OBVIO ULULANTE - Roberto Ribeiro Reis


Infelizmente, ainda existem lojas que, amiúde, veem-se em acirrada disputa para o cargo de Venerável Mestre. Aqui, uma apresentação garbosa do curriculum ideal para exercer o veneralato; acolá, uma demasiada ostentação de medalhas e diplomas, havendo, em ambas as situações, a materialização inequívoca da vaidade, esse mal quase inafastável de grande parte dos maçons.

Os postulantes, nessa fatídica hora, esquecem-se totalmente do que vem a ser a Sabedoria, virtude da qual jamais deveriam se divorciar. Por mais que lhes sobre conhecimento (de rituais, leis e afins), falta-lhes a humildade, razão pela qual presenciamos várias cisões e cataclismos em diversas lojas.

Nossa Sublime Ordem poderia resolver facilmente tal questão, para as lojas onde não resida o consenso. Talvez, fosse imperioso que todo obreiro se dedicasse por completo à sua oficina, exercendo todos os cargos existentes, até que o decurso do tempo o lapidasse o suficiente para estar Venerável. É apenas uma sugestão, um critério que poderia dissipar as nuvens escuras da animosidade porventura existente.

Para as demais lojas – vale dizer, aquelas que preservam o espírito de paz, harmonia e concórdia – o veneralato é algo tão natural, que essa transição se dá em clima de pura fraternidade, em consonância com o que preceituam nossos augustos preceitos. 

Cônscios de que ser Venerável não se traduz em status, mas sim em elevado grau de responsabilidade, os Irmãos, via de regra e por aclamação, sufragam o nome de um de seus pares, que possa lhes representar o ideal de desígnios, em sua loja e nos orientes vizinhos, com vistas a elevar o nome da Maçonaria aos patamares onde ela sempre deve estar, qual seja, no topo de tudo. Isso é o óbvio ululante!

A Ordem a qual pertencemos não deve ser um palanque utilizado em favor de caprichos pessoais e interesses egóticos; ela é um espaço propício a que o homem possa desenvolver suas faculdades intelectuais, morais e filosóficas. Através dela, o Obreiro pode desbravar os territórios do conhecimento, pode amealhar riquezas culturais e apropriar-se das refinarias da sabedoria.

O Maçom, que ainda não tenha entendido o propósito para o qual foi convidado, pode e deve voltar a fazer parte do deserto da vida profana, onde será escravizado pelo maior e mais terrível dos faraós, o seu ego. Lá no deserto, na aridez de seus pensamentos, imbricado com a fornalha de suas paixões, o pedreiro terá grandes dificuldades em alicerçar as bases de seu edifício interior.

Feito bons hebreus, que saibamos fazer a travessia para o outro lado do mar, dominando tudo o que possa destruir nosso templo íntimo. Que nessa árdua Cruzada de Sentimentos, possamos ter o privilégio de sermos conduzidos por um grande líder, por um Venerável Mestre.

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