O texto abaixo refere-se ao Rotary Club, do qual fui associado por 40 anos, fundador e presidente de Clubes. Mas o alerta vale para qualquer entidade de voluntariado, e sem dúvida para a maçonaria.
Michael Winetzki
QUANDO A ENTRADA JÁ NÃO COMPENSA A SAÍDA: O ALERTA SILENCIOSO QUE MUITAS ORGANIZAÇÕES IGNORAM
Ao observarmos os dados frios de uma organização global de prestação de serviços, pode parecer que o número de associados simplesmente caiu cerca de 80 mil pessoas nos últimos 10 anos. Mas isso seria subestimar — e muito — a gravidade do problema.
Essa perda líquida oculta um fenômeno muito mais sério: a alta rotatividade que esconde uma crise de retenção profunda.
O que antes era mascarado por um volume alto de admissões anuais — sustentando os números totais perto de 1,2 milhão — hoje já não consegue mais compensar as saídas. A chamada “síndrome da porta giratória” se agravou: entram novos associados, mas saem ainda mais. A base está em erosão. E isso tem nome: colapso silencioso.
📉 O que dizem os dados globais?
Pesquisas recentes sobre o setor mostram que organizações sem fins lucrativos têm taxas médias de rotatividade entre 20% e 40% ao ano, dependendo da maturidade do modelo de engajamento. Segundo o relatório da plataforma Dataro (2024), reter é até sete vezes mais econômico do que recrutar novos membros.
No entanto, muitas entidades continuam apostando na entrada, ignorando que a retenção é o verdadeiro sinal de vitalidade institucional. Não é o número de pessoas que você atrai — é o número de pessoas que escolhem ficar.
🧱 O que leva tantos a irem embora?
A resposta raramente está em fatores externos. O que leva à evasão constante costuma estar dentro da própria estrutura:
▪︎ Ausência de escuta e participação real.
▪︎ Decisões centralizadas e pouco transparentes.
▪︎ Cultura interna que sufoca críticas e inovações.
▪︎ Comunicação institucional distante da realidade local.
▪︎ Custos administrativos em alta, sem contrapartida perceptível.
Enquanto isso, quem levanta alertas é frequentemente desacreditado. Questionar tornou-se motivo de afastamento. Críticas construtivas passaram a ser vistas como ameaça, não como oportunidade.
🚨 Quando a estabilidade engana
Organizações que mantêm o mesmo CEO por anos, mesmo diante de sinais evidentes de declínio, estão presas à lógica da autopreservação — não da missão.
Quando os indicadores vão mal, os custos sobem, a confiança cai e a liderança continua intacta, algo está profundamente desconectado. Se fosse uma empresa privada, mudanças já teriam sido feitas há muito tempo.
Mas em muitas ONGs, a cultura institucional prefere o conforto da estagnação à ousadia da renovação.
🔍 Uma pergunta que incomoda — e precisa ser feita:
Por que tantos entram... e poucos ficam?
Essa pergunta, se feita com seriedade, pode abrir caminhos para uma verdadeira transformação. Mas exige coragem para rever estruturas, dar voz à base e reconhecer erros. Exige colocar a missão acima das vaidades, os princípios acima dos cargos, e o impacto real acima das aparências.
✨ Ainda há tempo
O futuro das organizações de impacto não será determinado pelo tamanho de seus quadros, mas pela profundidade de seus vínculos.
Não é a quantidade de nomes em um banco de dados que transforma o mundo — é a qualidade dos relacionamentos, a força da confiança, e a verdade que se pratica internamente.
Antes que a porta giratória leve embora não só associados, mas a própria relevância institucional, é preciso ouvir.
É preciso mudar.
É preciso recomeçar — de dentro para fora.
fonte: Pessoas em ação # LigadosNasPessoasEmAção
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