R E S S I G N I F I C A Ç Ã O - Newton Agrella




Mais uma palavra tem ganho protagonismo cada vez maior no cenário linguístico.

Senão pela sua versatilidade de emprego, mas sobretudo pela sua representatividade no âmbito social e do comportamento humano.

Referimo-nos aqui ao substantivo abstrato "Ressignificação".

O termo tem a  atribuição de conferir um novo sentido ou alternativamente o de dar um novo significado a alguma coisa. 

Ressignificação, a bem da verdade, é o processo neuro linguístico que possibilita às pessoas elaborarem uma espécie de releitura ou inovar a interpretação de fatos e acontecimentos como fruto da mudança de sua visão de mundo.

A ciência neurolinguística dispõe de inúmeros mecanismos e técnicas para fazer com que as pessoas  percebam o mundo de uma maneira mais agradável, proveitosa e eficiente.

Se de um lado a "ressignificação" pode trazer consigo uma proposta transformadora,   levando inclusive a uma sensação de vanguarda e  evolução, por outro, ela pode desvirtuar a característica e a verdadeira natureza da originalidade de termos  consagrados pelo vernáculo e pela própria História.

Surge aí um dado, que se faz determinante no que reporta à Maçonaria.

A Sublime Ordem se constitui de princípios filosóficos baseados em Símbolos, Alegorias, Sinais, Toques e Palavras, que pouco se diferenciam entre os ritos, senão por algumas circunstâncias de relevância histórica, ou sócio-culturais, porém cuja essência e finalidade mantêm-se perenes até os nossos dias, graças à  observância de seus limites demarcatórios, também conhecidos como "landmarks" - (que em alguns casos estão sujeitos a divergências quanto ao seu número entre os ritos) - além é claro; de toda a sua Tradição Oral, Lendária, Mística, mas antes de tudo, de seu caráter eminentemente "especulativo". 

Por tudo isso e pela própria legitimidade conferida pelo tempo ficam as perguntas :

Como é possível conferir uma ressignificação a uma instituição diferenciada e incomparável como a Maçonaria ?

Toda a Simbologia ganharia um ressignificado ?

Os princípios fundamentais da Ordem precisariam ser reinterpretados ?

As Iniciações deveriam obedecer uma nova dinâmica ?

Os Sinais, Toques e Palavras também teriam que se submeter a um processo de ressignificação ?

Em suma, a notável proposta de alguns defensores seria a reinvenção da roda ?

Menos, bem menos.

A Maçonaria e seus instrumentos em prol da evolução do homem e do aprimoramento de seu templo interior  e principalmente da Consciência,  não requer ressignificação na sua dialética.  

A Maçonaria é perfeita (faz-se completa em toda sua extensão) - quem não é perfeito é o homem, que a cada pouco necessita se autoafirmar e convencer-se que precisa se valer de neologismos e de argumentos frágeis e intangíveis para empreender ressignificados àquilo que mal conhece.

É inegável que a Ressignificação, tem sim, um valor intrínseco no universo da psicologia, da psicoterapia, do marketing e de outras tantas áreas do conhecimento humano.

Porém, no âmbito intelectual maçônico trata-se de uma insossa tentativa de imputar novidades a uma instituição cujo DNA já dispõe de um "trademark" genuíno e autenticado.


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