março 02, 2025

A RESPONSABILIDADE COMO FUNDAMENTO DA IGUALDADE - Bruno Bezerra de Macedo


 

Nicoló di Bernadi dei Machiavelli (2) ou, simplesmente, Nicolau Maquiavel, afirma haver três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis. Vanguardista contumaz, a maçonaria conduz o Homem-Maçom a conhecer-se a si mesmo e, conhecendo-se, desta maneira tão intima, passa empreender as necessárias moções para progredir e evoluir continuamente. E assim preceitua sob a égide do Templo de Delphos, que desde tempos imemoriais instrui aos vitoriosos: CONHEÇA-TE A TI MESMO E CONHECERÁS O UNIVERSO E OS DEUSES E SE O QUE BUSCAS NÃO ACHARES PRIMEIRO EM TI NÃO O ENCONTRARÁS EM LUGAR ALGUM. Cumpre lembrar que o Templo de Delphos, inicialmente fora dedicado à Nike (ou Nice), deusa grega da vitória, da força e da velocidade, representada por uma mulher alada, tendo sobre a cabeça uma coroa de louros. No entanto, ora figura dedicado a Apolo, deus da música, da poesia, das artes, da profecia, da medicina e do Sol. Símbolo da juventude e da beleza.

O legado de Delphos é claro reflexo do princípio hermético da correspondência (3) que preceitua: tudo o que está em cima é como o que está embaixo. Este princípio entende que há padrões que se repetem nas mais diversas escalas e nos mais diversos planos da existência, desde os planos materiais até os energéticos e espirituais. O átomo possui uma configuração semelhante à de um sistema planetário, que por sua vez possui uma configuração semelhante à de uma galáxia. Tal saber ratifica a certeza de que somente é vitorioso aquele que domina a si mesmo, pois, do contrário como pode este intentar vencer o mundo. Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor, conforme instrui o Mestre Jesus e Pedro (4) eterniza a lição em seu Evangelho (2 Pedro 1:5-7).

Conhecendo a si mesmo, Thomas Hobbes (5) diz-nos que o homem é o lobo do homem. Esta afirmação consiste em uma metáfora que indica que o homem é capaz de grandes atrocidades e barbaridades contra elementos da sua própria espécie. Estabelecendo-se com salutar paradigma para a humanidade, protagonizando a harmonia que deve haver entre os homens, a Maçonaria concita o homem-maçom a submeter sua vontade, vencer suas paixões e fazer progressos em si e no meio social no qual interage a partir do amor que aperfeiçoa os costumes, que imputa tolerância, igualdade e respeito a autoridade e fé de cada um, pois, o Homem-Maçom é o lobo do homem profano, pois, suplanta, em sua fidalguia, os ímpetos grotescos deste ser não iniciado.

Iluminado pelos Augustos Mistérios da Maçonaria, Jean-Jaques Rousseau (6), criou o que conhecemos como Contrato Social, ou seja, um acordo que regula a convivência das pessoas em sociedade de maneira organizada através de um Estado que protege os direitos e a liberdade dos seus membros. As teorias sobre o contrato social se difundiram entre os séculos XVI e XVIII como forma de explicar ou postular a origem legítima dos governos e, portanto, das obrigações políticas dos governados ou súditos. Reconheço a relevância dos feitos e efeitos das vidas de Thomas Hobbes (1651), John Locke (1689) e Jean-Jacques Rousseau (1762), que são os mais famosos filósofos do contratualismo e eméritos expoentes maçônicos. Contrato social (ou contratualismo) indica uma classe de teorias que tentam explicar os caminhos que levam as pessoas a formarem Estados e/ou manterem a ordem social. Essa noção de contrato traz implícito que as pessoas abrem mãos de certos direitos para um governo ou outra autoridade a fim de obter as vantagens da ordem social. Nesse contexto, o contrato social seria um acordo entre os membros da sociedade, pelo qual reconhecem a autoridade, igualmente sobre todos, de um conjunto de regras, de um regime político ou de um governante.

O Contrato Social não imputa aos cidadãos firmar de modo material este acordo, mas, que o aceitam tacitamente. Portanto, assumem que se submetem a determinadas leis a cumprir, uma vez que valorizam o benefício oferecido em troca deste modelo de convivência. A partir desta perspectiva, o homem perde sua liberdade de natureza, mas, ganha o livre arbítrio da sociedade civil. Neste contrato social existem regras que ajudam os indivíduos a distinguirem o certo do errado, ou seja, a partir desta perspectiva se cobra o significado de justiça. Neste estado social surgem novas regras que não estão presentes no estado de natureza. Ao viver em sociedade cada cidadão não pode focar exclusivamente nos seus próprios interesses, uma vez que existem aspectos comuns a todos. O conceito contrato social é amplamente utilizado no campo da filosofia política que estuda a convivência social.

As normas do contrato social devem ser uma extensão dos direitos da própria lei natural. O contrato social pretende impulsionar a igualdade comum contra outras formas de poder, como o direito do mais forte contra o mais fraco. Este contrato social permite analisar a sociedade como uma conexão direta entre o todo e as partes, mais uma vez, o Princípio Hermético da Correspondência laureia o labor do Construtor Social. O Contrato Social permeia a existência do homem desde sempre realizando seu intento de disciplinar suas as ações e harmonizar seu convívio social, vejam:

✔️Na família: te ajeita menino que o costume de casa vai a praça.

✔️No condomínio no qual moramos: no regimento interno

✔️Nas igrejas: nos dogmas

✔️Nos clubes sociais: no estatuto social, regimento interno etc.

✔️Na Pátria que nos abriga: no ordenamento jurídico que harmoniza e disciplina a vida do cidadão.

✔️Na Maçonaria: landmarks e no Estatuto Social (onde contam: a constituição, o regulamento geral, o código penal, o código eleitoral e as importantíssimas disposições gerais. E, principalmente, os rituais onde as sábias palavras dos diáconos ajudam ao Homem-Maçom a conduzir-se como dele é esperado.

Tudo isto é excelso labor do prestimoso compasso que limita as ações com o fito de garantir o aprazível e harmonioso convívio do homem com seus pares, ao passo que o magnífico esquadro afere a retidão dos feitos do homem por onde este passa e com quem este convive dentro das cercanias traçadas pelo compasso.  Apresentadas, pois, as bases sobre as quais viceja a Responsabilidade Civil conceituá-la devemos. Entende-se por responsabilidade civil a obrigação de uma pessoa em reparar o dano causado à outra, seja por conta dos seus próprios atos e sob sua responsabilidade ou de pessoas dependentes. Este dano pode ser reparado por meio de uma indenização financeira. O caráter da responsabilidade civil é estreitamente preventivo, de maneira que diante desse conhecimento a realização de determinados atos ou comportamentos negligentes terão consequências sobre o próprio patrimônio, assim como os membros de uma sociedade vão abster-se de causar prejuízos a terceiros. Este conceito parte de uma base ética fundamental para a vida em sociedade. Para que o ser humano possa viver em perfeita harmonia com os demais, precisa da garantia que ninguém deve ser objeto de prejuízo de forma injusta e arbitrária, mas em caso de não ser, esta garantia deve ressarci-lo por isso.

Destaco que a responsabilidade civil e a responsabilidade penal possuem objetivos bem diferentes. No caso da responsabilidade civil o que se pretende é reparar o dano que uma pessoa possa ter sofrido diante de um ato cometido; enquanto a responsabilidade penal tem uma finalidade punitiva – pretende castigar ou sancionar a pessoa que cometeu algum ato contra o ordenamento jurídico – mas também ressocializadora por tratar de reinserir na sociedade alguém que tenha vulnerado a lei, mas ao mesmo tempo tenha cumprida sua pena. Assim, a responsabilidade civil costuma ser concretizada pelo pagamento de determinado valor para compensar o dano; enquanto a responsabilidade penal, mesmo que tenha uma sanção econômica, é traduzida como uma pena de privação de liberdade. Neste ínterim, resta ao Homem Maçom responsabilizar-se em:

- Praticar a moral e a compreender seus deveres, nunca se convertendo em estúpido, ateu ou irreligioso libertino.

- Manter conduta digna e honesta na Maçonaria e fora dela, respeitando os ditames da justiça e da solidariedade humana, amante de sua família, constituindo-se em exemplo de honestidade e honradez.

- Ser bom, leal, probo, honrado, independentemente de sua crença, raça ou convicções.

- Ser pessoa pacífica, submeter-se às leis do País onde estiver, adotando comportamento digno na comunidade onde vive, revelando-se como exemplo de civilidade, educação, gentileza e boa convivência

- Educar seus filhos, oferecendo-lhes bons exemplos de honestidade e disposição para o trabalho, além de prover escola de qualidade na medida de suas posses.

- Usar as redes sociais com moderação e extremo cuidado.

- Colaborar com as autoridades públicas nas ações que visem a melhoria da qualidade de vida do povo.

- Respeitar e preservar os bens públicos.

Em Suma: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere - viver honestamente, não lesar a outrem, dar a cada um o que é seu - como preceitua Eneo Domitius Ulpianus (7), o fundamentador basilar do Direito Civil pelo Mundo afora.

Referências:

(2) MACHIAVELLI, Nicoló di Bernadi dei. O Príncipe.

(3) GALVÃO, Lucia Helena. Para entender o Caibalion.

(4) PEDRO, Simão. II Epístola.

(5) HOBBES, Thomas. O Leviatã

(6)ROUSSEAU, Jean-Jaques. Do Contrato Social.

(7)ULPIANUS, Eneo Domitius. Digesto.

SEGUE MESTRE...GRATOS - Adilson Zotovivi



Segue Mestre a caminhada

Esculpindo tua escultura

Com denodo essa jornada

Bem sei tua propositura


Sem entraves, sem mais nada

Com o avental na cintura

Como tal, qual em cruzada

Com Arte Real postura


Acima até da tua alçada

Em verdade cumprindo a jura

Superas idade avançada


Com eutimia a cultura

Na Academia focada

A nós e à geração futura !


março 01, 2025

ARLS REINTEGRAÇÃO E CONCORDIA 57 - Goiânia


Há mais de uma década sou membro honorário desta Loja, ARBBLS Reintegração e Concórdia 57, da GLEG, que frequentei inúmeras vezes quando Alice e eu tivemos um SPA em Goiânia, o SPA Paraíso da Alice instalado numa maravilhosa chácara.

Retornar a Loja foi um momento emocionante. Conheci o atual Venerável Mestre, o irmão Leonardo Diego de Oliveira desde quando era aprendiz, e ansioso por aprender maçonaria ligava fazendo perguntas.

O irmão Divino Freitas, um extraordinário maçom, orador do quadro, que tem o privilégio de ter iniciado seu filho e seu neto na Loja, é um amigo de mais de 20 anos, em cuja casa Alice e eu ficamos hospedados algumas vezes. Na data de ontem o casal Freitas e Tilica completava 49 anos de exemplar casamento.

Fui recebido com festa pelos irmãos mais antigos, e pelo próprio VM, como se fosse um filho pródigo retornando. Apresentei a versão completa da palestra "Maçonaria, de Isaac Newton à Internet" e no saguão instalei a mostra itinerante de livros.

Foi a última palestra desta movimentada semana, em agenda organizada pelo irmão José Mariano, presidente da Academia Goiana Maçônica de Letras, um confrade ativo e diligente, com o qual a Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, que presido, tem orgulho em estabelecer parcerias.

Uma noite gloriosa e inesquecível.




A LIBERDADE DE PENSAMENTO - Izautonio Machado_



Filosoficamente falando, a liberdade implica ausência de submissão, ou seja, o sujeito livre possui autonomia de vontade, pode fazer escolhas de forma espontânea e de acordo com a sua própria consciência.

Se o sujeito possui amarras psicológicas que o oprimem e o impedem de agir conforme sua própria vontade, esse alguém não é livre de verdade, por mais que possa ter o direito de ir e vir.

Tais amarras psicológicas podem ser as mais variadas, como por exemplo aquelas ligadas ao fanatismo religioso e ao condicionamento cultural.

Da liberdade de consciência surge o conceito de livre-arbítrio, em que o sujeito decide com base em seu nível de moralidade e ética.

Ora, se o sujeito não possui opinião própria, certamente vai emprestar de alguém. O que se espera de um homem livre é que ele tenha suas próprias ideias e as exponha quando necessário, no pleno exercício de seu direito de expressão.

O direito de expressão, não obstante, deve sempre ser delimitado por parâmetros legais e éticos. 

O homem livre não se permite ser manipulado por quem quer seja. Ele jamais se submete a servir de massa de manobra para interesses alheios. Ele possui senso crítico, se questiona, analisa e raciocina.

É inegável que alguns homens, por possuírem bom senso, influenciam outros com suas opiniões e ideias. Essa influência é boa quando conquistada por mérito, de forma espontânea, nunca imposta ou exigida. Além disso, só é positiva quando induz no sentido do Bem.

fevereiro 28, 2025

ARLS ESTRELA DE GOIAS 49 - Goiânia


Encerrando as comemorações dos cinquenta anos da ARBBLS Estrela de Goiás 49, fui convidado a fazer a palestra "Maçonaria de Isaac Newton a Internet", por indicação da Academia Goiana Maçônica de Letras, através de seu presidente, o confrade José Mariano.

Ressalto que em todas as palestras desta semana, agendadas pela Academia, uma comitiva de irmãos sempre acompanhou o presidente José Mariano. Destaco os irmãos Guilherme Freire e Petronilho Alves, ambos deputados estaduais do GOB Goiás e o irmão Fabiano, que esteve presente em todos os eventos.

Fui calorosamente recebido pelo jovem e querido Venerável Mestre, irmão Ricardo Cavalcante Cortes e pelo quadro, uma vez que já a  havia visitado muitas vezes a Loja que funciona no Condomínio Arte Real, anexo a sede da Grande Loja. No saguão de entrada coloquei a mostra itinerante de livros dos acadêmicos da AMVBL.

A palestra gerou inúmeros comentários e elogios e na opinião dos irmãos fechou com chave de ouro as festividades do cinquentenário. Foi uma honra para mim.


O DEVER, CAMINHO PARA A REALIZAÇÃO - Rui Bandeira





Os maçons falam muito de Dever. É natural. O aperfeiçoamento individual a que se dedicam implica, inevitavelmente, que identifiquem o que têm a corrigir e definam como fazer a correção, isto é, o que se deve fazer para melhorar.

O caminho do maçom não é uma avenida de direitos, é uma vereda de deveres a cumprir. Mais: um conjunto de deveres que o maçom escolhe cumprir.

Na ética maçónica, em primeiro lugar vem a obrigação, o cumprimento dos deveres – só depois se atenta nos direitos. Porque o caminho é este, não há constrangimentos nem vergonhas na reclamação ou no exercício dos direitos, porque se interiorizou que estes são o reverso correspondente aos deveres que se cumprem. Assim, o cumprimento do dever é preâmbulo do exercício do direito – nunca o oposto.

Esta postura, que é o oposto do facilitismo e do hedonismo tão propalados por certos media comumente referidos de cor-de-rosa, que insidiosamente vão influenciando as mentes mais frágeis ou menos avisadas, é, no entanto, a mais consistente com as caraterísticas da espécie humana – as caraterísticas que nos permitiram evoluir, descer das árvores, deixar de ser meros caçadores-recoletores, nos possibilitaram aprender a produzir o que necessitamos para consumir e até mais do que aquilo que necessitamos, enfim, o que nos fez chegar, como espécie, ao estádio atual (no melhor e no pior…) e nos fará, creio-o firmemente, evoluir sempre mais e mais.

Ao contrário do que se possa levemente pensar, desde a mais tenra infância que o bicho-homem valoriza mais o que deve fazer, o que esforçadamente conquista, o que trabalhosamente obtém, do que aquilo que recebe sem esforço, fonte porventura de prazer imediato, mas arbusto sem raiz sólida para segurar o interesse por muito tempo. Todos aqueles que educam crianças verificam que, ao contrário do que as próprias julgam, elas não apreciam tanto assim – e, no fundo, temem – a liberdade total, a possibilidade de fazerem o que querem, quando querem, como querem. Se isso lhes for temporariamente possibilitado, poderão extasiar-se perante a ausência de limites, mas não tarda muito que procurem o aconchego, a segurança, a certeza das fronteiras, dos limites, das restrições – contra as quais tanto refilam, mas que tão securizantes são. Afinal de contas, quando não há limites, como se pode transgredir? Como se pode forçar barreira inexistente para ir além dela? E o crescimento, a evolução humana, da criança como da espécie, é feito de transgressões, de ultrapassagens de barreiras, de partidas para o incerto apenas possíveis porque se sabe que, se e quando necessário, se pode recuar e voltar para o certo e seguro…

O dever é, pois, essencial para a espécie humana. Para o cumprir e, por vezes, para o transgredir, aceitando os riscos e as consequências, mas também buscando o além para lá do horizonte…

Os direitos possibilitam-nos satisfação e conforto, mas são redutores, limitadores, meras pausas agradáveis, obviamente necessárias, mas afinal fatores de simples manutenção, não de conquista ou avanço. Os direitos gozam-se e, ao gozarem-se, fica-se – não se vai, nem se avança. É no cumprimento do dever, com o esforço e o custo que isso necessariamente implica, que se avança, se conquista, se constrói, se vai além.

Gozar os direitos é obviamente bom e agradável. Mas, bem vistas as coisas, cumprir os deveres, ainda que tal implicando trabalho, custo, esforço, é melhor. Porque no fim do cumprimento do dever acaba por estar sempre um prémio. Por vezes de simples, mas saborosa, satisfação. Outras vezes com vitórias, com prazeres, com ganhos que não se teria se se tivesse mantido no simples gozo dos direitos que já se tinha, sem mais nada fazer. A áurea mediocridade pode ter brilho – mas não deixa de continuar a ser mediocridade…

Os maçons falam muito do Dever, dão atenção aos seus deveres, cumprem os seus deveres. Não por serem masoquistas. Pelo contrário: por entenderem que é assim que conseguem realizar-se. E a realização pessoal é mais do que meio caminho andado para a felicidade…

Publicado no Blog “A partir pedra” em 6 de Novembro de 2013 https://www.freemason.pt/o-dever-caminho-para-a-realizacao/

fevereiro 27, 2025

ARBBLS ORDEM E PROGRESSO 1196 - Goiânia


 A Loja Maçônica Ordem e Progresso 1196 do GOB GO é um das mais antigas de Goiás, fundada em 1946, e também uma das maiores do Estado. Tenho uma longa relação com a Loja, já tendo participado de outros eventos e na noite desta quarta feira, atendendo a agenda organizada pela Academia Goiana Maçônica de Letras, retornei para proferir a palestra "Maçonaria, de Isaac Newton à Internet'.

Logo na entrada reencontro irmãos e amigos como Carlito e Carlos Roberto Martins. Recebo forte abraço do irmão Abel Tolentino. E outros tantos que conheci durante o período que pertenci aos quadros da Grande Loja Maçônica de Goiás. O Venerável Mestre Paulo Cesar da Silva conduziu a sessão com rigor ritualístico.

A palestra, embora reduzida pelo adiantado da hora, recebeu diversas manifestações elogiosas e como sempre acontece em Goiânia, o encerramento se deu com um excelente ágape.

HIRAM ABIFF E O CULTO SOLAR - João Anatalino Rodrigues



Os cultos solares


Como todos os maçons sabem, a sua Arte, embora encontre os seus fundamentos organizacionais entre os pedreiros medievais, mais propriamente na estrutura das corporações dos chamados pedreiros livres (chamados masons pelos ingleses e maçons pelos franceses), têm, na sua filosofia e princípios fundamentais, um pé firmemente fincado na estrutura do antigo reino de Israel. Tanto isso é verdade que encontraremos no catecismo dos graus superiores da Maçonaria uma verdadeira profusão de temas e ensinamentos inspirados no Velho Testamento. Isto é interessante, porquanto, sendo a Maçonaria ocidental uma instituição tipicamente cristã, é bastante estranho que sejam, primordialmente, os temas da Bíblia hebraica a inspirar a liturgia desenvolvida nos graus superiores da Maçonaria e não a teologia dos Evangelhos cristãos. Esta é, sem dúvida, uma das razões que fazem católicos e evangélicos, especialmente aqueles menos informados, desconfiarem da Maçonaria e levantarem contra os maçons as mais estúpidas e ridículas acusações.

A verdade é a que a doutrina maçónica – se assim podemos chamar os preceitos cultuados pelos maçons estão muito mais fundamentados em fontes hebraicas do que cristãs. E no que toca à influência cristã que aparece em alguns dos graus (especialmente o 18- O Cavaleiro da Rosa-Cruz), ela tem um parentesco mais próximo com o gnosticismo do que com o cristianismo ortodoxo, propriamente dito.

Como sabemos, o cristianismo ortodoxo, seguido tanto pelos católicos quanto pelos evangélicos, é uma criação do apóstolo Paulo de Tarso. Não fosse ele a doutrina pregada por Jesus jamais teria saído dos estreitos limites do território de Israel e não se teria tornado uma crença mundial. E foi o apóstolo Paulo que transformou Jesus, o Messias cristão, (um herói tipicamente da cultura israelita) no Cristo grego, um arquétipo de caráter universal, cultuado por praticamente todos os povos antigos.

A tradição de um herói sacrificado, no entanto, que dá a sua vida pela salvação do povo, não é específica da cultura de Israel, mas sim um tema existente em praticamente todas as culturas antigas. É, na verdade, uma inspiração derivada das antigas religiões solares, na qual o sol, sendo aquele que permite a existência da vida, por efeito da energia que ele prodigaliza, é o “herói que morre todas as noites”, e ressuscita pela manhã, energizando a terra para que ela produza os seus frutos.


Daí os povos antigos desenvolverem o culto ao sol, fazendo desta crença uma verdadeira religião, criando ritos de fertilização como os praticados no Egipto, com os Mistérios de Ísis e os praticados pelos gregos, com os Mistérios de Elêusis, o persas com os Mistérios de Mitra, os hindus com os Mistérios de Indra, etc.


O mito do herói sacrificado


Todo Maçom que tenha sido elevado ao mestrado na Arte Real já fez a sua marcha ritual em volta do esquife do Mestre Hiram Abiff. A alegoria da morte de Hiram é uma clara alusão ao mito do sacrificado. Ele está conectado, de um lado ao simbolismo da ressurreição e de outro lado ao mito solar. Pois nas antigas religiões solares, como vimos, o sol, princípio da vida, morria todos os dias para ressuscitar no dia seguinte, após passar uma noite no meio das trevas.


Assim como toda a teatralização dos Antigos Mistérios, fosse na Grécia ou no Egipto, ou em qualquer outra civilização que praticasse esses festivais, mais do que uma simples homenagem aos protectores da natureza, esses rituais simbolizavam a jornada do espírito humano em busca da Luz que lhe daria a ressurreição. É neste sentido que a marcha dos Irmãos em volta do esquife de Hiram, sempre no sentido do Ocidente para o Oriente, nada mais é que uma imitação desse antigo ritual, que espelha a ansiedade do nosso inconsciente em encontrar o seu “herói” sacrificado (ou seja, o sol), para nele realizar a sua ressurreição. Pois o sol, em todas essas religiões, era o doador da vida. Ele fertilizava a terra e fazia renascer a semente morta. Destarte, toda a mística desses antigos rituais tinha essa finalidade: o encontro com a luz que lhe proporcionaria a capacidade de ressurreição.


Esta é a razão da estranha marcha praticada pelos maçons em volta do corpo assassinado do arquitecto Hiram Abiff, sempre no sentido do ocidente para o oriente, pois o que ali se simboliza é a marcha do espírito humano em busca da luz (a luz solar) que nasce no oriente e caminha para o ocidente. Desta forma, o espírito humano, fazendo o caminho inverso, há de encontrar o seu “herói sacrificado” e com ele realizar a união, obtendo a sua “iluminação.” Este é, pois, o sentido simbólico da cerimónia de elevação do Irmão ao grau de mestre.


O sacrifício da completação


Conectado com este simbolismo, os antigos povos, nas suas tradições iniciáticas relacionadas com grandes obras arquitectónicas, desenvolveram o chamado “sacrifício da completação”. Este sacrifício consistia em oferecer ao deus a quem era dedicado o edifício um sacrifício de sangue, que podia ser o holocausto dos inimigos aprisionados em guerra ou pessoas escolhidas entre próprio povo. Muitas vezes essa escolha recaia sobre mulheres virgens (as vestais) ou jovens guerreiros, realizadores de grandes feitos na guerra. Acreditava-se que assim os deuses patronos dos poderes da terra se agradariam daquele povo, prodigalizando-lhes fartura de colheitas e protecção contra os inimigos. [1]


Este tema remonta a antigas lendas, cultivadas pelos povos do Levante, segundo o qual nenhuma grande empreitada poderia obter bom resultado se não fosse abençoada pelos deuses. E esta bênção era sempre obtida através de um sacrifício de sangue. Este costume era praticado inclusive pelos israelitas, como mostra o texto bíblico ao informar que Salomão, ao terminar a construção do Templo de Jerusalém “sacrificou rebanho e gado, que de tão numeroso, nem se podia contar nem numerar.” [2]


Desta forma, na Maçonaria, o Drama de Hiram tem uma dupla finalidade iniciática: de um lado presta a sua referência ao culto solar, sendo Hiram, nessa mística, o próprio sol que é homenageado; de outro lado, cultua o herói sacrificado, pois é nele que se consuma a obra maçónica. A Maçonaria, como se sabe, é uma sociedade de “pedreiros”, que visa construir uma sociedade justa e perfeita.


Nesta mística podemos incluir o simbolismo que está no centro do próprio mistério que informa a crença cristã. Pois Jesus Cristo, o sacrificado do credo cristão, também é imolado para que a obra de redenção da humanidade seja realizada. A Maçonaria, como vimos, trabalha especificamente com esse simbolismo no grau dezoito, o chamado Cavaleiro da Rosa-Cruz.


Concluindo, podemos dizer que a Maçonaria é uma sociedade teosófica e humanista que no seu propósito místico está centrada na estrutura do antigo reino de Israel. Como se sabe, a doutrina que fundamenta a formação e a existência do povo israelense, como se comprova na sua própria saga histórica, é a de que Israel, como povo e nação, é uma espécie de “maquete da humanidade autêntica”, ou seja, o povo modelo que Deus escolheu para que a humanidade nele se espelhasse. E na sua face mística, o povo de Israel seria a estratégia pela qual Deus reuniria “os cacos do vaso sagrado (o universo)” quebrado pela acção impensada de Adão e Eva. Ou seja, Israel seria o próprio “Messias” realizando a Tikun olam. [3]


É neste sentido que a Maçonaria, adoptando a estrutura e o simbolismo do Velho Testamento, na sua ritualística procura desenvolver o mesmo sentido que Israel dá à sua doutrina. Por isso podemos dizer que a Maçonaria é a Cabala do Ocidente.


Notas


[1] Veja-se o relato bíblico em Juízes: 11;30,31, na qual o juiz Jefté sacrifica a própria filha em razão de um voto feito a Jeová.


[2] Reis I- 8:5 – Na imagem, gravura mostrando os maçons em volta do esquife do Mestre Hiram. Fonte: “Morals and Dogma”, de Albert Pike – Kessinger Publishing Co. 1992.


[3] O termo Tikun olam (תיקון עולם) significa “reparar o mundo”. É um termo cabalístico que sustenta a crença de que Deus escolheu o povo de Israel para reparar o caos causado pelo pecado de Adão. Vide neste sentido a obra de Gershon Scholen – A Cabala e Seu Simbolismo, Ed. Perspectiva, São Paulo, 2015. É neste sentido, também, que a Maçonaria adoptou o lema “Ordo ab Chao”, que significa Ordem no Caos, pois sendo a Maçonaria uma espécie de sucedâneo do reino de Israel, essa seria a sua missão no mundo: realizar a ordem no caos, construindo uma sociedade justa e perfeita.

fevereiro 26, 2025

ARBBLS CONSTELAÇÃO 141 - Goiânia


Na noite desta terça feira, depois de alguns anos, retornei a ARBLS Constelação 141, que funciona no Palácio Maçônico Mario Behring em Goiânia, para uma palestra pública, com a presença das cunhadas, familiares e convidados.

Sob a presidência do jovem e simpático Venerável Mestre Gilmar Rodrigues Romealdo, apresentei o tema "O caminho da felicidade", uma palestra que sempre motiva e emociona os participantes.

Tenho muitos irmãos que são amigos chegados nesta Loja. O irmão Edmilson, do Portal Maçonaria on Line, os irmãos Clauber e Jordão e outros com os quais convivi longamente quando participei dos quadros da GLEG 

No saguão da Loja, que é muito bonita, expus os livros dos confrades da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, mostra que despertou bastante interesse.

Ao final as cunhadas nos presentearam com um magnífico jantar.


O ANOITECER DA VIDA E A IMORTALIDADE - Valdemar Sansão



“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar”. (João l4: 2)

Dê ou não, o meio, condições para que o tempo de vida se prolongue o ser humano fatalmente morrerá. Breve é a nossa passagem por esta vida terrena. Ontem chegamos hoje nos banhamos no Rio da Vida, amanhã partiremos. O Rio da Vida já corre muito antes do nosso nascimento e continuará a fluir indiferente, após a nossa partida.

A morte, ou seja, a total e permanente cessação dos processos vitais do organismo, das funções físicas e mentais, é o fecho de um ciclo que começou com a separação do indivíduo da paz intra-uterina pelo nascimento e que termina com o retorno simbólico a um estado de paz e silêncio, onde não há mais desejos nem dor.

Desde a infância o homem tem consciência da morte como o fim da sua história natural e pessoal, e o impacto deste conhecimento influencia suas atitudes diante da vida conforme as experiências sofridas nas várias fases do desenvolvimento.

Na velhice, a morte já é algo familiar ao indivíduo. Sua atitude a respeito dela pode variar de uma suave expectativa, de quem está ciente de ter realmente um saldo positivo dos investimentos vitais realizados e que se perpetuará na espécie, até a angústia e o desespero de quem viveu estéril e improdutivamente. O velho é o produto final dos valores que foi assumindo durante toda uma vida. Só se torna uma preparação para a morte, quando se renuncia a um projeto de vida, quando se mata a esperança.

A morte de um jovem me parece uma chama extinta com um dilúvio de água: enquanto a de um velho se assemelha à chama que se apaga naturalmente, ao fim da reserva de combustível” (Cícero).

Muitos consideram que o falecimento de uma pessoa amada é verdadeira desgraça, quando, na verdade, morrer não é finar-se nem consumir-se, mas libertar-se.

Devemos nos afligir? Sim, se não soubéssemos que nada morre a não ser o invólucro terrestre. Não, se como ensina nossa consoladora Ordem, somos essencialmente espíritos e, por isso, devemos aproveitar todas as oportunidades para nos aprimorarmos como pessoas, como “pedras polidas”. Diante das dificuldades, temos que nos superar. Escutemos o espírito ou a voz da Verdade em nosso coração e teremos a orientação sobre o caminho a seguir. Crescer espiritualmente, extirparmos os defeitos, as mazelas, etc.

Nada pode pretender se estabilizar no coração do maçom se não possui, em seu conjunto, como em seus menores detalhes, essa emanação pura e divina que chamamos a Verdade; um ponto fundamental da doutrina maçônica porque afirma que o Maçom deve estar constantemente em busca da verdade.

Designa a realidade, a exatidão; a qualidade pelas quais coisas e pessoas aparecem tais como são; é a única imutável como o Criador, que dela é a fonte. Isso não significa, todavia, que a verdade total, absoluta, seja atingível, pois, se isso fosse possível, essa busca constante deixaria de ser uma meta de vida e o ensinamento perderia o seu valor.

Significa, apenas, que o Homem é perfectível, mas que nunca chegará ao acme da perfeição total, que só pode ser conseguida com o conhecimento da verdade absoluta, ou seja, daquela que independe de interpretações, pois são variáveis de acordo com as tendências e as paixões.

A grande Verdade é que decidimos a pessoa que escolhemos ser. Potencialmente, somos perfeitos. Está em nós, particularmente no Maçom, caminharmos para a perfeição. Cada dia decidiu continuar do jeito que somos ou mudar.

Devemos perguntar-nos: o que estamos fazendo neste planeta?

Parece que a resposta será: evoluirmos espiritualmente e aprendermos a melhor servir e amar.

A Maçonaria aceita que o maçom, após sua morte física, adentra em um Oriente Eterno, local místico, situado em outro plano, totalmente desconhecido. No momento da “desencarnação”, havendo lucidez, o maçom deve aguardar com ansiedade essa “passagem” de um estado de consciência para outro, mais real e mais sublime.

A partida, não é mais que um avanço de alguns dias, alguns anos talvez, sobre a viagem que todos nós devemos realizar em direção ao Oriente Eterno, a nossa pátria comum, o infinito. Infinito é uma das denominações de Deus; o ser humano, na sua vida espiritual, é infinito. As Lojas maçônicas possuem a Abóboda Celeste para simbolizar o infinito.

Teoricamente, tudo tem um final, mas esse final constitui o “seio do Senhor”, ou seja, a assimilação do Criador com a criatura. O infinito é o que dá ao homem a esperança de sua eternidade.

O maçom aplica o substantivo “infinito” para expressar o seu amor ao seu irmão de fé; infinito é o amor de Deus para conosco, e em retribuição a nossa entrega a Ele deve, por sua vez, ser infinita.

O que não tem fim é a eternidade; entender isso é privilégio de poucos; porém, a perseverança abre o entendimento.

Quando um de nós deve empreender uma longa peregrinação toda a família se reúne para festejar a partida, ou se juntam amigavelmente para enumerar as qualidades, as virtudes sociais e familiares do futuro imigrante; cada um faz seus votos para uma feliz viagem e um breve regresso.

Assim, diante dos que partiram na direção da morte, assuma o compromisso de preparar-se para o reencontro com eles na vida espiritual. Prossegue em sua jornada na Terra sem adiar as realizações superiores que lhe competem. Pois elas são valiosas, quando você fizer a grande viagem, rumo à madrugada clarificadora da eternidade.

Contam que um filósofo, quando hospitalizado, um médico legista lhe disse que tinha aberto muitos corpos, mas jamais tinha encontrado um espírito. O filósofo, então, lhe explicou que não se poderia achar o pássaro, depois que a gaiola tinha sido aberta.

O genial VICTOR HUGO deixou o texto que se segue falando do homem e da imortalidade:

“A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa.

Que digam esses que atravessam à hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo?

Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, mas o meu ser. “O que constitui o meu eu, irá além.”

O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra. Coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro. Aí, olha, distingue ao longe a campina. Aspira o ar livre, vê a luz. Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontre a claridade do dia, a liberdade. Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saíd

Por que não o possuirá um corpo sutil, etéreo. De que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?

A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É por demais pesados para esta terra. O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo luminoso é o que vemos.

Os nossos olhos carnais só veem a noite.

A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz. Na morte o homem fica sendo imortal.

A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nela. A morte é uma continuação.

Para além das sombras, estende-se o brilho da eternidade. A alma passa de uma esfera para outra, torna-se cada vez mais luz. Aproxima-se cada vez mais e mais de Deus.

O ponto de reunião é no infinito. Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem. Aquele que é vivo e morre desperta e vê que é Espírito.



fevereiro 25, 2025

CERTIFICADO DE PALESTRA

Recebido na noite de ontem da ARBLS OBREIROS DA PAZ 129 de Goiânia.





 

ARBLS OBREIROS DA PAZ 129 - Goiânia



Quando residia no Distrito Federal visitei a ARLS Obreiros da Paz 
129, de Goiânia, em diversas ocasiões e acabei fortalecendo a amizade com diversos irmãos, como Orivaldo Zamboni, Pedro Sertão Pereira e Carlos Alberto Barros de Castro. Este seria Grão Mestre Adjunto do saudoso Grão Mestre Adolfo Ribeiro Valadares por seis anos.

Em agenda organizada pelo irmão José Mariano, presidente da Academia Goiana Maçônica de Letras, retorno na noite de ontem à Loja e fui carinhosamente recebido pelos irmãos e pelo Venerável Mestre Euripedes Bastos Siqueira, que em delicada homenagem ofereceu a condução da sessão ao irmão Getúlio Marques Siqueira que havia sido Venerável Mestre há mais de 20 anos, e que depois de longo afastamento retornava a sua Loja.

Apresentei, com áudiovisual, a palestra "Maçonaria, de Isaac Newton à Internet' enquanto no amplo salão de festas estavam expostos os livros da Mostra Literária Itinerante da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras.

Lauto banquete encerrou a agradável noite.

Na foto recebo o certificado de palestrante ladeado pelos irmãos Eurípedes, José Mariano e Barros. 

LOJA MAÇONICA PROPAGANDA DUE (P2)



Em 1877, foi fundada em Turim (Itália) A "Propaganda", uma loja maçônica secreta que funcionava irregularmente, reunindo políticos e funcionários públicos italianos que não podiam frequentar suas lojas regulares, além de membros da nobreza do Piemonte. 

Após a Segunda Guerra Mundial, o Grande Oriente da Itália reorganizou suas lojas, renomeando-a como "Propaganda Due", ou P2.

Na década de 1970, o Partido Comunista ganhou um enorme poder nas eleições parlamentares italianas e o país mergulhou numa onda de violência pelo terrorismo, uma confusão social onde os terroristas e membros da Máfia se deliciavam com isso.

Neste período, a Loja Propaganda Due começou a encher de empresários sem escrúpulos, funcionários do governo e militares (muitos ligados à Máfia), até que, em 1976, a Loja estava tão conhecida, com péssima reputação, que o Grão-Mestre do Grande Oriente da Itália ordenou o seu fechamento, retirou sua Carta Constitutiva, expulsou os membros e o seu Venerável Licio Gelli. Este último, voltou à ação com alguns membros expulsos, batizou o grupo de “P2” e continuou administrando-a como uma Loja Maçônica.

Um dos membros da P2, Roberto Calvi (banqueiro), juntamente com Michele Sindora (outro banqueiro à serviço da Máfia e que fazia a gestão dos investimentos para o Vaticano), contrabandeava dinheiro para fora do país, onde desviaram 80 bilhões de liras da Igreja.

Em 1981 os escândalos chegaram aos jornais. Havia tantos membros da P2 envolvidos no governo que a confiança do público despencou, resultando na queda do governo.

Explicações sobre a diferença entre os maçons reais e uma Loja fraudulenta de bandidos foram, em grande parte, ignorados. Os jornais viviam chamando os maçons de ladrões assassinos. Acusaram os maçons de terem assassinado o Papa João Paulo I envenenado, de terem bombardeado um trem, matando 80 pessoas e outros diversos crimes.

Por fim, culparam os maçons de matarem o banqueiro Roberto Calvi (que apareceu em Londres pendurado por uma corda sob a ponte Blackfriars, com tijolo nos bolsos). Em 2005 porém, identificaram o verdadeiro assassino: o mafioso Pippo Calo (e não os maçons), no entanto, sempre que a P2 é mencionada hoje, a palavra “maçom” quase sempre se liga a ela.

fonte: #curiosidadesdamaconaria #maconaria #p2