O PENSAMENTO MAÇONICO DE FERNANDO PESSOA

 


Fonte:  “O Pensamento Maçônico de Fernando Pessoa”, de autoria de Jorge de Matos.

Este ano se comemorará o 135º Aniversário do nascimento de Fernando António Nogueira Pessoa (13/06/1888 a 30/11/1935), o mais universal poeta  português. 

Sua ligação com a Maçonaria era íntima, a ponto de defendê-la, até mesmo publicamente, ante as autoridades portuguesas de sua época.  Era também um crítico de nossa Ordem, à qual ele dizia, já à sua época, ter se institucionalizada em uma Ordem mais burocrática do que iniciática. 

Também criticou a permanência em nossa Ordem daquilo que ele chamava de “iniciados por fora”, em uma crítica àqueles profanos que apenas se vestem como Maçons, mas que em sua essência “jamais serão”. 

Pelos comentários e críticas à nossa Ordem, já em sua época, nos seria apropriado conhecer um pouco mais do seu pensamento acerca da nossa amada Ordem e verificarmos, segundo nossos filtros do Século XXI, o que mudou de lá para cá, se é que realmente alguma coisa mudou, ou apenas, mudou para pior.

Para Fernando Pessoa havia duas classes de Maçons: os que viam a Maçonaria como um clube de cavalheiros, uma entidade sócio empresarial elitista e pseudo-filantrópica, mais interessa na vida política e comunal  (nos ágapes pós Sessão), do que propriamente na doutrina maçônica, a estes ele denominava pejorativamente de “exotéricos”.  Havia ainda outra classe de Maçons, aos quais ele denominava de “esotéricos” que, em sua opinião, eram os verdadeiros Maçons. Os “esotéricos” eram espiritualistas, que tinham a Maçonaria como uma sociedade voltada para o pensamento, para o desenvolvimento intelectual e moral.

Ainda consoante Fernando Pessoa, a maioria dos Maçons são “exotéricos”, do tipo administrativo, que galgam até os últimos Graus da Ordem sem entender absolutamente nada do que viram ou ouviram. Para ele existia na Maçonaria um grande número de profanos de avental, que por falta de sensibilidade e conhecimento para com a verdadeira natureza do que a Ordem propiciou adquirir, ou até mesmo por preguiça intelectual ou falta de interesse, jamais serão verdadeiros iniciados. São iniciados por fora, apenas formalmente se vestem como Maçons, mas como tal não se portam,  jamais serão Maçons, continuarão, para sempre, profanos por dentro.

A principal crítica de Fernando Pessoa em sua época era de que as Lojas Maçônicas tinham se transformado em instituições burocráticas e administrativas, tinham perdido a sua essência. Ainda segundo o poeta, a maioria das Lojas praticavam seus rituais de forma vazia, formal, mecânica, sem se ater ao seu conteúdo filosófico, sem permitir ao seu adepto (já que iniciados são raros e poucos), possam realmente entender a riqueza espiritual contida em seus ensinamentos, em suas lendas. Por isso dizia Fernando Pessoa que “cada grau deveria corresponder a um estado de vida, tendente a levar o iniciado a um novo patamar de consciência.” Acreditava  Fernando Pessoa que a Maçonaria perdeu a sua essência quando institucionalizou seus ritos e se transformou numa organização meramente administrativa e corporativa.

Dizia o poeta luso: “...a Maçonaria é uma ‘Ordem de Vale’, isto é, uma Ordem que precisa da qualidade iniciática para se tornar uma ‘Ordem de Montanha’.” Simbolicamente isso significa dizer que a função da Maçonaria seria permitir ao seu iniciado a elevação intelectual , mas há que se deixar de lado a preguiça  intelectual inerente à maioria dos seus membros.


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