FERVOR E ZELO - Sérgio QUIRINO Guimarães



Encontramos essa expressão em alguns escritos maçônicos e, em destaque, na Maçonaria trabalhada por meio do Rito de York.

Aos que procuram o entendimento pela simples vinculação ao Livro da Lei, sugiro uma leitura mais atenta. Dessa maneira, os Irmãos verificarão a inversão das palavras. Primeiro vem "zelo" e, depois, "fervor", a exemplo de Romanos, capitulo 12, versículo 11: "Nunca falte a vocês o zelo, sejam fervorosos no espírito, sirvam ao Senhor".

Contudo a posição das palavras muda alguma coisa diante do chamamento à ação?

Primeiro vamos entender o sentido das palavras individualmente.

No sentido figurativo, Fervor é um sentimento intenso ligado à fé, e Zelo é a ação de grande cuidado ou a preocupação com alguém ou algo.

Mas não sendo a Maçonaria uma religião, por que a conclamação de Fervor aos Maçons?

O FERVOR, PARA OS MAÇONS, TEM POR SINÔNIMO: EMPENHO.

É interessante que, nesse caso, o Fervor deixa de ser um sentimento e passa a ser um comportamento.

Por sua vez, o Zelo vai além da ação de preocupação, transformando-se em uma forte disposição da alma.

O ZELO, PARA OS MAÇONS, TEM POR SINÔNIMO: DEDICAÇÃO.

E precisamos estar muito atentos ao não entendimento da força do Fervor e do Zelo. Permitam- me criar uma analogia: o Fervor é o vento; o Zelo, a água. Infelizmente nos deparamos com Irmãos sem fervor, sem empenho... são brisas de mormaço enjoativo.

Por outro lado, encontramos os Maçons "fervorosos", cujo empenho é encher enormes balões de instruções e regras; ocupam e cobram muito espaço em nossa Ordem e são mestres em apontar e exigir o cumprimento do "preto no branco". Isso demonstra claramente a diferença entre conhecimento e entendimento. Normalmente, acabam por "estourar", justificando que não aguentam mais tantas arestas que têm as "pedras brutas".

A alegoria do Zelo como água é muito simples de compreender. Todos nós temos sede e necessidade de várias coisas na vida. Os sedentos são diferentes dos necessitados. Portanto, para mudança de condição, é preciso dedicar-se à procura do bem-estar.

Quando a dedicação resulta no além de suas necessidades e posses, cria-se o hábito desgraçado do aviltamento das paixões. Por isso devemos sempre avaliar nosso tempo, nosso espaço e nossa dedicação a tudo. Ninguém vive sem água; no entanto ela pode saciá-lo ou afogá-lo.

NOSSO FERVOR DEVE SER O RESULTADO DA RELAÇÃO EFETIVA DA MAÇONARIA COM O MAÇOM, E NOSSO ZELO, A CONSTRUÇÃO AFETIVA DO MAÇOM COM A MAÇONARIA. AQUI ENCONTRAMOS UM BOM EXEMPLO DE COMO AS DIVERSIDADES NÃO SÃO OPOSITIVAS, MAS COMPLEMENTÁRIAS. VIDE PAVIMENTO MOSAICO.



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