dezembro 28, 2025

A REVOLUÇÃO FRATERNA DA INTELECTUALIDADE MAÇÔNICA - Hélio P. Leite



 AS ACADEMIAS MAÇÔNICAS DE LETRAS COMO

 INSTRUMENTO DE PACIFICAÇÃO DA MAÇONARIA BRASILEIRA

       A Maçonaria brasileira, herdeira de uma tradição secular fundada nos princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, vive, em diferentes momentos de sua história, tensões internas, cisões administrativas e divergências interpretativas que fragilizam a convivência entre irmãos e enfraquecem a ação institucional da Ordem. Diante desse cenário, impõe-se refletir sobre instrumentos capazes de promover a pacificação, o diálogo e a reconstrução de pontes fraternas. Entre esses instrumentos, destacam-se as Academias Maçônicas de Letras, espaços vocacionados à cultura, ao pensamento e à elevação espiritual do maçom, que assim se faz o construtor social que nasceu pra ser.

       As Academias Maçônicas de Letras não se constituem como organismos de poder, nem competem com as estruturas jurisdicionais da Ordem, embora as ancore, com sua natureza essencialmente cultural, filosófica e literária. Exatamente por isso, estes egrégios silogeus encontram-se em posição privilegiada para atuar como ambientes neutros, onde irmãos de diferentes Potências, Ritos e tradições podem dialogar sem a pressão das disputas administrativas ou das vaidades institucionais. Neste sentido tornam-se verdadeiros templos do pensamento maçônico, nos quais a palavra substitui o confronto e a reflexão supera o sectarismo.

          A produção literária, histórica e filosófica desenvolvida nestas Arcádias favorece a redescoberta do que é essencial à Maçonaria: seus valores universais, seus símbolos fundadores e sua missão humanista. Ao estudar a história comum da Ordem, seus mitos, seus ritos e suas contribuições à sociedade brasileira, o maçom é convidado a se conectar com aquilo que o une aos seus irmãos, percebendo que isto é muito mais profundo e duradouro do que as diferenças que, por vezes, os separaram. A cultura, neste contexto, atua como sutil cimento da fraternidade, aplainado com a sublime régua da concórdia que o compartilhamento do saber fomenta. 

         Outro aspecto relevante é o caráter inclusivo destas Academias que, ao acolherem maçons experientes e jovens iniciados, estudiosos consagrados, e autores iniciantes, promovem a escuta intergeracional e o respeito à diversidade de pensamentos. Esse permanente exercício de alteridade intelectual espelha, em plano simbólico, a própria essência da Maçonaria como escola de aperfeiçoamento moral. Onde há escuta, há compreensão; onde há compreensão, abre-se o caminho para a pacificação dos eventuais conflitos; onde há amor incondicional, há um vasto e fértil campo onde as rosas da tradição e as tulipas do vanguardismo adornam este jardim de civilidade. 

         Além disso, estas Academias Maçônicas de Letras desempenham um papel pedagógico de largo alcance. Por meio de palestras, conferências, publicações,  eventos culturais etc., contribuem para a formação de uma consciência  maçônica madura, menos afeita ao personalismo e mais comprometida com o bem coletivo, efluindo o senso de pertencimento que faz exequível a coesão social que propõem, com suas raízes bem firmadas no saber, na ética e na memória institucional, o que enleva o orgulho de ser maçom e este dissipa erros, perfídias e obscurantismos, aurorescendo o equilíbrio, o discernimento e fraternidade como vetores essenciais da bem formada maçonaria.

         Sob este olhar, percebemos estas Eméritas Casas do Saber como alavancas, pois, demovem pensamentos, por vezes hostis; tornando mais loquaz a fala que convence sobre o que é justo e grandioso; retiram traves do olhar, para que um novo fito estabeleça que os melhores feitos e efeitos, não se impõem por decretos, mas se constroem pelo diálogo, pela cultura, mas, principalmente, pelo reconhecimento do outro como irmão. Trabalhando no campo das ideias, dos símbolos e da memória, elas erguem pontes onde antes havia muros, reafirmando que a Maçonaria só se cumpre plenamente quando caminha de mãos dadas com a diversidade, festejando a concórdia fraterna por onde passa e com quem estiver.

          Este é o animus do qual nasce todos os dias a Academia Internacional de Maçons Imortais –AIMI, em 31 de maio de 2024, pois, sua inventividade constante a renasce a cada novo ideal que viceja. Concebida de um projeto cultural amplo e agregador, denominado “Arquipélago Cultural Maçônico”, que tem por objetivo interligar cada silogeu maçônico (ilhas) convergindo-as ao propósito único de radicar a identidade social maçônica a partir da preservação da memória, do fortalecimento da cultura e da estimulação aos diversos veios literários que maçom acadêmico representa, independente das potências maçônicas que os abrigam. Esta simbiose de Arcádias, assumiria o papel de elo simbólico e cultural, capaz de transformar iniciativas isoladas em ações coletivas de mais vasto alcance e significação. Ancoradas, na literatura, na história, na arte e no pensamento maçônico, deixam de ser expressões fragmentadas para se tornarem conscienciosos vetores de inclusão, sinergia e empatia no seio da Maçonaria brasileira.

         Neste toar, a AIMI, e o seu projeto Arquipélago Cultural Maçônico, se lançam como um prisma de soluções ótimas aos paradigmas contemporâneos da Sublime Ordem, demonstrando que a formação da família universal, proposta pela Maçonaria desde sua ciese, não se realiza apenas no campo administrativo, mas, sobretudo, no terreno inefável da cultura, onde a palavra ilumina, o símbolo une e conhecimento fraterniza. Envolve a união da intelectualidade maçônica, em autoconvocação para em mobilização nacional encetar gestões e produzir através da escrita, da voz e de ações - artefatos literários que em suas letras dotem as autoridades maçônicas do modus operandi habilidoso que, não somente, emerja a conciliação nacional da Maçonaria Brasileira, mas, principalmente, que garantam gestões prósperas e felicidades, sob o lume: ordem e progresso, sempre! 



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