O primeiro “degrau” dos altos graus do Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA) constitui um corpo chamado de Lojas de Perfeição que outorga aos seus praticantes um total de 11 graus, do 4° ao 14°, conhecidos como Graus Inefáveis.
Pois bem, mas o que é inefável?
Inefável é algo que não se consegue exprimir ou explicar com palavras devido à sua complexidade natural ou beleza estonteante.
Logo, é justo que concordemos que os graus da Maçonaria, não só os de Perfeição, mas também os simbólicos, são inefáveis, haja vista que são de tamanha complexidade e beleza que não se consegue explanar o seu significado a alguém que não tenha passado pelos seus cerimoniais de iniciação.
Até mesmo entre os que passaram é difícil haver concordância, pois são viagens simbólicas e reflexivas que fazemos sozinhos e que consequentemente implicam em significados diversos e muitíssimo particulares a cada forasteiro que por elas se aventuram.
Estando claro o conceito de inefabilidade, é questão fundamental no estudo maçónico, e até mesmo nos estudos bíblicos e históricos, a existência ainda de algo muito famoso conhecido como inefável.
É uma palavra: o nome de Deus.
Os hebreus referiam-se a Deus por diversos substantivos e adjectivos como:
• Adonai: Senhor;
• Ehyeh-AsherEhyeh: Eu Sou o que Sou;
• El Shaddai: O Todo Poderoso;
• Elohim: A Autoridade;
• Elyon: Altíssimo;
• Eloah: O Proeminente;
• El Roi: O Deus que vê e
• El Olam: Deus eterno, entre outros.
No entanto, todos eles sabiam como escrever o verdadeiro nome do Grande Arquitecto do Universo.
Tratava-se de um tetragrama, ou seja, uma expressão de quatro letras ou sinais gráficos destinada a representar uma palavra, acrónimo, abreviatura ou sigla.
Este tetragrama era: יהוה, composto portanto pelas letras hebraicas He Vav He Yod.
Porém, como em hebraico se lê da direita para esquerda, a ordem correcta das letras fica da seguinte forma: Yod He Vav He.
Em português este tetragrama poderia ser traduzido como: YHWH.
O hebraico é uma língua onde só se grafa as consoantes, para fazer a leitura é necessário ter aprendido a pronúncia correcta daquela palavra, encaixando o som de vogais entre as consoantes.
Com isto, todos os hebreus sabiam escrever YHWH, mas só os escolhidos sabiam pronunciar esta palavra, que por consequência, tornou-se inefável, pela sua complexidade, beleza e ocultamento.
Por matemática simples, percebemos que encaixando três consoantes dentro do tetragrama “Y_H_W_H”, haveria nada mais nada menos do que 125 combinações diferentes para a pronúncia desta palavra sagrada.
A pronúncia correcta só era revelada ao Sumo Sacerdote e, em cerimonial específico no Templo, ao Rei de Israel quando da sua unção.
Sumo Sacerdote era o nome dado ao mais alto posto religioso do antigo povo de Israel e posteriormente a época do exílio babilónico era também a mais alta autoridade política do país, por estar em tal posição era também o detentor da pronúncia da palavra, e a passava ao novo Rei na sua unção.
Contudo, o primeiro a receber a palavra inefável foi Moisés, que a recebeu do próprio Grande Arquitecto do Universo.
Acompanhemos o livro de Êxodo, Cap. 3 – Vers. de 1 a 20:
1. Moisés pastoreava o rebanho do seu sogro Jetro, que era sacerdote de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus.
2. Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, não era consumida pelo fogo.
3. “Que impressionante!”, pensou. “Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto.”
4. O Senhor viu que ele se aproximava para observar. E então, do meio da sarça Deus o chamou: “Moisés, Moisés!” “Eis-me aqui”, respondeu ele.
5. Então disse Deus: “Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa”.
6. Disse ainda: “Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó”. Então Moisés cobriu o rosto, pois teve medo de olhar para Deus.
7. Disse o Senhor: De facto tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egipto, tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo.
8. Por isso desci para livrá-los das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde há leite e mel com fartura: a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus.
9. Pois agora o clamor dos israelitas chegou a mim, e tenho visto como os egípcios os oprimem.
10. Vá, pois, agora; eu o envio ao faraó para tirar do Egipto o meu povo, os israelitas.
11. Moisés, porém, respondeu a Deus: “Quem sou eu para apresentar-me ao faraó e tirar os israelitas do Egipto?”
12. Deus afirmou: “Eu estarei com você. Esta é a prova de que sou eu quem o envia: quando você tirar o povo do Egipto, vocês prestarão culto a Deus neste monte”.
13. Moisés perguntou: “Quando eu chegar diante dos israelitas e lhes disser: O Deus dos seus antepassados me enviou a vocês, e eles me perguntarem: “Qual é o nome dele?” Que lhes direi?”
14. Disse Deus a Moisés: “Eu Sou o que Sou (Ehyeh-AsherEhyeh). É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês”.
15. Disse também Deus a Moisés: Diga aos israelitas: O Senhor (Adonai), o Deus dos seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó, enviou-me a vocês. Esse é o meu nome para sempre, nome pelo qual serei lembrado de geração em geração.
16. Vá, reúna as autoridades de Israel e diga-lhes: O Senhor, o Deus dos seus antepassados, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, apareceu a mim e disse: Eu virei em auxílio de vocês; pois vi o que lhes tem sido feito no Egipto.
17. Prometi tirá-los da opressão do Egipto para a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus, terra onde há leite e mel com fartura.
18. As autoridades de Israel o atenderão. Depois você irá com elas ao rei do Egipto e lhe dirá: O Senhor, o Deus dos hebreus, veio ao nosso encontro. Agora, deixe-nos fazer uma caminhada de três dias, adentrando o deserto, para oferecermos sacrifícios ao Senhor, o nosso Deus.
19. Eu sei que o rei do Egipto não os deixará sair, a não ser que uma poderosa mão o force.
20. Por isso estenderei a minha mão e ferirei os egípcios com todas as maravilhas que realizarei no meio deles. Depois disso ele os deixará sair.”
Aqui, o Grande Arquitecto do Universo diz a Moisés que, se o questionarem, diga que Ehyeh-AsherEhyeh, ou seja, EU SOU O QUE SOU, ou simplesmente diga que EU SOU o enviou para libertar os hebreus do cativeiro Egípcio.
Em seguida pede para também ser referido como Adonai, em português SENHOR.
Mas em momento algum diz para Moisés o seu verdadeiro nome para que ele não o revele ao povo de Israel, e isso é explicado mais a frente após Moisés ter ido ao Egipto, falado com o Faraó e os hebreus terem sido maltratados, ainda no Livro de Êxodo, Cap. 6 – Vers. 1 – 8, onde o nome é revelado:
1. Então o Senhor disse a Moisés: “Agora você verá o que farei ao faraó: Por minha mão poderosa, ele os deixará ir; por minha mão poderosa, ele os expulsará do seu país”.
2. Disse Deus ainda a Moisés: Eu sou o Senhor.
3. Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus todo-poderoso (El Shaddai), mas pelo meu nome, YIHOWAH (JEHOVÁ), não me revelei a eles.
4. Depois estabeleci com eles a minha aliança para dar-lhes a terra de Canaã, terra onde viveram como estrangeiros.
5. E agora ouvi o lamento dos israelitas, a quem os egípcios mantêm escravos, e lembrei-me da minha aliança.
6. Por isso, diga aos israelitas: Eu sou o Senhor. Eu os livrarei do trabalho imposto pelos egípcios. Eu os libertarei da escravidão e os resgatarei com braço forte e com poderosos actos de juízo.
7. Eu os farei meu povo e serei o Deus de vocês. Então vocês saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus, que os livra do trabalho imposto pelos egípcios.
8. E os farei entrar na terra que, com mão levantada, jurei que daria a Abraão, a Isaque e a Jacó. Eu a darei a vocês como propriedade. Eu sou o Senhor.”
Eis aqui a palavra inefável, o verdadeiro nome de Deus revelado a Moisés, mas com uma suposta pronúncia, pois ninguém pode afirmar se era esta de facto, excepto os escolhidos para recebê-la que também não a revelaram, e com isto esta pronúncia acabou sendo a adoptada: JEHOVÁ (YIHOWAH), um nome tão cheio de complexidade e que denota as sabedoria e beleza supremas, que não pode ser pronunciado.
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