrigações para com sua própria potência ou Rito.

3) Reflete e aplica na própria vida os ensinamentos adquiridos na loja que frequenta.

4) Estende a mão a outro irmão, quando necessário, sem atender à coloração política.

5) Transforma a sociedade ao seu redor, atuando positivamente para a fraternidade e liberdade.

6) Julga-se igual ao seu semelhante, não fazendo distinção de credo, raça, religião ou orientação política.

7) É um exemplo de vida e de compostura diante da sociedade.

8) Aplaina as divergências e fomenta o consenso, ainda que se despisse de vaidades.

9) É discreto quanto à sua própria condição.

10) Está preparado para a transição para o Oriente Eterno (morte), preparando os seus familiares e todos que estão à sua volta.

Todos os Maçons, Ritos e Potências que se enquadram nos princípios supracitados são regulares, sem necessidade de certificados ou tratados. Não é preciso qualquer certidão na parede para dizer ao público que se é HONESTO, assim como os atestados de regularidade são plenamente sem valor quando a potência ou a loja semeia cizânia, discrimina ou exclui.

A família do “irregular” vive contendas; Sua loja não pode contar com ele, porque não sabe se comparece ou não; Ele abandona sua loja, após galgar o grau pretendido; Ele deixa de estudar, de escrever, de dialogar, de palestrar, de conviver, tornando-se um poço de preconceitos sem qualquer explicação razoável

“Ser regular” é ser honesto consigo mesmo e com o grupo a que se deve fidelidade. É simples, meus irmãos, é fácil e é ético

Não deixe com que a “maçonaria de papel” vos contamine. Seja um homem livre e de bons costumes. Seja, pois, regular primeiro consigo e para com os seus…”.



TREM DA VIDA - Joab Nascimento


I

Durante a nossa existência,

Que chamamos trem da vida,

Não sabemos da chegada, 

Muito menos da partida,

Uns nascem, pra ser vagão,

Seguem qualquer direção,

Que o condutor traçar,

O comboio vai seguindo,

Pra qualquer lugar tá indo,

Sem saber se vai chegar.

II

É assim nosso destino,

Desde o dia em que nascemos,

Vamos seguindo em frente,

Sem saber porque vivemos,

Nascer, viver e morrer,

Para depois renascer,

Numa outra oportunidade,

A lei da causa e efeito,

É um motivo perfeito,

Pra buscar felicidade.

III

Cada comboio transporta,

Alegrias, desilusões,

Aventuras, desafios,

Nas mais diversas missões,

Tempestades, trovoadas,

As noites enluaradas,

Com estrelas a brilhar,

Muitos momentos de glórias,

Nas derrotas e vitórias,

Mas no fim irás chegar.

IV

Seja sua locomotiva,

Jamais queira ser vagão,

Faça o seu próprio trajeto,

Obedeça a sua razão,

Trilhe o seu próprio caminho,

É melhor andar sozinho,

Do que mal acompanhado,

Se errar, tente outra vez,

Repita com altivez,

Não se dê por derrotado.

V

Na viagem só existem,

Dois caminhos a seguir,

Você que vai escolher,

Um pouco antes de partir,

No caminho da bondade,

O amor e a caridade,

Sempre irão te acompanhar,

No caminho da maldade,

O ódio e a perversidade,

Irão te violentar.

VI

Ao fazer sua viagem,

Deixe o seu lado obscuro,

Escondido no armário,

Ou num buraco escuro,

Admire a natureza,

Veja toda sua beleza,

Espraiando a sua frente,

Aprenda amar cada flor,

Seja alguém de puro amor,

Purificando a sua mente.

VII

Destrua todo egoísmo,

Que domina a humanidade,

Acabe o egocentrismo,

Que existe na sociedade,

Nessa sua longa viagem,

Leve amor e coragem,

Se embriague com seu sonho,

Busque sua felicidade,

Através da humildade,

Deixe o seu lado bisonho.

VIII

O que não pode faltar:

Vontade e persistência,

Perseverança, firmeza,

Um pouco de paciência,

Fique atento e astuto,

Mesmo que seja matuto,

Nunca se deixe enganar,

Cada esquina um inimigo,

Pode lhe por em perigo,

Querendo lhe derrubar.

IX

Não deixe o seu lado escuro,

Dos seus olhos, ser a venda,

Enxergue com coração,

Não deixe o real, ser lenda,

Às vezes tá do seu lado,

Seu sonho, tão procurado,

Você não consegue ver,

Sua maldade é cegueira,

Sua eterna companheira,

Enquanto você viver.

X

Nos caminhos percorridos,

Muita coisa irá mudar,

Às paisagens, às pessoas,

Mas devemos continuar,

Em nossa busca constante,

O trem vai seguindo adiante,

Não pode retroceder,

Todos somos passageiros,

De nós, os próprios obreiros,

Lutando para aprender.

XI

Leve na locomotiva,

O que tem do seu melhor,

Transporte amor, alegria,

Se desprenda do pior,

Semeie em cada vagão,

Paz em cada coração,

Siga em busca do progresso,

Caminhe com retidão,

Que no final da missão,

Encontrarás o sucesso.



abril 04, 2025

AUGUSTOS MISTÉRIOS - Newton Agrella


 

O substantivo abstrato MISTÉRIO tem sua origem no Grego MYSTERYON,  passando pelo Latim MYSTERIUM.

A etimologia em si,  refere-se ao verbo grego MYEIN, que significa "fechar".

O termo em Grego fazia referência  a  "rito ou doutrina secreta" e dele advém MYSTES que significa "pessoa  iniciada em segredos",  posto que metaforicamente ela fechava os olhos e a boca para não ver nem revelar os segredos que tinha aprendido.

Eis aí, um dos Simbolismos mais contundentes da Sublime Ordem.

Aliada à palavra MISTÉRIO, a Maçonaria adotou como termo qualificativo o adjetivo AUGUSTO - do Latim "AUGUSTUS", cujo significado é  "majestoso", "venerável", "exaltado".

Desse modo, a expressão "AUGUSTOS MISTÉRIOS" ganhou pompa e circunstância e tornou-se um solene  referencial para descrever o profundo caráter filosófico, intelectual, espiritual e especulativo da Maçonaria.

O imenso arcabouço de símbolos, alegorias, palavras, toques e sinais que envolvem a Sublime Ordem como substrato de sua existência, que devem ser preservados em sigilo e confidencialidade explicam o porquê da referida expressão.

Isto sem contar seu espírito hermético que responde pelo conteúdo de seus significados,  além, é claro,  do juramento ou compromisso a que o Iniciado se submete.

Os AUGUSTOS MISTÉRIOS dizem respeito a tudo quanto está oculto por um símbolo, que o indica, mas ao mesmo tempo o encobre.  

Esses Mistérios residem na experiência pessoal, única e intransferível, que cada maçom vivencia ao longo de sua trajetória.