março 22, 2025

A LIBERDADE MAIS ÍNTIMA DO SER - Newton Agrella



Se você olhar pra dentro de si vai perceber que a única liberdade legítimamente sua é a do seu Pensamento.

Nele você pode divisar todos os seus desejos, sonhos e anseios, e ainda explorar todas as possibilidades que a vida oferece.

A liberdade de pensamento não exige pagamento, imposto, ou cerceamento de qualquer natureza.  

Ela não impõe condição social, credo, raça ou o que quer que seja.

Essa liberdade reside unicamente em você, e só você arbitra e é o único juiz de sua consciência.

A Liberdade de Pensar proporciona o direito de ir, vir e estar em qualquer lugar do mundo, pois você é quem cria, cultua e vive essa liberdade.

Ela é uma disposição da alma, e se constitui na mais íntima Verdade que sua consciência conhece.

Essa liberdade incontida passa pela razão, pelo sentimento, e pela imaginação

Trata-se da manifestação mais autentica da vida, pois é você quem define os rumos do seu pensamento, segue os caminhos que lhe parecem os mais seguros pra transitar e pode arriscar curvas, aclives e declives agudos, ao sabor de sua vontade.

A liberdade de pensamento concede a você todas as variantes do tempo, sem que pra isso você tenha que se tornar escravo das horas.

Quem determina a cronologia é a sua consciência e quem a desperta é o seu Pensamento.

A liberdade de pensar desconhece labirintos.

Todo esse processo permite que você aguce sua percepção do mundo e de tudo o que está ao seu redor. 

É simplesmente isso.



março 21, 2025

PELO DIA MUNDIAL DA POESIA - Adilson Zotovici



 PARCEIROS  NA  POESIA


Penso sempre nesta lida

A parte do compositor

Após poesia nascida

Sua primazia e esplendor


Não só por quem concebida

Pois há importante valor

A  quem a mantém nutrida

Que determinante fator


Há em ambos um mesmo amor

Nas letras por Deus ungida

Rendo a eles o meu louvor :


Por poeta à Luz trazida

O leitor, o declamador...

São o ar de sua vida !


Gratidão aos leitores, declamadores, palestrantes, divulgadores, simpatizantes...


 SONETO À POESIA


Fala  do cravo,  da rosa 

Da  tristeza, da alegria,

Seja  em  verso  ou  prosa,

D’alma... é  fotografia 


Tal qual pedra preciosa 

A todo ser inebria

Brinda a mulher que  formosa

Sentimento que  alumia 


Bem clara ou nebulosa

Da sutil à escandalosa,

Recitada ou melodia...


Tem aquela religiosa,

A engraçada, amorosa,

Mas sempre ela...poesia !


Aos poetas e aos leitores que são na verdade , o ar da vida dum poema

*A POESIA E O NOSSO POETA-MAIOR NA MAÇONARIA - Newton Agrella



Dono de um estilo único e sem igual,  senhor das palavras em toda sua erudição na língua portuguesa, a obra poética de Adilson Zotovici transporta-nos aos trovadores da Idade Média, na construção sólida e robusta de seus precisos arranjos harmônicos e rítmicos que marcam o tom de seus Sonetos.

Raríssimos os poetas que dispõem do talento e da criatividade de Zotovici para expressar com propriedade os mais distintintos cenários e conteúdos tão peculiares ao universo maçônico

Sua lavra é produto do profundo conhecimento que possui tanto da Simbologia, quanto da Filosofia e História que caracterizam a Arte Real.

A fluidez da métrica poética com que o autor nos brinda revela sua  acuidade e sutileza vernacular e ao mesmo tempo o caráter natural e singelo que seus versos traduzem.

Registre-se ainda que inobstante a característica marcante com que os trovadores da Idade Média compunham seus versos, a contemporaneidade constitui-se  num traço evidente e contínuo em sua obra, tornando sua Poesia sempre atual.

Zotovici dispõe da notável habilidade de transferir para a escrita o estilo disciplinado da poesia medieval para um arrojo destemido e vanguardista da linguagem maçônica especulativa.

Com efeito, ao ler Zotovici o leitor desfrutará de uma verdadeira escultura das letras, através de um passeio no tempo e na história, que o tornará senão um protagonista, mas no mínimo um espectador partícipe de cada tomada poética sua magnífica obra nos oferece.

Um brinde à leitura !



CRIATIVIDADE - Newton Agrella


Dentro de cada um de nós há uma espécie de estímulo que quando é despertado leva-nos a viajar pelo infinito de nossa imaginação.

Esse processo se torna cada vez mais acentuado e fluido, quando nos deixamos conduzir pela inspiração.

Não é demais afirmar que esta inspiração é fruto de experiências que se acumulam, a partir das mais diferentes formas de contatos e abordagens com tudo aquilo que lidamos ao longo da vida.

Trata-se de um gatilho que se instaura entre as emoções que deixamos transparecer e se manifesta nas diversas formas de arte.

É desse modo que nos tornamos arquitetos de nossas obras, criamos sons, formas e imagens, escrevemos textos e poesias e passamos a ser reconhecidos como pessoas criativas.

A criatividade também se configura quando nos entregamos às ciências, aos cálculos e às equações, posto que a Razão e a Emoção compõem o arcabouço da propria intelectualidade e versatilidade humana.

A criação não se compreende e tampouco se interpreta somente através da exuberância das cores e das formas.  

Muito pelo contrário, ela ainda se instaura com o exercício da simetria, do traçado de linhas retas, bem como da precisão tecnológica, virtual e científica.

No final das contas, somos sim, um amálgama da imaginação, em que os limites se superam como uma inesgotável fonte de energia, cuja origem se explica resultante de um Princípio Criador e Incriado.

A criatividade é a assinatura de nossos dias.



março 20, 2025

O EQUINÓCIO DE OUTONO E A MAÇONARIA - Barba


O Equinócio de Outono e a Maçonaria: Um Simbolismo de Transformação


No dia de hoje, 20 de Março, celebramos o equinócio de outono no hemisfério sul, um fenômeno astronômico em que o dia e a noite se igualam em duração. Este momento marca a transição do verão para o outono, trazendo consigo uma mudança na natureza e nos ciclos da vida. Dentro da simbologia esotérica e filosófica, essa transição é carregada de significados profundos, sendo também um reflexo das lições que a Maçonaria busca ensinar aos seus iniciados.

A Maçonaria, como uma escola de aprimoramento moral e espiritual, encontra nos fenômenos naturais um espelho para a jornada do homem. O outono simboliza o tempo da introspecção, do recolhimento e da preparação para o que virá. Assim como as árvores deixam cair suas folhas, reconhecendo que a renovação exige desprendimento, o maçom também é convidado a se desapegar de suas vaidades e excessos, cultivando aquilo que realmente importa para sua evolução.

O equinócio, momento de equilíbrio entre luz e sombra, ressoa diretamente com um dos pilares fundamentais da Ordem: a busca pela harmonia. No caminho iniciático, o maçom aprende que a dualidade é parte inerente da existência, e que somente ao reconhecer tanto a luz quanto a escuridão dentro de si mesmo é que poderá encontrar o verdadeiro equilíbrio._

Além disso, nas antigas tradições iniciáticas, o outono representava o período de colheita, momento de recolher os frutos do que foi plantado. O mesmo ocorre na jornada maçônica: após a busca pelo conhecimento e pela prática das virtudes, chega o momento de refletir sobre os resultados obtidos e preparar-se para os novos desafios que o inverno – metáfora do rigor e da supera– trará.

Assim, o equinócio de outono nos lembra que a vida é feita de ciclos e que cada estação traz consigo uma nova lição. Para o maçom, este é um período propício para o fortalecimento do espírito, para a revisão de suas ações e para a lapidação contínua da pedra bruta, em busca da perfeição moral e espiritual.

Que este momento de equilíbrio e transformação inspire a todos a trilharem um caminho de sabedoria, fraternidade e renovação.



ARLS XI DE AGOSTO 656 - Itanhaém


 

    Irmãos de seis |Lojas de diversas cidades estiveram reunidos ontem na sessão de iniciação do profano Ewerton Guimarães, que ocorreu na ARLS XI de Agosto n. 656, da GLESP, em Itanhaém, do Rito de Emulação.

    Sob a eficiente direção do Venerável Mestre Anderson Moreira de Mattos a sessão primou pela ritualística. O agora irmão Ewerton deveria ter sido iniciado na semana passada, mas faltando apenas três horas para a cerimônia nasceu o seu filho, o que obrigou o adiamento. Ele declara terem sido as duas maiores alegrias de sua vida, em sequência.

    É uma Loja onde já fiz palestra e que adoro frequentar pela alta dedicação de seus obreiros aos estudos maçônicos. Cada irmão iniciado recebe da Loja um livro meu, como motivação para o início da sua trajetória na Ordem.

    Como sempre acontece, a solenidade foi encerrada com um delicioso ágape, com a presença das cunhadas.

A IGUALDADE PROCLAMADA PELA MAÇONARIA - Carlos Lima


A igualdade Maçónica consiste em não levar em consideração, o poder financeiro dos  homens; os seus privilégios sociais; a sua posição no mundo profano; de  postos públicos conquistados nem sempre de forma digna; de castas; raças  ou de crenças religiosas. Ser detentor de grandes fortunas não assegura  a ninguém, diante da Maçonaria, privilégios especiais, principalmente  quando esse dinheiro não é colocado a serviço da humanidade. Nesse caso,  o que se destaca não é o dinheiro em si. O que se observa são as  benfeitorias realizadas.

O conceito mais alto na Maçonaria, não é a do homem rico,  endinheirado. Este conceito toma corpo com as benfeitorias e o  aprimoramento das suas qualidades Maçónicas. Leva-se em conta a  proporcionalidade entre aquilo que um possui e o que ele oferta para  tornar a humanidade melhor, em todos os sentidos.

Muitas vezes, um homem dando o dobro do que o outro ofertou, ainda é  pouco, analisando-se a disponibilidade das suas posses. Não nos devemos  distanciar de uma verdade que diz: “Nem sempre, a acumulação de riqueza  foi feita de modo honesta e honrosa, sem o sacrifício dos mais humildes e  pobres, cujas situações são desumanamente exploradas por imensuráveis  ganâncias”. Pelo simples facto de uma pessoa descender de famílias ricas  e tradicionais, não pode ter assegurado a sua entrada na Maçonaria, nem  muito menos acesso de grau.

O Maçom deve impor-se pelo seu valor, pelos seus próprios méritos e  não invocando o nome dos seus antepassados e o que eles fizeram. É  preciso que ele também pratique ações que o torne digno da família e da  Instituição. Mérito excepcional é daquele que, partindo do nada,  consegue elevar-se a ponto de se transformar em orgulho da família e da  Maçonaria. Nenhum valor tem para a Maçonaria, o ocupante de um elevado  cargo, se esse cargo não é exercido com dignidade. Não são os cargos que  honram os homens e sim os homens que necessitam de cargos para, com o  seu trabalho, serem honrados e engrandecidos.

A Maçonaria não reconhece castas sociais porque está firmemente  convencida de que os homens nascem iguais e só se distinguem pelos seus  méritos. Para a Maçonaria tem tanto valor um operário honesto, livre e  de bons costumes, quanto um magnata financeiro ou de qualquer outro  segmento produtivo da sociedade.

A história Maçónica traz-nos um fato extraordinário:

“Quando Félix Faure foi eleito presidente da França,  era Venerável da sua Loja, ele tinha um auxiliar subalterno da  Presidência da República que era Maçom: Na primeira vez que Félix Faure  compareceu a Loja, depois de Presidente da República, o seu subalterno  quis passar-lhe a Presidência da Loja”. “Félix, recusou, declarou que a  Presidência não poderia estar em mãos mais dignas, disse ainda que era  Presidente da República fora daquele recinto, mas ali, era um Irmão como  os outros e estava pronto para cumprir as ordens do Venerável, que com  justiça fora elevado ao cargo pelos méritos Maçónicos”.

Este exemplo é encontrado em diversas literaturas Maçónicas. A  Maçonaria não estabelece distinção entre raças, como também, combate  todos os preconceitos, sejam eles raciais, políticos ou religiosos.  Discorda frontalmente e formalmente de algumas Lojas norte-americanas  que se negam a receber negros, numa atitude antimaçónica. Este  comportamento é um atentado contra todos os princípios maçónicos de  igualdade. Os méritos dos homens não podem ser aferidos pela cor ou pela  sua raça. A Maçonaria não seleciona os homens pela sua religião. Ela  não é órgão de nenhuma seita, religião ou confissão. Ela respeita a  crença de todos e acolhe homens de todas as religiões, justamente porque  não é antirreligiosa.

A Maçonaria exige de todos os seus membros que tenham uma crença, que  acreditem num SER SUPERIOR, a quem, devemos respeitar, e que nos  oriente a praticarmos atos que não prejudiquem à moral; aos bons  costumes e aos nossos semelhantes.

https://www.freemason.pt/a-igualdade-proclamada-pela-maconaria/

março 19, 2025

ARLS TRÍPLICE ALIANÇA 341 - Mongaguá




Na sessão da noite de ontem na minha Loja Tríplice Aliança 341 de Mongaguá, tivemos duas excelentes e instrutivas palestras.  

O irmão Alexandre Rampazzo, Grande Secretario de Ritualística do Rito Moderno do GOB RJ discorreu sobre o Rito Moderno, contando sua história e estrutura.

O irmão Oduwaldo Álvaro, notável intelectual e escritor de Praia Grande apresentou uma ampla visão sobre os Altos Graus. 

Foi uma noite enriquecedora e a Loja e o VM Alexandre Lucena estão de parabéns.

O QUE REALMENTE IMPORTA - Heitor Rodrigues Freire


A ligação do ser humano com Deus é transcendental. Desde sempre e para sempre. Essa ligação é tão forte que o homem primitivo a associou inicialmente ao fogo.

Com o despertar gradativo da consciência, o homem foi criando formas para traduzir esse anseio espiritual de relacionamento com a divindade. Assim, ao longo do tempo, foram surgindo as religiões, que procuraram identificar e canalizar esse anseio de uma forma que permitisse a ligação do homem com o mais elevado.

Mas, infelizmente, as religiões acabaram se transformando em meios de dominação, que longe de proporcionar a conexão espiritual – finalidade lógica de sua existência –, acabaram se constituindo em novas formas de opressão. A religiosidade, que simboliza a ligação do ser humano com seu Criador, quando dogmatizada e ritualizada, por meio da repetição automática de atos e procedimentos, acaba por engessar a mensagem espiritual sob a forma da massificação. Apesar disso, cada religião, a seu tempo e hora, conseguiu manter a esperança de se atingir a evolução espiritual.

Nesse campo, a evolução representa a busca pessoal pela ligação com Deus. A formação católica, que ainda está presente na maioria da população brasileira, quando deixou de estimular o crescimento espiritual, inadvertidamente passou a dar espaço para  outras denominações religiosas.  No meu caso, me distanciei da Igreja e aflorei minha religiosidade, enquanto me afastava da religião católica propriamente dita. Por meio do estudo, da observação e da prática, pude chegar hoje ao que eu chamo de minha religião pessoal, constituída de uma filosofia intrínseca de práticas que são o resultado de um caldeamento de tudo o que vi e vivi. Ela me permite uma visão particular e uma certeza: a presença de Deus está em mim, em tudo e em todos. 

Deus está presente, meus irmãos. Essa certeza naturalmente orientará todos para um procedimento que, gradativamente, não permitirá nenhum desvio de comportamento. O conhecimento da reencarnação, concedido por Deus, nos proporciona o meio de contribuição de cada um para sua própria evolução, e implica necessariamente em um compromisso consciente.

Daí se chegará ao estado de integridade: o ser será íntegro, inteiro, completo. E essa completude proporcionará o senso da responsabilidade e dos compromissos com Deus, consigo mesmo e, por consequência, com toda a humanidade.

Os ensinamentos só produzem frutos na medida em que são praticados. Os homens que ignoram esse fato trabalham para obter riqueza e poder, porém os bens materiais existem para uma vida somente, e portanto, são efêmeros como espuma. Há coisas muito maiores, e quem as alcança não desejará o que for passageiro.

O processo evolutivo da humanidade se desenvolve por meio da caminhada reencarnacionista a que todos os seres estão submetidos naturalmente. Há resistência no entendimento dessa caminhada, provocada pela influência de diversas religiões que contribuem para embaçar nossa visão de mundo. Muitas se declaram detentoras da verdade e procuram impô-la aos seus adeptos, que, por sua vez, também procuram enfiá-la goela abaixo de quem se opuser aos seus desígnios.

O que deduzo disso tudo é que cabe a cada um de nós buscar e encontrar o seu próprio caminho. Para isso é preciso coragem e determinação. Cada pessoa é única, original. A caminhada pode ser coletiva, mas a jornada deve ser individual. 

Esse é o princípio que norteava o ensinamento filosófico de Sócrates. Ele acreditava que temos dentro de nós tudo o que precisamos saber. Só é preciso que essa sabedoria seja extraída, isto é, que seja trazida à luz, através de um processo semelhante a um parto. E que cada um seja o seu próprio mestre.


março 18, 2025

A BUROCRACIA E A LOJA - Rui Bandeira



Uma Loja maçónica não se dedica apenas ao estudo do simbolismo, ao compartilhamento de saberes, experiências, opiniões, reflexões, nem à execução e aperfeiçoamento rituais, nem ainda às cerimónias próprias da Arte Real. 

Uma Loja maçónica tem também que assegurar a parte burocrática do seu funcionamento.

Muitas Lojas têm, por natureza, esse fardo aligeirado, porquanto constituíram associações de direito civil que lhes conferem personalidade jurídica e é no âmbito dessas associações e dos seus Corpos Gerentes que as tarefas burocráticas inerentes às obrigações do coletivo perante o Estado são realizadas. 

Mas, ainda assim, muitas tarefas de cariz burocrático respeitam apenas à Loja e são responsabilidade dela própria.

A forma de lidar com estes assuntos são diversificadas. 

Temos desde a forma de funcionamento de muitas (talvez a maior parte) das Lojas americanas, que dedicam grande e enfadonha parte de muitas das suas reuniões a aprovar, uma por uma, as despesas da Loja e do Templo, por mais corriqueiras (eletricidade, água) que sejam – porque só se paga o que for autorizado em Loja que seja pago. 

– Há Lojas que delegam numa Comissão de Oficiais o tratamento dessas questões, limitando-se a, em regra anualmente, tomar conhecimento dos relatórios das atuações tidas e a preconizar as diretrizes a serem seguidas no ano subsequente.

Em outras lojas, muitas matérias são decididas pelo Venerável Mestre ou pelas Luzes (o Venerável Mestre e os dois Vigilantes), ou por uma das Comissões de Oficiais (Administrativa, de Beneficência, de Justiça). 

Mas um número não negligenciável de assuntos são, quer por razões e prática rituais, quer por tradição, quer pela prática da Loja, decididos em sessão de Loja: assuntos disciplinares (felizmente, poucos e raros), de fixação de quotas ou comparticipações para despesas, admissão de novos elementos, alterações regulamentares, opções de gestão ou de organização, etc..

Consoante as solicitações do género, o Venerável Mestre pode optar por diluir o tratamento das questões burocráticas no trabalho geral, reservando um espaço de tempo, geralmente curto, para resolver uma ou duas questões dessa natureza por sessão, ou, se o volume ou complexidade das matérias que há que tratar é grande, dedicar uma ou duas sessões (de preferência sem serem seguidas) para arrumar os assuntos burocráticos todos de uma vez e por um tempo razoável.

As questões administrativas são cansativas e nada apelativas – todos o sabemos. 

Mas é indispensável delas tratar. 

Uma orquestra executa música e é isso que os músicos gostam de fazer. 

Mas uma orquestra não conseguirá produzir música de qualidade se os músicos não se dedicarem às menos interessantes tarefas de cuidar dos seus instrumentos, de bem os guardar, de organizar a sua colocação na sala de concertos, de preparar as pautas. 

Enfim, todas as “questões administrativas” menores mas indispensáveis para que a orquestra execute música.

Também uma Loja maçónica não pode se abster das questões de organização e de gestão administrativa. 

Consideramo-las menores e aborrecida, mas são essenciais para nós podermos dedicar ao que gostamos de fazer, ao que queremos fazer, ao que necessitamos de fazer: 

_"Aprender em conjunto a ser cada um de nós um pouco melhor a cada momento."

Gostamos de aparelhar, polir e pousar nossas pedras no Templo que ensaiamos de construir. 

Mas só o podemos fazer devidamente se mantivermos as nossas ferramentas em ordem, o nosso local de trabalho ordenado e agradável, os nossos materiais preparados e ordenados.

Costuma-se dizer que tão necessários são os solistas como os carregadores de piano. 

Nós, maçons, procuramos levar mais longe essa ideia: carregamos o piano e os outros instrumentos, ensaiamos e tocamos em conjunto e, quando podemos, ainda nos atrevemos, aqui e acolá, a uns solos…

Numa Loja, como em quase tudo na vida, todos gostamos de brilhar. 

Mas, para o conseguir, também é preciso puxar do pano e da solarina





março 17, 2025

POR QUE SE VAI Á LOJA?




Provavelmente, a esta pergunta virão respostas cujo cerne está no individualismo.

Por um lado, as ritualísticas (vencer minhas paixões); por outro, as sociais (ágapes após as reuniões).

Há um imensurável equivoco quando acreditamos que o tamanho de uma Loja se dá pela estrutura física ou pelo número de Irmãos.

O que a torna “Grande” ou “Poderosa” é o comprometimento dos Obreiros.

Observe que há uma diferença sutil entre Irmãos e Obreiros.

Irmãos são todos os que, por condutas maçônicas, são reconhecidos como tal.

Obreiros são aqueles que nos instruem e inspiram, por suas condutas maçônicas, a nos tornarmos Irmãos.

Sendo um trabalho coletivo, as sessões só alcançam a plenitude nas três esferas (física, mental, espiritual) se cada um dos presentes mudar a atitude passiva de participante para a conduta ativa de partícipe.

A mudança está na troca do "que vou ganhar ao ir à Loja?”, para o "que vou oferecer à Loja?”.

Condutas simples, apenas o cumprimento da missão!

Exemplo: O Irmão Mestre de Harmonia deve ir com o propósito de colocar as músicas adequadas no momento certo e correto volume.

O Mestre de Cerimônias deve organizar o cortejo, ficar atento a estruturação dos Cargos, conhecer suas falas, circular no Templo somente nos momentos necessários.

Os Diáconos devem ser realmente portadores da palavra com a devida ritualística.

O Chanceler deve receber e observar os Irmãos visitantes. Enfim, cada um deve incorporar seu cargo.

No caso das Luzes, a conduta é muito mais sutil.

Vigilantes devem estar atentos ao comportamento e, principalmente, ao semblante de seus “comandados”.

Ocupar uma das vigilâncias é pré-requisito para ser o líder maior da Loja; portanto, é com esta preocupação que ele vai se formando e conhecendo os Irmãos e futuros colabores diretos.

Da mesma forma, ao se preparar para ir a Loja o Venerável Mestre deve compreender que o mínimo, e provavelmente com  menor valor, é o ato de dirigir os trabalhos, no sentido de ler o ritual.

Sentar-se na cadeira mais alta do Templo é a alegoria que a ele cabe ver tudo que se passa e exercer ações que resultem no sucesso do grupo.

Aos Ex-Veneráveis, a missão não acabou.

Possuem duas grandes obrigações de moral maçônica.

Primeira, se já dirigiram os trabalhos das Lojas, conhecem bem os Rituais e as demais funções, sendo assim, devem estar sempre à disposição do atual Venerável Mestre para ocuparem cargos, afinal, eles continuam sendo Obreiros da Oficina.

A segunda é trabalhar para a manutenção da harmonia dos trabalhos.

Eles devem ir para a Loja vibrando positivamente. Sendo o esteio do Venerável, devem aconselhar e não intervir, evitar comparações e, principalmente, auto-elogio, incompatíveis com princípios de humildade e do propósito de “vencer minhas paixões”.

Se todos nós formos para a Loja com o propósito de servir, sairemos todos bem servidos.

O TODO É SEMPRE MAIOR QUE A SOMA DAS PARTES.

Precisamos incentivar os Obreiros da Arte Real ao salutar hábito da leitura como ferramenta de enlevo cultural, moral, ético e de formação maçônica.


Autor Desconhecido

março 16, 2025

ACACIA AMARELA

 Uma palestra espetacular 




O SILÊNCIO DO APRENDIZ - Mario López



Sou Aprendiz. Já passou bom tempo que tive a honra de ser Iniciado, sendo reconhecido como tal pelos meus irmãos, ou seja como Aprendiz Maçom. Digo honra porque não se pode definir de forma diferente o privilegio de poder-se estar rodeado de homens honestos, livres pensadores e, sobretudo, dispostos a ajudar na busca que iniciamos ao ver a Luz.

Sim, é simples assim! Desde o primeiro instante que buscamos a Luz, a Sabedoria, a Verdade, nossos IIr∴ estão ao nosso lado para guiar nossos passos a partir da escuridão de onde partimos

Quanto à Verdade apenas nos podemos aproximar dela, a Verdade somente é conhecida pelo G∴A∴D∴U∴; aprendemos muitas coisas ao longo de nossa vida no entanto sempre fica algo para trás, a cada solução, a cada resposta surgem novas dúvidas e novas perguntas.

Chamam-me Aprendiz e confesso o imenso orgulho em sê-lo! Um velho e consagrado provérbio diz: "É curioso que as pessoas me chamem de sábio por conhecer muitas coisas, realmente tenho aprendido muito em minha longa vida, é verdade, mas não me considero mais do que um aprendiz".

Assim me sinto eu, queridos irmãos, um aprendiz que procura aprender um pouco mais a cada dia, contando com vosso apoio e com as ferramentas de aprendiz.

Todos sabemos que nossos IIr∴ nos deram as ferramentas necessárias para iniciar nossa jornada, certamente não todas pois antes de sabermos multiplicar temos de aprender a somar, de forma análoga, antes de usar ferramentas mais complexas temos de primeiramente aprender a usar as mais simples, que nem por isso são menos importantes.

Dizia um velho sábio: "Por maior que faças um edifício ao final ele não deixa de ser a união de simples pedras, por isso, não subestimes o mérito daquele que formou a base da obra". 

As nossas ferramentas de aprendiz são o maço, o cinzel e a régua de 24 polegadas. Elas nos recordam da necessidade de um controle (cinzel) da força (nossa inteligência ou vontade de aprender) e que é necessário medir o que fazemos para que tudo seja correto. Também nos recordam que o dia tem 24 horas e mais outras coisas que poderão ser exploradas em outra prancha, mas o que eu acredito ser a maior ferramenta do aprendiz, ainda não nos apresentada com tal, é o silêncio do aprendiz.

No passado quando os velhos eram chamados de velhos ou anciões, quando para um homem ser chamado velho ou ancião era um orgulho, os mais jovens se sentavam ao seu lado, ao calor de um bom fogo, para ouvir o que a voz da experiência, paralelamente os conselhos de anciões resolviam pacificamente conflitos que na atualidade acabam em violentas discussões. 

Hoje em dia os anciões não mais são anciões, os temos convertido em meros membros da Terceira Idade e de outros epítetos para mencioná-los, possivelmente de maneira mais civilizada mas, em realidade, o que temos feito é afastá-los da sociedade, os catalogamos como pessoas que não mais são úteis, os abandonamos tal qual um móvel velho no desvão3. Uma loucura! Quanto temos perdido! Toda a experiência de uma vida jogada no lixo. 

Para a sociedade atual isso tudo é normal; para que os anciões possam transmitir seu saber, seu conhecimento é necessário escutar e para escutar é necessário guardar silêncio. 

Nossa sociedade pode ser tudo, menos silenciosa; talvez se calasse e escutasse poderia ouvir o que desejava escutar. 

Nós, os aprendizes, temos o silêncio do aprendiz, mas isso é algo mais que o silêncio! É escutar, ouvir o que os outros dizem e assimilar: de nada vale calar se não se escuta, se não se interioriza o ouvido. 

Se assim agirmos nos daremos conta de que não há nada mais ruidoso do que o silêncio de quem escuta, mas com a pequena grande diferença de que esse ruído não é externo, senão interno. 

Quando estou em silêncio escutando a elocução de outro Irmão, em minha cabeça não deixa de falar-me a minha consciência, não deixa de trabalhar, de analisar o que meus ouvidos ouvem e de continuamente dizer-me se aquilo está de acordo com meus pensamentos ou, se ao contrário, devo opor-me a seus argumentos. 

E isso perfeitamente o escuto em meu interior: fora há silêncio, dentro um grande ruído, um grande trabalho. 

Sim Irmãos, durante o verdadeiro silêncio do aprendiz, em nosso interior se trava uma violenta batalha cujo resultado é uma luta interior, uma interiorização do escutado que, finalmente, nos fornece como resultado o aprendizado de algo novo. 

Queridos irmãos, o silêncio de aprendiz é uma grande ferramenta, em meu entender, uma das mais importantes. No silêncio escuto a meus Irmãos, aos meus mestres e aprendo dia a dia. Se não estivesse em silêncio perderia todos esses ensinamentos. 

Dizia Nietzsche: "O caminho a todas as grandes coisas passa pelo silêncio." E que há mais grande que buscar a Verdade, a Luz. Estamos no início e novamente citando outro grande sábio, Pitágoras, podemos dizer: "Escuta, serás mais sábio; o começo da sabedoria é o silêncio." QQ∴II∴, sou aprendiz, desejo aprender e por isso volto ao meu silêncio de aprendiz.

Tradução (versão): Aquilino R. Leal. Folha Maçônica Nº 425, 2 de novembro de 2013 Página 3