março 11, 2025

DE FERRAMENTAS EM PUNHO (entre Símbolos e Alegorias) - Newton Agrella



Depois de algum tempo ingresso na minha Oficina mental e lanço mão do Maço e do Cinzel que estavam sobre uma pequena bancada perto de mim.

Quase que instintivamente e levado por uma vontade incontida, começo a dar golpes com o Maço sobre o Cinzel e me deparo com uma série de arestas e imperfeições que precisam urgentemente de reparos.

Há que se dar forma e algum polimento à pedra

Sinto que o primeiro defeito que está mais me incomodando é a "Intolerância" e noto que merece um significativo e derradeiro desbaste. 

Trata-se de algo que tem me incomodado em demasia e que com certeza incomoda muito mais àqueles que estão à minha volta.

Os golpes sobre o Cinzel parecem se intensificar, vão abrindo caminhos  e dão de cara com a "Arrogância".

Indisfarçadamente, percebo que o Cinzel parece querer escorregar.  

Golpeio com um pouco mais de boa vontade para o meu aprimoramento.

Afinal de contas, representa outra relevante saliência que precisa ser desgastada com mais energia. Sem medo.

Prossigo nessa mesma lavra.

Eis que de repente me vejo diante da ,"Insegurança". 

Eu me questiono e me dou conta  que esse outro defeito tem se manifestado frequente.

O melhor a fazer é buscar uma intensidade mais moderada aos golpes de forma a me propiciar mais determinação e foco nessa empreitada. 

A cada nova investida contra o Cinzel percebo involuntariamente, que a pedra que se reveste ainda de tantas imperfeições como: a Soberba, a Falsa Modéstia, o Inconformismo, a Ingratidão, o Egoísmo, a Chatice, a Irritação Gratuita, dentre tantas outras, vai progressivamente ganhando contornos como uma espécie de escultura em que a Arte imita a Vida.

Os Símbolos que as ferramentas representam e as Alegorias que as imagens e as idéias traduzem me sugerem sinais evidentes de que esse processo de construção interior é o que deve ser percorrido, a fim de que eu possa me sintonizar de maneira mais harmônica e universal entre o corpo que eu habito e o espírito que me guarnece.

O trabalho é perene e a Oficina precisa ser revisitada a cada estação.



março 10, 2025

COMO É A SUA MAÇONARIA? COMO É A SUA LOJA? - Nelson Carvalho (adaptado)



Um irmão escreveu-me um e-mail recentemente, preocupado com a falta de interesse dos maçons em estudar.

Essencialmente os maçons, dizem ser a “nata” da sociedade. 

Ler livros, estudar, pesquisar, questionar, defender princípios éticos e morais e agir seriam alguns dos preceitos estritamente elementares e básicos de uma comunidade formada pela “nata” da sociedade.

Salvo melhor juízo, o que vemos, contudo, é um conjunto de pessoas, bem intencionadas, boas de coração, mas completamente alienadas. 

Seguem o que mandam. 

Alguns, entretanto, abandonam o barco por se sentirem enganados pela ideia que a Instituição lhe vendeu. 

Outros, que insistem, são marcados como de “complicados” ou que “não deixaram a maçonaria entrar nos seus corações”.

Avaliando tudo isto, podemos vislumbrar algumas questões.

São verdadeiras estas afirmações?

Analisemos.

Onde começa a Maçonaria? 

Na Loja. 

Na Loja existe o ingrediente mais importante e basilar da Instituição: o maçon, o ser humano, o pensante, o agente.

Nas Lojas, estamos realmente a encontrar pessoas que questionam, que pensam, que estudam, que agem? 

Ou são apenas mecanicistas e “agapistas”? 

A inteligência está em repetir, repetir e repetir o que outros dizem ser “cláusulas pétreas”, ou está na capacidade de investigar, duvidar, questionar, propor, agir??? 

Qual a diferença entre uma pedra e um ser pensante? 

A pedra está ali, não se mexe, não pensa, não toma iniciativa alguma, segue o que lhe recomendarem. 

O ser pensante incomoda o status quo, interage proactivamente, propõe o novo, age, duvida, argumenta, reinventa e reinventa-se.

A Loja, embrião da estrutura maçónica, é de onde vem as definições, as ordens. 

Não espera vir de cima, mas está acima.

Como é a sua Loja? 

Onde e em que patamar se encontra? 

Está à altura do que se espera no ideal Maçónico? 

Tem opinião, faz ouvir e valer a sua opinião, ou a sua opinião religiosamente coincide com o que vem “de cima”? 

Se a Loja não tem posição “em cima”, é porque aguarda e espera. 

Espera a iniciativa de quem julga estar acima, espera ordens, espera decisões, espera a definição do que é certo e do que é errado. 

Quanto muito, espera apenas para ratificar. 

Apequena-se. 

Não tem iniciativa, criatividade, força própria, argumentação.

Não se quer incomodar. 

A rotina é o seu sustentáculo da existência e finalidade.

E assim anda a Maçonaria, ou não?

Se quisermos saber mais sobre a Maçonaria, olhemos para as nossas Lojas. 

Quais são as suas preocupações, quais são os seus planos de curto, médio e longo prazo (ou nem sequer têm planos?). 

Têm feito diferença na sua área de acção e actuação junto a comunidade? 

Qual a qualidade dos trabalhos que são apresentados? 

Esses trabalhos trazem novidades ou são repetições das repetições? 

O mesmo do mesmo? 

E assim está bem…

E os maçons, os Obreiros. 

Quem são? 

O que são?

Os obreiros conhecem a regras da sua Loja e da sua Grande Loja? 

Sentem-se capacitados para avaliá-las e colaborar na sua melhoria, ou não estão nem um pouco interessados? 

Na Loja o que é mais importante? 

O rito? 

A ritualística? 

Os graus? 

Entrar com o pé esquerdo? 

Chamar à atenção de um irmão que não fez a ritualística “perfeita”? 

Ou são as ações efetivas nas comunidades?

Constituem a diferença ou não são nada, ou são os vaidosos e amigos dos amigos, que se favorecem entre si? 

São os que só querem beneficiar? 

Quem somos? 

Que valor temos para a sociedade? 

Qual a nossa utilidade para o progresso da humanidade? 

Vivemos da e na teoria ou agimos de facto? 

Qual é o histórico da Loja? 

Qual o currículo da Loja? 

A porta do Templo é apenas mais uma porta? 

O que é mais importante para o irmão da Loja? 

Ser grau 33 ou ser maçom? 

Vestir-se de fantasias ou despir-se de vaidades?

O Maçom morre para a Maçonaria quando acredita que o rito ou ritual é o fim e não o meio.

A Maçonaria morre para o irmão que torna a Maçonaria fim e não meio.

A Loja abate colunas quando abdica de ser o Ponto Fulcral.

Não raras vezes, há irmãos que não dispõem de recursos para manter um plano básico de saúde para a sua família, mas tèm de sobra para participar e frequentar toda a espécie de atividades extra simbolismo. 

O fanatismo – não reconhecido pelo obreiro, entranha-se na sua existência como se oxigénio fosse. 

A cegueira é de tal ordem, que perde o bom senso, o equilíbrio, o contacto com a realidade.

Quem é mais espiritualizado? 

O mendigo que reparte um pedaço do seu pão com um cão abandonado ao seu lado ou o Grande, “grau não sei quantos”, vestido de Grande que é tão Grande, que não consegue ver o pequeno, pois o seu peito estufado e cheio de medalhas e condecorações impede-o de visualizar os mais humildes e necessitados?

A Maçonaria é o espelho dos maçons. 

Se estes são acomodados, vaidosos, medíocres, meras engrenagens mortas, isto será a Maçonaria, vivendo de um passado que um bom número de maçons, inclusive, desconhece e, em grande parte, fantasia para sonhar com a ideia de que são importantes e insubstituíveis…

Se as Lojas são um “monte” de gente bem intencionada, amigões, mas não vibra, não perturba, não incomoda, não se posiciona de forma enfática, então não passa de um clubinho particular, cubículo de míopes, sonhando com uma hierarquia de reizinhos e súbditos. 

Um teatro repetitivo, medonho, que vive da farta distribuição de bengalas e medalhas sem brilho.

Neste ambiente amorfo, ser Venerável Mestre é algo sem grande sentido. 

A história da Loja é um livro sem letras, ou um conjunto de autoelogios sem significado e significância, característica de pompa entre espíritos pobres e sonhadores. 

A capacidade de vivenciar uma existência profícua resume-se a uma fantasia mental e uma pequenez espiritual

Como é a sua Maçonaria? 

Como é a sua Loja?


...“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”... – Chico Xavier



JOHN LOCKE - Jorge Gonçalves


Refletir sobre temas como justiça e liberdade é fundamental, uma vez que permanecem como questões centrais e amplamente debatidas em nosso país. Mais importante do que concordar ou discordar de uma frase é buscar compreender os contextos históricos que moldaram esses conceitos ao longo do tempo.  

John Locke, influente pensador do século XVII e amigo de Isaac Newton, viveu em meio a transformações profundas na Inglaterra. Ele testemunhou a Guerra Civil Inglesa (1642-1651), que resultou na decapitação do rei Carlos I e na ascensão de Oliver Cromwell. Sob o título de Lorde Protetor, Cromwell liderou um governo autoritário, implementando rigorosas leis puritanas. Os puritanos, grupo protestante que visava "purificar" a Igreja da Inglaterra de influências católicas, defendiam uma vida disciplinada, condenavam os excessos e promoviam a simplicidade nos cultos. Durante esse período, atividades como teatro, jogos e *até celebrações de Natal* foram proibidas, consolidando um controle moral severo sobre a sociedade.  

Com a morte de Cromwell, em 1658, seu governo perdeu força. Em 1660, a monarquia foi restaurada com Carlos II, filho de Carlos I, assumindo o trono. O ressentimento de Carlos II em relação a Cromwell era tão grande que ele ordenou que o corpo de Cromwell fosse exumado, decapitado e exposto, num gesto de vingança simbólica pela execução de seu pai.  

Mais tarde, entre 1688 e 1689, ocorreu a Revolução Gloriosa, um marco que depôs o rei Jaime II (sucessor de Carlos II) e colocou Guilherme de Orange e Maria Stuart como monarcas constitucionais. Esse evento, quase pacífico, consolidou a supremacia do *Parlamento sobre a coroa*, limitando o poder do monarca. Essa revolução foi um marco na transição para um sistema político que priorizava o equilíbrio de poderes e a soberania parlamentar, influenciando diretamente o pensamento iluminista sobre governo e liberdade.  

É Neste cenário, que Locke formulou suas teorias sobre poder político e liberdade. Ele argumentava que o poder deve emanar do consentimento dos governados e que as leis existem para proteger os direitos individuais. Como ele bem expressou: _"A finalidade da lei não é abolir a liberdade, mas preservá-la e ampliá-la"_. Para Locke, leis justas são aquelas que asseguram a convivência harmônica e a liberdade de todos.  



março 09, 2025

POR QUE NÃO PRECISAMOS TEMER A IA


Entrevista espetacular de um dos gênios brasileiros da ciência: Miguel Nicolelis



 

 *É  DISTINÇÃO*


Não lastima tua lida

Inda que seja pesada

Mas estima tua vida

Pelo “Arquiteto” Sagrada


Busca a palavra perdida

Missão a ti confiada

Desde aquela jazida

Que tua pedra encontrada


Sim, é batalha renhida

Dum cavaleiro esperada

Eterno canteiro vivida


A livre pedreiro fiada

À grande obra erigida

Distinção a obreiro dada !


Adilson Zotovici

AMVBL

VELHO NÃO, ANTIGO ! - Adilson Zotovivi

 


Com discrição, empatia,

Eu compartilho contigo

Lição da maçonaria

Meu caro irmão e amigo

 

Ligeiro qual ventania

Passa o tempo que bendigo

Que o Grande Arquiteto e Guia

Nos dá e feliz eu sigo

 

Num paradoxo a magia

O tempo não é inimigo...

É feitor da sabedoria

 

“Não se envelhece” predigo

Torna-se com eutimia

Sábio livre pedreiro ”antigo” !

 

A DOUTRINA MACONICA - Izautonio Machado Jr.


A Maçonaria possui duas dimensões: operativa e especulativa.

A Maçonaria Operativa se refere à construção de edifícios físicos, fazendo uso de materiais como a pedra e o mármore.

A Maçonaria Especulativa se refere à construção de um templo espiritual no interior de cada um de seus adeptos, usando para esta finalidade as instruções. A maçonaria especulativa adota para o seu propósito os utensílios e materiais que são utilizados na maçonaria operativa, conferindo-lhes significados simbólicos.

Enquanto a Maçonaria Operativa é uma Arte, a Maçonaria Especulativa é um Sistema de Pensamento fundado em uma Filosofia Moral.

A Maçonaria Operativa tem por fim uma construção física (algo concreto), utilizando como meio, conhecimentos científicos, como a geometria e a arquitetura.

Por sua vez, a Maçonaria Especulativa tem por fim uma construção espiritual (algo abstrato), utilizando como meio, conhecimentos filosóficos e simbólicos que fazem alusão a construções físicas.

Embora não haja unanimidade entre os historiadores maçônicos, que criaram várias teorias acerca da origem da maçonaria especulativa, é geralmente aceito que esta é decorrente da fraternidade medieval de maçons operativos, o que se evidencia pela preservação de muitas de suas regras e lendas derivadas das chamadas Old Charges (Antigas Obrigações).

Definição

É relativamente fácil definir a Ordem. A Maçonaria é uma organização fraterna secular, tradicionalmente franqueada somente aos homens. Propaga os princípios morais e busca promover a prática do amor fraterno e da atividade caritativa entre todas as pessoas – não somente entre os maçons. Não é uma religião; mas é uma sociedade de homens religiosos, na medida em que exige de seus membros que acreditem na existência de um “Ser Supremo”. (...) Embora não seja uma religião, a Ordem pode ser considerada uma “companheira filosófica da religião”. Essa ideia está implícita na definição da Maçonaria – tirada da Leitura do Primeiro Grau (Trabalho de Emulação) – como “um peculiar sistema moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos”. (MACNULTY, 2012, p. 09)

Podemos ainda afirmar que a maçonaria é também uma organização iniciática e esotérica:

 Iniciática

“Iniciação” significa introdução de alguém em um novo conhecimento, sendo exatamente isso que ocorre na Iniciação Maçônica, onde o Iniciado passa a ter acesso aos conhecimentos da Ordem.

Esotérica

Ensinos exotéricos:

Ensinos passíveis de serem ministrados ao grande público e não somente a um grupo seleto de alunos.

Ensinos e doutrinas que, nas escolas da Antiguidade grega, eram transmitidos em público.

Ensinos esotéricos:

Ensinos ministrados a um círculo restrito e fechado de ouvintes.

Ensinos que, em certas escolas da Grécia antiga, destinado a discípulos particularmente qualificados, completava e aprofundava a doutrina.

O esoterismo se caracteriza pela transmissão de conhecimentos mais avançados de forma progressiva a pessoas eleitas consideradas aptas a recebê-los, sendo, portanto, de acesso restrito. 

É exatamente isso o que ocorre na maçonaria, através da seleção de membros e do sistema de graus maçônicos, que são etapas de estudos acessíveis progressivamente.

Tais características não devem ser confundidas com o misticismo ou com o ocultismo.

Reflexão

Infelizmente, por desconhecimento da natureza da instituição a que pertencem, muitos maçons desejam fazer dela uma organização com objetivos completamente diferentes daqueles para os quais ela existe, desvirtuando as suas finalidades, o que é perigoso e coloca em risco a própria existência da maçonaria.

Não há sentido em ser maçom se a Filosofia Iniciática, que é a própria razão pela qual alguém ingressa na caminhada maçônica, é desprezada. Se um novo pensamento de busca pelos valores realmente iniciáticos da Maçonaria não começar a brotar dentro de suas fileiras e de suas instituições, é pouco provável que a essência filosófica se mantenha e possa sustentar sua manutenção e seu avanço pelos séculos vindouros. Deixará de ser uma “instituição iniciática” e se tornará apenas uma instituição beneficente e altamente burocrática, de onde terá se retirado todo o teor iniciático. É preciso que cada maçom repense seu próprio papel, seu próprio proceder e que, pouco a pouco, isso se torne uma onda de renovação no interior do povo maçônico.” (MUNIZ, Curso Elementar de Maçonologia). 

Os Princípios da Maçonaria

Os Princípios da Maçonaria revelam três dos principais aspectos da Ordem:

Amor Fraternal: a maçonaria é uma Fraternidade de Irmãos;

Amparo: a maçonaria prega a prática da Caridade e do bem ao próximo;

Verdade: a maçonaria é um Sistema de Filosofia Moral e Ética Social, que contém em seu bojo um conjunto de instruções e lições de virtudes com o objetivo promover o aperfeiçoamento de seus membros.

A maçonaria é uma filosofia de vida, e por intermédio da sua liturgia, simbologia, alegorias e palestras inculca em seus membros a prática das virtudes.

O Lema da Maçonaria latina

A Igualdade de direitos e obrigações dos seres e grupos sem distinguir a religião, a raça ou nacionalidade;

A Liberdade dos indivíduos e dos grupos humanos, sejam eles instituições, etnias, nações;

A Fraternidade de todos os homens, já que somos todos filhos do mesmo CRIADOR e, portanto, humanos e como consequência, a fraternidade entre todas as nações.

A doutrina maçônica

Terceira Instrução de Aprendiz Maçom

(Ritual de 1928)

Ven. — Que é a Maçonaria?

1° Vig. — Uma associação íntima de homens escolhidos, cuja doutrina tem por base o G.A.D.U., que é Deus; como regra, a Lei Natural; por causa, a verdade, a liberdade e a Lei moral; por princípio, a igualdade, a fraternidade e a caridade; por frutos, a virtude, a sociabilidade e o progresso; por fim, a felicidade dos povos que ela procura incessantemente reunir sob sua bandeira de paz. A Maçonaria existe e existirá sempre onde houver o gênero humano.

Ritual do Grau de Aprendiz Maçom 

(1928)

A Maçonaria proclama as seguintes doutrinas sobre que se apoia:

«Para elevar o homem aos próprios olhos, para torná-lo digno de sua missão sobre a Terra, a Maçonaria erige em dogma que o Grande Arquiteto do Universo deu ao mesmo, como o mais precioso dos bens, a liberdade, patrimônio da Humanidade toda, cintilação celeste que nenhum poder tem o direito de obscurecer ou de apagar e que é a fonte de todos os sentimentos de honra e de dignidade».

«Desde a preparação do primeiro grau até a obtenção do mais elevado da Maçonaria Escocesa, a condição primordial, sem a qual nada se concede ao aspirante, é uma reputação de honra ilibada e de probidade incontestada».

«Àquele para quem a religião é o consolo supremo, a Maçonaria diz: Cultiva a tua religião ininterruptamente, segue as inspirações de tua consciência; a Maçonaria não é uma religião, não professa um culto; quer a instrução leiga; sua doutrina se condensa toda nesta máxima — AMA A TEU PRÓXIMO».

«Àquele que, com razão, teme as discussões políticas, a Maçonaria diz: «Eu condeno qualquer debate, qualquer discussão em minhas reuniões; serve fiel e devotadamente à tua Pátria e não te pedirei contas de tuas crenças políticas. O amor da Pátria é perfeitamente compatível com a prática de todas as virtudes; a minha Moral é a mais pura, pois funda-se sobre a primeira das virtudes — A SOLIDARIEDADE HUMANA».

«O verdadeiro maçom pratica o Bem e leva a sua solicitude aos infelizes, quaisquer que eles sejam, na medida de suas forças. O maçom deve, pois, repelir com sinceridade e desprezo, o egoísmo, a imoralidade».

Os ensinamentos maçônicos induzem seus adeptos a dedicarem-se à felicidade de seus semelhantes, não porque a razão e a justiça lhes imponham esse dever, mas porque esse sentimento de solidariedade é a qualidade inata que os fez filhos do Universo e amigos de todos os homens, fiéis observadores da Lei de Amor e Simpatia que Deus estabeleceu no Planeta.

Considerações 

A maçonaria é depositária de doutrinas morais, religiosas e filosóficas que têm sua gênese nos Antigos Manuscritos e que foram com o tempo sendo desenvolvidas, ao ponto em que estamos em sua atual fase especulativa.

Muito mais simples no princípio, a simbologia e filosofia maçônica foi gradativamente se tornando mais complexa à medida que absorvia elementos oriundos de outras escolas de pensamento.

Durante o século XVIII, foram criados cerca de mil graus maçônicos, dos quais boa parte foram aproveitados na organização de dezenas de ritos diferentes. Foi necessário buscar conteúdo para a produção destes graus em várias fontes, tais como a Cabala, a Alquimia, o Rosacrucianismo, o Hermetismo, a Teosofia e a Numerologia Pitagórica.

Alguns graus traziam conexões com temas da Antiguidade, surgindo daí a mítica da origem egípcia, na esteira na “egiptomania” que estava em voga na época. Outros graus traziam temas Templários, etc.

Em meio a esta avalanche de novas informações, o conteúdo original da maçonaria, que teve origem a partir do método pedagógico de alegorias e símbolos, com raiz genética na Maçonaria Operativa, sobreviveu.

A bem da verdade, a Maçonaria não estuda de forma aprofundada esses temas adicionados, senão apenas utiliza alguns elementos destes, fazendo somente menções superficiais, ficando a critério do maçom buscar mais informações em fontes externas.

O espírito do Rito Francês

É comum ouvir que cada ritual tem sua própria especificidade e sua própria espiritualidade. Como os outros ritos, o Rito Francês baseia seus ensinamentos nos emblemas bíblicos e nos pretextos históricos a ele associados, mas não acrescenta nenhuma abordagem hermética e se concentra mais no valor moral das alegorias que são usadas do que nos seus detalhes.

Poderíamos dizer que a especificidade do rito francês é que ele não possui um: os outros ritos foram influenciados por fatores extra maçônicos e é essa influência que dá a todos sua especificidade, enquanto o rito francês não sofreu tal influência. Isso é verdade quando comparamos o Rito Francês com os outros Ritos da Maçonaria Francesa do século XVIII, isto é, com o Rito Escocês Retificado e com o Rito Escocês Antigo e Aceito, deixando os Ritos Britânicos e Americanos. Em particular, o rito francês não tem doutrina explícita. O fato de ele não ter doutrina não significa que ela não contenha ensino, mas seu ensino não é desenvolvido em lugar algum na forma doutrinária explícita e discursiva nos textos do rito.

A espiritualidade maçônica está enraizada na tradição judaico-cristã e tem dois fundamentos muito simples: a irmandade dos homens, a paternidade de Deus, sendo este último o fundamento do primeiro. Os pedreiros do rito francês das classes azuis recebem assim uma educação simbólica baseada nesses dois princípios e nas alegorias que lhe são anexadas sem desenvolver o simbolismo alquímico ou cavalheiresco que está presente em outros ritos. É claro que isso não constitui de forma alguma um juízo de valor em relação a esses ritos, também praticados nas lojas da Grande Loja Nacional Francesa.

Texto extraído do website da Grande Loja Nacional Francesa.

Referências

ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Londrina: Editora Maçônica “A Trolha”, 2012.

GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DE RONDÔNIA. A Maçonaria para não maçons, 2020.

ISMAIL, Kennyo. Curso de Introdução à Maçonaria. No Esquadro, 2016.

ISMAIL, Kennyo. O que é Cabala e qual sua verdadeira relação com a Maçonaria? Disponível em O que é Cabala e qual sua verdadeira relação com a Maçonaria? – O Ponto Dentro do Círculo (wordpress.com). Acesso em 26 de setembro de 2022.

GRANDE LOJA SYMBÓLICA DO RIO DE JANEIRO. Ritual do Gráo de Aprendiz – Maçon. Rio de Janeiro: Typographia Delta, 1928.

MACNULTY, W. Kirk. A maçonaria. Símbolos, segredos, significado. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

MACHADO JUNIOR, Izautonio da Silva. Como o Rito Moderno pode contribuir para o futuro da maçonaria e das grandes lojas brasileiras. Apostila do Congresso Nacional do Rito Moderno - Novembro de 2021.

MACHADO JUNIOR, Izautonio da Silva. Curso de Introdução ao Rito de York. Disponível em https://cmsb.org.br/curso/introducao-ao-rito-de-york/. Acesso em 06 de janeiro de 2021.

MACHADO JUNIOR, Izautonio da Silva. Definição d

e Maçonaria. Revista Triponto, ANO II - Nº 03 - Fevereiro de 2021.

MUNIZ, André Otávio de Assis. Curso Elementar de Maçonologia. Editora Richard Veiga Editorial, São Paulo, 2016.

março 08, 2025

08 DE MARÇO DIA DA VIDA - Dia Internacional das Mulheres - Newton Agrella

 



Como não poderia ser diferente
A alma é o sabor da vida 
E o coração bate mais forte
Quando a mulher se faz presente.

Tal qual a terra que fecunda a semente pra posteridade
Deus concedeu-lhe o dom universal da fertilidade.

É ela que nos dá a luz, 
E assume o protagonismo ímpar de nossa existência...

Desempenha o papel de mãe,
irmã, namorada e esposa.
E do alto de sua Sabedoria é a melhor amiga e conselheira.

A mulher é o esteio do mundo
É a inteligência e o poder de tudo
Nela que encontramos o amor, o afeto, a segurança e o carinho

Nos seus braços sentimos nosso verdadeiro porto seguro.
De sua força infinita aprendemos que o tempo se traduz em passado, presente e futuro.

A mulher é a nossa estrela guia
É nossa fonte perene de energia.
Dela herdamos a inteligência, a sensatez, e a razão que nos ilumina.

Seja qual for a data, as homenagens a ela são meras referências e formalidades.

É do ventre dela que a história se pronuncia, ganha corpo e se materializa como culto mais sublime da humanidade.

OBRA CELESTIAL - Adilson Zotovici

 


Andarás deveras à exaustão !

No mar, no vale, na serra

Aos quatro cantos da terra

Para encontrares a razão 


Buscarás com isso em verdade

Plausível explicação 

Quiçá a motivação

De tal superioridade 


Perscrutarás com instância

Com denodo e acuidade

Seu ser, sua divindade

Entre nós, tal relevância 


Indagarás resposta factual

De toda sua importância

Sua natural elegância

Ao homem presença vital


Saberás quando a luz se fizer

E enxergares  afinal

Tratar-se de obra Celestial...

Ou simplesmente...MULHER !


UM CONVITE - Newton Agrella


Abra o envelope e leia:

"A título de exercício, experimente imaginar que Deus é apenas e tão somente uma disposição de sua alma.

Que ELE se manifesta em cada uma de suas percepções, nos seus sentidos e nas suas ações e emoções...

Imagine que ELE não tem cor, cheiro, forma...que ELE é a "sua" própria existência e que se manifesta através do seu Pensamento...

Faça uma introspecção e procure divisar o infinito da sua imaginação e observe como o seu pensamento não conhece fronteiras...

Arrisque supor que Deus seja um Universo contido em você e do qual você é uma indivisível partícula.

Pois, imagine Deus revelado em você mesmo, mas que sua consciência parcialmente adormecida prefere terceirizar...

Seu salvo-conduto é o seu discernimento e a capacidade de sentí-lo se instaura no seu Templo Interior...

ELE não faz diagnóstico, não pergunta e não responde. É a fonte abstrata de sua Vida.

Cuide do Deus que habita em Você...

Guarde o Convite, feche o envelope e deixe-o em algum canto onde sua imaginação sugerir.


março 07, 2025

ARLS MONTE CARMELO 22 - Brasília





 A ARLS Monte Carmelo 22, em Brasília, tem como lema "A Loja fácil de amar", e pude constatar nesta segunda visita que o mote corresponde a realidade 

Visitei a Loja há poucas semanas em momento de troca de diretoria, e o irmão que viria a ser o novo Venerável Mestre me convidou para uma palestra assim que assumisse. Convite feito, convite atendido.

Na noite de ontem, quinta feira, apresentei a palestra "Maçonaria, de Isaac Newton à Internet" para o quadro e alguns visitantes, sob o comando do Venerável Mestre Fabio Lincoln Lemos Lobo, que conduziu a sessão com ritualística e leveza.

No saguão estava exposta a Mostra Literária da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras.

Em retribuição a palestra a Loja adquiriu, para doação, dez cestas básicas e com os recursos da Bolsa prometeu mais três ou quatro.

O DONO DA LOJA - José Dias

 

Recentemente, ouvi mais uma vez a expressão *"FULANO É DONO DE LOJA"* sendo utilizada em tom pejorativo. Isso me levou a uma profunda reflexão: *_qual é, afinal, o erro em ser chamado de DONO DE LOJA?_* 

Se o *DONO DE LOJA* é aquele que se dedica a garantir que a loja funcione em harmonia, que zela pela fluidez dos processos, que busca, com imparcialidade, o cumprimento dos ideais fraternos e das leis maçônicas, então, onde está o erro nisso? 

Se o *DONO DE LOJA* é aquele que se preocupa com o patrimônio material e simbólico da loja, que trabalha incansavelmente para preservar sua integridade e sua missão, então, por que tantos veem esse título como algo negativo?

A *verdade é* que a loja não deveria ter apenas *UM ÚNICO* dono. 

TODOS deveriam ser os ditos *DONOS*. 

Onde estão todos aqueles que, um dia, *juraram defender* os interesses da loja? 

Onde estão aqueles que prometeram auxiliar o *VENERÁVEL MESTRE em suas múltiplas obrigações?*

A loja não é — e nunca deveria ser — apenas de *UM ÚNICO DONO*. Ela é um patrimônio coletivo, um *espaço sagrado* que pertence a todos os irmãos que nela trabalham e crescem.

Neste ano de eleições em todas as lojas, convido a todos a refletirem sobre o verdadeiro significado de *SER* e não apenas ESTAR em nossos cargos. Não basta ocupar temporariamente uma posição; é preciso *SER aquilo que o cargo exige.* É preciso assumir, com responsabilidade e dedicação, o papel que nos foi confiado. Cada um de nós, independentemente do grau ou da experiência, deve se comprometer a ser mais um *DONO DA LOJA.*

Enquanto eu for parte da loja que frequento, orgulhosamente lutarei pelos seus interesses. E não apenas eu: incentivarei que o mais novo aprendiz, assim como o mais graduado mestre, também se torne um *DONO DA LOJA.* 

Se ser DONO DA LOJA significa zelar pela fraternidade, pela harmonia e pelo cumprimento dos princípios maçônicos, então que todos nós sejamos *DONOS DE NOSSAS LOJAS*, DONOS DE NOSSOS RITOS, DONOS DE NOSSA POTÊNCIA e, acima de tudo, DONOS DE NOSSA FRATERNIDADE.

Que possamos, juntos, assumir nossa postura maçônica de forma integral — *DENTRO E FORA* da loja. Que cada um de nós carregue consigo a responsabilidade de construir, preservar e elevar nossa instituição, não apenas como membros, mas como verdadeiros guardiões dos valores que nos unem.

março 06, 2025

O "OLHO QUE TUDO VÊ" - Newton Agrella


O OLHO QUE TUDO VÊ E  QUE DIFICILMENTE  ENXERGAMOS

Se nos ativermos ao aspecto filosófico e cogniscível maçônico, cuja essência de seu significado se apoia fundamentalmente na SIMBOLOGIA, como a experiência científica mais antiga da humanidade,  perceberemos que num templo maçônico, 

"O OLHO QUE TUDO VÊ", inserido no Delta  Luminoso, representa a chamada "ONISCIÊNCIA"

 A composição do referido vocábulo constitui-se de "OMNI" que significa "tudo" e "SCIENTIA" que  quer dizer:  "conhecimento", "saber", "ciência".  

Portanto, o Olho que Tudo Vê, simboliza a posse de todo o conhecimento, ou seja; da presença do Grande Arquiteto do Universo..

Neste simbolismo, o Olho revela e traduz sua capacidade sensorial de saber absolutamente tudo.

O "Olho que Tudo Vê" conhece todas as formas, pensamentos, sentimentos, bem como a cronologia de pretérito, presente e futuro. 

Em suma, é o autor e testemunha ocular do universo.

Destaque-se que no Simbolismo Maçônico a Onisciência constitui-se num princípio que se manifesta na capacidade  humana de se expressar nas Artes, na Literatura, na Música e em todas as demais manifestações culturais e intelectuais.

A despeito das referências históricas, lendárias, místicas e esotéricas que o arcabouço maçônico traz consigo na sua essência dialética, podemos empreender um olhar isento, sem qualquer proselitismo religioso, sejam desde os registos sacerdotais das antigas doutrinas egípcias, ou de quaisquer outras doutrinas, tais como: cristãs, judáicas, islâmicas e assim por diante.

A Simbologia do Olho que Tudo Vê, revela por si, que o Homem não está só, e que tudo o que faz, fica registrado no histórico de sua Existência, como sua marca e identidade.