março 23, 2025

VAIDADE E ARROGÂNCIA – PROFANOS DE AVENTAL!! - João Herrera




Nenhum ditador provocou ou vêm provocando tanto dano à Maçonaria quanto o maçom vaidoso, este sapador inveterado, este Cavalo de Tróia que a destrói por dentro, sem o emprego de armas, grilhões, ferros, calabouços e leis de excepção. Ele é indiscutivelmente o maior inimigo da Maçonaria, o mais nefasto dos impostores, o principal destruidor de lojas. Ele é pior do que todos os falsos maçons reunidos porque se iguala a eles em tudo o que não presta e raramente em alguma virtude.

Uma característica marcante que se nota neste tipo de maçom, logo ao primeiro contacto, é a sua pose de justiceiro e a insistência com que apregoa virtudes e qualidades morais que não possui. Isso salta logo à vista de qualquer um que comece a comparar os seus atos com as palavras que saem da sua boca. O que se vê amiúde é ele demonstrar na prática a negação completa daquilo que fala, sobretudo daquilo que difunde como qualidades exemplares do maçom aos Aprendizes e Companheiros, os quais não demora muito a decepcionar. Vaidoso ao extremo, para ele a Maçonaria não passa de uma vitrine que usa para se exibir, de um carro de luxo o qual sonha um dia pilotar. E, quando tem de fato este objetivo em mente, não se coíbe de utilizar os meios mais insidiosos para tentar alcançá-lo, a exemplo do que fazem os corruptos.

Narcisismo num dos extremos, e baixa autoestima no outro, eis as duas principais características dos maçons vaidosos e arrogantes. No crisol da soberba em que vivem imersos, podemos separá-los em dois grupos distintos, porém idênticos na maioria dos pontos: os toscos ignorantes e os letrados pretensiosos.

A trajetória dos primeiros é assaz conhecida.

Por serem desprovidos do talento e dos atributos intelectuais necessários para conquistarem posição de destaque na sociedade, eles entram para a Maçonaria em busca de títulos e galardões venais, de fácil obtenção, pensando com isto obter algum prestígio. Na vida profana, não conseguem ser nada além de meros serviçais, de mulas obedientes que cedem a todos os tipos de chantagem. Por isso, fazer parte de uma instituição de elite (isso mesmo, de elite!) como a Maçonaria produz neles a ilusão de serem importantes; ajuda a mitigar um pouco a dor crónica que os espinhos da incompetência e da mediocridade produzem nas suas personalidades enfermas.

O segundo em quase tudo se equipara ao primeiro, porém com algumas notáveis excepções.

Capacitado e instruído, em geral ele é uma pessoa bem sucedida na vida. Sofre, porém, desse grave desvio de carácter conhecido pelo nome de “Narcisismo”, que o torna ainda pior do que o seu émulo sem instrução. Ávido colecionador de medalhas, títulos altissonantes e metais reluzentes, este maçom é uma criatura pedante e intragável, que todos querem ver distante. No fundo ele também é um ser que se sente rejeitado; a sua alma é um armário de caveiras e a sua mente um antro habitado por fantasmas imaginários. Julgando-se o centro do Universo, na Maçonaria ele obra para que todas as atenções fiquem voltadas para si, exigindo ser tratado com mais respeito do que os irmãos que atuam em áreas profissionais diferentes da dele. Pobre do irmão mais jovem e mais capacitado que cruzar o seu caminho, que ousar apontar-lhe uma falta, que se atrever a lançar lhe no rosto uma imperfeição sua ou criticar o seu habitual pedantismo! O seu rancor se acenderá automaticamente e o que estiver ao seu alcance para reprimi-lo e intimidá-lo ele o fará, inclusive lançando mão da famosa frase, própria do selvagem chefe de bando: “Sabe com quem está falando!!!” Desse modo ele acaba externalizando outra vil qualidade, que caracteriza a personalidade de todo homem arrogante: a cobardia.

O número de irmãos que detesta ou despreza este tipo de maçom é condizente com a quantidade de medalhas que ele acumula na gaveta ou usa no peito. Na vida profana seus amigos não são verdadeiros; são cúmplices, comparsas, associados e gente que dele se acerca na esperança de obter alguma vantagem. E nisso se insere a mulher com a qual vive fraudulentamente. Todos os que o rodeiam, inclusive ela, estão prontos a meter-lhe um merecido chute no traseiro tão logo os laços de interesse que os unem sejam desfeitos. O seu casamento é um teatro de falsidades e o seu lar um armazém de conflitos. Raramente familiares seus são vistos nas nossas festas de confraternização. Quando aparecem, em geral contrariados, não conseguem esconder as marcas indeléveis de infelicidade que ele produz nos seus rostos.

Na sua marcha incessante em busca de distinções sociais que supram a sua insaciável necessidade de autoafirmação, é comum vermos este garimpeiro de metais de falso brilho farejando outras organizações de renome, tais como os clubes Lyons e Rotary, e gastando nessas corridas tempo e dinheiro que às vezes fazem falta no seu lar. A Maçonaria, que tem a função de melhorar o homem, a sociedade, o país, e a família, acaba assim se convertendo numa fonte de problemas para os seus familiares; e ele, numa fonte de problemas para a Maçonaria.

Um volume inteiro seria insuficiente para catalogar os males que este inimigo da paz e da harmonia pratica, este bacilo em forma humana que destrói nossa instituição por dentro, qual um cancro a roer-lhe as células, de modo que limitar-nos-emos a expor os mais comuns.

Incapaz de polir a Pedra Bruta que carrega chumbada no pescoço desde o dia em que nasceu, de aprimorar-se moral e intelectualmente, de lutar para subtrair-se das trevas da ignorância e dos vícios que corrompem o carácter; de assimilar conhecimentos maçônicos úteis, sadios e enobrecedores, para na qualidade de Mestre poder transmiti-los aos Aprendizes e Companheiros, o que faz o nosso personagem? Simplesmente coloca barreiras nos seus caminhos, de modo a retardar lhes o progresso!

Ao invés de estudar a Maçonaria, para poder contribuir na formação dos Aprendizes e Companheiros, de que modo ele procede? Veda a discussão sobre assuntos com os quais deveria estar familiarizado, fomentando apenas comentários sobre as vulgaridades supérfluas do seu cotidiano! Ao invés de encorajar o talento dos mesmos, de ressaltar suas virtudes e estimular o seu desenvolvimento, o que faz ele? Procura conservá-los na ignorância de modo a escamotear a própria! Ao invés de defender e ressaltar a importância da liberdade de expressão e da diversidade de opiniões para a evolução da humanidade, como ele age? Censura arbitrariamente aqueles cujas ideias não estejam em harmonia ou sejam contrárias às suas! Ao invés de fomentar debates sobre temas de importância singular para o bem da loja em particular e da Maçonaria em geral, como age ele? Tenta impedir a sua realização por carecer de atributos intelectuais que o capacitem a participar deles! E, nos que raramente promove, como se comporta? Considera somente as opiniões daqueles que dizem “sim” e “sim senhor” aos seus raramente edificantes projetos!

Tal como o maçom supersticioso, este infeliz em cujo peito bate um coração cheio de inveja e rancor nutre ódio virulento e dissimulado pela liberdade de expressão, que constitui um dos mais sagrados esteios sobre os quais repousam as instituições democráticas do mundo civilizado, uma das bandeiras que a Maçonaria hasteou no passado sobre os cadáveres da intolerância, da escravidão e da arbitrariedade.

Dos atos indecentes mais comumente praticados por este falsário, o que mais repugna é vê-lo pregando “humildade” aos irmãos em loja, em particular aos Aprendizes e Companheiros, coberto da cabeça aos pés de fitões, joias e penduricalhos inúteis, qual uma árvore de Natal. Outro é vê-lo arrotando, em alto e bom som, ter “duzentos e tantos anos de Maçonaria” e exibindo o correspondente em estupidez e mediocridade. O terceiro é vê-lo trajando aventais, capas, insígnias, chapéus e colares, decorados com emblemas que lembram tudo, exceto os compromissos que ele assumiu quando ingressou na nossa sublime e veneranda instituição.

Cego, ignorante e vaidoso, nosso personagem não percebe o asco que provoca nas pessoas decentes que o rodeiam.

Como já foi dito, a Maçonaria serve apenas de vitrine para ele. Como não é possível permanecer sozinho dentro dela sem a incómoda presença de outros impostores –os quais não têm poder suficiente para enxotar–, ele luta ferozmente para afastar todo e qualquer novo intruso, imitando alguns animais inferiores aos humanos na escala zoológica, que fixam os limites de seus territórios com os odores de suas secreções e não toleram a presença de estranhos. Qualquer irmão que comece a brilhar ao lado desta criatura rasteira é considerado por ela inimigo. A luz e o progresso do seu semelhante o incomodam, fere o seu ego vaidoso. Por este motivo tenta obstaculizar o trabalho dos que querem atuar para o bem da loja; por isso recusa-se a transmitir conhecimentos maçônicos (quando os possui) aos Aprendizes e Companheiros, sobretudo aos de nível intelectual elevado, ou os ministra em doses pífias, para que futuramente não sejam tomados como exemplos e ofusquem ainda mais a sua mediocridade. Um maçom exemplar, íntegro, que cumpre rigorosamente os compromissos que assumiu quando ingressou na nossa Instituição, não raro converte-se em alvo das suas setas, pois seus olhos míopes não conseguem ver honestidade em ninguém; a sua mente estragada o interpreta como potencial “concorrente”, que nutre interesses recônditos semelhantes aos seus.

O maçom arrogante mal conhece o significado de nossas belas e simples alegorias. Se as conhece, as despreza. A sua mente acha-se preocupada unicamente com o sucesso de suas empreitadas, em encontrar maneiras de estar permanentemente ao lado das pessoas cujos postos ambiciona. Fama e poder.”



OUVE, VÊ, DECIDE ! - Adilson Zotovici



Ouve com toda atenção


O irmão que te procura


Repleto de empolgação


Com alguma propositura




Com os olhos do coração


Vê a luz em senda escura


Transmuta estéril desunião


Em fértil semeadura




Torna toda enfatuação


Que irreverente postura


Humilde, pela genuflexão,


Que deferente desenvoltura 




Cala e toma tua decisão


Inda que seja dura


Com razão sobre emoção


Serenidade e candura




Honra a tua Instalação,


Não somente por jura 


Junto ao Trono de Salomão


Com malhete em mão segura




Não espera gratidão


Dessa Sagrada aventura


Entrega-te nessa estação


E agradece ao PAI a ventura !




PARA EVOLUIR, VOCE PRECISA PARAR - Jamil Melro

 


Para evoluir, você precisa PARAR!

Esta reflexão está baseada no livro "As coisas que você só vê quando desacelera", de Haemin Sunim, um monge zen budista. Inspirado por suas lições, trago esta visão aplicada aos ensinamentos maçônicos na busca pela evolução pessoal.

Pergunto: Quando foi a última vez que você parou para observar ao seu redor? Não apenas para admirar a perfeição da natureza, mas também para olhar profundamente dentro de si. Esse momento de pausa é essencial para o autoconhecimento, e a história dos dois lenhadores nos ensina isso de forma marcante.

Dois lenhadores apostaram quem cortaria mais árvores em um dia. Um deles, apressado e sem preocupação com suas ferramentas, começou imediatamente, enquanto o outro dedicou tempo para afiar seu machado antes de iniciar. Ao final do dia, o segundo lenhador havia cortado muito mais árvores, com menos esforço. Esta fábula revela que a preparação e a paciência são tão importantes quanto o trabalho árduo. Como Maçom, você está afiando sua ferramenta? O que isso significa maçonicamente?

Nas primeiras lições de Aprendiz, somos instruídos a observar e meditar sobre a natureza, aprendendo com suas lições e aplicando-as em nossa vida quotidiana. O uso simbólico das ferramentas nos orienta a lapidar nossos pensamentos e ações, buscando sempre melhorar. Afiar a ferramenta, nesse contexto, não é apenas desacelerar as atividades, mas prestar atenção plena ao presente e às pequenas maravilhas que frequentemente passam despercebidas. Essa prática reflete a essência do autoconhecimento.

A meditação é um dos métodos mais eficazes para desacelerar e se reconectar com o sagrado. Dedicar cinco minutos diários ao silêncio, com os olhos fechados, concentrando-se na respiração e sentindo o pulsar do próprio corpo, é uma forma poderosa de alinhar mente e espírito. Experimente também perceber o calor do sol, o som da chuva ou a tranquilidade da noite estrelada. Esses momentos de contemplação nos conectam à perfeição do Grande Arquiteto do Universo (GADU), trazendo paz indescritível e proximidade com o Sagrado.

Esses estágios de afiar a ferramenta simbolizam o autoconhecimento e o autodomínio necessários para nossa evolução. Maçonicamente, essas práticas expandem nossa consciência, ajudam-nos a lapidar nossa pedra bruta e nos transformam em melhores cidadãos, capazes de contribuir para a construção de uma sociedade justa e fraternal, onde todos busquem a luz do entendimento e da verdade.

Em resumo, desacelerar é essencial para enxergar com clareza, conectar-se consigo mesmo e apreciar a beleza do momento presente. A felicidade e a sabedoria não residem em fazer mais, mas em fazer menos com mais intenção e consciência. Irmão, lembre-se: cada pausa consciente é um passo em direção à luz que tanto buscamos.



março 22, 2025

A LIBERDADE MAIS ÍNTIMA DO SER - Newton Agrella



Se você olhar pra dentro de si vai perceber que a única liberdade legítimamente sua é a do seu Pensamento.

Nele você pode divisar todos os seus desejos, sonhos e anseios, e ainda explorar todas as possibilidades que a vida oferece.

A liberdade de pensamento não exige pagamento, imposto, ou cerceamento de qualquer natureza.  

Ela não impõe condição social, credo, raça ou o que quer que seja.

Essa liberdade reside unicamente em você, e só você arbitra e é o único juiz de sua consciência.

A Liberdade de Pensar proporciona o direito de ir, vir e estar em qualquer lugar do mundo, pois você é quem cria, cultua e vive essa liberdade.

Ela é uma disposição da alma, e se constitui na mais íntima Verdade que sua consciência conhece.

Essa liberdade incontida passa pela razão, pelo sentimento, e pela imaginação

Trata-se da manifestação mais autentica da vida, pois é você quem define os rumos do seu pensamento, segue os caminhos que lhe parecem os mais seguros pra transitar e pode arriscar curvas, aclives e declives agudos, ao sabor de sua vontade.

A liberdade de pensamento concede a você todas as variantes do tempo, sem que pra isso você tenha que se tornar escravo das horas.

Quem determina a cronologia é a sua consciência e quem a desperta é o seu Pensamento.

A liberdade de pensar desconhece labirintos.

Todo esse processo permite que você aguce sua percepção do mundo e de tudo o que está ao seu redor. 

É simplesmente isso.



março 21, 2025

PELO DIA MUNDIAL DA POESIA - Adilson Zotovici



 PARCEIROS  NA  POESIA


Penso sempre nesta lida

A parte do compositor

Após poesia nascida

Sua primazia e esplendor


Não só por quem concebida

Pois há importante valor

A  quem a mantém nutrida

Que determinante fator


Há em ambos um mesmo amor

Nas letras por Deus ungida

Rendo a eles o meu louvor :


Por poeta à Luz trazida

O leitor, o declamador...

São o ar de sua vida !


Gratidão aos leitores, declamadores, palestrantes, divulgadores, simpatizantes...


 SONETO À POESIA


Fala  do cravo,  da rosa 

Da  tristeza, da alegria,

Seja  em  verso  ou  prosa,

D’alma... é  fotografia 


Tal qual pedra preciosa 

A todo ser inebria

Brinda a mulher que  formosa

Sentimento que  alumia 


Bem clara ou nebulosa

Da sutil à escandalosa,

Recitada ou melodia...


Tem aquela religiosa,

A engraçada, amorosa,

Mas sempre ela...poesia !


Aos poetas e aos leitores que são na verdade , o ar da vida dum poema

*A POESIA E O NOSSO POETA-MAIOR NA MAÇONARIA - Newton Agrella



Dono de um estilo único e sem igual,  senhor das palavras em toda sua erudição na língua portuguesa, a obra poética de Adilson Zotovici transporta-nos aos trovadores da Idade Média, na construção sólida e robusta de seus precisos arranjos harmônicos e rítmicos que marcam o tom de seus Sonetos.

Raríssimos os poetas que dispõem do talento e da criatividade de Zotovici para expressar com propriedade os mais distintintos cenários e conteúdos tão peculiares ao universo maçônico

Sua lavra é produto do profundo conhecimento que possui tanto da Simbologia, quanto da Filosofia e História que caracterizam a Arte Real.

A fluidez da métrica poética com que o autor nos brinda revela sua  acuidade e sutileza vernacular e ao mesmo tempo o caráter natural e singelo que seus versos traduzem.

Registre-se ainda que inobstante a característica marcante com que os trovadores da Idade Média compunham seus versos, a contemporaneidade constitui-se  num traço evidente e contínuo em sua obra, tornando sua Poesia sempre atual.

Zotovici dispõe da notável habilidade de transferir para a escrita o estilo disciplinado da poesia medieval para um arrojo destemido e vanguardista da linguagem maçônica especulativa.

Com efeito, ao ler Zotovici o leitor desfrutará de uma verdadeira escultura das letras, através de um passeio no tempo e na história, que o tornará senão um protagonista, mas no mínimo um espectador partícipe de cada tomada poética sua magnífica obra nos oferece.

Um brinde à leitura !



CRIATIVIDADE - Newton Agrella


Dentro de cada um de nós há uma espécie de estímulo que quando é despertado leva-nos a viajar pelo infinito de nossa imaginação.

Esse processo se torna cada vez mais acentuado e fluido, quando nos deixamos conduzir pela inspiração.

Não é demais afirmar que esta inspiração é fruto de experiências que se acumulam, a partir das mais diferentes formas de contatos e abordagens com tudo aquilo que lidamos ao longo da vida.

Trata-se de um gatilho que se instaura entre as emoções que deixamos transparecer e se manifesta nas diversas formas de arte.

É desse modo que nos tornamos arquitetos de nossas obras, criamos sons, formas e imagens, escrevemos textos e poesias e passamos a ser reconhecidos como pessoas criativas.

A criatividade também se configura quando nos entregamos às ciências, aos cálculos e às equações, posto que a Razão e a Emoção compõem o arcabouço da propria intelectualidade e versatilidade humana.

A criação não se compreende e tampouco se interpreta somente através da exuberância das cores e das formas.  

Muito pelo contrário, ela ainda se instaura com o exercício da simetria, do traçado de linhas retas, bem como da precisão tecnológica, virtual e científica.

No final das contas, somos sim, um amálgama da imaginação, em que os limites se superam como uma inesgotável fonte de energia, cuja origem se explica resultante de um Princípio Criador e Incriado.

A criatividade é a assinatura de nossos dias.



março 20, 2025

O EQUINÓCIO DE OUTONO E A MAÇONARIA - Barba


O Equinócio de Outono e a Maçonaria: Um Simbolismo de Transformação


No dia de hoje, 20 de Março, celebramos o equinócio de outono no hemisfério sul, um fenômeno astronômico em que o dia e a noite se igualam em duração. Este momento marca a transição do verão para o outono, trazendo consigo uma mudança na natureza e nos ciclos da vida. Dentro da simbologia esotérica e filosófica, essa transição é carregada de significados profundos, sendo também um reflexo das lições que a Maçonaria busca ensinar aos seus iniciados.

A Maçonaria, como uma escola de aprimoramento moral e espiritual, encontra nos fenômenos naturais um espelho para a jornada do homem. O outono simboliza o tempo da introspecção, do recolhimento e da preparação para o que virá. Assim como as árvores deixam cair suas folhas, reconhecendo que a renovação exige desprendimento, o maçom também é convidado a se desapegar de suas vaidades e excessos, cultivando aquilo que realmente importa para sua evolução.

O equinócio, momento de equilíbrio entre luz e sombra, ressoa diretamente com um dos pilares fundamentais da Ordem: a busca pela harmonia. No caminho iniciático, o maçom aprende que a dualidade é parte inerente da existência, e que somente ao reconhecer tanto a luz quanto a escuridão dentro de si mesmo é que poderá encontrar o verdadeiro equilíbrio._

Além disso, nas antigas tradições iniciáticas, o outono representava o período de colheita, momento de recolher os frutos do que foi plantado. O mesmo ocorre na jornada maçônica: após a busca pelo conhecimento e pela prática das virtudes, chega o momento de refletir sobre os resultados obtidos e preparar-se para os novos desafios que o inverno – metáfora do rigor e da supera– trará.

Assim, o equinócio de outono nos lembra que a vida é feita de ciclos e que cada estação traz consigo uma nova lição. Para o maçom, este é um período propício para o fortalecimento do espírito, para a revisão de suas ações e para a lapidação contínua da pedra bruta, em busca da perfeição moral e espiritual.

Que este momento de equilíbrio e transformação inspire a todos a trilharem um caminho de sabedoria, fraternidade e renovação.



ARLS XI DE AGOSTO 656 - Itanhaém


 

    Irmãos de seis |Lojas de diversas cidades estiveram reunidos ontem na sessão de iniciação do profano Ewerton Guimarães, que ocorreu na ARLS XI de Agosto n. 656, da GLESP, em Itanhaém, do Rito de Emulação.

    Sob a eficiente direção do Venerável Mestre Anderson Moreira de Mattos a sessão primou pela ritualística. O agora irmão Ewerton deveria ter sido iniciado na semana passada, mas faltando apenas três horas para a cerimônia nasceu o seu filho, o que obrigou o adiamento. Ele declara terem sido as duas maiores alegrias de sua vida, em sequência.

    É uma Loja onde já fiz palestra e que adoro frequentar pela alta dedicação de seus obreiros aos estudos maçônicos. Cada irmão iniciado recebe da Loja um livro meu, como motivação para o início da sua trajetória na Ordem.

    Como sempre acontece, a solenidade foi encerrada com um delicioso ágape, com a presença das cunhadas.

A IGUALDADE PROCLAMADA PELA MAÇONARIA - Carlos Lima


A igualdade Maçónica consiste em não levar em consideração, o poder financeiro dos  homens; os seus privilégios sociais; a sua posição no mundo profano; de  postos públicos conquistados nem sempre de forma digna; de castas; raças  ou de crenças religiosas. Ser detentor de grandes fortunas não assegura  a ninguém, diante da Maçonaria, privilégios especiais, principalmente  quando esse dinheiro não é colocado a serviço da humanidade. Nesse caso,  o que se destaca não é o dinheiro em si. O que se observa são as  benfeitorias realizadas.

O conceito mais alto na Maçonaria, não é a do homem rico,  endinheirado. Este conceito toma corpo com as benfeitorias e o  aprimoramento das suas qualidades Maçónicas. Leva-se em conta a  proporcionalidade entre aquilo que um possui e o que ele oferta para  tornar a humanidade melhor, em todos os sentidos.

Muitas vezes, um homem dando o dobro do que o outro ofertou, ainda é  pouco, analisando-se a disponibilidade das suas posses. Não nos devemos  distanciar de uma verdade que diz: “Nem sempre, a acumulação de riqueza  foi feita de modo honesta e honrosa, sem o sacrifício dos mais humildes e  pobres, cujas situações são desumanamente exploradas por imensuráveis  ganâncias”. Pelo simples facto de uma pessoa descender de famílias ricas  e tradicionais, não pode ter assegurado a sua entrada na Maçonaria, nem  muito menos acesso de grau.

O Maçom deve impor-se pelo seu valor, pelos seus próprios méritos e  não invocando o nome dos seus antepassados e o que eles fizeram. É  preciso que ele também pratique ações que o torne digno da família e da  Instituição. Mérito excepcional é daquele que, partindo do nada,  consegue elevar-se a ponto de se transformar em orgulho da família e da  Maçonaria. Nenhum valor tem para a Maçonaria, o ocupante de um elevado  cargo, se esse cargo não é exercido com dignidade. Não são os cargos que  honram os homens e sim os homens que necessitam de cargos para, com o  seu trabalho, serem honrados e engrandecidos.

A Maçonaria não reconhece castas sociais porque está firmemente  convencida de que os homens nascem iguais e só se distinguem pelos seus  méritos. Para a Maçonaria tem tanto valor um operário honesto, livre e  de bons costumes, quanto um magnata financeiro ou de qualquer outro  segmento produtivo da sociedade.

A história Maçónica traz-nos um fato extraordinário:

“Quando Félix Faure foi eleito presidente da França,  era Venerável da sua Loja, ele tinha um auxiliar subalterno da  Presidência da República que era Maçom: Na primeira vez que Félix Faure  compareceu a Loja, depois de Presidente da República, o seu subalterno  quis passar-lhe a Presidência da Loja”. “Félix, recusou, declarou que a  Presidência não poderia estar em mãos mais dignas, disse ainda que era  Presidente da República fora daquele recinto, mas ali, era um Irmão como  os outros e estava pronto para cumprir as ordens do Venerável, que com  justiça fora elevado ao cargo pelos méritos Maçónicos”.

Este exemplo é encontrado em diversas literaturas Maçónicas. A  Maçonaria não estabelece distinção entre raças, como também, combate  todos os preconceitos, sejam eles raciais, políticos ou religiosos.  Discorda frontalmente e formalmente de algumas Lojas norte-americanas  que se negam a receber negros, numa atitude antimaçónica. Este  comportamento é um atentado contra todos os princípios maçónicos de  igualdade. Os méritos dos homens não podem ser aferidos pela cor ou pela  sua raça. A Maçonaria não seleciona os homens pela sua religião. Ela  não é órgão de nenhuma seita, religião ou confissão. Ela respeita a  crença de todos e acolhe homens de todas as religiões, justamente porque  não é antirreligiosa.

A Maçonaria exige de todos os seus membros que tenham uma crença, que  acreditem num SER SUPERIOR, a quem, devemos respeitar, e que nos  oriente a praticarmos atos que não prejudiquem à moral; aos bons  costumes e aos nossos semelhantes.

https://www.freemason.pt/a-igualdade-proclamada-pela-maconaria/

março 19, 2025

ARLS TRÍPLICE ALIANÇA 341 - Mongaguá




Na sessão da noite de ontem na minha Loja Tríplice Aliança 341 de Mongaguá, tivemos duas excelentes e instrutivas palestras.  

O irmão Alexandre Rampazzo, Grande Secretario de Ritualística do Rito Moderno do GOB RJ discorreu sobre o Rito Moderno, contando sua história e estrutura.

O irmão Oduwaldo Álvaro, notável intelectual e escritor de Praia Grande apresentou uma ampla visão sobre os Altos Graus. 

Foi uma noite enriquecedora e a Loja e o VM Alexandre Lucena estão de parabéns.

O QUE REALMENTE IMPORTA - Heitor Rodrigues Freire


A ligação do ser humano com Deus é transcendental. Desde sempre e para sempre. Essa ligação é tão forte que o homem primitivo a associou inicialmente ao fogo.

Com o despertar gradativo da consciência, o homem foi criando formas para traduzir esse anseio espiritual de relacionamento com a divindade. Assim, ao longo do tempo, foram surgindo as religiões, que procuraram identificar e canalizar esse anseio de uma forma que permitisse a ligação do homem com o mais elevado.

Mas, infelizmente, as religiões acabaram se transformando em meios de dominação, que longe de proporcionar a conexão espiritual – finalidade lógica de sua existência –, acabaram se constituindo em novas formas de opressão. A religiosidade, que simboliza a ligação do ser humano com seu Criador, quando dogmatizada e ritualizada, por meio da repetição automática de atos e procedimentos, acaba por engessar a mensagem espiritual sob a forma da massificação. Apesar disso, cada religião, a seu tempo e hora, conseguiu manter a esperança de se atingir a evolução espiritual.

Nesse campo, a evolução representa a busca pessoal pela ligação com Deus. A formação católica, que ainda está presente na maioria da população brasileira, quando deixou de estimular o crescimento espiritual, inadvertidamente passou a dar espaço para  outras denominações religiosas.  No meu caso, me distanciei da Igreja e aflorei minha religiosidade, enquanto me afastava da religião católica propriamente dita. Por meio do estudo, da observação e da prática, pude chegar hoje ao que eu chamo de minha religião pessoal, constituída de uma filosofia intrínseca de práticas que são o resultado de um caldeamento de tudo o que vi e vivi. Ela me permite uma visão particular e uma certeza: a presença de Deus está em mim, em tudo e em todos. 

Deus está presente, meus irmãos. Essa certeza naturalmente orientará todos para um procedimento que, gradativamente, não permitirá nenhum desvio de comportamento. O conhecimento da reencarnação, concedido por Deus, nos proporciona o meio de contribuição de cada um para sua própria evolução, e implica necessariamente em um compromisso consciente.

Daí se chegará ao estado de integridade: o ser será íntegro, inteiro, completo. E essa completude proporcionará o senso da responsabilidade e dos compromissos com Deus, consigo mesmo e, por consequência, com toda a humanidade.

Os ensinamentos só produzem frutos na medida em que são praticados. Os homens que ignoram esse fato trabalham para obter riqueza e poder, porém os bens materiais existem para uma vida somente, e portanto, são efêmeros como espuma. Há coisas muito maiores, e quem as alcança não desejará o que for passageiro.

O processo evolutivo da humanidade se desenvolve por meio da caminhada reencarnacionista a que todos os seres estão submetidos naturalmente. Há resistência no entendimento dessa caminhada, provocada pela influência de diversas religiões que contribuem para embaçar nossa visão de mundo. Muitas se declaram detentoras da verdade e procuram impô-la aos seus adeptos, que, por sua vez, também procuram enfiá-la goela abaixo de quem se opuser aos seus desígnios.

O que deduzo disso tudo é que cabe a cada um de nós buscar e encontrar o seu próprio caminho. Para isso é preciso coragem e determinação. Cada pessoa é única, original. A caminhada pode ser coletiva, mas a jornada deve ser individual. 

Esse é o princípio que norteava o ensinamento filosófico de Sócrates. Ele acreditava que temos dentro de nós tudo o que precisamos saber. Só é preciso que essa sabedoria seja extraída, isto é, que seja trazida à luz, através de um processo semelhante a um parto. E que cada um seja o seu próprio mestre.


março 18, 2025

A BUROCRACIA E A LOJA - Rui Bandeira



Uma Loja maçónica não se dedica apenas ao estudo do simbolismo, ao compartilhamento de saberes, experiências, opiniões, reflexões, nem à execução e aperfeiçoamento rituais, nem ainda às cerimónias próprias da Arte Real. 

Uma Loja maçónica tem também que assegurar a parte burocrática do seu funcionamento.

Muitas Lojas têm, por natureza, esse fardo aligeirado, porquanto constituíram associações de direito civil que lhes conferem personalidade jurídica e é no âmbito dessas associações e dos seus Corpos Gerentes que as tarefas burocráticas inerentes às obrigações do coletivo perante o Estado são realizadas. 

Mas, ainda assim, muitas tarefas de cariz burocrático respeitam apenas à Loja e são responsabilidade dela própria.

A forma de lidar com estes assuntos são diversificadas. 

Temos desde a forma de funcionamento de muitas (talvez a maior parte) das Lojas americanas, que dedicam grande e enfadonha parte de muitas das suas reuniões a aprovar, uma por uma, as despesas da Loja e do Templo, por mais corriqueiras (eletricidade, água) que sejam – porque só se paga o que for autorizado em Loja que seja pago. 

– Há Lojas que delegam numa Comissão de Oficiais o tratamento dessas questões, limitando-se a, em regra anualmente, tomar conhecimento dos relatórios das atuações tidas e a preconizar as diretrizes a serem seguidas no ano subsequente.

Em outras lojas, muitas matérias são decididas pelo Venerável Mestre ou pelas Luzes (o Venerável Mestre e os dois Vigilantes), ou por uma das Comissões de Oficiais (Administrativa, de Beneficência, de Justiça). 

Mas um número não negligenciável de assuntos são, quer por razões e prática rituais, quer por tradição, quer pela prática da Loja, decididos em sessão de Loja: assuntos disciplinares (felizmente, poucos e raros), de fixação de quotas ou comparticipações para despesas, admissão de novos elementos, alterações regulamentares, opções de gestão ou de organização, etc..

Consoante as solicitações do género, o Venerável Mestre pode optar por diluir o tratamento das questões burocráticas no trabalho geral, reservando um espaço de tempo, geralmente curto, para resolver uma ou duas questões dessa natureza por sessão, ou, se o volume ou complexidade das matérias que há que tratar é grande, dedicar uma ou duas sessões (de preferência sem serem seguidas) para arrumar os assuntos burocráticos todos de uma vez e por um tempo razoável.

As questões administrativas são cansativas e nada apelativas – todos o sabemos. 

Mas é indispensável delas tratar. 

Uma orquestra executa música e é isso que os músicos gostam de fazer. 

Mas uma orquestra não conseguirá produzir música de qualidade se os músicos não se dedicarem às menos interessantes tarefas de cuidar dos seus instrumentos, de bem os guardar, de organizar a sua colocação na sala de concertos, de preparar as pautas. 

Enfim, todas as “questões administrativas” menores mas indispensáveis para que a orquestra execute música.

Também uma Loja maçónica não pode se abster das questões de organização e de gestão administrativa. 

Consideramo-las menores e aborrecida, mas são essenciais para nós podermos dedicar ao que gostamos de fazer, ao que queremos fazer, ao que necessitamos de fazer: 

_"Aprender em conjunto a ser cada um de nós um pouco melhor a cada momento."

Gostamos de aparelhar, polir e pousar nossas pedras no Templo que ensaiamos de construir. 

Mas só o podemos fazer devidamente se mantivermos as nossas ferramentas em ordem, o nosso local de trabalho ordenado e agradável, os nossos materiais preparados e ordenados.

Costuma-se dizer que tão necessários são os solistas como os carregadores de piano. 

Nós, maçons, procuramos levar mais longe essa ideia: carregamos o piano e os outros instrumentos, ensaiamos e tocamos em conjunto e, quando podemos, ainda nos atrevemos, aqui e acolá, a uns solos…

Numa Loja, como em quase tudo na vida, todos gostamos de brilhar. 

Mas, para o conseguir, também é preciso puxar do pano e da solarina





março 17, 2025

POR QUE SE VAI Á LOJA?




Provavelmente, a esta pergunta virão respostas cujo cerne está no individualismo.

Por um lado, as ritualísticas (vencer minhas paixões); por outro, as sociais (ágapes após as reuniões).

Há um imensurável equivoco quando acreditamos que o tamanho de uma Loja se dá pela estrutura física ou pelo número de Irmãos.

O que a torna “Grande” ou “Poderosa” é o comprometimento dos Obreiros.

Observe que há uma diferença sutil entre Irmãos e Obreiros.

Irmãos são todos os que, por condutas maçônicas, são reconhecidos como tal.

Obreiros são aqueles que nos instruem e inspiram, por suas condutas maçônicas, a nos tornarmos Irmãos.

Sendo um trabalho coletivo, as sessões só alcançam a plenitude nas três esferas (física, mental, espiritual) se cada um dos presentes mudar a atitude passiva de participante para a conduta ativa de partícipe.

A mudança está na troca do "que vou ganhar ao ir à Loja?”, para o "que vou oferecer à Loja?”.

Condutas simples, apenas o cumprimento da missão!

Exemplo: O Irmão Mestre de Harmonia deve ir com o propósito de colocar as músicas adequadas no momento certo e correto volume.

O Mestre de Cerimônias deve organizar o cortejo, ficar atento a estruturação dos Cargos, conhecer suas falas, circular no Templo somente nos momentos necessários.

Os Diáconos devem ser realmente portadores da palavra com a devida ritualística.

O Chanceler deve receber e observar os Irmãos visitantes. Enfim, cada um deve incorporar seu cargo.

No caso das Luzes, a conduta é muito mais sutil.

Vigilantes devem estar atentos ao comportamento e, principalmente, ao semblante de seus “comandados”.

Ocupar uma das vigilâncias é pré-requisito para ser o líder maior da Loja; portanto, é com esta preocupação que ele vai se formando e conhecendo os Irmãos e futuros colabores diretos.

Da mesma forma, ao se preparar para ir a Loja o Venerável Mestre deve compreender que o mínimo, e provavelmente com  menor valor, é o ato de dirigir os trabalhos, no sentido de ler o ritual.

Sentar-se na cadeira mais alta do Templo é a alegoria que a ele cabe ver tudo que se passa e exercer ações que resultem no sucesso do grupo.

Aos Ex-Veneráveis, a missão não acabou.

Possuem duas grandes obrigações de moral maçônica.

Primeira, se já dirigiram os trabalhos das Lojas, conhecem bem os Rituais e as demais funções, sendo assim, devem estar sempre à disposição do atual Venerável Mestre para ocuparem cargos, afinal, eles continuam sendo Obreiros da Oficina.

A segunda é trabalhar para a manutenção da harmonia dos trabalhos.

Eles devem ir para a Loja vibrando positivamente. Sendo o esteio do Venerável, devem aconselhar e não intervir, evitar comparações e, principalmente, auto-elogio, incompatíveis com princípios de humildade e do propósito de “vencer minhas paixões”.

Se todos nós formos para a Loja com o propósito de servir, sairemos todos bem servidos.

O TODO É SEMPRE MAIOR QUE A SOMA DAS PARTES.

Precisamos incentivar os Obreiros da Arte Real ao salutar hábito da leitura como ferramenta de enlevo cultural, moral, ético e de formação maçônica.


Autor Desconhecido

março 16, 2025

ACACIA AMARELA

 Uma palestra espetacular 




O SILÊNCIO DO APRENDIZ - Mario López



Sou Aprendiz. Já passou bom tempo que tive a honra de ser Iniciado, sendo reconhecido como tal pelos meus irmãos, ou seja como Aprendiz Maçom. Digo honra porque não se pode definir de forma diferente o privilegio de poder-se estar rodeado de homens honestos, livres pensadores e, sobretudo, dispostos a ajudar na busca que iniciamos ao ver a Luz.

Sim, é simples assim! Desde o primeiro instante que buscamos a Luz, a Sabedoria, a Verdade, nossos IIr∴ estão ao nosso lado para guiar nossos passos a partir da escuridão de onde partimos

Quanto à Verdade apenas nos podemos aproximar dela, a Verdade somente é conhecida pelo G∴A∴D∴U∴; aprendemos muitas coisas ao longo de nossa vida no entanto sempre fica algo para trás, a cada solução, a cada resposta surgem novas dúvidas e novas perguntas.

Chamam-me Aprendiz e confesso o imenso orgulho em sê-lo! Um velho e consagrado provérbio diz: "É curioso que as pessoas me chamem de sábio por conhecer muitas coisas, realmente tenho aprendido muito em minha longa vida, é verdade, mas não me considero mais do que um aprendiz".

Assim me sinto eu, queridos irmãos, um aprendiz que procura aprender um pouco mais a cada dia, contando com vosso apoio e com as ferramentas de aprendiz.

Todos sabemos que nossos IIr∴ nos deram as ferramentas necessárias para iniciar nossa jornada, certamente não todas pois antes de sabermos multiplicar temos de aprender a somar, de forma análoga, antes de usar ferramentas mais complexas temos de primeiramente aprender a usar as mais simples, que nem por isso são menos importantes.

Dizia um velho sábio: "Por maior que faças um edifício ao final ele não deixa de ser a união de simples pedras, por isso, não subestimes o mérito daquele que formou a base da obra". 

As nossas ferramentas de aprendiz são o maço, o cinzel e a régua de 24 polegadas. Elas nos recordam da necessidade de um controle (cinzel) da força (nossa inteligência ou vontade de aprender) e que é necessário medir o que fazemos para que tudo seja correto. Também nos recordam que o dia tem 24 horas e mais outras coisas que poderão ser exploradas em outra prancha, mas o que eu acredito ser a maior ferramenta do aprendiz, ainda não nos apresentada com tal, é o silêncio do aprendiz.

No passado quando os velhos eram chamados de velhos ou anciões, quando para um homem ser chamado velho ou ancião era um orgulho, os mais jovens se sentavam ao seu lado, ao calor de um bom fogo, para ouvir o que a voz da experiência, paralelamente os conselhos de anciões resolviam pacificamente conflitos que na atualidade acabam em violentas discussões. 

Hoje em dia os anciões não mais são anciões, os temos convertido em meros membros da Terceira Idade e de outros epítetos para mencioná-los, possivelmente de maneira mais civilizada mas, em realidade, o que temos feito é afastá-los da sociedade, os catalogamos como pessoas que não mais são úteis, os abandonamos tal qual um móvel velho no desvão3. Uma loucura! Quanto temos perdido! Toda a experiência de uma vida jogada no lixo. 

Para a sociedade atual isso tudo é normal; para que os anciões possam transmitir seu saber, seu conhecimento é necessário escutar e para escutar é necessário guardar silêncio. 

Nossa sociedade pode ser tudo, menos silenciosa; talvez se calasse e escutasse poderia ouvir o que desejava escutar. 

Nós, os aprendizes, temos o silêncio do aprendiz, mas isso é algo mais que o silêncio! É escutar, ouvir o que os outros dizem e assimilar: de nada vale calar se não se escuta, se não se interioriza o ouvido. 

Se assim agirmos nos daremos conta de que não há nada mais ruidoso do que o silêncio de quem escuta, mas com a pequena grande diferença de que esse ruído não é externo, senão interno. 

Quando estou em silêncio escutando a elocução de outro Irmão, em minha cabeça não deixa de falar-me a minha consciência, não deixa de trabalhar, de analisar o que meus ouvidos ouvem e de continuamente dizer-me se aquilo está de acordo com meus pensamentos ou, se ao contrário, devo opor-me a seus argumentos. 

E isso perfeitamente o escuto em meu interior: fora há silêncio, dentro um grande ruído, um grande trabalho. 

Sim Irmãos, durante o verdadeiro silêncio do aprendiz, em nosso interior se trava uma violenta batalha cujo resultado é uma luta interior, uma interiorização do escutado que, finalmente, nos fornece como resultado o aprendizado de algo novo. 

Queridos irmãos, o silêncio de aprendiz é uma grande ferramenta, em meu entender, uma das mais importantes. No silêncio escuto a meus Irmãos, aos meus mestres e aprendo dia a dia. Se não estivesse em silêncio perderia todos esses ensinamentos. 

Dizia Nietzsche: "O caminho a todas as grandes coisas passa pelo silêncio." E que há mais grande que buscar a Verdade, a Luz. Estamos no início e novamente citando outro grande sábio, Pitágoras, podemos dizer: "Escuta, serás mais sábio; o começo da sabedoria é o silêncio." QQ∴II∴, sou aprendiz, desejo aprender e por isso volto ao meu silêncio de aprendiz.

Tradução (versão): Aquilino R. Leal. Folha Maçônica Nº 425, 2 de novembro de 2013 Página 3

AO TEOREMA - Adilson Zotovici



Parto de alvissareiro ano

Para escrever este poema 

Desde aquele telefonema 

Dum livre pedreiro espartano


Que uma alegria suprema

E um contentamento ufano 

Vez que ainda era um profano

Que desconhecia o sistema


Brotei à Luz conforme o plano  

E me propus à cada emblema  

À cada preceito e arcano 


Aprender, ensinar, o lema 

De neófito a decano

Da pedra bruta ao teorema !


março 15, 2025

A LIÇÃO MAIS IMPORTANTE



No primeiro dia de aula, Dona Tomasa prometeu tratar todos os alunos com igualdade. Mas logo percebeu que seria difícil.

Já lidara com alunos desafiadores, mas nenhum como Pedrito. Chegava sujo, não fazia os deveres, dormia em aula ou perturbava os colegas. Exausta, foi à diretora.

— Não sou professora para aturar uma criança mimada! Espero não vê-lo de volta em janeiro.

A diretora apenas lhe entregou o histórico de Pedrito. Dona Tomasa começou a ler sem interesse, mas, conforme avançava, sentiu o coração apertar.

Primeira série: "Pedrito é brilhante e amigável. Seus colegas o adoram."

Segunda série: "Ainda excelente aluno, mas anda triste. Sua mãe está gravemente doente."

Terceira série: "A morte da mãe foi um golpe insuportável. Pedrito perdeu o interesse. Seu pai parece indiferente e, suspeito, violento."

Quarta série: "Cada vez mais fechado. Não tem amigos. Afunda-se na solidão."

Naquela tarde, Dona Tomasa chorou. Pela primeira vez, via Pedrito de verdade.

No dia seguinte, os alunos levaram presentes de Natal. Pedrito trouxe o dele em um saco amassado. Dentro, uma pulseira velha, faltando pedras, e um frasco quase vazio de perfume.

Os colegas riram, mas Dona Tomasa colocou a pulseira e borrifou o perfume. O riso cessou

Pedrito ficou até o último momento na sala. Antes de sair, sussurrou:

— Hoje, a senhora cheira como a minha mãe.

Naquela noite, Dona Tomasa chorou. Decidiu que ensinaria mais que leitura e matemática. Ensinaria amor.

Quando as aulas recomeçaram, ela usou a pulseira e o perfume. O sorriso de Pedrito foi sua resposta.

Com o tempo, ele voltou a se interessar pelos estudos. No final do ano, Dona Tomasa sabia: Pedrito era seu aluno mais especial.

Os anos passaram. Até que, um dia, Dona Tomasa recebeu uma carta. Era do Dr. Pedro Altamira. Havia concluído a faculdade de Medicina e ia se casar. Queria que sua professora fosse sua madrinha.

No casamento, Dona Tomasa usou a pulseira e o perfume da mãe de Pedrito. Quando ele a viu, correu para abraçá-la.

— Devo tudo à senhora.

Com os olhos marejados, ela respondeu:

— Não, Pedrito. Você me ensinou a maior lição da minha vida: me ensinaste a ser professora.

A VIDA É "DUKKHA" - Jorge Gonçalves




Easter egg: M. C. Escher - "Mão com Esfera Refletora", 1935, litogravura, 25 x 43,5 cm, National Gallery of Canada, Ottawa.  

Na obra original, uma mão meticulosamente detalhada sustenta uma esfera cristalina, que reflete o autorretrato de Escher em seu interior. Na minha releitura, eu ocupo o lugar de Escher. A curvatura da esfera distorce o espaço ao redor, criando um cenário composto por estantes, móveis e a luz suave de uma janela ao fundo.  

Bom dia. Com a postagem, criou-se uma série de comentários. Vamos tentar explicar o contexto. Imagine um filho que acaba de perder o pai, alguém profundamente querido. Nos dias seguintes, ele se recusa a aceitar a realidade da perda. Aos poucos, o luto se transforma em melancolia, depois em depressão e, finalmente, em um desespero paralisante, como se o mundo tivesse perdido todo sentido.  

No Budismo, essa dor é compreendida pela Primeira Nobre Verdade: "A vida é dukkha". A palavra dukkha não se refere apenas ao sofrimento evidente, mas à insatisfação inerente à existência, causada pelo apego ao que é transitório. No caso do filho, o sofrimento se agrava porque ele se prende à ideia de que o pai "deveria" estar presente, à identidade de filho que ele sustentava e até à raiva da impermanência. O Buda ensina que essa resistência, fruto do desejo (tanha) de controlar o incontrolável, é o que alimenta a angústia.  

Para Huxley, a solução não está em negar a dor ou lutar contra ela, mas em aceitar a realidade como ela é. Isso não significa "nada importa", mas um ato corajoso de reconhecimento: "Meu pai se foi. Preciso transformar o sofrimento em boas lembranças, e isso é parte da vida". Essa aceitação, como um despertar gradual, permite que o filho transcenda e aprenda que "eu sou apenas um filho em luto", encontrando serenidade mesmo na adversidade.  

Lembre-se de que cada frase diária serve para reflexão. Aceitar ou não aceitar não importa, refletir é importante. A paz não vem da ausência de dor, mas da forma como nos relacionamos com ela. Aceitar não é esquecer, mas honrar a perda sem permitir que ela defina quem somos. Como escreveu Huxley em *A Filosofia Perene*:  

"A liberdade está em ver claramente o que somos, sem ilusões."  

Esta reflexão foi inspirada por um grande amigo, Júlio, que perdeu seu pai há poucos dias.  

Agora, a imagem passou despercebida para a maioria, e apenas uma pessoa conseguiu identificar o easter egg.



O ASSASSINATO DE JULIO CÉSAR



O assassinato de Júlio César: Um ato de traição ou salvação para Roma?

Era 15 de março de 44 a.C., uma data que os romanos conheciam como os Idos de março. Júlio César, o homem mais poderoso de Roma, estava indo para o Senado. Apesar dos avisos de sua esposa, Calpúrnia, que tinha sonhado com sua morte, César decidiu ignorar os presságios. 

O que ele não sabia era que um grupo de senadores, incluindo o seu amigo Bruto, conspirava contra ele.

Quando César se sentou no Senado, os conspiradores cercaram-no. Casca foi o primeiro a atacar, mas seu golpe foi desastrado. César, surpreso, tentou se defender, mas ao ver Bruto entre os atacantes, pronunciou as famosas palavras: "Você também, Bruto? " (Et tu, Brute? ). Foi então que os outros conspiradores o esfaquearam repetidamente. Segundo o historiador Suetonio, César caiu no pé da estátua de Pompeu, seu antigo rival, em uma reviravolta irônica do destino.

Os assassinos justificaram o seu ato como uma tentativa de salvar a República Romana da tirania. No entanto, longe de restaurar a ordem, o assassinato de César mergulhou Roma numa guerra civil que eventualmente levou à ascensão do seu herdeiro Octávio (mais tarde Augusto), como o primeiro imperador de Roma.

O assassinato de Júlio César não só mudou o rumo da história romana, mas também se tornou um símbolo eterno de traição e ambição política.

março 14, 2025

ABIVERSARIO DE CASTRO ALVES

 






O poeta baiano Antonio Frederico de Castro Alves (1847-1871), apesar de sua morte precoce, é considerado um dos mais importantes poetas brasileiros de todos os tempos. De formação cultural sofisticada, construiu sua poesia sobre temáticas eminentemente brasileiras, alcançando uma admirável compreensão da alma popular. 


Nasceu em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847, e faleceu em Salvador, BA, em 6 de julho de 1871. É o patrono da cadeira n. 7, da Academia Brasileira de Letras por escolha do fundador Valentim Magalhães.


Era filho do médico Antônio José Alves, mais tarde professor na Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro, falecida quando o poeta tinha 12 anos, e, por esta, neto de um dos grandes heróis da Independência da Bahia. Por volta de 1853, ao mudar-se com a família para a capital, estudou no colégio de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, onde foi colega de Rui Barbosa, demonstrando vocação apaixonada e precoce para a poesia. Mudou-se em 1862 para o Recife, onde concluiu os preparatórios e, depois de duas vezes reprovado, matriculou-se finalmente na Faculdade de Direito em 1864. Cursou o 1º ano em 1865, na mesma turma que Tobias Barreto. Logo integrado na vida literária acadêmica e admirado graças aos seus versos, cuidou mais deles e dos amores que dos estudos. Em 1866, perdeu o pai e, pouco depois, iniciou apaixonada ligação amorosa com atriz portuguesa Eugênia Câmara, dez anos mais velha, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida.


Nessa época Castro Alves entrou numa fase de grande inspiração. Escreveu o drama Gonzaga e, em 1868, transferiu-se para o sul do país em companhia da amada, matriculando-se no 3º ano da Faculdade de Direito de São Paulo, na mesma turma de Rui Barbosa. No fim do ano o drama é representado com êxito enorme, mas o seu espírito se abate pela ruptura com Eugênia Câmara. Durante uma caçada, a descarga acidental de uma espingarda lhe feriu o pé esquerdo, que, sob ameaça de gangrena, foi, afinal, amputado no Rio, em meados de 1869. Sua saúde, que já se ressentira de hemoptises desde os dezessete anos, quando escreveu “Mocidade e Morte”, cujo primeiro título original era “O tísico”, ficou definitivamente comprometida. De volta à Bahia, passou grande parte do ano de 1870 em fazendas de parentes, à busca de melhoras para a tuberculose. Em novembro, saiu seu primeiro livro, Espumas flutuantes, único que chegou a publicar em vida, recebido muito favoravelmente pelos leitores.


Daí por diante, apesar do declínio físico, produziu alguns dos seus mais belos versos, animado por um derradeiro amor, este platônico, pela cantora italiana Agnese Trinci Murri. Faleceu em 1871, aos 24 anos, sem ter podido acabar a maior empresa a que se propusera, o poema Os escravos, uma série de poesias em torno do tema da escravidão. Ainda em 1870, numa das fazendas em que repousava, havia completado A Cachoeira de Paulo Afonso, que saiu em 1876, e que é parte do empreendimento, como se vê pelo esclarecimento do poeta: “Continuação do poema Os escravos, sob título de Manuscritos de Stênio.”


Duas vertentes se distinguem na poesia de Castro Alves: a feição lírico-amorosa, mesclada de forte sensualidade, e a feição social e humanitária, em que alcança momentos de fulgurante eloquência épica. Como poeta lírico, caracteriza-se pelo vigor da paixão, a intensidade com que exprime o amor, como desejo, frêmito, encantamento da alma e do corpo, superando o negaceio de Casimiro de Abreu, a esquivança de Álvares de Azevedo, o desespero acuado de Junqueira Freire. A grande e fecundante paixão por Eugênia Câmara percorreu-o como corrente elétrica, reorganizando-lhe a personalidade, inspirando alguns dos seus mais belos poemas de esperança, euforia, desespero, saudade. Outros amores e encantamentos constituem o ponto de partida igualmente concreto de outros poemas.


Enquanto poeta social, extremamente sensível às inspirações revolucionárias e liberais do século XIX, Castro Alves, na linhagem de Victor Hugo, um dos seus mestres, viveu com intensidade os grandes episódios históricos do seu tempo e foi, no Brasil, o anunciador da Abolição e da República, devotando-se apaixonadamente à causa abolicionista, o que lhe valeu a antonomásia de “Cantor dos escravos”. A sua poesia se aproxima da retórica, incorporando a ênfase oratória à sua magia. No seu tempo, mais do que hoje, o orador exprimia o gosto ambiente, cujas necessidades estéticas e espirituais se encontram na eloquência dos poetas. Em Castro Alves, a embriaguez verbal encontra o apogeu, dando à sua poesia poder excepcional de comunicabilidade.


Dele ressalta a figura do bardo que fulmina a escravidão e a injustiça, de cabeleira ao vento. A dialética da sua poesia implica menos a visão do escravo como realidade presente do que como episódio de um drama mais amplo e abstrato: o do próprio destino humano, presa dos desajustamentos da História. Encarna as tendências messiânicas do Romantismo e a utopia libertária do século. O negro, escravizado, misturado à vida cotidiana em posição de inferioridade, dificilmente se podia elevar a objeto estético, o que ele alcançou, no entanto, numerosas vezes. Surgiu primeiro à consciência literária como problema social, e o abolicionismo era visto apenas como sentimento humanitário pela maioria dos escritores que até então trataram desse tema. Só Castro Alves estenderia sobre o negro o manto redentor da poesia, tratando-o como herói, como ser integralmente humano.


 


Com seu lirismo exacerbado compôs poemas antológicos do romantismo brasileiro, mas não afastou-se jamais de sua veia libertária de onde emergiu o poeta social, o republicano, o abolicionista, o cantor dos escravos. Alguns poemas, como "O navio negreiro" e "Vozes d'África", obtiveram enorme sucesso popular quando declamados pelo poeta e se transformaram em verdadeiras bandeiras na luta contra a escravidão. O livro "Os escravos" foi publicado de forma independente pela primeira vez em 1883, doze anos após a morte do autor e reúne as composições antiescravagistas de Castro Alves, entre elas, os famosos poemas abolicionistas “O Navio Negreiro” e “Vozes d'África”.


Nos poemas de Os Escravos de Castro Alves, a poesia é suplantada pelo discurso político grandiloquente e até verborrágico. Para atingir o alvo e persuadir o leitor e, muito mais, o ouvinte, o poeta abusa de antíteses e hipérboles e apresenta uma sucessão vertiginosa de metáforas que procuram traduzir a mesma ideia. A poesia é feita para ser declamada e o exagero das imagens é intencional, deliberado, para reforçar a ideia do poema.


Ao longo de Os Escravos de Castro Alves e A Cachoeira de Paulo Afonso, Castro Alves vai apresentando ao leitor a vida do cativo, negro ou mestiço, sujeito à crueldade dos senhores, que arrancam os filhos dos braços das mães para os vender, estupram as mulheres, torturam e matam impunemente os “Homens simples, fortes, bravos…/ Hoje míseros escravos/ Sem ar, sem luz, sem razão…”


Afrânio Peixoto registra que esta obra deu a Castro Alves, então o maior poeta lírico e épico do Brasil pelos livros Espumas Flutuantes e Hinos do Equador, o "renome de nosso único poeta social", e também como "poeta dos escravos" e "poeta republicano", no dizer de Joaquim Nabuco, e ainda o "poeta nacional, se não mais, nacionalista, poeta social, humano e humanitario", no dizer de José Veríssimo.


Peixoto ressalta que a obra propaga a causa abolicionista. Registra que seus primeiros versos pela libertação dos cativos datam de 1863, quando contava somente dezesseis anos de idade; a maioria deles, contudo, é de dois anos mais tarde, 1865, quando são publicados, declamados e divulgados em todo o país, antecedendo autores como Tavares Bastos e dando o prenúncio da geração que traria a luta pela causa anti-escravidão como um dos ideais a ser perseguido e somente alcançado duas décadas depois.


Única peça de teatro escrita por Castro Alves, "Gonzaga ou A Revolução de Minas : drama historico brazileiro" foi encenada pela primeira vez na Bahia, no dia 7 de setembro de 1867, com estrondoso sucesso, sendo o poeta coroado e carregado nos ombros pelos admiradores até sua casa. O drama, carregado de patriotismo, recebeu elogios de José de Alencar e Machado de Assis e obteve consagração também em São Paulo, quando foi levado a cena, em outubro de 1868.


O Único livro publicado em vida do poeta, "Espumas flutuantes" teve grande e contínuo sucesso de público. Trata-se de uma coletânea de textos produzidos entre 1864 e o ano da publicação, na qual se encontram os vários tons da sua poesia: o intimista, o coloquial e o grandiloquente. Organizada paralelamente ao volume 'Os escravos', que o poeta não teve tempo de publicar, a coletânea não traz, por isso mesmo, os poemas abolicionistas que o consagraram.


Em “Ode ao Dois de Julho” (ou “Dous” de Julho, como grafado na versão original), Castro Alves faz uma espécie de poema épica em homenagem à Independência da Bahia, ocorrida em 2 de julho de 1823. Nessa data em questão, houve um conflito intenso entre as forças de Portugal e as do Brasil, resultando na expulsão dos europeus e na consolidação da Independência do Brasil.


Na primeira estrofe vemos uma descrição do campo de batalha, nos cerros da Bahia, com um anjo da morte costurando uma mortalha (um pano funerário) em Pirajá, onde aconteceu um dos conflitos decisivos. Nesse primeiro momento ainda resta a dúvida: qual dos dois gigantes vencerá, Brasil ou Portugal?


Em seguida, Castro Alves compara a batalha a um circo, como ao Coliseu, famoso pelas lutas de gladiadores. Entretanto, não era uma batalha de dois povos, mas uma batalha entre dois ideais: o passado e o futuro, a escravidão ou a liberdade. A batalha se estende até que a “branca estrela matutina” surge nos céus, marcando o início de novos tempos. E uma voz surge logo em seguida: a voz da Liberdade, que se estenderia às gerações futuras, honrando os soldados que perderam a vida lutando por essa causa.


https://www.academia.org.br/academicos/castro-alves/biografia#:~:text=Biografia&text=Castro%20Alves%20(Ant%C3%B4nio%20Frederico)%2C,escolha%20do%20fundador%20Valentim%20Magalh%C3%A3es.