Enigmática e surpreendente, a Quinta da Regaleira bem que poderia se chamar "quinta do carioca" — pelo motivo que os amigos vão descobrir ao fim destas mal traçadas. Por ora, vamos dizer que este lugar tem um pezinho — e muito mais — no mistério. Relativamente nova, em um país com quase um milênio de história, a propriedade, que fica em Sintra, ganhou as formas atuais na virada entre os séculos 19 e 20. Tudo por conta dos gostos de seu antigo proprietário, António Augusto de Carvalho Monteiro (1848-1920). Ao lado do arquiteto italiano Luigi Manini, ele deu ares para lá de ecléticos à quinta. A gente anda por aqui e encontra gárgulas, figuras fantasiosas, grutas e fontes que dão ao visitante a impressão de estar em um reino encantado. Ou esotérico, a depender do ponto de vista e da preferência de cada um.
O palácio principal e as construções adjacentes misturam elementos com referência gótica, romântica, barroca e clássica. Dizem os locais que tudo se deve ao gosto de Carvalho Monteiro (apelidado de Monteiro dos Milhões, por motivos óbvios) por esses temas e crenças ocultas. Destaque especial é o profundo Poço Iniciático, uma fonte escavada a quase 30 metros de profundidade. Com aspecto medieval, o lugar é sombrio, coberto de musgo e lembra aquelas pinturas do Inferno de Dante. Com forte apelo imagético para instagramers e tiktokers, o buracão parece atrair mais gente do que a própria quinta.
O nome do lugar refere-se aos barões da Regaleira, antigos donos da propriedade, que tem quatro hectares de muito verde. Foram eles que a venderam ao empresário e finaltropo Carvalho Monteiro. Dono de cultura refinada, ele era jurista e amante da literatura e da histórica, com grande veneração pela trajetória de Portugal. No palácio, há um belo salão com imagens dos reis lusitanos e símbolos como a cruz de Cristo e a esfera armilar estão por toda parte. Já no finzinho da monarquia portuguesa, ele foi agraciado pelo rei D. Carlos I, em 1904, com o título de barão de Almeida. Agora, adivinhem onde António Augusto de Carvalho Monteiro nasceu? Isso mesmo — no Rio de Janeiro, de onde emigrou para a terra de seus pais
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