COMO NASCERAM OS RITUAIS MAÇONICOS

        



        A maior parte do nosso conhecimento inicial sobre o ritual maçônico tem como fonte a literatura antimaçônica (exposições) divulgada na Inglaterra e na França. O primeiro ritual foi provavelmente uma simples cerimônia de admissão, que se desenvolvia em dois graus, por volta da época em que a primeira Grande Loja da Inglaterra foi formada em 1717, e mais tarde em um sistema de três graus. Essas primeiras cerimônias eram realizadas principalmente na forma catequética e evidentemente eram mais breves e menos estruturadas do que as cerimônias posteriores. O ritual inicial também tinha conteúdo cristão - de fato, a primeira Grande Loja se reuniu no dia de São João (24 de junho).

       Devido à maneira como o Ofício se desenvolveu desde muito cedo, havia uma considerável diversidade de práticas na Inglaterra de uma regiãodo país para outra, e particularmente entre as lojas das duas grandes lojas rivais, a Premier e a Grande Loja dos Antigos. Para preparar o caminho para a união dessas duas Grandes Lojas, foi formada em 1809 uma Loja de Promulgação sob a Premier Grande Loja (ou Modernos) para examinar os rituais e fazer recomendações.

    Após a união das duas Grandes Lojas em 1813, foi fundada a Loja da Reconciliação para concluir a racionalização do ritual em uma forma aceitável para ambas as partes da então recém-constituída Grande Loja Unida da Inglaterra. O trabalho da Loja de Reconciliação entre 1813 e 1816 incluiu demonstrações das cerimônias de abertura e encerramento, dos juramentos e das perambulações. Provavelmente foi também quando a maioria das referências cristãs foram removidas.

      Sua outra função principal  era demonstrar o ritual unificado. Os representantes das Lojas de Londres e das Províncias foram convidados a participar das demonstrações especiais organizadas pelos experts da Loja da Reconciliação, que completaram seu trabalho em 1816. Ficou proibido imprimir o ritual ou mesmo produzir manuscritos, de modo que a comunicação do trabalho às diversas Lojas dependia fortemente da capacidade, para não mencionar da memória, dos participantes das demonstrações. Sua tarefa era então de instruir seus próprios membros nas práticas aprovadas. 

        Foi somente em 1835 que o primeiro livro do ritual regular foi publicado na Inglaterra por George Claret. Isso é algo surpreendente, porque naquela época a impressão do ritual ainda era rigorosamente reprovada pela Grande Loja, e vários autores posteriores foram firmemente advertidos por tais transgressões.

        No final do século XIX e no século XX, surgiu um número crescente de rituais. Hoje, na Inglaterra, existem cerca de 40 rituais publicados e várias centenas de trabalhos menores, alguns exclusivos de determinadas Lojas. O Emulação é o mais utilizado. Alguns rituais são praticados em certas Províncias, como o Oxford Working e o Sussex Working, e muitos outros são populares em determinadas áreas geográficas. Com exceção de algumas Lojas em Bristol e no Norte da Inglaterra, que conservam mais das práticas anteriores, o grau de variação entre os rituais é muito pequeno.

   A GLUI nunca reconheceu oficialmente nenhum trabalho de ritual em particular. As lojas são até hoje livres para ensinar e praticar o ritual que desejarem, desde que os marcos não sejam violados.

        Nos EUA, existem vários e diferentes rituais simbólicos em uso, geralmente exibindo apenas pequenas variações e, de uma maneira geral, são muito semelhantes com a Inglaterra. No entanto, de uma maneira muito curiosa, o visitante da Inglaterra que conhece seu ritual descobrirá que as versões americanas soam estranhamente antiquadas, repetitivas e de alguma forma mais antigas do que as usadas hoje na Inglaterra. Surpreendentemente, isto é verdade! Os Estados Unidos receberam seu ritual da Grã-Bretanha, mas é, de fato, mais antigo.

        O trabalho maçônico americano deve suas origens, inquestionavelmente, à Inglaterra, Escócia, Irlanda, mas a estabilização de seu ritual foi feita por um americano, Thomas Smith Webb, que, em 1797, publicou um livro sob o título de “Freemasons’ Monitor” ou “Illustrations of Freemasonry” (Monitor do Maçom ou Ilustrações da Maçonaria). O que aconteceu de fato foi que Webb pegou o livro Ilustrações da Maçonaria do Maçom inglês William Preston (que era quase uma bíblia para o Ofício inglês), manteve 64 páginas de trabalho intacto, palavra por palavra, recortou alguns itens menores, e reorganizou outros. Embora a contribuição escrita do próprio Webb tenha sido muito pouca, ele pode muito bem ser descrito como o pai do ritual Americano.

        Por esse motivo, é justo dizer que o ritual usado na América, embora tenha vindo da Grã-Bretanha, é realmente muito mais antigo do que o usado atualmente na Inglaterra, e não é meramente “antiquado”, mas também mais discursivo, em razão de suas Preleções serem muito mais explicativas do que as usadas na Inglaterra, especialmente no que tange ao significado simbólico de seus procedimentos. Com a criação do GLUE, o ritual na Inglaterra foi alterado, reduzido e polido (diziam alguns, quase irreconhecível), mas não nos EUA onde o preservaram.

        O material do ritual americano é essencialmente o mesmo que na Inglaterra e facilmente reconhecível. Os sinais e segredos são praticamente os mesmos, exceto que os Estados Unidos utilizam o sinal escocês para os Aprendizes. O segundo grau é mais elaborado e o terceiro é basicamente o mesmo, mas, como as lojas executam o drama como se fosse uma peça de teatro, tratando o candidato como se ele fosse realmente H.A., o resultado é ocasionalmente um tanto rude e assustador, especialmente naquelas lojas que se orgulham do realismo de sua atuação.

        Também é interessante a forma como a América salvaguarda seu ritual. Na Inglaterra, a Grande Loja vê o ritual como um “assunto doméstico”, ou seja, a maioria dos Irmãos em qualquer Loja pode decidir com que versão de ritual irá trabalhar e, a menos que a Loja seja culpada de alguma violação grave, a Grande Loja não interferirá. Nos EUA ocorre o inverso. Cada Grande Loja prescreve o ritual que suas Lojas devem trabalhar, e geralmente a Grande Loja imprime e publica também as partes “monitoriais” ou explicativas dos rituais. Algumas Grandes Lojas também publicam o ritual esotérico, em código ou cifra, mas isso é proibido em outras. Além disso, para evitar inovações, as Grandes Lojas protegem suas formas de trabalho ritualístico mediante a nomeação de oficiais, chamados Grandes Conferencistas, cujo dever não é o de dar palestras, mas garantir que os grupos de lojas sob seus cuidados sigam o funcionamento oficial

Fonte:

http://goldenstatechapter.org/wpcontent/ uploads/2019/03/HOW_DID_MASONIC_RITUAL_COME_ABOUT.pdf

Livre tradução: Madruga

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