maio 16, 2025

PALAVRA INEFÁVEL: O VERDADEIRO NOME DE DEUS - Guilherme Cândido CT


O primeiro “degrau” dos altos graus do Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA) constitui um corpo chamado de Lojas de Perfeição que outorga aos seus praticantes um total de 11 graus, do 4° ao 14°, conhecidos como Graus Inefáveis.

Pois bem, mas o que é inefável? 

Inefável é algo que não se consegue exprimir ou explicar com palavras devido à sua complexidade natural ou beleza estonteante.

Logo, é justo que concordemos que os graus da Maçonaria, não só os de Perfeição, mas também os simbólicos, são inefáveis, haja vista que são de tamanha complexidade e beleza que não se consegue explanar o seu significado a alguém que não tenha passado pelos seus cerimoniais de iniciação. 

Até mesmo entre os que passaram é difícil haver concordância, pois são viagens simbólicas e reflexivas que fazemos sozinhos e que consequentemente implicam em significados diversos e muitíssimo particulares a cada forasteiro que por elas se aventuram.

Estando claro o conceito de inefabilidade, é questão fundamental no estudo maçónico, e até mesmo nos estudos bíblicos e históricos, a existência ainda de algo muito famoso conhecido como inefável. 

É uma palavra: o nome de Deus.

Os hebreus referiam-se a Deus por diversos substantivos e adjectivos como:

• Adonai: Senhor;

• Ehyeh-AsherEhyeh: Eu Sou o que Sou;

• El Shaddai: O Todo Poderoso;

• Elohim: A Autoridade;

• Elyon: Altíssimo;

• Eloah: O Proeminente;

• El Roi: O Deus que vê e

• El Olam: Deus eterno, entre outros.

No entanto, todos eles sabiam como escrever o verdadeiro nome do Grande Arquitecto do Universo. 

Tratava-se de um tetragrama, ou seja, uma expressão de quatro letras ou sinais gráficos destinada a representar uma palavra, acrónimo, abreviatura ou sigla. 

Este tetragrama era: יהוה, composto portanto pelas letras hebraicas He Vav He Yod. 

Porém, como em hebraico se lê da direita para esquerda, a ordem correcta das letras fica da seguinte forma: Yod He Vav He. 

Em português este tetragrama poderia ser traduzido como: YHWH.

O hebraico é uma língua onde só se grafa as consoantes, para fazer a leitura é necessário ter aprendido a pronúncia correcta daquela palavra, encaixando o som de vogais entre as consoantes. 

Com isto, todos os hebreus sabiam escrever YHWH, mas só os escolhidos sabiam pronunciar esta palavra, que por consequência, tornou-se inefável, pela sua complexidade, beleza e ocultamento.

Por matemática simples, percebemos que encaixando três consoantes dentro do tetragrama “Y_H_W_H”, haveria nada mais nada menos do que 125 combinações diferentes para a pronúncia desta palavra sagrada.

A pronúncia correcta só era revelada ao Sumo Sacerdote e, em cerimonial específico no Templo, ao Rei de Israel quando da sua unção. 

Sumo Sacerdote era o nome dado ao mais alto posto religioso do antigo povo de Israel e posteriormente a época do exílio babilónico era também a mais alta autoridade política do país, por estar em tal posição era também o detentor da pronúncia da palavra, e a passava ao novo Rei na sua unção. 

Contudo, o primeiro a receber a palavra inefável foi Moisés, que a recebeu do próprio Grande Arquitecto do Universo. 

Acompanhemos o livro de Êxodo, Cap. 3 – Vers. de 1 a 20:

1. Moisés pastoreava o rebanho do seu sogro Jetro, que era sacerdote de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus.

2. Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, não era consumida pelo fogo.

3. “Que impressionante!”, pensou. “Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto.”

4. O Senhor viu que ele se aproximava para observar. E então, do meio da sarça Deus o chamou: “Moisés, Moisés!” “Eis-me aqui”, respondeu ele.

5. Então disse Deus: “Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa”.

6. Disse ainda: “Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó”. Então Moisés cobriu o rosto, pois teve medo de olhar para Deus.

7. Disse o Senhor: De facto tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egipto, tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo.

8. Por isso desci para livrá-los das mãos dos egíp­cios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde há leite e mel com fartura: a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus.

9. Pois agora o clamor dos israelitas chegou a mim, e tenho visto como os egípcios os oprimem.

10. Vá, pois, agora; eu o envio ao faraó para tirar do Egipto o meu povo, os israelitas.

11. Moisés, porém, respondeu a Deus: “Quem sou eu para apresentar-me ao faraó e tirar os israelitas do Egipto?”

12. Deus afirmou: “Eu estarei com você. Esta é a prova de que sou eu quem o envia: quan­do você tirar o povo do Egipto, vocês pres­tarão culto a Deus neste monte”.

13. Moisés perguntou: “Quando eu chegar diante dos israelitas e lhes disser: O Deus dos seus antepassados me enviou a vocês, e eles me perguntarem: “Qual é o nome dele?” Que lhes direi?”

14. Disse Deus a Moisés: “Eu Sou o que Sou (Ehyeh-AsherEhyeh). É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês”.

15. Disse também Deus a Moisés: Diga aos israelitas: O Senhor (Adonai), o Deus dos seus ante­passados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó, enviou-me a vocês. Esse é o meu nome para sempre, nome pelo qual serei lembrado de geração em geração.

16. Vá, reúna as autoridades de Israel e diga-lhes: O Senhor, o Deus dos seus antepas­sados, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, apareceu a mim e disse: Eu virei em auxílio de vocês; pois vi o que lhes tem sido feito no Egipto.

17. Prometi tirá-los da opressão do Egipto para a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus, terra onde há leite e mel com fartura.

18. As autoridades de Israel o atenderão. Depois você irá com elas ao rei do Egipto e lhe dirá: O Senhor, o Deus dos hebreus, veio ao nosso encontro. Agora, deixe-nos fazer uma caminhada de três dias, adentrando o deserto, para oferecermos sacrifícios ao Senhor, o nosso Deus.

19. Eu sei que o rei do Egipto não os deixará sair, a não ser que uma poderosa mão o force.

20. Por isso estenderei a minha mão e ferirei os egípcios com todas as maravilhas que realizarei no meio deles. Depois disso ele os deixará sair.”

Aqui, o Grande Arquitecto do Universo diz a Moisés que, se o questionarem, diga que Ehyeh-AsherEhyeh, ou seja, EU SOU O QUE SOU, ou simplesmente diga que EU SOU o enviou para libertar os hebreus do cativeiro Egípcio. 

Em seguida pede para também ser referido como Adonai, em português SENHOR. 

Mas em momento algum diz para Moisés o seu verdadeiro nome para que ele não o revele ao povo de Israel, e isso é explicado mais a frente após Moisés ter ido ao Egipto, falado com o Faraó e os hebreus terem sido maltratados, ainda no Livro de Êxodo, Cap. 6 – Vers. 1 – 8, onde o nome é revelado:

1. Então o Senhor disse a Moisés: “Agora você verá o que farei ao faraó: Por minha mão poderosa, ele os deixará ir; por minha mão poderosa, ele os expulsará do seu país”.

2. Disse Deus ainda a Moisés: Eu sou o Senhor.

3. Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus todo-poderoso (El Shaddai), mas pelo meu nome, YIHOWAH (JEHOVÁ), não me revelei a eles.

4. Depois estabeleci com eles a minha aliança para dar-lhes a terra de Canaã, terra onde viveram como estrangeiros.

5. E agora ouvi o lamento dos israelitas, a quem os egípcios mantêm escravos, e lembrei-me da minha aliança.

6. Por isso, diga aos israelitas: Eu sou o Senhor. Eu os livrarei do trabalho imposto pelos egípcios. Eu os libertarei da escravidão e os resgatarei com braço forte e com poderosos actos de juízo.

7. Eu os farei meu povo e serei o Deus de vocês. Então vocês saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus, que os livra do trabalho imposto pelos egípcios.

8. E os farei entrar na terra que, com mão levantada, jurei que daria a Abraão, a Isaque e a Jacó. Eu a darei a vocês como propriedade. Eu sou o Senhor.”

Eis aqui a palavra inefável, o verdadeiro nome de Deus revelado a Moisés, mas com uma suposta pronúncia, pois ninguém pode afirmar se era esta de facto, excepto os escolhidos para recebê-la que também não a revelaram, e com isto esta pronúncia acabou sendo a adoptada: JEHOVÁ (YIHOWAH), um nome tão cheio de complexidade e que denota as sabedoria e beleza supremas, que não pode ser pronunciado.





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