O MAÇON: CRENTE OU HEREGE? - MPS (Pt)


Sempre me questionei sobre a atitude que devia ter o maçom em busca da verdade.

Deparei-me com ritos em que a fé, ou pelo menos a crença, se mostra essencial, e isso suscitava a questão de saber se o maçom crente em dogmas, não admite a dúvida aceitando confortavelmente a segurança de uns landmarks.

Mas confrontei igualmente ritos onde tal busca se fazia pelo estudo e reflexão das coisas que constam nos ritos e rituais, inquirir a razão de ser, entre outras coisas, das palavras sagradas e de passe, dos toques, dos sinais, enfim a razão de ser das mesmas.

A atitude em que me coloquei foi a de escolher por mim próprio face ao discurso existente, a minha interpretação das coisas, porque um dogma não se escolhe, é imposto.

E qual não é a minha surpresa, quando chego à conclusão que isso foi exatamente a atitude dos hereges que foram condenados por parte do cristianismo; qual não é o meu pasmo quando vejo que a palavra herege provém do grego “hairetikós”, que significa “escolha” e que com a evolução latina para “hereticus” passou a referir aqueles que escolheram fora da ordem estabelecida (do cristianismo).





Pelas constituições de Anderson de 1723, o maçom nunca será um ateu estúpido, nem um libertino irreligioso, mas deve seguir “aquela Religião em que todos os Homens concordam”… em que “a Maçonaria torna-se o Centro de União”.

Para atingir este desiderato, esse centro de união, é preciso que cada maçom seja livre de escolher, ou seja, que se assuma como “herege”, como o fizerem aqueles que buscavam o saber (v.g. cientistas) no século XVIII e nos séculos seguintes.

Na imagem um sambenito numa pintura de Goya, punição da inquisição para aqueles que ousavam rebelar-se contra o pensamento único.  

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