Na vida tudo passa, somente fica a fotografia, máxima dita a mim em ocasiões diversas por José Robson Gouveia Freire (1), evoca a efemeridade do tempo e o poder da memória. O pensamento de Dostoievski é um conceito filosófico e cultural amplamente explorado, que sugere a natureza duradoura e inalterável do que é genuíno, em contraste com a transitoriedade e a fraqueza da mentira e da falsidade, pois, somente a verdade permanece.
René Descartes, a seu tempo, buscava uma verdade indubitável através da razão, defendendo a adequação entre o pensamento e a realidade. Em contraste, pensadores como Karl Popper consideram que a verdade não é descoberta, mas inventada, sendo sempre provisória e passível de refutação. Nietzsche, por sua vez, via a verdade como uma interpretação, uma construção humana, e não uma realidade absoluta, já que, é sempre mediada por perspectivas individuais.
A maneira como cada pessoa capta os estímulos do ambiente através dos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) influencia sua experiência do mundo. Por exemplo, duas pessoas podem ver a mesma obra de arte e ter reações e impressões completamente diferentes, baseadas em seus gostos e vivências. O lugar e a época em que uma pessoa vive moldam suas crenças, valores e forma de interpretar o mundo. Por isso, o que é visto como verdade em uma cultura pode não ser em outra.
O conhecimento e a verdade podem ser considerados subjetivos, no sentido de que sua validade depende das crenças, sentimentos e gostos de cada indivíduo tornados visíveis pela linguagem que descreve. A linguagem não é apenas uma ferramenta de comunicação, mas também, uma maneira de estruturar nosso pensamento e nossa visão de mundo. Os conceitos e significados que utilizamos para descrever a realidade são socialmente construídos e influenciam como a entendemos.
Embora a perspectiva individual medie nossa experiência da realidade, isso não significa que não existam fatos ou leis externas e independentes de nossa vontade. A realidade objetiva inclui fatos e conceitos que existem independentemente de quem os observa, como as leis da física e da matemática. Na busca pelo conhecimento objetivo, especialmente nas ciências, a subjetividade é vista como uma contaminação ou desvio que precisa ser superado.
Enquanto a realidade objetiva pode existir, nossa percepção e compreensão dela são sempre subjetivas, ou seja, mediadas por nossas perspectivas e experiências individuais. A dimensão subjetiva do ser humano inclui suas crenças, emoções, desejos e perspectivas pessoais. É a partir dela que o indivíduo atribui significado ao mundo. A realidade subjetiva é o mundo interno de cada ser humano, no qual a realidade ganha significado pessoal e se torna uma experiência única para cada um.
A distinção entre objetividade e subjetividade é um ponto de partida para entender o conhecimento e a existência, e não uma tentativa de unificar os conceitos. A fenomenologia, por exemplo, não ignora a subjetividade, mas a investiga de forma rigorosa. Procura entender como as experiências subjetivas moldam a percepção da realidade, em vez de simplesmente descartá-las. Seu método central é a epoché pressupostos e crenças prévias para analisar a experiência pura e inteligível que se manifesta à consciência.
O filósofo Edmund Husserl, fundador da fenomenologia, propôs o método da redução fenomenológica para analisar essa experiência pura e inteligível, não se limitando a descrever o fenômeno percebido, mas busca a intuição das essências (ou eidética). Ao buscar as essências, ela estabelece uma base universal e objetiva para o conhecimento. A fenomenologia busca ir além do dualismo entre sujeito e objeto, mostrando que a consciência e o objeto de sua experiência estão intrinsecamente ligados pela intencionalidade.
A intencionalidade é essa propriedade fundamental da consciência de estar sempre direcionada a algo. A consciência é sempre "consciência de algo". Não existe uma consciência vazia. Perceber é sempre perceber algo; desejar é sempre desejar algo; lembrar é sempre lembrar de algo. A intencionalidade é o que preenche essa consciência com conteúdo. Um pedaço de madeira, por exemplo, pode ser visto como lenha, matéria-prima ou obra de arte, dependendo da intenção daquele que o experiencia.
Não há prioridade entre sujeito e objeto. Essa relação é uma correlação mútua. Sem a consciência intencional, o objeto não se manifesta como tal. Sem o objeto que a visa, a consciência não tem conteúdo. É a intencionalidade que transforma o fluxo de estímulos sensíveis em objetos e significados compreensíveis. A intencionalidade estabelece uma conexão essencial e dinâmica entre o sujeito e o objeto. A consciência não reflete passivamente o mundo, mas interage ativamente com ele.
Para o psicólogo Hermann Brentano, a intencionalidade é a característica distintiva dos fenômenos mentais, diferenciando-os dos fenômenos físicos. A palavra "intencionalidade" vem do verbo latino tendere, que significa "direcionar" ou "tender para". Você não apenas tem a experiência visual, mas a direciona para algo específico no mundo. É um processo subjetivo influenciado por fatores internos, é um conceito fundamental e amplamente aceito na psicologia e em outras ciências cognitivas.
Ao receber estímulos do ambiente por meio dos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar), o cérebro não os registra como uma cópia exata do mundo. Em vez disso, ele os codifica e transforma para construir uma representação interna da realidade. Essa representação é única para cada indivíduo, pois, é moldada por uma variedade de fatores internos. O conhecimento e as memórias acumuladas influenciam as expectativas e a interpretação de novas informações sensoriais, pois, na vida tudo passa, somente fica a fotografia perpetuando verdades.
(1) José Robson Gouveia Freire, Fundador e Diretor Bibliotecário da Academia Internacional de Maçons Imortais, na qual é Acadêmico Titular da Cadeira nº 39 – Patrono Grão Mestre José de Melo e Silva.

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