fevereiro 08, 2025

OS TRES TIPOS DE MAÇONS - Luiz Sérgio Castro


Sempre acreditei no conceito do número três e no poder do triângulo. Como consultor de gestão, especializado em tecnologia da informação, percebi inúmeras vezes a recorrência desse fenômeno, o que me leva a acreditar que não é mera coincidência. Por isso, muitas vezes analiso situações com base em "três": três razões para algo ocorrer, três estágios de crescimento (como os três graus maçônicos) ou três características que definem algo, como os tipos de franco-maçons. Ao longo da minha trajetória pela fraternidade, identifiquei três perfis distintos de Mestres Maçons: os anônimos, os amadores e os profissionais. 

 Maçons Anônimos 

Os maçons anônimos são aqueles que pagam regularmente suas obrigações financeiras à Loja, mas raramente, ou nunca, comparecem às reuniões. Suas ausências podem ser justificadas por limitações práticas, como morar longe, ou por desinteresse pessoal. Alguns ingressam na Maçonaria buscando o prestígio associado à instituição, esperando que isso beneficie suas carreiras, enquanto outros se filiam apenas para acessar outros corpos maçônicos, como o Santuário, e nunca mais participam das atividades. Esses irmãos são conhecidos pelo nome, mas não pelo rosto, e muitas vezes são apelidados de “Maçons MIA” (Desaparecidos em Ação). 

 Maçons Amadores 

Os maçons amadores, ou "descontraídos", mantêm uma relação intermitente com a fraternidade. Eles podem comparecer esporadicamente às reuniões, contribuir para uma causa maçônica ou se interessar por leituras sobre a Ordem. Apesar de gostarem de ser maçons, evitam compromissos mais profundos, como assumir cargos ou integrar comissões. Contudo, frequentemente são os primeiros a reclamar de questões como aumento de quotas ou problemas administrativos da Loja. Em vez de buscar soluções e assumir responsabilidades, preferem criticar de forma passiva, o que acaba por desestabilizar a harmonia. 

 Maçons Profissionais 

Os maçons profissionais são aqueles em quem a Loja pode confiar para liderar e solucionar problemas. Conhecem profundamente o funcionamento da Maçonaria e dedicam-se a orientar irmãos mais jovens e menos experientes, garantindo a continuidade e o fortalecimento da instituição. Eles não agem movidos pelo ego ou pelo desejo de controle, mas sim por altruísmo, acreditando no valor do trabalho em equipe e nos princípios da Maçonaria. Para eles, a fraternidade é mais importante do que a glória individual. 

A atuação dos maçons profissionais reflete o conceito da "Regra 80/20" ou "Princípio de Pareto", que afirma que 80% do trabalho é realizado por 20% dos membros. Na Maçonaria, a maior parte das responsabilidades recai sobre os profissionais, enquanto os anônimos e amadores desempenham papéis secundários. A ausência de maçons profissionais, portanto, coloca em risco o funcionamento da Loja. Outro perigo surge quando um maçom amador ascende ao Oriente, mais preocupado com os símbolos de prestígio, como o avental de Past Master, do que em contribuir para a Ordem. 

 Que tipo de maçom você é? 

A resposta a essa pergunta depende dos motivos que levaram você a ingressar na Maçonaria. Se a busca pela luz é genuína, você está no caminho certo para crescer como maçom. Caso contrário, corre o risco de se tornar um irmão amador ou anônimo, categorias que já estão em excesso nas Lojas. 

Mantenha a fé e busque sempre ser um verdadeiro maçom profissional, comprometido com o progresso da fraternidade

fevereiro 07, 2025

ARLS MONTE CARMELO 22 - Brasília




Uma agradável surpresa ocorreu na minha visita de ontem a ARLS Monte Carmelo n. 22, que funciona em um belo templo na Grande Loja Maçônica do Distrito Federal.

De repente me encontro frente a frente e abraço fortemente o irmão Luis de Jesus da Silva, que foi o meu "padrinho" quando de minha mudança de Campo Grande para Brasília há mais de 25 anos. Embora participemos dos mesmos grupos na internet não nos víamos há mais de dez anos.

Mudei-me para a capital federal para instalar o escritório central da empresa israelense que eu representava, mas paralelamente fazia palestras de motivação em empresas e instituições. Falei para batalhões de polícia e bombeiros em todo o Brasil e na época o Cel. Jesus comandava a PM de Cidade Ocidental, onde fui palestrar. Ao saber que eu havia transferido a residência e buscava uma Loja para me filiar, convidou-me para a ARLS José do Patrocínio 148 em Valparaíso de Goiás da qual era o VM. Não só fui para essa Loja como mais tarde fui residir em Valparaíso, onde Alice e eu vivemos uma época muito feliz.

Foi a primeira sessão desta Loja no ano e a última do Venerável Mestre Karyno Barbosa Costa que entrega o malhete na próxima sessão para o irmão Fábio Lincoln Lemos Lobo, que é participante assíduo de sessões virtuais e já tinha assistido várias palestras minhas. Além de um belo trabalho de aprendiz os irmãos relataram a excelente condução do VM em seu ano de gestão, inclusive o evento de 40 anos da Loja, cujo lema é A Loja fácil de amar.

Falei sobre a nossa Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras e fiz uma pequena apresentação sobre a Cabalá das letras. No salão de entrada montei a exposição itinerante de livros dos acadêmicos que despertou bastante interesse.

Ao final, como sempre, um farto e delicioso ágape fechou com chave de ouro esta sessão.

SINCERIDADE, O ELO MAIS BELO DA FRATERNIDADE - Bruno Bezerra de Macedo

 


A Sinceridade é o traço do caráter ou da personalidade de um indivíduo. Ela é uma virtude que se traduz em uma conduta franca, verdadeira e leal. Sinceridade é dizer o que você realmente pensa, mesmo sabendo que isso pode te prejudicar. Sinceridade é o substantivo feminino que significa a qualidade de uma pessoa sincera. É sinônimo de franqueza, lisura, lhaneza. Uma das definições de sinceridade indicam que é uma mistura de fraqueza e verdade.

Do latim sincerĭtas, sinceridade é o modo de se expressar sem mentiras nem fingimentos. O termo está associado à veracidade e à simplicidade. A Sinceridade é altruísta ao trazer junto de si a ideia de aprimorar e acrescentar. Isenta de fingimento ou hipocrisia; adornada de honestidade e franqueza, é evidente que essa qualidade promove bons relacionamentos com outros. A Sinceridade é uma virtude incontestável!

No Islã, a probidade da intenção e sua sinceridade são as duas coisas que enaltecem o ato terreno de um homem. A veracidade (Sinceridade) é o pilar do caráter da pessoa digna e o trampolim para sua virtuosidade, pois, “Deus recompensa os verazes, por sua veracidade, e castiga os hipócritas como Lhe apraz; ou então os absolve, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo” (Alcorão 33:24). Em suas relações sociais, com todas as pessoas, o muçulmano é bem-educado, cortês, nobre e caracterizado pelas atitudes que o Islã encoraja. 

Algumas dessas características são: não invejar os outros, cumprir suas promessas, modéstia, paciência, evitar calúnias e obscenidades, não interferir no que não é da sua conta, evitar a fofoca e lançar dúvidas, pois lhe é imputado: "retribui o mal com o bem, e eis, aquele entre o qual e vós houvesse inimizade, se tornará vosso sincero amigo" (Alcorão 41:34). A sinceridade implica o respeito da verdade (aquilo que se diz em conformidade com o que se pensa ou se sente). Quem é sincero, diz a verdade. 

No Sefer Torá (isto é, os Rolos de Torá), a primeira letra da palavra Tamim (integro – perfeito) é escrita com uma letra ‘extragrande’ no fim para enfatizar a importância da palavra. Tamim significa ser ‘inteiro’ no sentido de ser sincero, integro e ‘totalmente empenhado’ com D-us neste mundo. "O que é bom é o que Adonay exige: pratique a justiça (Mishpat), ame a graça (Chesed) e ande humildemente (Hatznea lechet) com o seu D-us" (Miquéias 6:8). Portanto, nos compete ser sinceros: "Tamim tiheié im Eloheichá Adonay" (Deuteronômio 18:13). A qualidade que consiste em exprimir-se com sinceridade conhece-se como honestidade. A pessoa honesta respeita a verdade e estabelece as suas relações sob este parâmetro moral.

A sinceridade é uma qualidade rara. Sim, rara, em especial em tempos em que: enganar, iludir, mentir, tirar proveito etc. é o que mais se tem em vivência. É certo que ser honesto, verdadeiro, sincero é um desafio, pois, requer uma dose extra de coragem, autenticidade, personalidade e, acima de tudo, caráter. E essas qualidades não são simples e nem fáceis de encontrar hoje em dia. No entanto, cumpre salientar que, "quem anda em sinceridade, anda seguro; mas o que perverte os seus caminhos ficará conhecido" (Provérbios 10:9).

No uso de sua mestria, Frederico Cesar Mafra Pereira, membro da Loja Maçônica Ordem E Progresso nº 133, do Grande Oriente do Brasil – Minas Gerais, esclarece que a Sinceridade é uma das três Portas pelas quais passa o Neófito, que, juntamente com a Porta da Coragem e a Porta da Perseverança, representam as três disposições necessárias à procura da Luz da Verdade, sendo o processo de Purificação necessário para livrá-lo dos preconceitos e prepará-lo para receber a Luz e buscar a Sabedoria.

A Sinceridade é notável atributo do Homem Virtuoso. Sincero é aquele que é franco, leal, verdadeiro, que não oculta, que não usa disfarces, malícias ou dissimulações. Assim sendo, "aproximemo-nos com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado da má consciência e lavado o corpo com água pura" (Hebreus 10:22), pois, a Sinceridade é o elo mais belo da Fraternidade.


Neste influxo, Joanna de Ângelis (FRANCO, Divaldo Pereira. Vida: Desafios e Soluções. Ed. Leal. 2002), afirma que a convivência social trabalha os sentimentos humanos, estimulando as aptidões para a arte, a cultura, a ação tecnológica, a ciência e a fé. A vida social, portanto, está ínsita no processo de evolução das criaturas, encarnadas ou não, já que ninguém consegue a realização espiritual seguindo a sós. Ninguém se deve afastar do convívio com o seu próximo. Ele é a oportunidade para se testar a tolerância e o amor; a gentileza e a fraternidade.

A busca da fraternidade tem sido ponto essencial de todas as escolas filosóficas religiosas e sua origem provém de vários caminhos:

✔️No Bramanismo no livro Mahabharata, 5,1517, encontramos a máxima: “Esta é a súmula do dever: Não faças nada a outrem que te causaria dor se fosse feito a ti.”

✔️ Também no Budismo, em Udanavarga 5,18, encontraremos a busca da fraternidade nas palavras: “Não ofendas os outros por formas que julgarias ofensivas a ti mesmo.”

✔️ Voltaremos a encontrar semelhante conselho no livro Analecto, 15,23, do Confucionismo: “Existe máxima pela qual devemos reger-nos durante toda nossa vida? Sem dúvida, é a máxima da bondade e do amor: Não faças aos outros o que não quererias que eles fizessem a ti”.

✔️ Encontraremos no Taoísmo outra sentença com força de lei moral: “considera o ganho do próximo como teu próprio ganho e a perda do próximo como tua própria perda.”

✔️ No livro Sunan, do Islamismo, encontraremos o ensinamento da Fraternidade: “Nenhum de vós será crente, enquanto não desejar para seu irmão o que deseja para si mesmo.”

✔️ No Talmude, Sabbat 31a, o Judaísmo nos ensina: “O que é odioso para ti não o faças ao teu próximo. Essa é toda a Lei; todo o resto é comentário.”

✔️ No Cristianismo, temos várias referências, mas entre elas temos a máxima: "Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a vocês." (Romanos 12:10). "Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão." (Provérbios 17:17)

A fraternidade consiste em sua essência em educarmo-nos, instruirmo-nos, corrigindo nossos defeitos, sendo tolerantes para com as crenças de cada um, respeitando os sãos princípios da moral e da razão, expressos, em sua maioria, nos rituais praticados em nosso dia a dia e nos artifícios legais que aprumam os passos da fraternidade, estabelecendo o caminho para o excelente convívio onde a felicidade e prosperidade reinam a bem da humanidade, sob a égide da sinceridade.





fevereiro 06, 2025

O MITO DE ADÃO E EVA



O mito de Adão e Eva, presente no livro de Gênesis da Bíblia Hebraica, é uma das narrativas fundacionais da tradição judaico-cristã e islâmica. Esse relato, amplamente interpretado ao longo da história, descreve a criação do primeiro homem, Adão, e da primeira mulher, Eva, por Deus, e os acontecimentos que resultaram na introdução do pecado e da mortalidade na condição humana.

No relato bíblico, Adão é criado diretamente por Deus a partir do pó da terra e, em seguida, é colocado no Jardim do Éden, um paraíso terreno. Lá, Deus permite que Adão viva em harmonia com a natureza, concedendo-lhe a responsabilidade de nomear os animais e de cuidar do jardim. No entanto, percebe-se que Adão está só, e Deus decide criar uma companhia para ele. Eva é criada a partir de uma costela de Adão, simbolizando sua conexão intrínseca. Ambos vivem em um estado de pureza, sem vergonha de sua nudez, e têm acesso a todas as árvores do jardim, exceto à Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, cujo fruto lhes é proibido comer.


O mito atinge seu ponto crítico quando a serpente, descrita como astuta, convence Eva a comer o fruto proibido, sugerindo que, ao fazê-lo, ela e Adão adquirirão sabedoria e se tornarão como deuses, capazes de discernir o bem e o mal. Eva come o fruto e, em seguida, o oferece a Adão, que também o consome. Imediatamente, ambos percebem sua nudez e sentem vergonha, simbolizando a perda da inocência. Ao desobedecerem à ordem divina, o casal provoca a ira de Deus, que os confronta e anuncia uma série de punições: a serpente é amaldiçoada a rastejar e comer pó; Eva e suas descendentes serão submetidas à dor no parto e à subordinação ao homem; e Adão será condenado a trabalhar arduamente para conseguir o sustento da terra, que agora produzirá espinhos e ervas daninhas. Além disso, ambos são expulsos do Éden, perdendo a imortalidade e sendo destinados à mortalidade e ao retorno ao pó.

O mito de Adão e Eva possui várias camadas de interpretação e influência. Na tradição cristã, ele é frequentemente relacionado à doutrina do "pecado original", que ensina que a desobediência de Adão e Eva resultou em uma mancha moral que afeta todos os seus descendentes. Esta doutrina foi amplamente desenvolvida pelos teólogos cristãos, especialmente por Santo Agostinho, que argumentou que a natureza pecaminosa da humanidade tem origem no ato de desobediência do primeiro casal. A doutrina do pecado original está na base da necessidade da redenção e salvação por meio de Jesus Cristo, na teologia cristã.

Já na tradição judaica, embora o pecado de Adão e Eva seja reconhecido, a ideia de pecado original não ocupa o mesmo papel central que na teologia cristã. Em vez disso, o foco se dá mais na capacidade humana de escolher entre o bem e o mal e na importância da obediência às leis divinas para manter uma relação adequada com Deus.

No Islã, Adão (em árabe, *Adam*) é considerado o primeiro profeta e, embora o mito tenha similaridades, o foco não recai sobre um conceito de pecado original que afeta toda a humanidade. Em vez disso, a narrativa islâmica vê o erro de Adão e Eva como um evento que teve consequências pessoais, mas que foi perdoado por Deus após o arrependimento do casal.

Em termos históricos, o mito de Adão e Eva pode ser analisado como parte de um conjunto de mitos de criação do Oriente Próximo, com elementos compartilhados com outras tradições culturais da região, como a Mesopotâmia. Comparações são frequentemente feitas com o "Enuma Elish", o épico da criação babilônico, ou o mito de Enki e Ninhursag, que também abordam temas de criação e queda. Esses paralelos sugerem que o mito bíblico pode ter sido influenciado por ou compartilhado tradições comuns às culturas circunvizinhas.

Do ponto de vista simbólico, o mito de Adão e Eva oferece uma explicação para várias questões fundamentais sobre a condição humana: a origem do mal, a mortalidade, a relação entre homem e mulher, e a tensão entre a liberdade e a obediência a Deus. O Jardim do Éden é frequentemente visto como um símbolo da perfeição e da harmonia perdidas, e a expulsão do Éden marca a separação entre o ser humano e a divindade, bem como a entrada do sofrimento no mundo.

Ao longo da história, o mito tem sido revisitado e reinterpretado por pensadores, filósofos e teólogos. No Renascimento, com o crescimento do interesse pelo humanismo e pela natureza humana, o mito de Adão e Eva foi reexaminado como uma reflexão sobre a liberdade humana e as consequências das escolhas morais. Nos tempos modernos, o mito tem sido discutido no contexto das relações de gênero, com críticos feministas apontando como a narrativa tem sido historicamente usada para justificar a subordinação das mulheres.

Em resumo, o mito de Adão e Eva é uma narrativa poderosa e multifacetada, com profundas implicações teológicas, filosóficas e culturais. Sua importância vai além do seu papel na Bíblia Hebraica, impactando diretamente o desenvolvimento das tradições religiosas ocidentais e moldando a maneira como a humanidade entende sua origem, moralidade e destino.

Fonte: Estudos Históricos Facebook 



fevereiro 05, 2025

ARLS JOSÉ DO PATROCÍNIO 148 - Valparaíso de Goiás



Foi emocionante retornar a Loja onde trabalhei por tantos anos e fui Venerável Mestre no período 2010/11.

Na noite de ontem, 4/2, estive na ARLS José do Patrocínio 148, de Valparaíso de Goiás, onde sob a presidência do Venerável Mestre Rogério Pereira da Cruz, proferi a palestra "A história da formação da Grande Loja Unida da Inglaterra e a sua participação na formação da moderna democracia".

Também ocorreu mais uma edição da Mostra Literária Itinerante Conjunta das Academias Maçônicas.

Contemporâneos da minha época na Loja são o próprio Venerável Mestre e os irmãos Edson Felix, Ronaldo Takey e Reginaldo. Para meu orgulho, o Delegado do GM para a 17a Região, irmão Wellington Jeremias, que compareceu a reunião apesar de estar de licença médica, é meu afilhado. Com iniciações marcadas para este mês, serão 20 irmãos do quadro.

Ao final, todos participaram de um delicioso ágape. Uma noite emocionante e inesquecível.


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AS "MÚSICAS" DE HOJE EM DIA


Dizem que Mozart, aos quatro anos, já tocava clavicórdio (não, isto não é inflamação na clavícula) com uma desenvoltura que faria qualquer adulto sentir-se um débil mental musical. Aparentemente, enquanto outras crianças dessa idade mal dominavam a arte de amarrar sapatos, ele já improvisava frases musicais que deixariam compositores profissionais mordendo o teclado. Aos seis anos, era um pequeno prodígio que lia partituras como quem lê rótulos de cereal no café da manhã — e, se você acha isso extraordinário, provavelmente nunca tentou ensinar uma criança a diferenciar "dó" de "sol".  

Por outro lado, Beethoven, 14 anos mais novo, era o típico adolescente que olhava para Mozart com uma mistura de admiração e inveja mal disfarçada. O jovem Ludwig não apenas interpretava as óperas do mestre em Bonn, como viajou a Viena para tentar aprender uns truques diretamente com ele — talvez esperando que, além de composições, Mozart lhe ensinasse como não enlouquecer ao lidar com nobres mal-humorados.  

Esses dois gênios moldaram a música universal, estabelecendo um padrão tão alto que, sinceramente, nos deixou com a impressão de que estamos em um declínio permanente. Hoje, trocaram as catedrais e os quartetos de cordas pelos pancadões e seus DJs com uma aptidão especial para apertar botões enquanto a plateia finge que aquilo é transcendental.  

E antes que você me acuse de purista — não sou. Amo blues, rock, jazz, country e até folk, aquele gênero que soa como se uma fogueira estivesse obrigatoriamente no fundo. Sou fã do ecletismo musical e acredito que a música deve ser democrática. Porém, meu problema não é com os ritmos em si, mas com o que considero o equivalente sonoro de fast food de esquina: um consumo massivo e desprovido de nutrientes culturais.  

O "funk", por exemplo. Não, não falo do funk de James Brown, aquele gênio que conseguia transformar até um tornozelo torcido em uma coreografia épica. Refiro-me ao nosso funk local, um exercício quase científico de como empobrecer a música e a linguagem ao mesmo tempo. Suas letras, uma ode à falta de decoro, parecem ter sido compostas por um mico-leão-dourado em sua fase rebelde, com rimas tão previsíveis que até um chimpanzé munido de uma caneta e um dicionário de gírias conseguiria fazer melhor. É pornografia rala disfarçada de cultura, um espetáculo de vulgaridade que sequer tem a decência de ser criativo.  

E aí estão as canções de "sofrência" e os "proibidões", que talvez tenham como objetivo principal ensinar às crianças que, sim, o vocabulário brasileiro ainda pode ser mutilado de formas inimagináveis. E por falar em crianças, já se perguntou o que elas estão ouvindo? Melhor: já tentou ouvir o mesmo sem sentir a necessidade de uma taça (ou garrafa) de vinho?  

A cultura de massa, com sua capacidade de nivelar por baixo, tem feito um trabalho assustador. A música — essa arte que expande a imaginação, emociona e desenvolve intelectos — foi sequestrada e, em troca, recebemos playlists que soam como trilhas sonoras de uma geração que perdeu a habilidade de se maravilhar.  

Talvez seja só um devaneio de alguém que pendurou a guitarra e ainda não teve coragem de aceitar que virou aquele tiozinho nostálgico que resmunga sobre “essas músicas de hoje em dia”. Mas, o fato é que, toda vez que penso em Viena, com seus quartetos de cordas ressoando em catedrais, ou nos campos do Mississipi, onde as guitarras choravam como se estivessem pagando promessas, não consigo evitar um certo suspiro. É como lembrar de um grande amor perdido: você sabe que o tempo passou, mas lá no fundo ainda quer aquele último tango. 

No fim das contas, talvez a única saída seja usar fones de ouvido como escudos e rezar para que, em algum momento, a próxima geração tropece acidentalmente em algo que não envolva batidas ensurdecedoras ou rimas dignas de um gerador automático de clichês.  

Quem sabe, com um pouco de sorte — e um milagre digno de intervenção divina —, não surge um novo Mozart por aí. Ou, na pior das hipóteses, alguém que ao menos consiga compor uma música sem rimar "amor" com "dor" como se fosse um mandamento sagrado do pop descartável.


A Toca do Lobo 🐺 (do Facebook)

fevereiro 04, 2025

ARLS HONRA E TRADIÇÃO 3873 - Brasília



Na noite de ontem, dia 3, coube-me a honra de visitar a ARLS Honra e Tradição 3873 do GO DF, onde proferi a palestra "Maçonaria de Isaac Newton a Internet" e também realizei no Templo sede do GO DF mais uma edição da Mostra Itinerante da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras.

A tradicional Loja trabalha no Rito de York e eu já a visitei há cerca de 10 anos. Também reencontrei o irmão Marcelo Gea, autor do convite, que eu havia visitado na Loja Águas Claras na mesma época.

A sessão foi muito bem conduzida pelo VM Francisco Guth, que informou que a Loja vai doar 18 cestas básicas em retribuição a palestra, que serão entregues a entidades de beneficência pelos jovens da APJ patrocinada pela Honra e Tradição.

Ao final os irmãos confraternizaram em um alegre ágape. 

fevereiro 03, 2025

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO - Rivadávia Rosa


Entre os antigos gregos – menciona-se uma conferência entre o deus Apolo e os Sábios da Grécia – todos decididos a ‘resolver definitivamente os problemas do mundo’:

‘Para ajudá-lo a remediar as aflições do mundo, certa vez Apolo convidou os Sete Sábios da Grécia: Tales, Sólon, Chilon, Cleobulo, Pítaco, Periandro e Bias.

TALES de Mileto – propôs que fosse aberta uma janela no peito dos homens, de modo que eles preferissem agir honestamente e a permitir que suas reais intenções fossem expostas.

SÓLON de Atenas optou pela redistribuição dos bens do mundo.  CHILON de Esparta achou melhor acabar com a prata e o ouro, como tentações para o mal.

CLEOBULO de Lindus considerou o ferro mais perigoso, porque era mais freqüentemente transformado em armas do que em arados.

PITACO de Mitilena propôs leis mais rigorosas para forçar os príncipes a tratar corretamente seus súditos.

PERIANDRO se opôs a isto, afirmando que aqueles que bajulavam os príncipes eram os culpados.

BIAS de Priena arriscou a sugestão de que o homem errava por ultrapassar os limites naturais estabelecidos por Deus. Se a comunicação fosse suspensa e um isolamento protetor fosse restaurado...

Uma proposição original veio do romano CATO: um segundo dilúvio, para purgar o mundo, livrando-o de todas as pessoas, exceto meninos de menos de doze anos, com a instituição de um novo método de procriação. As mulheres, pensava ele, deviam ser culpadas de tudo. Neste ponto, toda a assembléia se ajoelhou para orar pela preservação de todas as mulheres.

SÊNECA defendeu a ideia de que cada profissão deveria efetuar sua própria reforma.

Um impasse iminente foi evitado quando JACOPO MAZZONI, o secretário, lembrou que o próprio paciente deveria ser questionado e examinado. Isto encerrou subitamente a questão.

O paciente foi considerado tão cheio de corrupção que sua cura seria impossível. A assembleia decidiu esquecê-lo, abandonar a pesquisa, e cuidar de sua própria segurança.

Em proclamação geral, eles regulamentaram o preço do arenque, do repolho e da abóbora, além de recomendarem que os vendedores ambulantes de ervilhas e cerejas pretas aumentassem suas medidas.

Assim, todos ficaram satisfeitos, concluindo que os hábitos não naturais do homem, e que a maioria dos homens sentem-se felizes, não em viver bem, e sim em não viver muito mal. O ápice da sabedoria humana consiste em que o indivíduo seja suficientemente prudente para se contentar em deixar as coisas como estão.

RESUMO [Bíblico]: Nihil sub sole novum - "Não há nada de novo sob o Sol" – ECLESIASTES [“O que aconteceu de novo acontecerá; e o que se fez, de novo será feito; debaixo do Sol não há nenhuma novidade.”]


fevereiro 02, 2025

DEVANEIOS DE UM APRENDIZ - Roberto Ribeiro Reis


 Em homenagem ao aniversário do autor


Tão logo iniciado Florêncio,

Já aprendera que o silêncio

Integra a senda do Aprendiz;

Observando em sua coluna,

À espera da hora oportuna

Do verbo exultante e feliz.


Uma alma tão bem disposta

Que ante o saco de proposta

Tem aguçada imaginação;

Vê que as colunas gravadas

Têm histórias registradas

Por cada sábio e nobre Irmão.


Florêncio vive a experiência

De praticar a beneficência,

O que se faz no anonimato;

Agradecido pelo que recebe,

Já extasiado logo percebe

Que ele tem tudo e é grato!


O Neófito quer mais estudo,

Um quarto de hora, contudo

Seu coração já está em brasa;

Um fogo que clama pelo saber,

Em casa o ritual ele irá reler,

Fazendo o bom dever de casa.


Admirado com tanta harmonia,

Verifica que a Ordem do Dia

Traz pautas de importância;

O Aprendiz pensa em falar

A bem da Ordem, em particular,

Mas tímido contém sua ânsia.


A despeito de todos os anseios,

Florêncio com seus devaneios

Tem garbo e firmeza resoluta;

Ele busca emigrar do norte,

Ir para o Sul será a sua sorte,

Conquanto lapide a pedra bruta

NOSSAS PÁGINAS - Newton Agrella


Simbolicamente falando,   cada um de nós é um livro.

De um modo ou de outro, somos personagens de um bem maior que nos foi concedido, chamado vida.

E nesse livro da vida escrevemos quase que instintivamente, todas as nossas ações, pensamentos e sentimentos todos os dias.

É bem verdade que os capítulos são dotados dos mais variados tópicos.

Alguns descrevem histórias edificantes, outros bem inglórias, que nem valem a pena registrar e deixar por conta do destino para que desapareçam.

Fato é, que somos um livro que traz um título somente nosso, e cujo conteúdo se constrói a partir de referências de outros tantos livros que encontramos no curso de nossas páginas.

Sabe-se lá, se cada livro será republicado e digno de edições complementares.

O merecimento cabe ao Editor Chefe, guardião e observador dos episódios que vamos escrevendo. 

Isso tudo se aplica, tanto quando somos o real protagonista, ou mesmo quando nos ocultamos atrás de nossas fraquezas e optamos por participar como meros espectadores de nossa história.

A linha editorial de cada um de nós reserva-nos direitos autorais para que possamos optar por mais pontos de exclamação, de interrogação, de vírgulas e de pontos finais, conforme o rítmo que imprimimos à nossa jornada.

Ora somos um livro descritivo que exibe todos os nossos feitos e sensações, ora somos um livro narrativo, cuja finalidade é basicamente deixar registrado o legado que deixamos.

Somos um Prefácio que se apresenta ao mundo quando nasce, uma História que se condensa como produto de nossa existência e finalmente um Epílogo, cujo capítulo derradeiro deixamos por conta do acaso,  cabendo a decisão ao Grande Editor Chefe, o verdadeiro leitor de cada um de nós

A proposta por enquanto, é manter a contracapa entreabert

MAÇONARIA, RELIGIÃO - Adilson Zotovici


Paremos com o achismo

Na Sublime Instituição

Qual exprime fanatismo

Sem substância ou razão


Dizem alguns que niilismo

E exacerbada visão

O que traduz egoísmo

E que conduz à confusão


Persistente mecanismo

De insistente obsessão

Mas impertinente lirismo


Fantasia, incompreensão,

Afirmação...que “sofismo”,

Que maçonaria é religião !



TRILOGIA - Adilson Zotovici


*A  LIBERDADE*


Para alguns é insanidade

A muitos outros é desplante

Arrebatar a faculdade

Que ao ser probo, terminante


Livre arbítrio é necessidade

Qual a *_Fé_*, ar vivificante,

Que se questiona a validade

Viver-se sem, não obstante


Em sua essência a verdade

Dura, qual raro diamante

Pura,  cabal a humanidade


A ignomínia é flagrante

Fazer uso da “ *_liberdade_*”

Para oprimir o semelhante  


*A  IGUALDADE*


Viemos dum mesmo jeito

Com *_Esperança_* vamos um dia

Trazendo desnudo peito

Levando  mala vazia


Por Grande Arquiteto eleito

À Sublime Confraria

Ao labor justo e perfeito

Ser dum igual, par e guia


O caminho pois, estreito

Pra seguir com soberbia

Com descaso, preconceito


Posses, castas, etnia...

Ficam à margem do conceito

De  “*_Igualdade_*” ...que alogia !


*A   FRATERNIDADE*


Mãos dadas, perfeita união

Em torno dum comum labor

Dita o sentimento, a razão

Como pregou o Criador


Se *_Caridade_*, exaltação,

Solidariedade, penhor...

Advindos do coração,

Descortina o real valor


Assistir a qualquer irmão

Sem humilhar e sem impor

Com as mãos, o verbo,o pão...


Obra Divina do Senhor

Que se erige a elevação

“*_Fraternidade_*”... é amor ! 


  

AS LIÇÕES DA ARCA DE NOÉ - Michael Winetzki