dezembro 17, 2025

ABÓBADA DO TEMPLO MAÇÔNICO – REAA – PARTE III - Pedro Juk



 ABÓBADA DO TEMPLO MAÇÔNICO – REAA – PARTE III

TEMPLO MAÇÔNICO – ABÓBADA

II.4 – ESTRELAS

ARCTURUS – Situada o mais próximo possível da linha do horizonte boreal a Norte – Nordeste. É também conhecida como Estrela Polar (ver plano to teto do Templo em anexo).

SPICA – Situada no zênite da abóbada em sua porção inicial do Ocidente, o mais próximo possível de uma linha imaginária que se projeta da entrada do Oriente do Templo e perpendicular ao zênite (ver plano do teto do Templo em anexo).


ALDEBARAN – Essa estrela está situada no Ocidente e próxima à constelação de Órion, mais precisamente no eixo longitudinal da abóbada (zênite), mais próxima ao meridiano do Meio-Dia em sua porção anterior ao meridiano citado observado a marcha aparente do Sol (ver plano do teto do Templo em anexo).

RÉGULUS – Situada no quadrante noroeste da abóbada, próxima a Lua e quase sobre a mesa ocupada pelo Primeiro Vigilante (ver plano do teto do Templo em anexo).

FOMALHAUT – Situada próxima à linha do horizonte austral, mais precisamente a Sul - Sudoeste da abóbada, próximo ao meridiano do Meio-Dia, aproximadamente a retaguarda do Segundo Vigilante (ver plano do teto do Templo em anexo).

ANTARES – Situada no Ocidente entre o horizonte austral e a linha do zênite, sudoeste da abóbada, aproximadamente a esquerda do Segundo Vigilante (ver plano do teto do Templo em anexo).

Atenção – Não se deve confundir a estrela Fomalhaut com a Estrela Flamejante, pois entre ambas, o significado é bastante distinto, já que a primeira é realmente uma estrela descrita pela astronomia e se encontra visível no firmamento, enquanto que a segunda, apesar de possuir um elevado significado simbólico, principalmente para o Grau de Companheiro, não tem qualquer relação astronômica, devendo, portanto ser considerada como símbolo especulativo de origem pitagórica, embora para ela, exista um lugar definido na abóbada, como se verá mais adiante.

As primeiras cinco estrelas (Arcturus, Spica, Aldebaran, Régulus e Fomalhaut) representam as cinco Dignidades de uma Loja (Três Luzes – Venerável Mestre, Primeiro e Segundo Vigilante - Orador e Secretário), já que três governam, cinco a compõe e sete ou mais a completam. A sexta estrela (Antares) representa um dos Oficiais imprescindíveis na Loja – o Cobridor Interno, a despeito dos outros cargos não menos importantes e dentre os quais o Mestre de Cerimônias imperativo no Rito em questão para o funcionamento de uma Loja simbólica escocesa, que em hipótese alguma, poderia trabalhar sem a presença de pelo menos esses Oficiais. Daí uma das determinações de que uma Loja só pode ser aberta na presença de sete Mestres, observados o preenchimento dos respectivos cargos necessários para esse fim.

Nota Importante – O Grande Oriente do Brasil, por força de dispositivo constitucional e regimental, atualmente considera sete as Dignidades e não cinco como preceitua a Maçonaria tradicional. Levando em conta os cargos eletivos, considera-os todos como Dignidades de uma Loja. Entretanto, apesar de que o correto seriam cinco e não sete, enquanto persistir a errônea determinação, há que se obedecer às leis que emanam da Constituição.

II.5 - A ESTRELA FLAMEJANTE

Como anteriormente comentado, essa estrela não tem qualquer significado astronômico, entretanto, ela não deve ser posicionada a esmo na abóbada, já que, se não possui significado astronômico, ao contrário, ela possui um profundo conteúdo simbólico, principalmente para o Grau de Companheiro, a despeito de que a própria senha de reconhecimento do referido Grau é diretamente relacionada a ela. De origem pitagórica, também denominada como Estrela Hominal ou Pentalfa, ela possui a característica de conter em seu centro a letra “G” correspondente a inicial da palavra “GEOMETRIA” ou “QUINTA CIÊNCIA” e deve ser sempre posicionada com apenas um ápice para cima, o que lhe dá o sentido da “teurgia” como Obra da Luz. Por esses aspectos e além de muitos outros inerentes ao Segundo Grau Maçônico, a Estrela Flamejante assume uma postura de Luz Intermediária, portanto, deve ser posicionada entre a Luz Ativa (Sol - Sabedoria) e a Luz Passiva ou Reflexa (Lua - Efeitos). Dessa forma, a mesma deve se posicionar no meridiano do Meio-Dia, sobre a mesa ocupada pelo Segundo Vigilante, mas um pouco à frente deste e, se possível, deve ser iluminada por uma luz cálida, todavia suave (ver plano do teto do Templo em anexo).

Esses são os elementos decorativos da Abóbada Celeste que representa o firmamento nos Templos Maçônicos, observado o Rito praticado. Todavia, não existe a obrigatoriedade de que o Templo possua uma abóbada tradicional, principalmente se considerado o dispêndio financeiro para a sua execução. Se não for possível a sua construção, é perfeitamente admissível um teto plano, desde que o mesmo seja obrigatoriamente pintado na cor azul celeste e nele contenha pelo menos o Sol, a Lua e a Estrela Flamejante, se observado as suas posições de acordo com o que preceitua as nossas normas e tradições.

Quanto às nuvens, estas são perfeitamente dispensáveis, pois são meros elementos decorativos, portanto, desprovidos de qualquer significado simbólico.

II.6 - AS ESTRELAS QUANTO A SUA FORMA, COR E TAMANHO.

a) QUANTO A SUA FORMA – Obedecem ao padrão universal de representação (cinco pontas).

b) QUANTO A SUA COR – Para a Maçonaria, não existe qualquer padrão definido nem diversificado.

Embora alguns ocultistas assim queiram determiná-las, correlacionando-as às suas interpretações, esse procedimento está em total desacordo e não encontra qualquer sustentação no basilar sentido racional da Sublime Instituição. Entretanto, o aconselhável, é que se determine uma cor mais próxima possível da realidade visível, o que nos leva a sugerir uma cor prateada que, além da sua discrição, obedece a um padrão estético de equilíbrio e bom gosto. Essa regra só não se aplica à Estrela Flamejante que, pela sua característica particular, deve diferenciar-se das demais. Embora a própria letra “G” já faça essa diferença, é interessante que a mesma possua uma cor diferenciada, pelo que sugerimos uma tonalidade de azul escuro, contrastando com o fundo azul celeste da abóbada, de modo que a letra “G” seja doirada.

c)     QUANTO AO SEU TAMANHO – Aqui existem algumas regras a serem observadas: Determinar o seu tamanho seria impossível, pois esta deve obedecer a uma proporção à área da abóbada, entretanto essa área só pode ser obtida quando se sabem as dimensões do Templo. Como medida paliativa, deve-se observar a regra pela qual o aspecto decorativo não assuma uma forma carregada e nem tão pouco, em oposição, se perca pelo seu tamanho por demais reduzidos. Resumindo: o decorador deve usar o bom senso do equilíbrio. Agora, o que deve sim existir, é uma diferenciação no tamanho quanto a sua representação, ou seja: as seis estrelas denominadas Arcturus, Spica, Aldebaran, Régulus Antares e Fomalhaut e também aquelas que representam os planetas – Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno (se for o caso) - devem ser maiores na proporção de dois para um, do que àquelas que formam as constelações de Órion, Híadas, Plêiades (excetuando-se a estrela central dessa constelação) e Ursa Maior.

Deve existir também uma diferenciação entre as seis estrelas (Arcturus, Spica, Aldebaran, Régulus Antares e Fomalhaut) e àquelas que representam os planetas; não em tamanho, mas no seu conteúdo de preenchimento. Essa diferenciação é obtida da seguinte forma: as estrelas que representam os planetas devem ter o interior do pentágono inscrito - formado pelos vértices internos da estrela – “vazado”, isto é, sem a cobertura da cor correspondente, aparecendo como fundo, o azul celeste da abóbada, fazendo com isso que essas estrelas tenham apenas as suas respectivas pontas cobertas pela cor que lhes é característica, aspecto esse que as diferenciará das demais, assumindo com isso, um caráter distinto quanto à finalidade da sua representação (ver a forma diferenciada no plano do teto do Templo em anexo).

Outra observação a ser feita, é quanto à estrela central da constelação Plêiades. Essa estrela deve ser um pouco maior do que as que a circundam, te tal forma, a diferenciá-la destas, todavia, deve-se tomar o cuidado de não torná-la demasiadamente grande, a ponto de ser comparada em tamanho com as estrelas isoladas (Arcturus, Aldebaran, Spica, etc.), bem como com as que representam os planetas.

Quanto a Estrela Flamejante e o seu tamanho, esta deve ser representada como a maior dentre todas as estrelas, de tal maneira à bem diferenciá-la de todas as outras, observado o cuidado de não se praticar o exagero.

O caráter proporcional deve ser também observado quanto às luminárias terrestres – o Sol e a Lua – principalmente relacionado-as ao tamanho da abóbada a ser decorada, aspecto esse que determinará em segunda instância a proporção no tamanho da estrela, se bem observada essa relação.

Nota ao Arquiteto ou Decorador – Para a execução do trabalho de decoração da abóbada, o mesmo deverá fazer uso do anexo incluso ao final dessa peça de arquitetura, devendo proceder da seguinte maneira: Em primeiro lugar deve-se observar que o respectivo desenho tem o seu ponto de vista de cima para baixo, portanto para a sua execução, este deve ser estendido no centro do Templo, sobre o eixo (equador), observando a sua correta orientação. Como segunda etapa, basta que o decorador faça a projeção mais aproximada possível e proporcional ao tamanho da abóbada, ou forro se for o caso, dos respectivos astros nele contidos. Qualquer dúvida, o zênite coincide com o equador do Templo em sua projeção vertical, além das próprias paredes, oriental, ocidental, norte e sul, também coincidirem com as respectivas linhas do horizonte, observado a característica dos limites de cada Templo no seu particular. Finalmente, alertamos que o referido desenho é apenas esquemático, portando não possui escala, pois sua finalidade tem apenas o caráter de orientação.

Apenas a título de sugestão, deve-se evitar a representação arcaica e medieval do Sol e da Lua assumindo feições humanas, estilizadas por expressões faciais compostas por olhos, nariz, boca, etc. Essa prática, além do mau gosto, acaba dando margem para que os especuladores e inventores de plantão acabem imaginando algum simbolismo nessas obscuras e fantasiosas representações.

III – CONCLUSÃO.

Finalizando, cabe observar a importância da exegese simbólica da Maçonaria e em particular ao Rito Escocês Antigo e Aceito, lembrando que a despeito das nossas tradições, usos e costumes, também é muito importante lembrar que a razão se sobrepõe as ilações fantásticas, na mesma proporção em que o Espírito se sobrepõe à matéria, levando o verdadeiro maçom à preferência pelo real ao aparente, quando a verdade e a ciência desmistificam a tradição inconcebível muitas vezes fundada nos velhos erros dos próprios sentidos humanos, perfectíveis, portanto, passíveis de erro.

Se a Abóbada Celeste conduz o Obreiro à enigmática observação do “Infinito” elevando o pensamento ao transcendental, é certo também que as noções de espaço, tempo, energia, matéria, dimensão e tantas outras, superaram as hipóteses do passado. Se na atualidade não se pode mais admitir a eternidade do Universo e o simples conceito do Infinito já não encontra guarita na ciência; quando a energia tende a esgotar-se e, com ela, o próprio ambiente que se nos apresenta, é incrível, mas verdadeira, a confirmação das velhas revelações iniciáticas estudadas pela tradição maçônica e expressadas pelas idéias que resultaram no conceito dual do Princípio e Fim, Alfa e Omega.



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