CARIDADE FRATERNAL - ENCONTROS E DESENCONTROS - Helio P. Leite




Recentemente chegando a uma lanchonete para degustar um cafezinho, encontrei um cidadão que ali estava lanchando. Ao me aproximar do balcão para fazer o meu pedido ele assim falou - um irmão que conseguiu uma cirurgia no hospital de Olhos em Sorocaba para minha mãe, que estava praticamente sem enxergar e até hoje enxerga mosquito a um quilômetro
 de distância.

Logo o reconheci como um irmão que no passado, quando no exercício do cargo de Grão-Mestre Distrital o ajudei para conseguir uma cirurgia ocular para sua mãe, que residia e reside no interior do Rio Grande do Norte. E graças a intervenção do Irmão Laelso Rodrigues conseguimos  atender com sucesso pedido do referido irmão.

Passamos então a conversar sobre o tema predileto de maçons, quando se encontram. Perguntei como estava a sua Loja e ele me disse que estava passando por uma crise, com baixa frequência, com os obreiros desmotivados, uma tristeza, para uma Loja que no passado se destacava no cenário maçônico do DF.

Dai, perguntei por um determinado irmão, que sempre foi um dos baluartes da loja; disse-me ele que o referido irmão se afastou definitivamente da maçonaria, porque esteve por vários meses internado em um hospital, tratando de uma doença persistente e nenhum irmão da Loja se dignou visitá-lo, desprezo que lhe magoou imensamente já que sempre foi muito atuante na Loja. E ao sair do hospital pediu seu desligamento definitivo da Ordem.

Despedi-me do referido irmão prometendo outros reencontros até porque descobri que ele está morando próximo aonde estou residindo atualmente e onde também ele está estabelecido comercialmente.

Dali sai pensando que esta falta de caridade fraternal era sem dúvida um dos grandes motivos que levam obreiros a se evadirem das hostes maçônicas. Aliás, infelizmente, nós enquanto maçons na maioria das vezes cometemos está falta de consideração para com irmãos de nossas lojas, que adoecem ou caem em desgraça financeira, que simplesmente não são visitados em seus leitos de dor e simplesmente abandonados quando se afastam do convívio maçônico por motivos financeiros.

Também, pensei que cometemos os mesmos erros com as nossas cunhadas, que são totalmente esquecidas após o falecimento de seus esposos e praticamente saem de nossas preocupações, deixando de ser convidadas para sessões públicas, inclusive nos eventos realizados em comemoração ao Dia das Mães. Ou seja, as viúvas de nossos irmãos praticamente  morrem para a Maçonaria e seus filhos também.

Por que será que agimos assim com nossos confrades quando estão hospitalizados, quando estão passando por crise financeira, se prometemos ajudar nossos irmãos quando precisarem de nós. Será por puro egoísmo, será por falta de altruísmo, será por falta de espírito humanista, será porque nossas Lojas não estão preparadas para atuarem nestas situações que fogem a normalidade do dia a dia maçônico, que não orientam ao Irmão Hospitaleiro de exercer em plenitude as funções de seu cargo. São perguntas que ficam no ar.

Mas que, sem sombra de dúvidas, a falta de humanidade para com nossos pares fratenos, em momentos que necessitam de nossa consideração, da mão amiga, do abraço carinhoso, do apoio moral e até financeiro, são fatos geradores que resultam em evasões obreiras.

É certo que a Loja Maçônica ou um Grande Oriente não está estruturado para atender as demandas dos obreiros que necessitam de atenção fraternal, de ajuda financeira, etc. Não se constituem em empresas comerciais ou industriais que possam absorver mão de obra obreira desempregada; Também não são empresas bancárias para conceder empréstimos a juros subsidiados para seus filiados necessitados.

Mas, em verdade não é isto que os irmãos esperam de sua Loja, de seus irmãos; o que se espera é de consideração, de conforto espiritual e amigo, de um conselho, de uma orientação, de um encaminhamento na busca de uma solução, de uma providência administrativa. Enfim, de chegar junto como se fala na gíria popular. E não simplesmente ser abandonado a própria sorte.

É meus irmãos, é chegada a hora de repensarmos os nossos comportamentos, as nossas omissões conscientes. Ainda está em tempo de atuarmos como verdadeiros maçons, como confrades fraternos, e praticarmos boas ações em prol de nossos irmãos obreiros, quando necessitarem de nosso apoio, de nossa ajuda, quer moral quer financeira.

Devemos fazer, cada um de nós, um exame de consciência refletindo aonde e quando deixamos de prestar socorro a quem nos pediu ajuda e simplesmente deixamos de ajudar, para não saírmos de nossas zonas de conforto ou porque faltou-nos sensibilidade e humanidade, no momento em que poderíamos ter prestado o nosso concurso fraterno.

Vamos então honrar o nosso juramento, o nosso compromisso, quando ingressamos em nossa Sublime Ordem, para honra e glória do Grande Arquiteto do Universo.



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