Lenda vs. Realidade Romana
🐺A famosa lenda da fundação de Roma, protagonizada pelos irmãos gêmeos Rômulo e Remo, é um dos mitos mais duradouros da História.
Contudo, historiadores e etimologistas oferecem uma perspectiva mais sóbria e fascinante sobre o conto da lupa que os amamentou.
O abandono dos recém-nascidos, embora brutal, é a parte da lenda que encontra forte respaldo nas práticas romanas. Na Roma Antiga, o destino de uma criança dependia da decisão do paterfamilias (o chefe da família).
Se o pai a levantasse do chão (um ato chamado sublatus), a criança era reconhecida e recebia todos os direitos de um cidadão romano.
Se o pai não a aceitasse, a criança era "exposta", ou seja, abandonada à própria sorte fora dos limites da cidade.
Este ato era comum para filhos indesejados, doentes ou de legitimidade duvidosa.
O elemento mais contestado pela historiografia é a amamentação por uma loba,muitos estudiosos de latim, incluindo aqueles focados em etimologia e história social, sugerem uma interpretação alternativa.
O termo latino lupa possui duplo sentido:
- Loba: O animal.
-Prostituta: Na gíria romana, era o termo comum para designar uma meretriz.
A versão mais aceita por historiadores é que Rômulo e Remo foram, na verdade, resgatados e criados por uma mulher (uma lupa de "duas pernas") que trabalhava em um lupanar (bordel).
A ideia de que os fundadores da grande Urbe (Roma) teriam sido criados por uma prostituta era socialmente inaceitável para a elite.
O que teria acontecido, segundo essa análise, foi uma habilidosa campanha de marketing político e social na Antiguidade.
A história foi romantizada para proteger a honra da cidade, transformando a "prostituta" em um nobre e selvagem animal, a loba capitolina .
A sociedade greco-romana tinha uma visão pragmática sobre a sexualidade, diferente da moralidade moderna,o sexo não era visto como "pecado" no sentido cristão, e os lupanares eram instituições legais.
A palavra lupanar (prostíbulo) deriva diretamente de lupa.
Existiam diversas categorias de trabalhadoras sexuais em Roma, com nomes específicos baseados em onde exerciam, seus preços ou serviços (ex: fornicatrix, meretrix, quadrantaria).
O próprio termo fornicar tem origem em fornices, os arcos sob os quais as prostitutas trabalhavam no Coliseu.
Os lupanares também serviam a clientes de todos os tipos e podiam incluir rapazes.
O mais importante não era o gênero do parceiro, mas sim o papel desempenhado na relação (ativo ou passivo).
A história dos gêmeos fundadores é um exemplo clássico de como a História oficial pode ser moldada e mitologizada para construir uma identidade nacional heroica.
Eles podem não ter sido filhos de uma loba, mas sim de uma engenhosa reescrita de marketing!
Fonte: #romaclassica #Romulus #lupanares

Nenhum comentário:
Postar um comentário