O Dr. Frank Mayfield visitava o Instituto Tewksbury quando, ao sair, esbarrou por acaso em uma idosa funcionária da limpeza. Para quebrar o silêncio, perguntou: - Há quanto tempo a senhora trabalha aqui?
- Quase desde a abertura do lugar - respondeu ela.
- Então deve conhecer bem a história deste instituto.
- Não sei contar, mas posso lhe mostrar algo. - Ela o conduziu até o porão do prédio mais antigo e apontou para uma cela coberta de ferrugem:
- Foi aí que mantiveram Annie Sullivan.
Intrigado, Mayfield perguntou quem era Annie. A funcionária explicou que era uma menina considerada incorrigível, selvagem, incontrolável, impossível de lidar. Mordia, gritava, atirava comida. Médicos e enfermeiros não conseguiram sequer examiná-la.
A mulher então revelou: - Eu era apenas alguns anos mais nova que Annie. Sempre pensava "Que horror deve ser viver trancada ali dentro". Eu queria ajudá-la, mas se os doutores não conseguiam, o que eu poderia fazer?
Numa noite, depois do trabalho, decidiu assar alguns brownies. No dis seguinte, deixou-os no chão, diante da cela, e disse: - Annie, fiz isso especialmente para você. Se quiser, pode pegar.
Saiu rápido, com medo de que Annie os atirasse de volta. Mas não. A menina pegou e os comeu. A partir daí, tornou-se um pouco mais dócil com ela. Com o tempo, conversavam, até chegaram a rir juntas.
Uma enfermeira percebeu e contou ao médico. Logo pediram a jovem funcionária que ajudasse com Annie. Quando os médicos precisavam examina-la era a funcionária que entrava primeiro, acalmava a menina, explicava as coisas e segurava a sua mão. Assim, descobriram que Annie era quase cega.
Depois de um ano de progresso lento, Annie foi enviada ao Instituto Perkins para Cegos, onde aprendeu a ler, escrever e, mais tarde, tornou-se professora.
Anos depois, Annie voltou a Tewksbury como educadora. O diretor comentou com ela sobre uma carta que acabara de receber: um pai desesperado tinha uma filha cega, surda e considerada "louca". Não queria interna-la em um asilo. Perguntava se alguém poderia ajuda-la em casa.
Esse foi o início da história que uniu Annie Sullivan a Helen Keller, alguns, amiga e companheira por toda a vida.
Anos mais tarde, quando Helen Keller foi premiada com o Nobel da Paz, perguntaram-lhe quem mais havia influenciado sua vida. Ela respondeu:
- Annie Sullivan.
Mas Annie corrigiu: - Não Helen. A mulher que nos transformou a ambas foi uma humilde funcionária da limpeza que um dia ofereceu alguns brownies a uma menina esquecida numa cela.

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