Nos ritos maçônicos de origem
francesa costuma-se chamar a cadeira do VM de “Trono de Salomão”. Essa denominação tem caráter simbólico e significa que o VM, deve exercer, na condução da Loja, sabedoria, bondade, justiça, e boa
administração assim como fez o Rei de Israel.
É oportuno saber especialmente no grau de Mestre, como viveu o
Salomão, quais foram as suas ações, seu pensamento e a simbologia de seus atos. Salomão, em
hebraico “Schlomo”, em árabe “Suleiman” deriva da raiz Shalom, que significa PAZ,
no caso “pacífico” ou também “pacificador”. Sua história se encontra nos
capítulos 1 a 11 do primeiro Livro de Reis e no segundo livro de Crônicas (capítulos 1 a 9).
Governou Israel de 960 a 922
AC. Diplomata sensato e habilidoso não
só manteve o reino herdado do seu pai, o Rei Davi, como levou o levou a máxima extensão, governando de Damasco (hoje na Síria) a Petra (atualmente na
Jordania). Muitas de suas alianças econômicas e militares foram proporcionadas
por seus casamentos. Consta que teve 700 esposas e umas 300 concubinas.
Dotado de grande sabedoria e
habilidade nos negócios construiu uma grande frota, criou e explorou rotas
comerciais com o Egito, Arábia, Mesopotâmia, entre o Mar Vermelho e Ofir, a
atual Somália, comercializando ouro, prata, madeiras nobres, joias, marfim e
alimentos. Construiu fundições de cobre, minas de prata no Sinai, as famosas
Minas do Rei Salomão, desenvolveu a criação de animais e a construção civil, as
artes e ciências como a literatura, história, filosofia e música, e na sua
época se inicia a redação do Pentateuco, a Torah.
Construiu instalações
militares e comerciais, palácios, tribunais, e sua obra máxima, o Templo de Jerusalém que levou sete anos para ser
construído e foi inaugurado no 11o ano de seu reinado.
Importante para o simbolismo
maçônico é o pedido que fez ao Senhor para lhe dar sabedoria. A prece foi feita
em GABAON, cidade conquistada por Josué ao norte de Jerusalém, Como o hebraico
não tem vogais, as letras que denominam a cidade também podem ser lidas GIBEON,
GIBRAN OU GIVON. O Livro Santo nos conta em I Reis, 3:4 “Foi o Rei a Gabaon
para lá sacrificar, pois era o altar principal e mil holocaustos sacrificou
Salomão naquele altar” quando solicitou sabedoria.
A tradição da Igreja Ortodoxa
Copta da Etiópia conta que Salomão teve um filho com a Rainha de Sabá, chamado
Menelik I, que viria a ser o futuro Rei da Abissínia, (atualmente Etiopia) e cuja descendência afirmam permanece até os dias de hoje. A história conta que foi Menelik que tirou a
Arca da Aliança do Templo de Israel e a levou para seu reino, onde permanece
até hoje numa gruta, na Igreja de Santa Maria do Sion, na cidade de Akum, norte
da Etiópia, guardada por uma ordem monástica altamente reclusa.
A construção do Templo foi
provida com trabalho escravo ou forçado e praticamente esvaziou o tesouro para
pagar as despesas oriundas de importações de materiais e construtores
especialmente de Tiro, atual Líbano. O aumento dos impostos gerou grande
descontentamento popular. Nesta época criou 12 distritos administrativos que
não coincidiam com a fronteiras históricas das tribos, e além disso obrigou
cada distrito a pagar por um mês as despesas da corte, isso criou graves crises
e seu reinado.
Nos últimos anos de vida sua
moral também decaiu. Por influência das esposas passou a adorar deuses pagãos,
teve comportamentos e atitudes que desagradaram a ortodoxia do judaísmo e ao
morrer seus herdeiros dividiram e enfraqueceram o Reino e sua dinastia acabou.
São atribuídos a Salomão três dos
livros bíblicos e alguns salmos: O Livro dos Provérbios, o Eclesiastes e o
Cântico dos Cânticos. O Livro dos Provérbios é sobre a sabedoria da vida.
Eclesiastes (aquele que congrega) é um livro de autorreflexão sobre a filosofia
humana e Cântico dos Cânticos é um livro de amores eróticos, carnais, sublimado
em linda poesia.
São lhe atribuídos também
outros livros apócrifos, como a Chave de Salomão, o Testamento de Salomão e
ainda outros, todos falsos.
No Livro Eclesiastes encontramos o pensamento de Salomão, que passeia por sua mente sem plano definido, que se repete e se corrige, mas repleto de filosofia e sabedoria.
Todos conhecemos os seus ensinamentos: Vaidade
das vaidades... Que proveito tira o homem com o trabalho com que se
afadiga debaixo do sol. Uma geração vai, uma geração vem e a terra sempre
permanece.... e prossegue lamentando até o final – O que foi, o que se
fez, se tornará a fazer, nada há de novo debaixo do sol!
Para Salomão, que foi o mais
rico e mais sábio entre os homens, tudo é decepcionante, a riqueza, o poder, o
amor, até mesmo a vida. Ele escreve: a
finalidade da vida é a velhice e a morte. Diz ainda: A morte atinge a todos, sábios e néscios, ricos e pobres. Salomão
se alegra com as modestas alegrias da existência. É atormentado pelo mistério
do Além. Afirma que Deus não deve prestar contas. Enfim, lista um longo código
de ética baseado nas leis naturais.
A vida de Salomão é um
exemplo de erros, acertos e contradições. Para os maçons fica o exemplo da fase
brilhante do Rei: sabedoria, justiça,
paz, boas relações, enfim, AS VIRTUDES. Mas sua vida nos alerta também para o
declínio e decadência moral, a inépcia e ignorância, OS VÍCIOS.
É a maçonaria que estabelece
os marcos do caminho reto que devemos seguir, do esforço e dedicação
necessários, simbolicamente o desbastar da pedra bruta, para que ao final do
trajeto possamos finalmente vislumbrar a luz.
Como ensinam nossos rituais: Irradiar por toda parte a luz que
recebestes, procurai na sociedade as inteligências livres, os corações bem
formados, os espíritos elevados, que fugindo dos preconceitos e da vida fácil
buscam uma vida nova, e podem se tornar elementos poderosos para a difusão dos
princípios maçônicos, - assim como são os ensinamentos do Rei Salomão.
Belíssimo "tratado" sobre Salomão !
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