outubro 01, 2025

MARIO BEHRING - VIDA E OBRA - Vitor Assunção

A história da Maçonaria brasileira é marcada por grandes nomes, mas poucos deixaram um legado tão profundo quanto Mário Marinho de Carvalho Behring. Nascido em 27 de janeiro de 1876, em Minas Gerais, Behring foi iniciado aos 22 anos na Loja “União Cosmopolita”, onde mais tarde se tornaria Venerável Mestre. Sua trajetória é um testemunho de dedicação à Ordem, à regularidade ritualística e à busca por alinhamento internaciona

Em 1907, Behring tornou-se Membro Efetivo do Supremo Conselho do Grau 33 para os Estados Unidos do Brasil, e entre 1920 e 1925, exerceu interinamente o cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil (GOB). Sua atuação nesse período foi marcada por uma visão reformista e estratégica, que culminaria em mudanças profundas na estrutura maçônica nacional.

Durante o Congresso Maçônico de Lausanne (1921), Behring percebeu que a Maçonaria brasileira estava desalinhada com os padrões internacionais. Defendeu, então, a separação administrativa entre os Graus Simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre) e os Altos Graus Filosóficos, argumentando que a mistura entre essas esferas comprometia a clareza e a regularidade dos rituais.

Em 1927, após conflitos internos e diante da concentração irregular de cargos no GOB, Behring rompe com a instituição e funda as Grandes Lojas Brasileiras, inspiradas no modelo das Grand Lodges americanas. Essa iniciativa deu origem ao sistema que hoje conhecemos como Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB), promovendo autonomia e regularidade às Lojas Simbólicas.

Behring não se limitou à esfera administrativa. Ele promoveu uma verdadeira revolução simbólica:

1) Padronização dos painéis de Loja, inspirados nos modelos europeus de John Harris.

2) Separação clara entre símbolos simbólicos e filosóficos, evitando confusões ritualísticas.

3) Mudança na cor oficial do REAA, substituindo o vermelho pelo azul nos graus simbólicos, em consonância com a tradição anglo-saxônica.

4) Adoção de elementos do Rito de York e do Ritual de Emulação, buscando clareza, didática e fidelidade aos Landmarks universais.

Behring estreitou relações com as Grand Lodges dos Estados Unidos, incorporando práticas que tornaram os rituais brasileiros mais reconhecíveis e respeitados internacionalmente. Essa aproximação consolidou o REAA como o rito mais praticado no Brasil, com estrutura clara e alinhada aos princípios universais da Maçonaria.

Mário Behring faleceu em 14 de junho de 1933, no exercício do cargo de Soberano Grande Comendador, sendo sucedido por Joaquim Moreira Sampaio.




















































                                                                      Painel da Loja










Encontrei durante a pesquisa diversos painéis, porém o painel que consta no nosso ritual é o que tem a escada. Mas, o outro painel tem elementos que podem contribuir com o nosso aprendizado. No painel consta todos os símbolos que deverão conhecer, aprender e o mais importante utilizá-los dentro da loja e praticá-los fora da loja.
























Explicando o painel da loja:




Régua de 24 polegadas: Representa a retidão e a disciplina. Ensina a dividir o tempo com sabedoria entre trabalho, repouso e reflexão.




Maço: Simboliza a força controlada, usada para moldar o caráter e eliminar imperfeições.




Cinzel: Representa a precisão e a sutileza, refinando os pensamentos e ações.


Essas ferramentas devem ser utilizadas em conjunto, promovendo equilíbrio entre força, disciplina e sensatez. Com elas, desbastamos a Pedra Bruta, símbolo do homem imperfeito em busca de aperfeiçoamento.




Esquadro, Nível e Plumo: Essas três ferramentas são emblemas fundamentais do ofício e da conduta moral. O esquadro representa a retidão nas ações, o nível simboliza a igualdade entre os irmãos, e o plumo evoca a verticalidade da justiça e da integridade. Juntas, orientam o comportamento do maçom dentro e fora da Loja.




Pedra Bruta: o homem ainda não instruído o qual é dominado pelas paixões. 




Pedra Polida: o homem instruído o qual dominou as paixões e venceu os preconceitos, mas deve continuar aprendendo.




Coluna B: A Coluna da Força – Coluna Dórica – Primeiro vigilante


A Coluna B é uma das duas colunas que adornavam a entrada do Templo de Salomão, ao lado da Coluna J. Representa a Força, um dos três pilares fundamentais da Maçonaria, ao lado da Sabedoria e da Beleza.


A Coluna B, à esquerda do Oriente, representa a Força. É o lugar reservado ao Aprendiz Maçom, que inicia sua jornada sustentado pela energia interior e pela firmeza de propósito. A letra “B” remete a Boaz, que significa “Nele está a força”. Em hebraico, Boaz (בעז) pode ser traduzido como “em força” ou “nele está a força”.




Coluna J: A Coluna da Beleza – Coluna Corintia – Segundo Vigilante 


A Coluna J é uma das duas colunas que ladeavam a entrada do Templo de Salomão, posicionada ao lado da Coluna B. Representa a Estabilidade, um dos princípios fundamentais que sustentam a estrutura simbólica da Maçonaria, ao lado da Força e da Sabedoria.


Localizada à direita do Oriente, a Coluna J é o lugar reservado ao Companheiro Maçom, que avança em sua jornada apoiado na firmeza do conhecimento e na solidez dos valores adquiridos. A letra “J” remete a Jakin (ou Jachin), nome que, segundo a tradição hebraica, significa “Ele estabelecerá” ou “Ele firmará”. Em hebraico, יָכִין (Yakhin) carrega o sentido de fundamento, estabilidade e permanência.




Coluna da Sabedoria – Coluna Jônica – Representada pelo VM


Ele conduz os trabalhos da Loja cuja missão é conduzir os irmãos com discernimento, respeito e amor.




Complementando a informação sobre as colunas:


Sabedoria - Rei Salomão, Venerável Mestre


Força – Rei de Tiro, 1º Vigilante


Beleza Hiram Abiff, 2º Vigilante


Essas colunas são inspiradas nas que adornavam o Templo de Salomão, conforme descrito na Bíblia (1 Reis 7:21).




Aos pés de cada coluna estão as joias correspondentes: Esquadro, Nível e Prumo.


Conforme explicado acima, essas colunas são os pilares da Maçonaria e dos maçons.




O Altar dos Juramentos, representado no painel, é o local sagrado onde repousa o Livro da Lei, símbolo da sabedoria divina e da autoridade moral. Sobre ele, encontram-se dispostos o Esquadro e o Compasso, instrumentos emblemáticos da Maçonaria. No Grau de Aprendiz, o Compasso aparece abaixo do Esquadro, o que simboliza que, neste estágio inicial, a matéria ainda domina o espírito, refletindo o processo de lapidação interior que o iniciado deve trilhar.


Juntos, o Esquadro e o Compasso formam o símbolo mais reconhecido da Maçonaria, expressando a busca pela harmonia entre o mundo físico e o espiritual, entre a razão e a fé, entre o homem e o divino. Essa união representa o ideal maçônico de equilíbrio e retidão moral.




Acima do Altar dos Juramentos, inicia-se a Escada de Jacó, que se eleva em direção ao céu. Esse símbolo é um poderoso arquétipo, representando a ascensão do homem por meio do conhecimento, da virtude e da prática dos princípios maçônicos. Cada degrau da escada corresponde a uma etapa de crescimento interior, conduzindo o iniciado em sua jornada pessoal — tanto dentro quanto fora da Maçonaria.


A famosa visão da Escada de Jacó aparece na Bíblia em Gênesis 28:10–19


“A Escada de Jacó é o caminho ascendente do espírito. Cada degrau representa uma virtude, e no topo, o heptagrama simboliza a plenitude da consciência.” — FREEMASON.COM.BR. Escada de Jacó: Simbolismo e Significado na Maçonaria.




Elementos Simbólicos que estão na escada:




Na base, centro e topo, aparecem três símbolos religiosos:


Na base - Cruz, Estrela de Davi e Meia Lua: Representam a fé e a diversidade espiritual, evocando o respeito às tradições religiosas universais.




No centro - Âncora: Símbolo da esperança, que sustenta o iniciado nos momentos de dúvida e provação.


A âncora como símbolo da esperança também aparece na Bíblia, em Hebreus 6:19:


“Temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura.




Braço estendido com cálice: Representa a caridade, virtude essencial que une o amor fraterno à ação concreta.




No topo, o Heptagrama (estrela de sete pontas) alguns pesquisadores citam que tem relação com o número sete. Ele no topo da escada representa o um objetivo final da jornada maçônica: superando os desafios e aprofundando o conhecimento — o iniciado alcança um estado de consciência mais elevado. 




Sol, Lua e Estrelas: Na Maçonaria, o Sol e a Lua não são apenas astros decorativos no Painel do Aprendiz — eles representam o ritmo simbólico dos trabalhos maçônicos quando relacionados, o Sol é o emblema do meio-dia, enquanto a Lua é o emblema da meia-noite. Esses dois momentos marcam, respectivamente, o início e o término simbólico dos trabalhos em Loja. 


Os trabalhos são abertos ao meio-dia, quando o Sol está em seu zênite e são encerrados à meia-noite, quando o Sol está no nadir.


As vinte e sete estrelas representam o universo e alguns textos complementam com a numerologia relacionada ao número nove.


Esse ciclo solar-lunar tem raízes profundas nas tradições antigas, especialmente na filosofia de Zoroastro (ou Zaratustra), o grande mestre persa dos Mistérios Antigos.




Pavimento Mosaico: simboliza os contrastes da existência humana. Representa também a diversidade entre os Irmãos Maçons, sendo cada quadrado um lembrete de que a vida é composta por opostos que coexistem e se complementam, em outras palavras, é quando duas ou mais coisas convivem, mesmo que sejam diferentes ou até opostas. Esse pavimento convida à reflexão sobre a dualidade presente em todas as coisas e à busca pela harmonia entre elas.


Obs.: Porém, o Pavimento mosaico não é exclusivo da Maçonaria — ele aparece em diversas igrejas católicas históricas, especialmente na Europa, incluindo catedrais em Londres como a de Westminster. Nessas construções, o pavimento tem raízes estéticas e simbólicas ligadas à arte sacra medieval, à geometria sagrada e à busca pela harmonia espiritual.


“O pavimento mosaico representa a dualidade da existência e a convivência dos opostos. É um convite à reflexão sobre a harmonia entre luz e sombra, razão e emoção, matéria e espírito.” — PROJETO MAYHEM. O Pavimento Mosaico e a Orla Dentada na Maçonaria.




Orla Dentada: possuem diversas interpretações simbólicas. Composta por triângulos pretos e brancos alternados, representa a diversidade e a fraternidade entre os Irmãos, refletindo a união que deve existir dentro da Loja. As cores contrastantes — preto e branco — reafirmam o princípio da diversidade harmoniosa que rege a Maçonaria.




Essa alternância cromática simboliza a convivência dos opostos, a complementaridade entre diferentes ideias, temperamentos e origens, unidos por um propósito comum: o aperfeiçoamento.




As Quatro Borlas: têm origem nos maçons operativos, que as utilizavam para marcar os quatro cantos de uma construção, garantindo alinhamento e precisão. No contexto especulativo, elas simbolizam as quatro virtudes cardeais: Prudência, Temperança, Justiça e Coragem conforme o nosso ritual.


Essas virtudes, sistematizadas por Platão e adotadas pela Igreja Católica, são consideradas fundamentos éticos que regulam a conduta humana. Na Maçonaria, as borlas posicionadas nos cantos do Painel representam o compromisso do Maçom.




Os próximos elementos não constam no painel, mas explicaremos para complementar os nossos ensinamentos.




A letra Delta (Δ), quarta do alfabeto grego, é tradicionalmente representada por um triângulo equilátero — figura geométrica que, por sua simetria e proporções exatas, tem sido historicamente associada à ideia de perfeição. No campo da simbologia, o triângulo equilátero transcende sua função matemática, assumindo significados metafísicos e espirituais em diversas culturas.


A recorrência do triângulo equilátero como símbolo sagrado evidencia sua função como arquétipo universal, capaz de condensar conceitos de harmonia, totalidade e transcendência. Assim, o Delta não é apenas uma letra ou uma figura geométrica, mas um signo que articula saberes religiosos, filosóficos e matemáticos em uma única forma.


Por essa razão, o Delta ocupa posição central e máxima dentro da simbologia de um Templo Maçônico, funcionando como representação do princípio superior — seja ele divino ou racional — que orienta o pensamento e a conduta dos iniciados.


“O Delta, representado pelo triângulo equilátero, é um arquétipo universal da perfeição. Sua simetria expressa a harmonia entre os princípios que regem o universo e a conduta do iniciado.” — AZEVEDO, José Castellani. História da Maçonaria, 2004.




As três janelas simbólicas - representação do percurso solar


O sol nasce no oriente, a meio-dia tem a sua plenitude (zênite) e se põe no ocidente.


Cada janela está associada a uma fase do dia e a um oficial da Loja:


Janela do Oriente: Recebe a luz da aurora, suave e inspiradora, que convida ao início dos trabalhos. Por isso, o Venerável Mestre ocupa o Oriente, como fonte de direção e sabedoria.


Janela do Meio-Dia (Sul): Permite a entrada da luz intensa do zênite solar, relacionada ao vigor e à plenitude. O Segundo Vigilante se posiciona nesse ponto, responsável por convocar os obreiros ao trabalho e à recreação.


Janela do Ocidente: Deixa entrar os últimos raios do sol poente, evocando recolhimento e encerramento. O Primeiro Vigilante, situado no Ocidente, conduz o fechamento dos trabalhos e a despedida dos obreiros.


Ausência de janela ao Norte


Não há janela ao Norte, pois o Sol não percorre essa direção. O Norte representa a que não recebe a luz do sol, onde se posicionam os Aprendizes, simbolizando o estado inicial e a necessidade de iluminação gradual.


“As três janelas representam o ciclo solar e a jornada do iniciado: da aurora ao zênite, e do zênite ao ocaso. Cada fase é conduzida por um oficial, refletindo o ritmo dos trabalhos e da vida.” — COLUNAS DE PIRATININGA. O Painel do Grau de Aprendiz.




Prancha de Traçar - posicionada junto ao Altar do Venerável Mestre, voltada para o Ocidente – é uma joia fixa da loja, nela contém o alfabeto maçônico destinado exclusivamente aos Mestres Maçons, pois está associada ao terceiro grau. Sua presença reforça o papel do Mestre em orientar os Aprendizes e Companheiros na jornada simbólica da lapidação interior.




As Romãs – A romã, por sua estrutura interna composta por numerosas sementes reunidas em um único fruto, constitui um poderoso símbolo da Família Maçônica Universal. Essa representação expressa a ideia de que, embora os maçons sejam diversos em origem, cultura e crença, estão integrados por vínculos de fraternidade. 


segundo a bíblia- Reis 7:18–20 


Versículo 18: “E fez romãs, e de fato duas fileiras ao redor de uma torção, para cobrir os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas; e assim fez com o outro capitel”.


Versículo 19–20: Detalham que os capitéis tinham forma arredondada, como cântaros ou tigelas, e eram decorados com duas fileiras de romãs, totalizando 400 romãs (200 em cada coluna), conforme também confirmado em 2 Crônicas 3:16 e Jeremias 52:23.




Portanto, é essencial conhecer e valorizar as origens, em respeito aos que trabalharam pela edificação da nossa Ordem. O painel é mais do que uma ilustração — é a representação viva da Loja, dos seus símbolos e instrumentos. Ferramentas que, outrora, serviam aos irmãos operativos na construção material, hoje foram ressignificadas pelos irmãos especulativos para a construção moral e espiritual. Seu objetivo principal permanece: transformar-nos em homens melhores. Conservar, melhorando.


































Referências




AZEVEDO, José Castellani. História da Maçonaria: das origens aos nossos dias. São Paulo: Madras Editora, 2004.




BÍBLIA SAGRADA. Livro de Reis, capítulo 6, versículos 1–38; Livro de Crônicas, capítulo 3, versículos 1–17.




FRATERNIDADE FARROUPILHA. A Forma da Loja. Disponível em: http://fraternidadefarroupilha.org/artigos/forma_loja.htm. Acesso em: 17 set. 2025.




FREEMASON.COM.BR. O Templo de Jerusalém e Sua Importância na Maçonaria. Disponível em: https://freemason.com.br/o-templo-de-jerusalem-e-sua-importancia-na-maconaria/. Acesso em: 17 set. 2025.




LORA, Rui Samarcos. Contemporaneidade dos Painéis Alegóricos Maçônicos: uma visão hebraica. Ciência e Maçonaria, 2019. Disponível em: http://www.cienciaemaconaria.

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