A NATUREZA DAS COISAS, A MAE NATUREZA E O NATURAL EM MAÇONARIA - Aldo Vecchini


 Ir.: Aldo Vecchini - ARLS Renovadora de Barretos, 6

“... o desejo que temos de sempre querer saber mais, vem justamente do flerte com o mistério, da compulsão que temos de ir além das fronteiras do conhecido. O não saber é a musa do saber”. Marcelo Gleiser

Ousamos iniciar nossa reflexão/estudo/desafio destacando o Homem como uma porção da natureza. Aquela parte pensante, racional, e que tudo faz para modificá-la. Tudo mesmo! Corta o morro; nivela a depressão; perfura o solo; muda o curso das águas; constrói pontes e viadutos; aproximando distâncias... Todos eles, projetos fantásticos, concebidos nas pranchetas dos ensaístas, sob a égide da modernidade...

A porção que também faz acordos políticos locais – e até internacionais – estabelecendo regras para o clima e o meio ambiente. Desses arranjados saem contratos mercantis entre blocos econômicos – entre nações – permitindo explorar ainda mais os recursos naturais. Medidas financeiras que custeará outras ações, que exigirão outros acordos, em defesa da Terra Nossa!

O Homem é assim. Inspirado no texto bíblico (Gênesis 1,28) “Frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a”, extrapolou, e continua atuando/retirando da natureza tudo o que necessita: desregradamente? A Água; os mantimentos; minerais e os minérios metálicos e não metálicos; preciosos e muito valiosos; combustíveis fósseis; devolvendo a ela nos aterros sanitários (apenas) os dejetos inservíveis (biodegradáveis?) – se separados os recicláveis e reutilizáveis...

Mas que também estuda e se dedica para ampliar conhecimentos; sobre a natureza das coisas e sobre si mesmo; aprimorar teorias; vencer limitações. Aquele que investiga a realidade lançando outras experiências com o fito de colaborar ‘consigo e com todos’ e compreender que mais Luz, ilumina melhor, se com menos consumo, melhor ainda. Haja fogo o suficiente para a exploração dos poderes ocultos da natureza (Prometeu já ajudou bastante...).

Faça-se a luz! E a Luz foi feita. Fiat Lux!!! A luz (solar) seja irradiada no firmamento; diante dos olhos humanos; por toda a parte; para iluminar e permitir a fotossíntese. Nesse comenos, a natureza sai na frente. Os vegetais a utilizam para produzir seu próprio alimento. Enquanto que os animais (consumidores) dependem dos produtores para ‘sobreviver’...

Enquanto isso os Maçons aguardam a ordem para retirarem a venda material que bloqueia a percepção da importância/incidência da luz – e que ao recebe-la – imediatamente torna-se facho luminoso, um pequeno sol, a irradiar/trocar luz/calor e magnetismo. Já não é o mesmo. Já viajou pelo espaço e pelo tempo, rumo a um novo nascimento, não mais físico, mas sideral/espiritual.

Eita! Planeta Azul e fantástico que muito inspira a maternidade e termina oferecendo elementos e alegorias para a Maçonaria e os Maçons... É Verdade! Na Iniciação são expostos os quatro elementos: terra, água, fogo e ar. Os elementos químicos: sal, enxofre e mercúrio aparecem esmaltados na caverna ou laboratório alquímico. De onde o viajante sai, inebriado, com a possibilidade de fenecer.

Mas a Ordem é progressista. Todos o sabem. O iluminismo e humanismo contribuíram também. Inspiraram ideias e ideais assegurando, com o catecismo, o avanço e a marcha, por meio da cadência e da bateria. E para prosseguir, para aprender com os Mestres o ofício de desbaste, nos minerais não metálicos, na rocha ou pedra, e de seu cabedal, colocam-lhe o avental.

Revestidos com suas insígnias, tendo o maço e o cinzel como companheiros; regulam as tarefas, distribuindo seu tempo, com a régua de vinte e quatro polegadas. Instrumento utilizado para as suas ações, especificamente. Aqui já não é somente Homem, explorador e agente modificador. É também um Iniciado. Um Maçom!

E o natural em Maçonaria é primeiro, a percepção do/no neófito, que uma alquimia aconteceu consigo, no seu ser, o mais íntimo. Uma transformação nos elementos/compartimentos essenciais que envolvem sua alma; semelhante a que acontecia nos laboratórios de antigamente, por meio da sapiência do mago com o seu Caduceu e do fogo abrasador no atanor... E também das combinações dos elementos: solventes e coagulantes.

Existe, evidentemente, uma receita ou sequência dialética e ritualística que facilita o aprimoramento e até a (re)construção do seu Moral, por meio de regras, as mais necessárias, para a compreensão “de um lugar entre vós!” Solveram-se os vícios? Coagularam-se as virtudes? Alisaram-se a pedra? Sucumbiram-se a ambição? Se afirmativo, fundou-se nova ordem. E na ordem do dia, uma transmutação sacudiu ou homogeneizou sua essência. Oxalá!!!

Para conferir densidade e fundamentação ao conteúdo desse artigo de autoria, sem descontextualizar, tampouco doutrinar, e nas ideias aglutinadas na composição de cada palavra e parágrafo, com a necessária sutileza, recortamos da obra “A Ilha do Conhecimento”, Marcelo Gleiser, Editora Record, 2014, que traz no seu bojo, uma citação de Einstein: Aquilo que vejo na Natureza é uma estrutura magnífica que só podemos compreender de uma forma muito imperfeita e que deve provocar num ser pensante um sentimento de humildade.

Remontemos o nosso propósito: estudo/reflexão/desafio. Com olhos e olhares bem atentos. Pois como sugere o autor (Gleiser): “Aquilo que vemos do mundo é apenas um fragmento ínfimo do que existe «lá fora»”. Cultivemos a humildade até que ela seja o suficiente para compreendermos que se nosso conhecimento é como uma ilha; o que não conhecemos, isto é, a vastidão oceânica, é bem maior.

A cada volta completa da Terra em torno do seu eixo, ou seja, diariamente, possa os iluminados esquadrinhar... Dispondo pés e mãos em esquadria, aprumando seu tronco, numa comunicação perfeita entre o zênite e o nadir, de modo a energizar e potencializar suas ações. Ações Maçônicas! Maçonaria viva!

E nessa posição, sob essas condições, encontra/reflete o que aprendera com os Mestres – o desenvolvimento intelectual para o uso da razão (Luz) contra as trevas (Ignorância)... Fundamentado e instruído no ideal de liberdade, de igualdade e de fraternidade, ou seja, Iluminismo/Humanismo que coloca Homem no centro das realizações do universo humano.

O templo é uma simplificação do universo. O Universo está em plena expansão. Espera-se que os Maçons expandam seus conhecimentos, sua ilha, seu ser. Nossa oficina pode, simbolicamente, abrigar um espaço ou ‘laboratório’ e cada Maçom exercer sua alquimia, inspirados na Tábua de Esmeralda, documento atribuído ao legendário Hermes Trismegistus, e que coroa toda a obra alquímica.

Combine os elementos químicos selecionando as respectivas proporções; libere a energia contagiante; visite perenemente seu interior objetivando reencontrar/descobrir, o que lá, ainda estiver oculto.

Para concluirmos nosso trabalho, convencionemos que se a Via Láctea é, dentre outras, uma galáxia em que se encontra o Sistema Solar e, consequentemente, o planeta Terra... Se Ela é composta por estrelas, astros menores, gás, poeira e matéria escura... O Homem permanece aqui como parte/pedaço natural. Malfeitor/benfeitor, por sinal. Já o Maçom permanecerá vigilante como defensor perpetuo dos seus princípios. Assim seja!!! 

,

Comentários