SINAIS LAPIDARIOS



 

Uma das formas de transmitir o ensino da Arte Construtiva era por meio de sinais lapidários, ou seja, as marcas gravadas na pedra. 

Por meio desses sinais, os antigos Maçons e construtores quiseram transmitir de forma eficaz uma série de conceitos e ideias relacionadas ao conhecimento da Cosmogonia, seus princípios e leis fundamentais, corporificados em formas geométricas.

Na realidade, todos os signos lapidários se resumem a alguns esquemas fundamentais: o círculo, a linha (eixo), a espiral, o quadrado, o triângulo e a cruz. 

A partir deles todos os outros sinais são gerados e também o design das ferramentas que foram usadas para a construção: maço, cinzel, fio de prumo, nível, quadrado, espátula, compasso, etc., e todos juntos formam um código ou linguagem simbólica que o constituem.

De Bizâncio à Irlanda, os Maçons construtores deixaram sua assinatura pessoal na pedra na forma de sinais lapidares (...). Esta assinatura constituiu, em suma, a imagem reduzida de uma planta construída no seu círculo diretor, sendo esta 'arte da geometria', uma das sete Artes Liberais, ensinada nas universidades monásticas e a partir da qual se construiu a Metafísica. 

Ao registrar seu sinal, o "Irmão" não 'justificou' apenas sua identidade, mas sua qualidade e conhecimentos.

Por outro lado, o próprio fato de gravar os signos na pedra era considerado um rito, talvez pelo próprio fato de este, o rito, nada mais ser do que o símbolo em ação, ou seja, o mesmo contorno simbólico é, por sua vez, a fixação de um gesto ritual. Precisamente, a origem desse gesto está no próprio ato do Grande Arquiteto criando o cosmos, então a construção aparece como uma verdadeira "imitação" desse mesmo ato, ou gesto inteligente, que é também a origem de toda a verdadeira arte, seja o que for, mas que terá sempre o objetivo essencial de harmonizar o nosso ser com o ritmo do mundo, fonte de toda a vida e expressão dinâmica da Unidade primordial. 

Vamos levar em consideração, neste sentido, que os antigos arquitetos e mestres construtores não usaram planos detalhados do edifício a ser construído como fazem hoje. Estes eram muito mais simples, reduzidos em muitas ocasiões aos desenhos das diferentes partes da construção. Tratava-se, em seus aspectos essenciais, da projeção para o exterior de uma imagem sutil concebida na mente e no espírito do arquiteto, e os oficiais sob seu comando estavam perfeitamente cientes das regras e técnicas do ofício necessárias para sua realização, que eles foram revelados oralmente e compreendidos por meio da prática repetida (e ritual) dessa mesma arte.

Texto publicado no grupo da Academia de Estudos Maçônicos do Baixo Vale do Paraíba. 

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