março 14, 2025

ABIVERSARIO DE CASTRO ALVES

 






O poeta baiano Antonio Frederico de Castro Alves (1847-1871), apesar de sua morte precoce, é considerado um dos mais importantes poetas brasileiros de todos os tempos. De formação cultural sofisticada, construiu sua poesia sobre temáticas eminentemente brasileiras, alcançando uma admirável compreensão da alma popular. 


Nasceu em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847, e faleceu em Salvador, BA, em 6 de julho de 1871. É o patrono da cadeira n. 7, da Academia Brasileira de Letras por escolha do fundador Valentim Magalhães.


Era filho do médico Antônio José Alves, mais tarde professor na Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro, falecida quando o poeta tinha 12 anos, e, por esta, neto de um dos grandes heróis da Independência da Bahia. Por volta de 1853, ao mudar-se com a família para a capital, estudou no colégio de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, onde foi colega de Rui Barbosa, demonstrando vocação apaixonada e precoce para a poesia. Mudou-se em 1862 para o Recife, onde concluiu os preparatórios e, depois de duas vezes reprovado, matriculou-se finalmente na Faculdade de Direito em 1864. Cursou o 1º ano em 1865, na mesma turma que Tobias Barreto. Logo integrado na vida literária acadêmica e admirado graças aos seus versos, cuidou mais deles e dos amores que dos estudos. Em 1866, perdeu o pai e, pouco depois, iniciou apaixonada ligação amorosa com atriz portuguesa Eugênia Câmara, dez anos mais velha, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida.


Nessa época Castro Alves entrou numa fase de grande inspiração. Escreveu o drama Gonzaga e, em 1868, transferiu-se para o sul do país em companhia da amada, matriculando-se no 3º ano da Faculdade de Direito de São Paulo, na mesma turma de Rui Barbosa. No fim do ano o drama é representado com êxito enorme, mas o seu espírito se abate pela ruptura com Eugênia Câmara. Durante uma caçada, a descarga acidental de uma espingarda lhe feriu o pé esquerdo, que, sob ameaça de gangrena, foi, afinal, amputado no Rio, em meados de 1869. Sua saúde, que já se ressentira de hemoptises desde os dezessete anos, quando escreveu “Mocidade e Morte”, cujo primeiro título original era “O tísico”, ficou definitivamente comprometida. De volta à Bahia, passou grande parte do ano de 1870 em fazendas de parentes, à busca de melhoras para a tuberculose. Em novembro, saiu seu primeiro livro, Espumas flutuantes, único que chegou a publicar em vida, recebido muito favoravelmente pelos leitores.


Daí por diante, apesar do declínio físico, produziu alguns dos seus mais belos versos, animado por um derradeiro amor, este platônico, pela cantora italiana Agnese Trinci Murri. Faleceu em 1871, aos 24 anos, sem ter podido acabar a maior empresa a que se propusera, o poema Os escravos, uma série de poesias em torno do tema da escravidão. Ainda em 1870, numa das fazendas em que repousava, havia completado A Cachoeira de Paulo Afonso, que saiu em 1876, e que é parte do empreendimento, como se vê pelo esclarecimento do poeta: “Continuação do poema Os escravos, sob título de Manuscritos de Stênio.”


Duas vertentes se distinguem na poesia de Castro Alves: a feição lírico-amorosa, mesclada de forte sensualidade, e a feição social e humanitária, em que alcança momentos de fulgurante eloquência épica. Como poeta lírico, caracteriza-se pelo vigor da paixão, a intensidade com que exprime o amor, como desejo, frêmito, encantamento da alma e do corpo, superando o negaceio de Casimiro de Abreu, a esquivança de Álvares de Azevedo, o desespero acuado de Junqueira Freire. A grande e fecundante paixão por Eugênia Câmara percorreu-o como corrente elétrica, reorganizando-lhe a personalidade, inspirando alguns dos seus mais belos poemas de esperança, euforia, desespero, saudade. Outros amores e encantamentos constituem o ponto de partida igualmente concreto de outros poemas.


Enquanto poeta social, extremamente sensível às inspirações revolucionárias e liberais do século XIX, Castro Alves, na linhagem de Victor Hugo, um dos seus mestres, viveu com intensidade os grandes episódios históricos do seu tempo e foi, no Brasil, o anunciador da Abolição e da República, devotando-se apaixonadamente à causa abolicionista, o que lhe valeu a antonomásia de “Cantor dos escravos”. A sua poesia se aproxima da retórica, incorporando a ênfase oratória à sua magia. No seu tempo, mais do que hoje, o orador exprimia o gosto ambiente, cujas necessidades estéticas e espirituais se encontram na eloquência dos poetas. Em Castro Alves, a embriaguez verbal encontra o apogeu, dando à sua poesia poder excepcional de comunicabilidade.


Dele ressalta a figura do bardo que fulmina a escravidão e a injustiça, de cabeleira ao vento. A dialética da sua poesia implica menos a visão do escravo como realidade presente do que como episódio de um drama mais amplo e abstrato: o do próprio destino humano, presa dos desajustamentos da História. Encarna as tendências messiânicas do Romantismo e a utopia libertária do século. O negro, escravizado, misturado à vida cotidiana em posição de inferioridade, dificilmente se podia elevar a objeto estético, o que ele alcançou, no entanto, numerosas vezes. Surgiu primeiro à consciência literária como problema social, e o abolicionismo era visto apenas como sentimento humanitário pela maioria dos escritores que até então trataram desse tema. Só Castro Alves estenderia sobre o negro o manto redentor da poesia, tratando-o como herói, como ser integralmente humano.


 


Com seu lirismo exacerbado compôs poemas antológicos do romantismo brasileiro, mas não afastou-se jamais de sua veia libertária de onde emergiu o poeta social, o republicano, o abolicionista, o cantor dos escravos. Alguns poemas, como "O navio negreiro" e "Vozes d'África", obtiveram enorme sucesso popular quando declamados pelo poeta e se transformaram em verdadeiras bandeiras na luta contra a escravidão. O livro "Os escravos" foi publicado de forma independente pela primeira vez em 1883, doze anos após a morte do autor e reúne as composições antiescravagistas de Castro Alves, entre elas, os famosos poemas abolicionistas “O Navio Negreiro” e “Vozes d'África”.


Nos poemas de Os Escravos de Castro Alves, a poesia é suplantada pelo discurso político grandiloquente e até verborrágico. Para atingir o alvo e persuadir o leitor e, muito mais, o ouvinte, o poeta abusa de antíteses e hipérboles e apresenta uma sucessão vertiginosa de metáforas que procuram traduzir a mesma ideia. A poesia é feita para ser declamada e o exagero das imagens é intencional, deliberado, para reforçar a ideia do poema.


Ao longo de Os Escravos de Castro Alves e A Cachoeira de Paulo Afonso, Castro Alves vai apresentando ao leitor a vida do cativo, negro ou mestiço, sujeito à crueldade dos senhores, que arrancam os filhos dos braços das mães para os vender, estupram as mulheres, torturam e matam impunemente os “Homens simples, fortes, bravos…/ Hoje míseros escravos/ Sem ar, sem luz, sem razão…”


Afrânio Peixoto registra que esta obra deu a Castro Alves, então o maior poeta lírico e épico do Brasil pelos livros Espumas Flutuantes e Hinos do Equador, o "renome de nosso único poeta social", e também como "poeta dos escravos" e "poeta republicano", no dizer de Joaquim Nabuco, e ainda o "poeta nacional, se não mais, nacionalista, poeta social, humano e humanitario", no dizer de José Veríssimo.


Peixoto ressalta que a obra propaga a causa abolicionista. Registra que seus primeiros versos pela libertação dos cativos datam de 1863, quando contava somente dezesseis anos de idade; a maioria deles, contudo, é de dois anos mais tarde, 1865, quando são publicados, declamados e divulgados em todo o país, antecedendo autores como Tavares Bastos e dando o prenúncio da geração que traria a luta pela causa anti-escravidão como um dos ideais a ser perseguido e somente alcançado duas décadas depois.


Única peça de teatro escrita por Castro Alves, "Gonzaga ou A Revolução de Minas : drama historico brazileiro" foi encenada pela primeira vez na Bahia, no dia 7 de setembro de 1867, com estrondoso sucesso, sendo o poeta coroado e carregado nos ombros pelos admiradores até sua casa. O drama, carregado de patriotismo, recebeu elogios de José de Alencar e Machado de Assis e obteve consagração também em São Paulo, quando foi levado a cena, em outubro de 1868.


O Único livro publicado em vida do poeta, "Espumas flutuantes" teve grande e contínuo sucesso de público. Trata-se de uma coletânea de textos produzidos entre 1864 e o ano da publicação, na qual se encontram os vários tons da sua poesia: o intimista, o coloquial e o grandiloquente. Organizada paralelamente ao volume 'Os escravos', que o poeta não teve tempo de publicar, a coletânea não traz, por isso mesmo, os poemas abolicionistas que o consagraram.


Em “Ode ao Dois de Julho” (ou “Dous” de Julho, como grafado na versão original), Castro Alves faz uma espécie de poema épica em homenagem à Independência da Bahia, ocorrida em 2 de julho de 1823. Nessa data em questão, houve um conflito intenso entre as forças de Portugal e as do Brasil, resultando na expulsão dos europeus e na consolidação da Independência do Brasil.


Na primeira estrofe vemos uma descrição do campo de batalha, nos cerros da Bahia, com um anjo da morte costurando uma mortalha (um pano funerário) em Pirajá, onde aconteceu um dos conflitos decisivos. Nesse primeiro momento ainda resta a dúvida: qual dos dois gigantes vencerá, Brasil ou Portugal?


Em seguida, Castro Alves compara a batalha a um circo, como ao Coliseu, famoso pelas lutas de gladiadores. Entretanto, não era uma batalha de dois povos, mas uma batalha entre dois ideais: o passado e o futuro, a escravidão ou a liberdade. A batalha se estende até que a “branca estrela matutina” surge nos céus, marcando o início de novos tempos. E uma voz surge logo em seguida: a voz da Liberdade, que se estenderia às gerações futuras, honrando os soldados que perderam a vida lutando por essa causa.


https://www.academia.org.br/academicos/castro-alves/biografia#:~:text=Biografia&text=Castro%20Alves%20(Ant%C3%B4nio%20Frederico)%2C,escolha%20do%20fundador%20Valentim%20Magalh%C3%A3es.

ARLS 20 DE SETEMBRO 4346 - Brasília

 



    No meu ultimo dia de trabalho em Brasília, recebo um convite do irmão Fernando Viana, Venerável Mestre da ARLS 20 de Setembro 4346,  para assistir uma palestra. Informa que o erudito irmão Luiz Augusto Nascimento vai falar sobre o tema "Sic semper tyrannys: O Rito Escocês Antigo e Aceito e os inimigos da humanidade".

   Tenho pelo irmão acadêmico Luiz Augusto o maior respeito e admiração. Intelectual, educador, cultura acima da média, não poderia perder esta apresentação e realmente foi um prêmio assistir a esta extraordinária palestra, fruto de inúmeras pesquisas e estudo, apresentando a visão do cientista político Eric Voegelin sobre as raízes da tirania e sua relação com o Rito Escocês Antigo e Aceito.

  Na palavra livre fiz um comentário expressando a minha opinião sobre a Loja. Conheço centenas de Lojas no Brasil e algumas no exterior, as quais visitei e em outras palestrei. Algumas são pesadas, feito um caminhão carregado, com grande foco na gestão e quase nenhum em estudos, tornando a trajetória do maçom lenta e pesada. Outras são rápidas e leves, com fluidez na administração e dedicação ao aprendizado. A ARLS 20 de Setembro, neste critério, é uma Ferrari.

   O ágape foi o cachorro-quente que remeteu a infância, salsicha, molho, batata chips e pão, e além de delicioso foi muito divertido ver aquele bando de homens adultos brincando e se lembrando os tempos de infância quando cachorro-quente era o lanche preferido. Gravatas e camisas saíram manchadas com molho, mas ninguém se incomodou. Uma noite absolutamente deliciosa.



AVATARES E O QUE SE OCUPA DENTRO DE NÓS - Newton Agrella



Sem qualquer ruptura dos segredos inerentes aos graus maçônicos, mas apenas e tão somente, fazendo uma tênue abordagem do ponto de vista cultista e formal da estrutura ritualística, cabe registrar que ao final dos Graus Superiores no "Rito Escocês Antigo e Aceito"  e mais especificamente nos chamados Graus Administrativos, vamos nos deparar com o estudo e análise dos chamados AVATARES.

AVATAR é uma palavra da Língua Sânscrita, que significa "A descida de Deus" ou filosoficamente, representa "uma alma que transcende a matéria e se manifesta como uma essência espiritual."

Esse conceito intimamente ligado ao postulado básico da Maçonaria, que se refere à crença num Princípio Criador e Incriado do Universo, se canaliza e encontra respaldo sob diferentes formas entre os Homens, nas suas mais variadas culturas e tradições.

Essas manifestações espirituais se traduzem através de Filósofos e Luzes Reformadoras que constituem as Inspirações que indicam os caminhos da Humanidade.

Cada uma dessas Luzes, sob diferentes maneiras de abordar os conceitos de Moral, Ética, Retidão, Amor, Liberdade, Igualdade e Fraternidade consagram códigos de conduta, dos quais  a Maçonaria se vale, para a sedimentação do processo de aprimoramento interior humano.

ZARATRUSTA, BUDA, MOISÉS, HERMES TRIMEGISTA, PLATÃO, JESUS DE NAZARÉ, MAOMÉ e A ESTRELA AGUARDADA DO MESSIAS são meios dos quais os homens se valem para estabelecer um vínculo espiritual com a Vida no seu plano esotérico.

Deixando claro que este Esoterismo, diz respeito a um conjunto de tradições, lendas, mitos e interpretações filosóficas de doutrinas, bem como de  Fraternidades Iniciáticas - cujo propósito é o de  transmitir experiências que dizem respeito a aspectos da natureza da vida que se encontram sutilmente ocultos.

É inegável que no arcabouço maçônico herdado de suas origens primitivas, operativas e especulativas, além do seu caráter intelectual e investigativo do ponto de vista antropocêntrico e hominal, há o aspecto espiritual e anímico que são componentes da própria estrutura humana, cuja razão e emoção são alicerces de sua existência.

Diante desse particular capítulo, há que se levar em conta que nenhum proselitismo ou dogma são objetos de apoio  e sustentação da Sublime Ordem.

Pelo contrário, o protagonismo dessa conjunção de ideias repousa sobre a inquietante manifestação do Discernimento.



março 13, 2025

ARLS FRATERNIDADE BRASILENSE 2300 - Brasília



Na noite desta quarta feira, 12, eu tinha a intenção de visitar outra Loja, que já conhecia, porém só chegar ao prédio do GO DF fiquei sabendo que era uma sessão de finanças, na qual visitas não aproveitam o tempo. 

No saguão, enquanto montava a Mostra Itinerante de livros dos acadêmicos da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras entabulei conversa com um simpático irmão, que descobri ser o Venerável Mestre da ARLS Fraternidade Brasiliense 2300, Benfeitora da Ordem, onde iria ocorrer uma sessão de elevação para o grau de companheiro.

Aceitei o convite do irmão VM Antônio Augusto Rocha Lopes e inclusive participei dos trabalhos ocupando o honroso cargo de porta-bandeira. A  sessão foi conduzida em estrita ritualística, que a todos encantou. Na palavra a bem dos trabalhos pude contar brevemente a história do grau de companheiro, desde a era da maçonaria operativa, a fundação da Abadia de Cluny, na França, onde se consolidou a expressão "cum panis", até a criação da Grande Loja Unida de Londres e Westminster, onde foi definido como grau, ainda antes da criação do grau de mestre, que seria anos depois.

Ao final o recém elevado companheiro ofereceu um ágape a todos os presentes. Uma bela sessão e uma noite agradável.

AFORISMOS DO PADRE ANTONIO VIEIRA - Heitor Rodrigues Freire

 


Pouca fé, isto é, pouca fidelidade; muita fé, isto é, muita confiança.”

Nestes tempos de tão acentuado avanço tecnológico, com tantos instrumentos à disposição para serem utilizados, copiados, com a inteligência artificial orientando e influenciando atitudes e comportamentos, considero útil e necessária uma imersão no universo imensurável que nos deixou o padre Antônio Vieira.

O padre Antônio Vieira (1608-1697) foi um importante religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus, conhecido por seus sermões e textos filosóficos, políticos e religiosos, combateu a escravidão indígena no Brasil, enfrentou a feroz Inquisição portuguesa – por quem foi implacavelmente perseguido –, defendeu os judeus e a abolição da escravatura, além de criticar severamente os sacerdotes de sua época. Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no movimento barroco brasileiro e português.

Suas habilidades linguísticas impecáveis, sobretudo em retórica e oratória, tornaram-no o pregador oficial da corte portuguesa por um período. E suas ideias pouco convencionais levaram-no até mesmo à prisão por heresia.

Chamado de “imperador da língua portuguesa” por Fernando Pessoa, padre Antônio Vieira foi autor de correspondências, textos proféticos e sermões. Esse último gênero textual lhe garantiu grande destaque pela riqueza no trabalho com a linguagem e pela abordagem de temas políticos e sociais em meio a imagens religiosas.

A Obra Completa do Padre António Vieira, anotada e atualizada, começou a ser publicada em 2013, quase quatro séculos após o seu nascimento. Esta publicação em 30 volumes inclui a totalidade de suas cartas, sermões, obras proféticas, escritos políticos, sobre os judeus e sobre os índios, bem como sua poesia e teatro, e resulta na primeira edição completa e mais bem cuidada de toda a sua vasta produção. Antônio Vieira escreveu mais de 200 sermões, 700 cartas, além de tratados proféticos e livros. 

Embora ele não seja tradicionalmente associado a aforismos (frases curtas e impactantes que expressam uma ideia ou reflexão), muitos trechos de seus textos e sermões podem ser interpretados como tal, devido à sua profundidade e concisão.

Agora, a editora Migalhas publica Migalhas de Padre Antônio Vieira, contendo 835 citações marcantes dele, que se assemelham a aforismos, confirmando mais uma vez sua vasta cultura e disposição ao trabalho.

 Abaixo estão algumas citações marcantes de padre Vieira, a começar pela frase que abriu este artigo:

Pouca fé, isto é, pouca fidelidade; muita fé, isto é, muita confiança.”

“Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras.”

 “A esperança é o pão dos pobres, e o pão dos pobres é a esperança.”  

 “O tempo é a substância de que é feita a vida.”  

“A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos.”  

“A mentira tem pernas curtas, mas a verdade alcança-a sempre.”  

“O orgulho é a ruína do homem; a humildade, o seu alicerce.”  

“A fé e a razão são como duas asas que elevam o espírito humano à verdade.”  

“Amar ao próximo como a si mesmo não é só mandamento, é a medida do amor.”  

“A liberdade é um dom divino, e a escravidão, uma invenção humana.” 

“Quem pode fazer o bem e não faz peca por omissão.” 

 “A morte não é o fim, mas a passagem para a eternidade.”  

Essas frases capturam a essência do pensamento de padre Antônio Vieira, marcado por sua profunda fé, sua sensibilidade social e seu talento retórico. Seus textos e sermões continuam a ser estudados e apreciados por sua perenidade, relevância e sabedoria.

Enfim, reler os escritos do padre Antônio Vieira representa um aprendizado constante.

Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.

março 12, 2025

JEAN THEOPHILLUS DESAGULERS - Um dos pais da maçonaria



O dia de hoje, 12 de março, marca a data de nascimento, em 1683, de Jean Theofillus Desaguliers, membro da Royal Society de Londres, assistente e divulgador de Isaac Newton.

Nasceu na França, mas por motivo de perseguição religiosa seu pai, protestante hughenote, fugiu para a Inglaterra levando o filho de dois anos escondido em um barril 

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Ele estudou em Oxford e depois popularizou as teorias newtonianas e suas aplicações práticas em palestras públicas.

Desaguliers, além de possuir uma sólida formação científica, era um homem também pragmático, preocupado em resolver os problemas concretos de seu tempo, extrapolando na preocupação com questões metafísicas.  

É considerado um dos Pais Fundadores da moderna maçonaria. Como maçom, Desaguliers foi fundamental para o sucesso da primeira Grande Loja em Londres no início da década de 1720 e serviu como seu terceiro Grão-Mestre.

ARLS ABRIGO DA VIRTUDE 1701 - Brasília


    A ARLS Abrigo da Virtude n. 1701 - Grande Benfeitora da Ordem, funciona no magnífico templo da Loja Estrela de Brasília, onde já tive a oportunidade de palestrar diversas vezes, em várias Lojas. Na ontem de ontem foi nesta Loja em que me apresentei, com a palestra e o audiovisual "O caminho da felicidade".

   Sob a competente direção do Venerável Mestre Hudson Vieira dos Reis, cujo pai também pertence ao quadro da Loja, mais de 30 irmãos participaram e se emocionaram com a palestra. Curiosamente, outro irmão, que me proporcionou o transporte de casa até a Loja, Danillo Olivier, também tem no quadro o seu pai e seu irmão, que inclusive será o próximo Venerável Mestre. Uma Loja que privilegia a família.

   A ARLS Abrigo da Virtude, além do desenvolvimento do estudo maçônico, tem uma forte ação na área de beneficência e fiquei impressionado com os números expostos pelo tesoureiro, que mostram um poderoso foco de auxílio aos menos favorecidos. 

  A mostra de livros teve início no amplo e belo saguão e prosseguiu no ágape, despertando grande interesse dos irmãos. O ágape, por sua vez, foi coisa de cinema, magnífico, com os irmãos confraternizando até tarde. 

  

   

A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA MAÇONARIA - Hélio Pereira Leite

MARIA DERAISMES

Sempre que se fala da participação da mulher na maçonaria, em maçonaria mista e em maçonaria feminina, vem a baila a figura histórica de Maria Deraismes, uma mulher à frente de seu tempo, sempre festejada e mencionada em livros que trata sobre a Ordem Maçônica. No Livro Maçônico do Centenário, editado pelo Grande Oriente do Brasil, em 1922, em comemoração ao seu primeiro centenário, tem um capítulo especial dedicado a esta grande mulher e a participação feminina na Maçonaria.

Tinha Maria 33 anos quando sua mãe faleceu, tendo ela ficado isolada durante meses. Quatro anos depois, em 1865, sua irmã ficou viúva e voltou para casa. As duas irmãs se entendiam muito bem e tinham uma renda mensal capaz de lhes assegurar uma vida confortável e sem preocupações financeiras, permitindo que Maria se dedicasse às suas atividades intelectuais, abrindo seus salões à elite pensante parisiense. Nesta época, a igreja católica combatia ferozmente a Maçonaria, a ponto de, numa pregação na catedral de Notre-Dame, o padre Loison dizer que os membros da Maçonaria deveriam ser dizimados. A Franco-Maçonaria resolveu então se defender.

 Com dificuldade conseguiu autorização dos poderes constituídos para fazer palestras públicas. Estas palestras eram dadas na sede da Maçonaria e eram chamadas palestras filosóficas, sendo que qualquer pessoa poderia assistir, inclusive mulheres. Em 20 de março de 1866, no Grande Oriente da França, portanto dezesseis anos antes de sua iniciação, Marie Deraismes depois de aceitar convite formal feito à ela falou sobre "A Moral", que definiu como sendo "A aplicação dos axiomas da Justiça, do Belo e do Bom na vida cotidiana".

Foi um sucesso total reconhecido até por aqueles que foram ouvi-la para poder criticá-la, como um grande jornalista que disse: "Eu confesso que cheguei à conferência de Maria Deraismes pensando encontrar uma velha solteirona metida a intelectual e nula. Minha surpresa foi ver uma jovem mulher, com o rosto pálido, muito distinta, de uma elegância simples, sem timidez ridícula nem arrogância.

Desde o começo ela conquistou a plateia. Uma voz com belo timbre e elocução fácil, uma grande pureza de linguagem, alfinetadas bem colocadas sem serem maldosas, além de um grande bom senso e de incrível erudição."

Continuou Maria a fazer uma série de palestras sempre com salas lotadas e muito polêmicas. Participou do jornal "O Direito da Mulher" e continuou escrevendo artigos. Nesta época, 1866, os salões das irmãs Deraismes mais pareciam uma filial da Loja Maçônica Mars et les Arts, e da redação do Jornal "A Liberdade", do Irmão Emile Grandin.

Mas, Maria sofria de enfisema e após uma violenta crise foi passar um tempo na casa de seu tio perto de St. Malo. Regressou a Paris em 1871, voltou a escrever artigos, participou ativamente da "Associação pela Melhoria do Destino das Mulheres", fez palestras e fez campanha pela obtenção dos direitos civis e políticos das mulheres.

 Em janeiro de 1875, fez uma palestra tão explosiva que foi chamada pela polícia para que tivesse mais moderação, tendo sido também insultada pela igreja por defender o direito das crianças terem escolas públicas. Em 1879, ela organizou conferências por toda a França.

Existiam, nesta época, 1880, o Grande Oriente e as Grandes Lojas. Doze Lojas, das Grandes Lojas, desligaram-se e formaram a Grande Loja Simbólica Escocesa. Estas Lojas dissidentes eram das mais avançadas socialmente e a elas juntaram-se outras formando um grupo de 36 lojas.

INICIAÇÃO AO 1° GRAU MAÇÔNICO de Mademoiselle MARIA DERAISMES".

Esse convite foi assinado pelo Venerável Mestre Houbron e mais seis mestres. Nessa época ele falou: "Com a aprovação da Loja, já é hora de se reconhecer o princípio de igualdade entre homens e mulheres pela ação Maçônica. Sendo assim, nós vamos iniciar a Srta. Maria Deraismes, a famosa mulher oradora, escritora e filósofa."

Neste dia 14 de janeiro de 1882, dia da Iniciação de Maria Deraismes, ela falou: "Eu agradeço à Loja "Les Libres Penseurs", em Pecq, que hoje me honra aceitando-me entre seus membros. A porta que vocês abriram não se fechará atrás de mim e muitas outras mulheres me seguirão. Hoje vocês são considerados heréticos, porque vocês são reformadores. Uma vez que em todos os lugares estão urgentemente sendo necessárias, vocês não terão que esperar muito para alcançarem o sucesso. A Obediência Masculina, a ortodoxia Franco-Maçom, deve proibir, por algum tempo ainda, a admissão de mulheres nos Templos, além de considerá-las profanas; não deixemos que isto nos preocupe. Trabalharemos ativamente para fazê-los sair de seus caminhos errôneos e, apesar do que eles dizem, trabalharemos e diremos:

A cerimônia de Iniciação foi emocionante, pois era a vitória de anos de luta. Falaram na oportunidade o Venerável, a Aprendiz Maria Deraismes e o Irmão Georges Martin, da Grande Loja Simbólica Escocesa. Simultaneamente à Iniciação, a Loja enviou uma carta à Grande Loja Simbólica Escocesa, obediência a qual pertencia, retirando-se da Confederação, tornando-se independente.

A luta continuava, e nos salões das irmãs Deraismes o estudo para uma loja mista continuava. Finalmente, a Loja Jerusalém Escocesa, no dia 8 de maio de 1891, resolveu estudar a possibilidade de construir as Lojas Mistas a partir de um projeto apresentado pelo Irmão Georges Martin.

Em junho de 1892, Maria convocou um grupo de mulheres, altamente qualificadas, para se prepararem para uma possível iniciação dia 4 de março de 1893. Numa segunda reunião, todas as disposições foram tomadas para criar, na mais perfeita regularidade, a primeira Loja com todas as mulheres presentes.

No dia 14 de março de 1893 é fundada a Loja, tendo como Venerável Fundadora MARIA DERAISMES e como secretária a Irmã MARIA MARTIN, com mais quatorze Irmãs presentes e duas ausentes que foram iniciadas depois.

 Após as sessões que permitiram que as Irmãs passassem pelos graus de Companheiro e de Mestre, a FRANCO-MAÇONARIA MISTA "LE DROIT HUMAIN" foi oficialmente fundada no dia 4 de abril de 1893. A Ordem era constituída por quatorze Irmãs, um Irmão no grau de Mestre, Georges Martin e duas Irmãs no grau de Aprendiz.

Maria, já muito doente e com 64 anos, dirigiu nove sessões ritualísticas nesse ano de 1893, depois teve que permanecer de cama, mas lúcida e ativa até o último dia.

 Na véspera de sua morte, recebeu uma carta de gratidão da Federação dos Movimentos Feministas, informando da reforma do código Civil a favor das mulheres e reconhecendo nela, Maria, uma das artífices desta vitória por sua luta de 20 anos pelos direitos destas mulheres.

Maria Deraismes faleceu no dia seguinte, 6 de fevereiro de 1894, às 2 horas da manhã, com 65 anos, repetindo: "A gente não se cansa de amar, a gente não se cansa de lembrar..."

A OBESIDADE MENTAL



O prof. Andrew Oitke, catedrático de Antropologia em Harvard, publicou em 2001 o seu polêmico livro “Mental Obesity”, que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.

Nessa obra introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna. Há apenas algumas décadas, a humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física decorrente de uma alimentação desregrada. É hora de refletir sobre os nossos abusos no campo da informação e do conhecimento, que parecem estar dando origem a problemas tão ou mais sérios do que a barriga proeminente. ”

Segundo o autor, “a nossa sociedade está mais sobrecarregada de preconceitos do que de proteínas; e mais intoxicada de lugares-comuns do que de hidratos de carbono. As pessoas se viciaram em estereótipos, em juízos apressados, em ensinamentos tacanhos e em condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada. ”

“Os ‘cozinheiros’ desta magna “fast food” intelectual são os jornalistas, os articulistas, os editorialistas, os romancistas, os falsos filósofos, os autores de telenovelas e mais uma infinidade de outros chamados ‘profissionais da informação’”.

“Os telejornais e telenovelas estão se transformando nos hamburgers do espírito. As revistas de variedades e os livros de venda fácil são os donuts” da imaginação. Os filmes se transformaram na pizza da sensatez.”

“O problema central está na família e na escola”.

“Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se abusarem dos doces e chocolates. Não se entende, então, como aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, por videojogos que se aperfeiçoam em estimular a violência e por telenovelas que exploram, desmesuradamente, a sexualidade, estimulando, cada vez com maior ênfase, a desagregação familiar, a permissividade e, não raro, a promiscuidade. 

Com uma ‘alimentação intelectual’ tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é possível supor que esses jovens jamais conseguirão viver uma vida saudável e regular”.

Um dos capítulos mais polêmicos e contundentes da obra, intitulado “Os abutres”, afirma: “O jornalista alimenta-se, hoje, quase que exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, e de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.”

O texto descreve como os “jornalistas e comunicadores em geral se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polêmico e chocante”.

“Só a parte morta e apodrecida ou distorcida da realidade é que chega aos jornais.”

“O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para quê ela serve. Todos acham mais cômodo acreditar que Saddam é o mau e Mandela é o bom, mas ninguém se preocupa em questionar o que lhes é empurrado goela abaixo como “informação”.

Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um “cateto.”

Prossegue o autor: “Não admira que, no meio da prosperidade e da abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se e o folclore virou ‘mico’. A arte é fútil, paradoxal ou doentia. Floresce, entretanto, a pornografia, o cabotinismo (aquele que se elogia), a imitação, a sensaboria (sem sabor) e o egoísmo. Não se trata nem de uma era em decadência, nem de uma ‘idade das trevas’ e nem do fim da civilização, como tantos apregoam. 

Trata-se, na realidade, de uma questão de obesidade que vem sendo induzida, sutilmente, no espírito e na mente humana. O homem moderno está adiposo no raciocínio, nos gostos e nos sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.” 

Fonte: (Blog Teoria da Conspiração - O Que Eles não gostariam que você soubesse…)

março 11, 2025

ARLS DUQUE DE CAXIAS 13 - Brasília

 



 notável brasileiro Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, merece e desfruta de muitas homenagens, monumentos, cidades, avenidas e é nome de um grande número de Lojas Maçônicas que atestam a sua condição de irmão.

Na noite de ontem visitei a ARLS Duque de Caxias n. 13, da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal, que tem o seu templo no Guará. Estive neste templo há uns 13 ou 14 anos e não mudou nada, a exceção de uma nova geração de maçons que hoje lá desenvolve os seus trabalhos.

Sob o comando do simpaticíssimo xará Venerável Mestre Michael von Semenoff Romano, em uma sessão regular, assisti ao excelente trabalho de um aprendiz falando sobre a necessidade de mais estudos em Loja, o que gerou um oportuno e interessante debate.

Fiquei sabendo que a Loja sorteia todas as semanas um dos irmãos para apresentar um trabalho, e o mesmo fica responsável por trazer um lanche que precede a sessão. Em compensação recebe uma cesta básica para doar a quem desejar. Desta forma, todos os irmãos do quadro apresentam trabalhos e praticam beneficência.

No átrio teve grande sucesso a mostra itinerante de livros da AMVBL e ao final uma deliciosa galinhada encerrou os trabalhos que se estenderam até quase a meia noite. 

No selfie da foto, o rosto do irmão Luiz Fernando, que me proporcionou o transpore até o local.

AHIMAN REZON - Jorge Gonçalves



A obra "Ahiman Rezon: A Constituição dos Maçons Antigos", originalmente publicada em inglês por Laurence Dermott em 1778, inclui um comentário de John Locke direcionado ao rei, no qual o filósofo expressa seu interesse pela Maçonaria. Na segunda edição em português (2024), traduzida e comentada por Kennyo Ismail, destaca-se o contexto histórico vinculado ao manuscrito recuperado por Johan Leylande durante a dissolução dos monastérios ingleses por Henrique VIII (século XVI). Como explica o extraordinário irmão Ismail:  

_"Após o rompimento com o Vaticano e a fundação da Igreja Anglicana, Henrique VIII ordenou a Leylande resgatar manuscritos sob custódia católica. Entre eles, estava um documento escrito por Henrique VI (avô de Henrique VIII), posteriormente copiado e integrado às tradições maçônicas."_

*Comentário de Locke preservado (originalmente em Ahiman Rezon):*  

_"Um homem que possui todas essas artes e vantagens é, certamente, para ser invejado. [...] No entanto, de todas as suas artes e segredos, o que mais desejo conhecer é 'a habilidade de se tornar bom e perfeito'. [...] Virtude tem em si algo tão amável que encanta os corações de todos que a contemplam. [...] Quanto melhores os homens são, mais eles amam uns aos outros."_

Locke conclui sua nota com uma declaração espetacular pessoal ao rei:  

_"Não posso negar que a leitura destes antigos papéis atiçou minha curiosidade, a ponto de induzir-me a ingressar na Fraternidade [...] Estou determinado a fazê-lo (caso seja admitido) [...] Sou, Meu Senhor, o mais obediente e humilde servo, JOHN LOCKE."_

Nota Histórica (Fonte: KENNYO ISMAIL) 

DE FERRAMENTAS EM PUNHO (entre Símbolos e Alegorias) - Newton Agrella



Depois de algum tempo ingresso na minha Oficina mental e lanço mão do Maço e do Cinzel que estavam sobre uma pequena bancada perto de mim.

Quase que instintivamente e levado por uma vontade incontida, começo a dar golpes com o Maço sobre o Cinzel e me deparo com uma série de arestas e imperfeições que precisam urgentemente de reparos.

Há que se dar forma e algum polimento à pedra

Sinto que o primeiro defeito que está mais me incomodando é a "Intolerância" e noto que merece um significativo e derradeiro desbaste. 

Trata-se de algo que tem me incomodado em demasia e que com certeza incomoda muito mais àqueles que estão à minha volta.

Os golpes sobre o Cinzel parecem se intensificar, vão abrindo caminhos  e dão de cara com a "Arrogância".

Indisfarçadamente, percebo que o Cinzel parece querer escorregar.  

Golpeio com um pouco mais de boa vontade para o meu aprimoramento.

Afinal de contas, representa outra relevante saliência que precisa ser desgastada com mais energia. Sem medo.

Prossigo nessa mesma lavra.

Eis que de repente me vejo diante da ,"Insegurança". 

Eu me questiono e me dou conta  que esse outro defeito tem se manifestado frequente.

O melhor a fazer é buscar uma intensidade mais moderada aos golpes de forma a me propiciar mais determinação e foco nessa empreitada. 

A cada nova investida contra o Cinzel percebo involuntariamente, que a pedra que se reveste ainda de tantas imperfeições como: a Soberba, a Falsa Modéstia, o Inconformismo, a Ingratidão, o Egoísmo, a Chatice, a Irritação Gratuita, dentre tantas outras, vai progressivamente ganhando contornos como uma espécie de escultura em que a Arte imita a Vida.

Os Símbolos que as ferramentas representam e as Alegorias que as imagens e as idéias traduzem me sugerem sinais evidentes de que esse processo de construção interior é o que deve ser percorrido, a fim de que eu possa me sintonizar de maneira mais harmônica e universal entre o corpo que eu habito e o espírito que me guarnece.

O trabalho é perene e a Oficina precisa ser revisitada a cada estação.



março 10, 2025

COMO É A SUA MAÇONARIA? COMO É A SUA LOJA? - Nelson Carvalho (adaptado)



Um irmão escreveu-me um e-mail recentemente, preocupado com a falta de interesse dos maçons em estudar.

Essencialmente os maçons, dizem ser a “nata” da sociedade. 

Ler livros, estudar, pesquisar, questionar, defender princípios éticos e morais e agir seriam alguns dos preceitos estritamente elementares e básicos de uma comunidade formada pela “nata” da sociedade.

Salvo melhor juízo, o que vemos, contudo, é um conjunto de pessoas, bem intencionadas, boas de coração, mas completamente alienadas. 

Seguem o que mandam. 

Alguns, entretanto, abandonam o barco por se sentirem enganados pela ideia que a Instituição lhe vendeu. 

Outros, que insistem, são marcados como de “complicados” ou que “não deixaram a maçonaria entrar nos seus corações”.

Avaliando tudo isto, podemos vislumbrar algumas questões.

São verdadeiras estas afirmações?

Analisemos.

Onde começa a Maçonaria? 

Na Loja. 

Na Loja existe o ingrediente mais importante e basilar da Instituição: o maçon, o ser humano, o pensante, o agente.

Nas Lojas, estamos realmente a encontrar pessoas que questionam, que pensam, que estudam, que agem? 

Ou são apenas mecanicistas e “agapistas”? 

A inteligência está em repetir, repetir e repetir o que outros dizem ser “cláusulas pétreas”, ou está na capacidade de investigar, duvidar, questionar, propor, agir??? 

Qual a diferença entre uma pedra e um ser pensante? 

A pedra está ali, não se mexe, não pensa, não toma iniciativa alguma, segue o que lhe recomendarem. 

O ser pensante incomoda o status quo, interage proactivamente, propõe o novo, age, duvida, argumenta, reinventa e reinventa-se.

A Loja, embrião da estrutura maçónica, é de onde vem as definições, as ordens. 

Não espera vir de cima, mas está acima.

Como é a sua Loja? 

Onde e em que patamar se encontra? 

Está à altura do que se espera no ideal Maçónico? 

Tem opinião, faz ouvir e valer a sua opinião, ou a sua opinião religiosamente coincide com o que vem “de cima”? 

Se a Loja não tem posição “em cima”, é porque aguarda e espera. 

Espera a iniciativa de quem julga estar acima, espera ordens, espera decisões, espera a definição do que é certo e do que é errado. 

Quanto muito, espera apenas para ratificar. 

Apequena-se. 

Não tem iniciativa, criatividade, força própria, argumentação.

Não se quer incomodar. 

A rotina é o seu sustentáculo da existência e finalidade.

E assim anda a Maçonaria, ou não?

Se quisermos saber mais sobre a Maçonaria, olhemos para as nossas Lojas. 

Quais são as suas preocupações, quais são os seus planos de curto, médio e longo prazo (ou nem sequer têm planos?). 

Têm feito diferença na sua área de acção e actuação junto a comunidade? 

Qual a qualidade dos trabalhos que são apresentados? 

Esses trabalhos trazem novidades ou são repetições das repetições? 

O mesmo do mesmo? 

E assim está bem…

E os maçons, os Obreiros. 

Quem são? 

O que são?

Os obreiros conhecem a regras da sua Loja e da sua Grande Loja? 

Sentem-se capacitados para avaliá-las e colaborar na sua melhoria, ou não estão nem um pouco interessados? 

Na Loja o que é mais importante? 

O rito? 

A ritualística? 

Os graus? 

Entrar com o pé esquerdo? 

Chamar à atenção de um irmão que não fez a ritualística “perfeita”? 

Ou são as ações efetivas nas comunidades?

Constituem a diferença ou não são nada, ou são os vaidosos e amigos dos amigos, que se favorecem entre si? 

São os que só querem beneficiar? 

Quem somos? 

Que valor temos para a sociedade? 

Qual a nossa utilidade para o progresso da humanidade? 

Vivemos da e na teoria ou agimos de facto? 

Qual é o histórico da Loja? 

Qual o currículo da Loja? 

A porta do Templo é apenas mais uma porta? 

O que é mais importante para o irmão da Loja? 

Ser grau 33 ou ser maçom? 

Vestir-se de fantasias ou despir-se de vaidades?

O Maçom morre para a Maçonaria quando acredita que o rito ou ritual é o fim e não o meio.

A Maçonaria morre para o irmão que torna a Maçonaria fim e não meio.

A Loja abate colunas quando abdica de ser o Ponto Fulcral.

Não raras vezes, há irmãos que não dispõem de recursos para manter um plano básico de saúde para a sua família, mas tèm de sobra para participar e frequentar toda a espécie de atividades extra simbolismo. 

O fanatismo – não reconhecido pelo obreiro, entranha-se na sua existência como se oxigénio fosse. 

A cegueira é de tal ordem, que perde o bom senso, o equilíbrio, o contacto com a realidade.

Quem é mais espiritualizado? 

O mendigo que reparte um pedaço do seu pão com um cão abandonado ao seu lado ou o Grande, “grau não sei quantos”, vestido de Grande que é tão Grande, que não consegue ver o pequeno, pois o seu peito estufado e cheio de medalhas e condecorações impede-o de visualizar os mais humildes e necessitados?

A Maçonaria é o espelho dos maçons. 

Se estes são acomodados, vaidosos, medíocres, meras engrenagens mortas, isto será a Maçonaria, vivendo de um passado que um bom número de maçons, inclusive, desconhece e, em grande parte, fantasia para sonhar com a ideia de que são importantes e insubstituíveis…

Se as Lojas são um “monte” de gente bem intencionada, amigões, mas não vibra, não perturba, não incomoda, não se posiciona de forma enfática, então não passa de um clubinho particular, cubículo de míopes, sonhando com uma hierarquia de reizinhos e súbditos. 

Um teatro repetitivo, medonho, que vive da farta distribuição de bengalas e medalhas sem brilho.

Neste ambiente amorfo, ser Venerável Mestre é algo sem grande sentido. 

A história da Loja é um livro sem letras, ou um conjunto de autoelogios sem significado e significância, característica de pompa entre espíritos pobres e sonhadores. 

A capacidade de vivenciar uma existência profícua resume-se a uma fantasia mental e uma pequenez espiritual

Como é a sua Maçonaria? 

Como é a sua Loja?


...“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”... – Chico Xavier