Numa época de tantas chuvas e tempestades que assolam o País é inevitável fazermos uma ilação com as indefectíveis "goteiras".
E no rastro da "goteira" acabamos nos deparando com uma expressão que no vocabulário maçônico trata-se de uma referência para identificar um profano, que quer se passar por um "franco maçom".
Estas chuvas tão constantes de alguma forma acabam atraindo algumas dessas "goteiras" para as diversas Lojas espalhadas pelo país.
Recentemente fomos vítimas de "goteira" em nossa Loja, o qual após devido exame, foi constatado desconhecer procedimentos basilares da Sublime Ordem e com isso foi convidado a se retirar do edifício.
Esse procedimento contudo, deve ser feito com extremo cuidado, zelo e discrição para evitarem-se situações constrangedoras.
Aquele que quer se introduzir numa Loja Maçônica, tentando se passar por um Iniciado em nossos mistérios, tenta valer-se de alguns toscos artifícios gestuais ou vocabulares, porém, não raro, ao serem submetidos ao "Telhamento" seus propósitos caem por terra.
Remetendo-nos à época das guildas e corporações de ofício, na Idade Média - que serviram como base para o surgimento das Lojas de Ofício e da Maçonaria Operativa, portadoras dos segredos das artes da construção - seus obreiros protegiam-se dos intrusos valendo-se de expressões como palavras, sinais e toques dentre outras habilidades, que serviam para preservar seus segredos na edificação de seus trabalhos.
Observe que ainda hoje, em nossos rituais, e em especial no R.'.E.'.A.'.A.'. antes da Abertura dos Trabalhos, a primeira providência tomada é a de se certificar quanto a segurança do Templo, cabendo ao Ir∴ Cobr∴ Ext∴ ,sob determinação do Venerável Mestre, verificar se o Templo está coberto, ou seja, se está protegido contra eventuais indiscrições ou bisbilhotices profanas.
Voltando às chuvas e em especial à figura do "goteira" compete ao Ir.'. Cobridor Externo submeter o suposto goteira ao "Telhamento" - que consiste no ato de cobrir uma construção com telhas, a fim de protegê-la da chuva, das goteiras.
Ou seja, uma metáfora que enseja um exame para se certificar se o indivíduo é um verdadeiro Maçom ou não.
Desse modo, somente, após a certificação quanto à segurança do Templo, ou seja, ser declarado que “o Templo está coberto”, é que os Trabalhos maçônicos podem ser abertos.
Apenas a título de curiosidade o termo "goteira" em Português foi uma expressão adaptada do Inglês "eavesdrop" (bisbilhotar / ouvir por de trás da porta).
Como referência bibliográfica e histórica na obra
*“Masonry Dissected” (Maçonaria Dissecada) do inglês Samuel Prichard* o autor revela em detalhes, a ritualística maçônica.
Observa-se, na referida publicação um trecho com as seguintes perguntas e respostas:
P- Onde tem assento os Aprendizes mais novos?
R- No Norte.
P- Qual é a sua função? R- Manter afastados todos os “Eavesdroppers” (bisbilhoteiros).
P- Como deve ser castigado um “Eavesdropper”, se apanhado?
R- Deve ser colocado debaixo do beiral, em dias de chuva, até que as goteiras o encharquem.
Assim, no sentido figurado “eavesdrop” é a água que cai em forma de gotas, que goteja, do beiral ou da calha de um telhado, ou seja, uma goteira.
Eis uma contribuição da Chuva, aliada a um episódio maçônico, tão frequentemente flagrado, que denota um aspecto circunstancial da Maçonaria.
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