novembro 06, 2025

VITOR FRANKL- A Vida com significado

 



No campo da morte, deram-lhe um número: 119104.

Mas o que tentaram destruir tornou-se precisamente o que salvaria milhões.

1942. Viena.

Viktor Frankl tinha 37 anos — um psiquiatra respeitado, uma clínica em ascensão, um manuscrito quase completo e uma esposa, Tilly, cujo riso podia encher o mundo.

Ele tinha um visto para a América — um bilhete para a liberdade.

Mas os pais idosos não podiam ir.

Então ele ficou.

Meses depois, os nazis vieram.

Theresienstadt. Depois Auschwitz. Depois Dachau.

O manuscrito que ele passara anos a escrever, escondido no forro do casaco, foi arrancado poucas horas após a chegada.

A obra da sua vida. O seu propósito. Reduzido a cinzas.

As roupas tiradas. O cabelo raspado. O nome apagado.

No papel de registo, restou apenas um número: 119104.

Mas os guardas nunca entenderam isto:

Podes tirar tudo de um homem — o nome, os bens, a liberdade.

Mas não podes tirar o que ele sabe.

E Viktor Frankl sabia algo que mudaria a humanidade.

Ele percebeu um padrão terrível:

Nos campos, os homens não morriam apenas de fome ou doença.

Muitos morriam por desistir.

Quando um prisioneiro perdia o seu “porquê” — a razão para viver — o corpo seguia logo depois.

Os médicos chamavam-lhe “desistiritis”.

Mas os que mantinham um motivo — uma esposa a reencontrar, um filho a abraçar, um livro a terminar, uma promessa a cumprir — esses resistiam ao impossível.

A diferença não era força física.

Era significado.

Então Frankl começou uma experiência — não num laboratório, mas no inferno.

Aproximava-se dos homens à beira do desespero e perguntava:

“Quem te espera lá fora?”

“Que trabalho ficou por fazer?”

“O que dirias ao teu filho sobre sobreviver a isto?”

Ele não podia oferecer pão nem liberdade.

Mas oferecia algo que nem os guardas podiam confiscar: um motivo para ver o amanhã.

Um lembrou-se da filha — sobreviveu para a encontrar.

Outro do seu trabalho científico — sobreviveu para o concluir.

O próprio Frankl sobreviveu reconstruindo, mentalmente, o manuscrito perdido — linha por linha, noite após noite, na escuridão do quartel.

Abril de 1945. Libertação.

Pesava 38 quilos.

Tilly — morta.

A mãe — morta.

O irmão — morto.

Tudo o que amava, destruído.

Mas ele não se rendeu.

Em nove dias, reescreveu o manuscrito de memória.

Desta vez, com provas.

Provas vivas de que o ser humano pode resistir ao impensável — se tiver um porquê.

Nasceu a Logoterapia — a terapia através do significado.

Sua base:

 “Quem tem um porquê para viver pode suportar quase qualquer coisa.”

O livro foi publicado em 1946:

Em alemão, … trotzdem Ja zum Leben sagen —

em inglês, Man’s Search for Meaning.

Rejeitado no início. Chamado de mórbido.

Mas a verdade encontrou o seu caminho.

Os terapeutas leram e choraram.

Os prisioneiros leram e acreditaram.

Milhões encontraram nas suas páginas um novo motivo para viver.

Hoje, Em Busca de Sentido é um dos livros mais influentes da história.

Traduzido em mais de 50 idiomas.

Mais de 16 milhões de cópias vendidas.

Mas o seu verdadeiro impacto não se mede em números.

Está nas vidas que salvou em silêncio — pessoas à beira do abismo que, ao lerem Frankl, escolheram não desistir.

Porque ele provou o que os nazis tentaram negar:

Podem tirar-te tudo — família, liberdade, esperança.

Mas nunca a última das liberdades humanas:

 A liberdade de escolher o que tudo isso significa.

Viktor Frankl partiu, mas a sua voz permanece:

 “Quando já não somos capazes de mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos.”

“Tudo pode ser tirado de um homem, menos uma coisa — a última das liberdades humanas: escolher a atitude diante de qualquer circunstância.”

Deram-lhe um número.

A história deu-lhe eternidade.

Porque o homem que perdeu tudo ensinou ao mundo que o significado é a única coisa que ninguém jamais poderá roubar.

O prisioneiro 119104 não sobreviveu apenas — ele venceu a própria morte.

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