UMA LEITURA SUBJETIVA DO TRIDENTE NA MAÇONARIA - Ivan Froldi Marzollo


Considerado um Símbolo solar e mágico que representa o Poder, a Força, o Universo, o “Tridente” é um objeto que lembra um garfo contendo 3 pontas. Foi utilizado como uma arma pelos gladiadores na Antiguidade, porém foi substituído por lanças com apenas uma ponta. Na Mitologia este Símbolo ganha maior destaque.

Na Mitologia Celta e Nórdica, o “Tridente” é um Símbolo Sagrado usado por qualquer homem cujo objetivo era a união sexual com a Deusa Tríplice, sendo usado principalmente em rituais de fertilidade. Na Mitologia Hindu, o “Tridente” também é conhecido como “Trishula”, sendo o emblema do Deus Shiva. O “Trishula” representa a Força e a União, e é o objeto carregado por Shiva, o Deus da Destruição, que pode ainda simbolizar a Tríade: passado, presente e futuro. Da mesma maneira, outra Divindade Hindu é figurada com um “Tridente” nas mãos, o antigo Deus do Fogo “Agni” montado em seu carneiro.

Na Mitologia Africana, “Exu”, o Orixá Mensageiro da Comunicação e do Movimento, carrega um “Tridente” que simboliza o Poder, a Força e os Mistérios. Assim, as três pontas do “Tridente” buscam a Evolução Espiritual por meio da Sabedoria e do Equilíbrio. Nas Mitologias Romanas e Gregas, os Deuses das Águas Subterrâneas e Submarinas, “Netuno” (Romano) e “Poseidon” (Grego), carregam um “Tridente” ou um arpão de três pontas.

O Símbolo da Psicologia é o “Tridente” que também representa a 23ª letra do alfabeto grego, o “Psi”. Ele igualmente pode representar a Tríade das forças presente na Teoria Psicanalítica de Sigmund Freud, sendo elas o id (inconsciente), ego (pré consciente) e o superego (consciente). Além disso, cada ponta do tridente, pode representar o tripé das correntes psicológicas, o comportamentalismo, a psicanálise e o humanismo; e, ainda as três pulsões humanas: a sexualidade, a espiritualidade e auto conservação (alimentação).

Emblema do Deus supremo do Hinduísmo, na Índia, o tridente chamado de “Trishula”, que representa a força e a união, é o objeto carregado por Shiva, Deus da energia criativa, da transformação e da destruição. Com efeito, o trishula (tridente), símbolo solar, representa na figura de Shiva, os raios e seus três papéis, ou seja, o destruidor, o criador e o preservador; e ainda, pode representar as tríades: inércia, movimento, equilíbrio ou passado, presente e futuro. 

Da mesma maneira, outra divindade hindu é figurada com um tridente nas mãos, ou seja, o antigo deus hindu do fogo, Agni, montado em seu carneiro. "O tridente é uma simbologia magística do ternário em conjunção com a mãe terra, ou seja representa as três pontas voltadas para cima, buscando alcançar o limiar das alturas e com isso, a evolução espiritual que se faz necessário a todos os seres, quer sejam encarnados, quanto desencarnados, e sendo que a sua base vai a terra, é indicativo que essas entidades (Exus e Pombagiras) estão atreladas à vida mundana da terra e com ela buscam a sabedoria e o equilíbrio necessário para que assim possam crescer materialmente.

O tridente em si mesmo, possui os quatro elementos primordiais: o ar água e fogo devido as suas três pontas voltadas para cima, e ao elemento terra (que é associado simbolicamente pelo numero 4) devido a haste central que tem como base a terra, formando em si mesmo uma ferramenta magisticamente perfeita" o tridente representa os quatro elementos primordiais: a água, o fogo, o ar (três pontas voltadas para cima) a terra (ponta central voltada para baixo) e, por isso, trata-se de um símbolo da união, do universo, da totalidade. É associado à trindade divina: aquele que cria, o que preserva e o que dissolve e transforma. Segundo os cristãos: Deus Pai, Deus Filho e o Espirito Santo. Segundo o Hinduísmo: Brahma, Vishnu, Shiva. Respetivamente para ambas as religiões.

Tal como na religião Católica em que, enquanto o Pai e o Filho trabalham com as almas individualmente, O Espirito Santo trabalha com a coletividade de todas as almas, sendo o seu principal objetivo fazer cumprir o Plano Divino inicial da melhor forma purificando e eliminando os desvios, Shiva – o seu correspondente, age da mesma forma e, por isso é chamado de o benéfico. 

No contexto mais amplo da espiritualidade, o tridente pode representar a trindade divina, como a união do Pai, Filho e Espírito Santo no cristianismo. Ele também pode simbolizar a tríade de corpo, mente e espírito, ou os três aspectos da divindade feminina: donzela, mãe e anciã. Após explorar diferentes visões e interpretações sobre o que significa tridente no mundo espiritual, podemos concluir que esse símbolo possui significados variados e multifacetados. Ele representa poder, proteção e conexão com forças divinas em diversas tradições espirituais. A prática e o estudo dessas tradições podem ajudar a aprofundar nossa compreensão e experiência do tridente no mundo espiritual.

Mistério (do grego mystérion) é um termo que vem do verbo myéin, que significa calar. Assim, o termo mýstes se aplica a tudo que se fecha, e por derivação temos o místico, (mystikós), que se refere a quem conhece e guarda os Mistérios. E por derivação, também, temos o termo myesis, que designa os ritos que se ligam a essas tradições, ou seja, o que chamamos de iniciáticas, quatro elementos da natureza (água, terra, fogo e água), são também reminiscências de antigos rituais. 

Os quatro arquétipos do psiquismo humano, segundo as tradições desses povos, que são o guerreiro, o xamã, o visionário e o sábio, são ecos dessa tradição longínqua, nas quais a intuição dos povos mais ligados a natureza nos dão uma formidável lição de sabedoria e como associamos o símbolo do tridente cinge este conhecimento. 

Na mística própria das sociedades iniciáticas, trata-se de uma semente que é plantada na sua alma e deverá, a partir do momento de sua iniciação, começar sua marcha em busca da iluminação, à semelhança da semente que é lançada ao solo, e depois de um período de incubação, inicia sua ascensão em direção ao sol, a base no solo e as três pontas corpo mente e espirito. Mesmo o catolicismo, cuja doutrina condena abertamente todas as formulações rituais dos povos antigos, por considerá-las pagãs, não deixou de incorporar á sua liturgia diversos elementos de magia ritual dm suas sagrações, como o compartilhamento da hóstia, os ritos da Paixão e Morte de Jesus, a Missa do Galo, etc. 

E nesse particular, também é interessante notar que alguns evangelhos gnósticos mostram um Jesus místico, praticando rituais de iniciação com seus discípulos. Nesse sentido, até a morte de Lázaro, descrito no Evangelho de São João, como um dos seus mais impressionantes milagres, teria sido, na verdade, um ritual para demonstrar aos seus discípulos o poder da sua doutrina de regeneração .

É certo que uma boa parte do simbolismo maçônico é proveniente de antigas tradições como os pitagóricos, os quais forneceram as bases do conhecimento arcano utilizado pelos profissionais dos antigos Collegia Fabrorum romanos. A Arte Real, pois esta era uma manufatura que integrava o espírito religioso, feito para ligar o homem com a divindade, com o espírito da ciência, feito para o homem desenvolver na terra, a obra do Criador.



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