QUE LÍNGUA FALAVAM OS PRIMITIVOS PEDREIROS?


 

        A história nos conta que a primeira organização documentada de pedreiros foram os "Collegia Fabrorum", criados pelo segundo Rei de Roma, o sabino Numa Pompílio, cerca de 700 anos antes de Cristo. 

    Também conhecemos o extraordinário legado do Império Romano à civilização ocidental. Entre muitos outros a religião cristã, o Corpus Juris Civilis do Direito Romano, a gestão do Estado, a administração das forças militares, a arte e ciência da construção, que deu origem às magníficas obras espalhadas por toda a Europa e a Asia e até os idiomas derivados do latim como o italiano, o portugues, o frances, o espanhol e o romeno.

    Aqui surge uma curiosidade. Que língua falavam aqueles primitivos pedreiros? Ainda não existia o idioma italiano naquela época. O latim clássico de Cícero e Julio César não era conhecido pela maioria dos cidadãos analfabetos do Império e só era utilizado pelas classes letradas, na Igreja e na política. O populacho falava uma língua simples que foi chamada de latim vulgar ou "latino popolare".

    A partir do século 14, na Toscana, os escritores e poetas passaram a utilizar a língua vulgar florentina na literatura. Assim foi com Dante, Petrarca, Boccacio e outros em suas esplendidas obras, mais tarde vertidas para quase  todos os idiomas do mundo.

    O que hoje conhecemos como Itália era uma colcha de retalhos de pequenos reinos, cidades-estado, ducados, condados, etc  que só foi totalmente unificada por Cavour e Garibaldi em 1861.Cada uma destas cidades-estado tinha um regime de governo diferente, falava idiomas diversos bem como eram diversas suas moedas e sistemas de medida.  . Conforme a região falava-se o idioma siciliano, o veneto, o romano, o fiorentino, o napolitano, o piamontese e dezenas de outros, que ainda hoje se mantém como dialetos. 

    Nesta época Florença (Firenze), capital da Toscana, era o centro cultural e econômico da Bota Italiana. A língua florentina não era só a idioma da literatura, mas também do comércio e da política. Os poderosos políticos, os ricos homens de negócios e a classe intelectual usavam este idioma para se comunicarem entre si. Desta forma, a lingua florentina e o idioma italiano passaram a significar quase a mesma coisa.

    Mas quando houve a unificação, depois de anos de violentos conflitos, criou-se um Estado, mas não havia uma língua nacional, uma vez que grande parte dos cidadãos não entendiam o florentino, ou não o falavam com desembaraço. Mesmo hoje apenas 75% da população conhece a versão que se firmou como a língua italiana, e milhões de pessoas ainda usam os seus dialetos regionais. 

    Então podemos imaginar que os pedreiros oriundos das diversas regiões da Bota, com dificuldades da compreensão recíproca, se expressavam e se entendiam por símbolos, que significam a mesma coisa para a maior parte das pessoas, independentemente do idioma que falam. E nós na maçonaria, fazemos a mesma coisa. Em qualquer local do planeta, em qualquer Loja, independentemente da língua falada, conhecemos os símbolos e as alegorias e nos sentimos em casa,

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