abril 23, 2025

AO REMÉDIO URGENTE - Adilson Zotovici

 










Ao remédio agora, urgente !

Os sinais estão denotados

O assédio é evidente

De dentro e fora arraigados


A Sublime Ordem doente

Os tesouros são profanados

A garimpagem incoerente

Com desdouros recomendados


Vê-se brotar a má semente

Novas plantas, por todos lados,

De aprendiz a presidente 

Que condiz  aos  mancomunados


Atônito, o artesão prudente,

Com ferramentais preparados

Tenta em vão, mas renitente

Aparar maus rebos notados


Comum na Ordem, frequente

Políticas de aficionados

Que em militância fremente

Em constância em indicados


O “quem indicou” é patente

Vez que os apadrinhados

Que a alguém conveniente

No vaivém não são barrados


Por  grande apuro, recorrente

Livres pedreiros...iniciados,

_Antídotos_ ao “ovo da serpente”!

A um bom futuro agraciados


Herdados de antigamente

Apliquemos os _estudos Sagrados_

Pela Arte Real conducente

Com o fanal do bem, _coroados_ !


Adilson Zotovici

AMVBL

PORTA DA VIDA - Newton Agrella



Vez ou outra somos instados a bater à porta de nossa própria vida.

Entrar com cuidado, tomar um longo fôlego e no silêncio do nosso íntimo começarmos a nos questionar.

Fazemos uma espécie de inventário e então avaliamos aquilo que realmente deve ser mantido e tudo aquilo que não serve pra nada, mas que involuntariamente, deixamos acumular.

É o momento de se fazer uma profilaxia.

Hora de remover todos os dejetos, oxigenar a mente, eliminar pensamentos negativos e se renovar.

Antes de fechá-la, após o término da faxina, cumpre-nos ainda, deixá-la aberta por mais um breve período para que o ambiente se restaure e torne-se anfitrião de novas idéias.

Rever conceitos, reinventar-se humanamente, aquiescer as diferenças e combater preconceitos arraigados, certamente podem contribuir nesse processo.

Lembrando que a vida não é feita pra ser guardada a sete chaves, mas para ser vivida com a parcimônia da sabedoria, do equilíbrio, e do discernimento.

Porém, que uma fresta sempre se mantenha aberta, afinal sem ela, não há como compartilhar para percorrer o caminho rumo a mútua evolução.



abril 22, 2025

LIVRE E DE BONS COSTUMES - Derildo Costa



Ao longo de minha vida estudantil, alguns conceitos intrigaram-me. 

Um deles foi no estudo de sistemas onde um dos conceitos fundamentais diz que “todo sistema é subsistema de outro sistema”. 

Também em filosofia já tinha estudado que todo o todo é parte de um todo. 

Estes conceitos só ganharam entendimento pleno quando alcancei o pleno entendimento de infinitude.

Ainda para ancorar este introito, busco na lembrança um conselho amplamente repetido por minha mãe que com a simplicidade de analfabeta mas com a inteligência de filósofo, me dizia

... "Meu filho, liberdade é uma coisa que quanto menos você usa mais você ganha e quando mais você usa mais perda daquela que lhe tinham dado"...

Agora, maduro, alço estes conceitos (que na essência é um único) para outras áreas do saber, mormente no âmbito do social, assim entendido a pessoa humana envolvida com outras pessoas, não como opção, mas como condição necessária à sua sobrevivência e à perpetuação da espécie.

O homem nasce tão livre quanto nu. Mas a sua liberdade vai sendo “moldada” pelos usos, pelos costumes, pelo ordenamento jurídico. 

Assim, aquele direito natural vai-se transformando em direito permitido ou até mesmo direito concedido. 

E porquê esta metamorfose no direito inerente ao ser humano? 

Não há dúvida que isto decorre do uso que da liberdade se faz.

Liberdade é elemento da essência humana, tanto assim que é o tema preponderante no estudo e desenvolvimento da filosofia tendo sido o tema central de alguns dos filósofos. 

Embora Sócrates e Platão e outros tantos tenham dedicado boa atenção aos conceitos de liberdade e tenham deixado as suas marcas na luta pela preservação do direito a ela, Aristóteles talvez tenha sido o que mais se dedicou a essa luta.

Convivendo numa sociedade onde a escravidão era normal e base do desenvolvimento económico, e mais ainda, numa sociedade onde o devedor se entregava ao credor como escravo para quitação da dívida, voltou-se contra tais práticas por tê-las como violação à essência humana.

Como a grande maioria dos demais filósofos, Aristóteles entendia que a harmonia e a paz dependiam o pleno exercício da liberdade. 

Para ele o homem é um animal privilegiado porque sabe quando está a praticar o bem e quando está a praticar o mal e tem o livre arbítrio de exercer acção no sentido da sua vontade. 

Como entendia ele que o primordial objetivo do homem é ser feliz e que a harmonia e a paz são caminhos seguros para a felicidade, o homem livre tende a ser bom não no sentido de agradar aos outros mas, principalmente, no sentido de conquistar a sua felicidade.

O conceito de Aristóteles é o fundamento básico para o Direito Natural que, por sua vez, é a base do direito positivo. 

Ora, se tudo isto é verdade, então porque a existência de um enorme e complexo conjunto de leis, normas, princípios a reger a nossa conduta. 

Haverá esta liberdade onde se transita num labirinto determinado pelo ordenamento jurídico? 

Até que ponto podemos dizer-nos livres se estamos sempre subordinados a um poder coercitivo?

A ideia de valores tão distinta entre as pessoas e as não menos distintas reacções diante das decepções é-nos mostrada no livro de Génesis na parábola dos irmãos filhos de Adão. 

Quando Abel fez a sua oferta estabeleceu um juízo segundo o qual o acto de dar, para produzir o real efeito do bem, há de ser o de se dar o melhor, diferente do conceito de Caim para quem, em dando algo útil para o receptor, a sua ação teria de estar coroada de êxito vez que a sua doação seria de bom proveito para quem a recebeu. 

Como na avaliação divina o conceito mais adequado do ato de dar era o de Abel, Caim buscou, de maneira torpe, eliminar a hipótese de comparação eliminando o seu concorrente.

É da natureza humana estabelecer conceitos de valores que invadem o espaço do outro impondo-se a necessidade de o outro criar mecanismos de proteção àquilo que entende como seu mas que o outro insiste em querer ter como seu ou, pelo menos, uma copropriedade. 

Os mecanismos de controle nada mais são do que a declaração de desconfiança do outro.

Para Aristóteles, a invasão do espaço alheio é perfeitamente perceptível e é o livre arbítrio de encaminha para frear ou avançar. 

O respeito espontâneo a esse limite veio a ser chamado de Ética.

O exercício da ética não é pois algo que precise ser imposto ou normatizado nos tantos códigos de ética que por aí existem. 

A permanente avaliação do limite da nossa liberdade é que inspira confiança das outras pessoas em nós e quanto mais as pessoas confiam em nós mais se despojam dos elementos de controles que usavam para se proteger das nossas eventuais invasões. 

Despojar-se de mecanismos de segurança e de controle com base na confiança nos nossos a
tos é o maior respeito à nossa liberdade.

Não é uma concessão, é respeito. 

Respeito adquirido pelo exercício da nossa liberdade.

Como pessoa, somos livres para, dentro dos meandros estabelecidos pelo sistema em que nos inserimos, tomar o sentido que desejamos dentro deste labirinto. 

E mais, os nossos atos, quaisquer que sejam, acabam por ensejar algumas pessoas a copiá-los com vistas a obterem resultados semelhantes aos por nós alcançados, o que repetido sucessivamente denomina-se costume. 

O bom costume torna-se lei. 

A lei submete-nos. 

Somos assim, subsistema desse sistema. 

Somos um todo parte desse todo.

Ser livre é, pois, exercer a plenitude da sua vontade desde que a sua vontade seja voltada para o bem de todos que reflexivamente volta para o seu próprio bem. 

Buscar o bem de todos é um bom costume.


abril 21, 2025

BRASÍLIA 65 ANOS - Michael Winetzki



Brasília era uma cidade adolescente, de apenas 16 aninhos, quando estive aqui pela primeira vez. Eu fiquei deslumbrado pela audácia da arquitetura e aterrorizado pela amplitude dos espaços, acostumado que estava aos altos e baixos de Petrópolis, onde eu havia estudado e de Santa Tereza no Rio onde residia, cujos horizontes terminavam sempre na próxima fralda de morro.


Mudei-me depois para Campo Grande e no Mato Grosso do Sul o horizonte também se estendia ao infinito e acabei me acostumando com esses amplos espaços.


Voltei a Brasília algumas vezes a trabalho, muito rapidamente, e a cada retorno  ela, sorrateiramente, se infiltrava em meu coração. Os espaços verdes e organizados, a extraordinária beleza de seus edifícios, a placidez do Lago Paranoá, o indescritível azul do céu, o multicolorido pôr-do-sol, o alto astral da cidade iam me cativando pouco a pouco.


Quando fui nomeado diretor do SIPRI de MS (orgão do MRE de promoção de comércio internacional) acabei por ficar duas vezes por algumas semanas no Instituto Israel Pinheiro, uma das mais lindas propriedades de Brasília (e do Brasil também) e acabei por me apaixonar completamente pela cidade. Prometi a mim mesmo, sentado a beira do lago: - um dia eu virei morar aqui.


Poucos anos depois tive a chance de instalar em Brasília o escritório brasileiro da Card Guard Scientific Survival e o meu recôndito desejo se realizou. Em cerca de vinte e quatro anos em Brasília e no seu entorno, em Valparaíso, desfrutei de tudo que esta maravilhosa cidade tem a oferecer. A cidade parece fria e distante a primeira vista, mas como os amores de romance tem que ser conquistada aos poucos, e a medida que se revelam os seus segredos nosso amor por ela aumenta.


Ela também me presenteou com a minha amada mais amada, a Alice Ribeiro, esposa, companheira, parceira de momentos bons e difíceis, luz de minha vida.


Envelhecemos juntos a cidade e eu. Tenho 10 anos a mais do que Brasilia, e tanto em mim quanto nela aparecem coisas indesejadas. Eu adquiri diabetes e hipertensão e ela um triste desgoverno, violência urbana, buracos nas ruas, saúde pública em crise. Mas apesar das marcas do tempo continua linda, poderosa, cheia de promessas, aguardando apenas um governo que a ame mais do que a seu próprio bolso para coloca-la outra vez em ordem. Tenho confiança que a cidade irá receber o respeito e o cuidado que ela merece.


Esse é o presente que eu lhe desejo nos seus 65 anos. Parabéns Brasília. Eu a amo.

TIRADENTES - Adilson Zotovici


Vê do céu herói louvado

Mesmo face à violência

O teu sonho realizado

Por um grupo de excelência


Muito tempo já passado

Embora com tua ausência

Vivo e forte é o teu legado

De liberdade em essência !


Não fiques acabrunhado

Pois, há ainda imprudência

Mas teu povo é arrojado


És mártir da Inconfidência

Brasileiro eternizado...

Esteio da Independência !



A AUTORIDADE DO MESTRE



A Autoridade do Mestre (Vale para todos os graus da Maçonaria)

Alguns se enganam no sentido do que seja essa Autoridade do Mestre. 

A autoridade, vem do conceito de ser autorizado a dizer e ensinar, seja por alguém ou por algo maior, logo, tem-se autoridade como algo inerente ao que se está autorizado a ensinar e isso é percebido por quem escuta, não por autoafirmação, mas pela essência de quem assim o faz.

Então, aqueles que se *auto intitulam* (qualquer que seja o título) passam a dar suas “aulas” e “explicações” vestidos com o paramento *apenas material* do Mestre Infalível, e para tanto usam do teatro (das coisas que desconhece e finge conhecer) e principalmente das finalidades do sistema que pertence, vestindo-se  APENAS com seu *conhecimento Profano* ... É ele, o professor, quem detém todo o Conhecimento, e se reafirma: “Sou eu quem sei!”, “Eu Sou Formado em...”, “Eu sou Iniciado no...”, “Eu... eu...eu...”.

Nas últimas publicações temos aberto os livros e os mestres para mostrar que o pensamento que aqui compartilhamos não é nosso, mas Universal por parte dos Adeptos que *Caridosamente* entregam a Verdade.

Na REAL INICIAÇÃO não há entre eles quem se exalte, apenas quem se diminua.

Vejamos o que nos dizem as Tradições sobre isso?

Rabi Israel Salanter – "Se pensas que já sabes o suficiente, tua jornada terminou; se reconheces que sempre há mais a aprender, tua jornada apenas começou."

Rabi Nachman de Breslov – "O maior perigo do orgulho não é se considerar grande, mas acreditar que já não há mais o que aprender."

Rabi Simcha Bunim de Peshischa – "O mestre deve sempre carregar dois papéis: um que diz ‘O mundo foi criado para mim’ e outro que diz ‘Sou pó e cinza’. Somente assim ele se mantém no equilíbrio da humildade e da responsabilidade."

Moisés Cordovero, "Tomer Devorah" – "O sábio verdadeiro é aquele que se envergonha de sua sabedoria, pois sabe que ela é apenas um reflexo da sabedoria do Alto."

Mishlei (Provérbios) 11:2 – "Vem a soberba, virá também a afronta; mas com os humildes está a sabedoria."

Pirkei Avot 4:1 – "Quem é sábio? Aquele que aprende de todos."

Zohar I, 99b – "Aquele que deseja a sabedoria deve primeiro se tornar nada, pois somente o vaso vazio pode ser preenchido pela Luz."

Livro do Bahir 10 – "Aquele que deseja encontrar a Luz deve primeiro reconhecer a escuridão dentro de si."

Tanya, Capítulo 30 – "O verdadeiro caminho do justo é considerar-se menor que todos, pois somente assim ele pode sempre crescer em retidão."

Bahya Ibn Paquda, "Deveres do Coração" – "O arrogante se julga um rei, mas está preso ao próprio ego; o humilde se vê como um servo, e por isso é verdadeiramente livre."

Bahya Ibn Paquda, "Deveres do Coração" – "O orgulho endurece o coração e o fecha para a verdade, mas a humildade o torna flexível e apto a receber a luz do entendimento."

Corpus Hermeticum, Livro I – "A ignorância é o maior dos males, mas aquele que busca com humildade será guiado pela Luz do Nous."

Hermes Trismegisto – "Aquele que se reconhece pequeno perante o Todo, esse está próximo da verdade. Mas aquele que acredita dominar o Todo, esse se perdeu no labirinto da própria mente."

Asclépio 6 – "O mestre verdadeiro não se exalta, pois ele sabe que é apenas um canal para a Verdade."

Rumi (Sufismo) – "Seja como o solo, para que as sementes da sabedoria cresçam em você."

Lao-Tsé (Tao Te Ching, Capítulo 22) – "Aquele que se curva será endireitado. Aquele que se esvazia será preenchido."

Eliphas Lévi – "Aquele que se proclama iniciado, mas não possui a humildade de um discípulo, nunca passou pelo verdadeiro portal do conhecimento."

Papus (Gérard Encausse) – "O orgulho é o véu que cobre os olhos dos ignorantes. O humilde, ao contrário, pode levantar esse véu e ver a luz."

Franz Bardon – "Aquele que deseja dominar as forças ocultas deve primeiro dominar a si mesmo, e isso começa na humildade."

Rudolf Steiner – "Aquele que busca a iniciação deve, antes de tudo, desenvolver em si mesmo um coração puro e uma mente aberta."

G.I. Gurdjieff – "O homem que acredita já ter encontrado a verdade está mais longe dela do que aquele que ainda busca."

H.P. Blavatsky – "O maior inimigo do discípulo é o orgulho espiritual, pois ele o faz acreditar que já transcendeu a ignorância."

Ramana Maharshi – "O verdadeiro conhecimento não pertence ao ego. Ele é um estado de ser, acessível apenas ao que se entrega."

Sri Aurobindo – "Quanto mais alto um homem se eleva no espírito, mais pequeno ele se vê perante o Infinito."

Julius Evola – "O primeiro degrau da iniciação é a renúncia ao 'eu sei'. O segundo é a aceitação do silêncio. O terceiro é tornar-se um servo do Alto."

Hermes Trismegisto, "Tábua de Esmeralda" – "Se és grande, sê pequeno; se és forte, sê fraco; se és sábio, sê tolo, pois apenas assim poderás conhecer os mistérios."

Krishnamurti – "A humildade é o começo da sabedoria. O fim da sabedoria é perceber que nada se pode possuir."

Ísis Sem Véu (Blavatsky) – "O orgulho espiritual é o último grande obstáculo antes da iluminação."

Dessa maneira, a única autoridade legítima é aquela que se revela pelo conteúdo que transmite e não pelo tom que se emprega, e qualquer ensinamento deve ser respaldado pela origem do conhecimento, mostrando de onde ele provém.

Autor não identificado

abril 20, 2025

PÁSCOA E A MAÇONARIA - Erivelto Souza


 







Não vejo uma correlação direta, histórica ou doutrinária clássica entre a Páscoa e a Maçonaria, como há com temas como o Templo de Salomão, a lenda do 3º grau, ou os ofícios de pedreiros medievais. 

No entanto, algumas associações simbólicas ou analogias podem ser feitas, desde que se tratam de interpretações subjetivas, contextuais ou simbólicas, e não de vínculos históricos efetivos ou doutrinários autênticos.

Contudo, dito isso, a celebração da Páscoa, em suas origens, marca a passagem de um estado de servidão para um estado de liberdade. Seja na tradição hebraica, como a libertação do povo do Egito, ou na tradição cristã, como a superação da morte pela ressurreição, o sentido fundamental é o de transição: uma travessia que transforma. 

É justamente nessa ideia de passagem que temos, com o devido cuidado simbólico, uma reflexão relevante também dentro do campo maçônico.

Na jornada iniciática, o indivíduo é constantemente convidado a atravessar seus próprios desertos interiores, abandonando os grilhões da ignorância e das paixões desordenadas, para conquistar um estado de maior compreensão, moralidade e domínio de si mesmo. Essa trajetória não é diferente, em essência, daquela que celebram os povos ao relembrar a Páscoa - "a libertação que vem por meio do esforço, da consciência e da coragem diante das adversidades".

A ressurreição, por sua vez, enquanto símbolo, representa o triunfo da luz sobre as trevas. Não se trata, entendo eu, nesse contexto, de uma ressurreição literal, mas de uma renovação do ser, uma elevação espiritual pela superação das limitações que nos aprisionam. 

Na vida de qualquer homem comprometido com a construção de seu templo interior, há momentos em que é preciso morrer simbolicamente para renascer com mais clareza, mais propósito e mais retidão, daí o próprio V:.I:.T:.R:.I:.O:.L:.

A Páscoa também coincide com os ciclos da natureza, particularmente no hemisfério norte, onde marca o início da primavera. Após o rigor do inverno, a terra floresce, os frutos retornam, e a vida renova-se (principal motivo do zodíaco nas colunas - as estações). 

Essa imagem natural dialoga com o espírito da construção iniciática. Mesmo o mais frio período de estagnação pode ser sucedido por uma fase de crescimento e luz, desde que o trabalhador da pedra esteja disposto a continuar sua jornada com firmeza e vigilância.

É nesse sentido, acredito, que podemos (e devemos) refletir sobre a Páscoa como uma metáfora da caminhada maçônica. Cada etapa vencida é uma travessia; cada renovação de propósitos, uma ressurreição; cada superação, um novo florescimento. 

Não há, então, uma relação direta entre a instituição maçônica e as festividades religiosas da Páscoa. Contudo, na linguagem dos símbolos - que transcende credos e épocas - é possível enxergar pontes filosóficas que enriquecem a compreensão da própria vida.

Assim, mais do que tentar forçar conexões históricas inexistentes, cabe ao maçom saber buscar o que é comum no que é essencial: o desejo legítimo de evolução, a coragem para mudar, e a esperança que se renova toda vez que, mesmo em meio à escuridão, escolhemos caminhar em direção à luz!



FELIZ PASCOA - Adilson Zotovici


Sigamos a nossa viagem

Indo em busca da perfeição

Por toda senda e paragem

Fé, Esperança na direção


Entender essa  abordagem

Com o universo em  oração

Quiçá de DEUS uma mensagem

A todos povos, não só ao Cristão


Resignação e coragem

Qual do Calvário à Ressurreição

De CRISTO a nós... aprendizagem


Em cada crença uma razão

Páscoa... elevação, PASSAGEM

Fecundidade, RENOVAÇÃO !




SALA DOS PASSOS PERDIDOS - Charles Evaldo Boller



A designação sala dos passos perdidos foi copiada pela Maçonaria do parlamento inglês, constava de uma antecâmara onde o cidadão esperava ser atendido, ou recebia decisões e despachos de assuntos de seu interesse. Era quando este perambulava sem destino para descarregar sua ansiedade; algo semelhante à sala de preocupações do tio Patinhas, onde aquele anda em círculos até afundar o piso sob seus pés pelas mesmas razões.

Na Maçonaria este cômodo está localizado antes do átrio e do templo. É a sala de espera para aguardar o inicio dos trabalhos e onde são tratados os mais diversos assuntos. Onde possível, consta de um local confortável, com poltronas ou cadeiras, mesa, e onde se pratica a sociabilização, cada um a sua maneira e de acordo com sua personalidade.

Neste local não existe ordem nem ritualística, as pessoas transitam pela sala em qualquer direção, formam grupos em diálogos de todos os tipos, nada tem rumo, daí a semelhança com a ante-sala do parlamento inglês.

Aproveita-se o tempo para pagar emolumentos ao irmão tesoureiro. Se houver alguma coleta de recursos para campanhas de caridade da loja, o irmão hospitaleiro faz esta coleta, dá recibo e a registra. Recebem-se recados do irmão secretário de alguma pendência de documentos ou outras providências burocráticas. O irmão mestre de cerimônias faz a distribuição dos colares aos oficiais se o obreiro tiver cargo em loja, mas estes não os vestem. Assina-se o livro de presenças junto ao irmão chanceler. É discretamente feito o telhamento de visitantes. Consulta-se o edital com alguma novidade em exposição. 

Regem as etiquetas e comportamentos profanos, dentro do maior respeito. 

A agitação vai lentamente cedendo lugar ao silêncio, e conforme os arranjos de preparação vão progredindo e a hora de inicio dos trabalhos se aproxima, vai perdendo a influência o mundo profano até adentrar ao átrio, onde toda a agitação cessa.

O mestre de cerimônias convida os irmãos a adentrarem ao átrio. 

O cobridor externo, já devidamente paramentado, portando espada, fecha a porta externa às suas costas. 

Passa a reinar silêncio e o comportamento é formal, ritualístico, silencioso e ordeiro. Consta em uma sala, normalmente de quase a mesma largura do templo e adequada para receber todos os irmãos perfilados. As lojas que possuem átrios de pequenas dimensões, usam a sala dos passos perdidos também como átrio. 

O átrio é o vestíbulo do templo, é onde cada obreiro coloca seu avental e paramentos com a garantia de estar fora de alcance de olhos profanos. 

É preparado o cortejo de entrada em duas filas, uma para cada coluna; os irmãos aprendizes ficam perfilados ao lado norte e os irmãos companheiros ao lado sul; os oficiais das colunas tomam o lado onde ficam locados dentro da Loja. 

Inicia-se a preparação espiritual do grupo; mesmo que não existente no rito escocês antigo e aceito, por simples tradição, o mestre de cerimônias recita oração e pede ajuda ao Grande Arquiteto do Universo para que a reunião seja agraciada de bons fluídos, comunicando ao venerável mestre que o templo está devidamente ornamentado e que os trabalhos já podem iniciar. 

O venerável mestre determina que o mestre de cerimônias cumpra com seu dever.

O mestre de cerimônias determina que os irmãos guarda do templo e mestre de harmonia tomem seus lugares dentro do templo. Estes entram e fecha-se a porta do templo atrás deles. 

O mestre de cerimônias aguarda um breve instante e dá uma batida com seu bastão na porta do templo, que é respondida pelo guarda do templo pelo lado de dentro. O guarda do templo abre a porta para entrada do cortejo ao interior do templo. 

O mestre de cerimônias coloca o cortejo em marcha, adentrando primeiro os irmãos aprendizes, seguidos pelos irmãos companheiros, mestres sem cargo seguidos pelos oficiais, o segundo vigilante, o primeiro vigilante, ficando para o final, o irmão venerável mestre, e após este, se presentes, outras autoridades da grande loja, remanescendo apenas o cobridor externo em sua função. 

Pela descrição das funções dos dois ambientes percebe-se que enquanto na sala dos passos perdidos reina o caos do mundo profano no átrio age o sacro, tem regras e ritualística. Num atua o mundano, noutro o sagrado, para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.

O CRÂNIO - Adilson Zotovici




Símbolo que glorifico

Temido na sociedade

Mal entendido pontifico

Na Sublime fraternidade


O da furna escura critico

Que morte sua identidade

De porte maior justifico

Estrutura da irmandade


Negro, branco, pobre, rico

Homem, mulher...paridade

Fito-o e identifico ;


Silente, nele a verdade

E finalmente  explico :

"O crânio", mostra a "igualdade"



DOXA É O QUE NÃO NOS CABE EM 2025 - Sérgio Quirino


 

No artigo anterior, Episteme, para construir um 2025 de sucesso – ( publicado neste blog em 13/4), fizemos o seguinte alerta: não nos cabe estar na Maçonaria, é necessário sermos Maçons. Não podemos, assim, ter simples opiniões de tudo o que nos envolve – o que chamamos de Doxa.

Talvez tenha passado apenas como uma simples observação, mas isso é, de fato, um aviso.

Doxa é o oposto de Episteme. Conforme explicado, episteme é o conhecimento verdadeiro, adquirido e baseado na realidade concreta de fatos e elementos que possam ser experimentados e comprovados.

Em âmbito filosófico, Doxa é um conjunto de posicionamentos que adotamos, baseados em percepções pessoais, bagagem cultural, tendências filosóficas, religiosidade e passionalidade de interesses.

Em determinadas situações, visualizamos o que nos é apresentado como verdade óbvia, ou a chamada “evidência natural”, mas que não passa de uma crença.

O TERMO MAÇÔNICO PARA DOXA É ACHISMO.

Por conta da atual tecnologia, em que o acesso a conteúdos maçônicos ocorre em segundos e nas mais variadas linhas de pensamento, devemos desenvolver a postura de não acharmos nada e também entender que não precisamos ter opinião sobre tudo.

Primaz é entendermos, aprendermos e compreendermos quatro aspectos que se interligam, contudo são inteiramente independentes: Maçonaria, Ritos, Rituais e Maçons.

Vamos a exemplos práticos:

O que “sustenta” a Maçonaria são os Landmarks.

No entanto são os 25 de Albert G. Mackey ou os cinco de Albert Pike?

Há Ritos que apregoam que a cor do avental é azul; outros, que é vermelho.

Se o que você usa é o certo, então vários Irmãos estão errados?

O seu Ritual prescreve que a caminhada é feita no sentido horário.

Quando, em visita, houver o movimento anti-horário, você “ides ou vindes”?

Maçons são todos iguais.

Na sua Loja, todos os Obreiros estão sempre à disposição para trabalhar e praticam corretamente o Uso da Palavra?

O que devemos, pois, entender, aprender e compreender é que a nossa universalidade pétrea só é real e concreta em três aspectos: Fraternidade, defesa da Moral e enlevo Ético. Tudo o mais são detalhes, características, normas e procedimentos em que não cabem o EU ACHO e ESTA É MINHA OPINIÃO FINAL.

As diferenças são enriquecedoras fora do olhar crítico e comparador. Irmão é Irmão se como tal ele se comporta, dos pontos de vista moral e ético, indiferentemente de Potência, alfaias ou Coluna onde se assenta.

Ademais, já alertamos que ninguém deve ser um eterno aprendiz e que devemos, sim, estar em eterno aprendizado.

Sigamos o pensamento do cantor Raul Seixas:                            

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”

Neste 19º ano de compartilhamento dos artigos dominicais, reafirmo o desejo de independente de graus, cargos ou títulos, continuar servindo os Irmãos com propostas para o Quarto-de-Hora-de-Estudo. Uma lauda para leitura em 5 minutos e 10 minutos para as devidas complementações e salutares questionamentos.

O exíguo tempo é um exercício de objetividade e pragmatismo que visa otimizar os trabalhos e cumprir integralmente o ritual.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!


abril 19, 2025

SEMANA SANTA, PROCISSÃO & PÁSCOA (Breve abordagem Cultural) - Newton Agrella

 






Vai aí, uma breve abordagem cultural, "sem qualquer vestígio proselitista religioso", mas  levando-se em conta, o aspecto do imenso contingente cristão que vive em nosso país.

Quando se vive a Semana Santa, dificilmente deixamos de nos  lembrar de nossa infância,  que ao cair da noite, íamos com nossos pais à famosa Procissão.

Sem termos uma ideia mais consistente do que aquilo significava, ( pelo menos para a maioria de nós), íamos felizes e ao mesmo tempo com um certo ar de interrogação e  curiosidade para entender o que aquilo de fato representava.

Aquele monte de gente, mulheres usando véus, muitos portando velas acesas, ar circunspecto e  seguindo o padre que  ia à frente acompanhado de seu  séquito carregando a Imagem Santa....

Passos lentos, cânticos, orações e uma atmosfera solene em que a Fé era a condutora e protagonista do espetáculo.  

Era sinceramente algo especial, que de algum modo se instalou pra sempre em nossa memória...

"Procissão"  (provém do Latim  *procedere* ) que significa  "para ir adiante", "avançar", "caminhar").  

Este ritual segundo a crença, tornaria as pessoas e os locais abençoados.

Esse cenário é um encontro anímico e espiritual que reforça a Fé e a Crença de que as pessoas se veem
investidas como uma espécie de amortecedor ou dispositivo consolador  para todas as suas dores, sofrimentos e percalços ao longo da Vida.

Os passos da Procissão representam a entrega, o reconhecimento e o agradecimento pelo que Cristo se submeteu em nome de um espírito revelador e salvador para os cristãos...

Enquanto isso, no universo das reminiscências a Procissão continua dentro de nós, com a alma lavada, o espírito alegre e a felicidade incontida de não compreender o que exatamente se passava...

A ansiedade se espreitava diante da possibilidade de no Domingo da Passagem, podermos ainda crianças, desfrutar de um pedaço do Ovo de Chocolate ...

FELIZ  CAMINHO  DA PÁSCOA  A VOCÊ !!!



CRENÇA EM UM ENTE SUPREMO - Pedro Juk






Em 13/03/2017 o Respeitável Irmão Alisson Marcos, Loja Acácia do Sudoeste, REAA, GOB-PR, Oriente de Pato Branco, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:

*É possível dizer que a maçonaria (especulativa) sempre teve como requisito a crença em um Ser Supremo?*

CONSIDERAÇÕES:

É bastante natural, já que os nossos ancestrais operativos viviam à sombra da Igreja Católica – veja as Associações Monásticas e as Confrarias leigas como percussoras da Franco maçonaria.

Os construtores da pedra viriam a ganhar grande impulso, sobretudo a partir do ano 1.000, época em que, segundo a Igreja, se esperava o final dos tempos. Como a previsão apocalíptica não aconteceu e visando agradecer a Deus por ter poupado o Mundo, os homens se arvoraram a elevar louvores de agradecimento ao Criador, dentre outros feitos, os de edificar igrejas e catedrais como que a deixar mensagens das suas almas na pedra. Nessa época a Igreja-Estado expandia os seus domínios e os Construtores, protegidos e ao seu serviço, edificavam igrejas, abadias, obras públicas, etc. Sob essa óptica, com a expansão desses domínios, as Guildas dos construtores amparadas e protegidas pela Igreja (ofícios livres) viriam experimentar um avanço extraordinário de desenvolvimento.

Assim, essa influência e cunho religioso dado ao trabalho, acompanhariam os canteiros da Idade Média.

Com o advento mais tarde da Maçonaria Especulativa, que surgiria principalmente pela queda de prestígio dos construtores operativos devido ao renascimento das Artes, muitos homens não ligados à Arte de Construir acabariam por adentrar nos quadros das Lojas no intuito de proteger e colaborar com a sobrevivência das construtoras. Documentalmente, o primeiro especulativo a ingressar na Maçonaria foi o latifundiário John Boswell, na Loja Capela de Maria na Escócia no ano de 1.600.

Esses novos protetores, geralmente detentores de prestígio e respeito, quase sempre eram ligados aos reinados da época que, por sua vez, mantinham estreitos laços com a Igreja Católica.

Por esse particular e pelas influências do passado, de modo imemorial e universalmente aceito, a Maçonaria Especulativa (dos Aceitos) adotaria o Landmark da crença em um “Arquiteto Criador” o que faria dela (da crença) uma condição de regularidade perante a Primeira Grande Loja, desde 1.717 já no período da Moderna Maçonaria – vide a Constituição de Anderson em 1723 e a sua revisão em 1.738.

Cabe aqui um pequeno comentário: não raras vezes presenciamos Irmãos a confundirem a Moderna Maçonaria com a Maçonaria Especulativa. Na verdade, o período Especulativo teve o seu início em 1.600 com aceitação do primeiro elemento estranho ao ofício. Já a Moderna Maçonaria, que é especulativa por excelência, teve o seu início no ano de 1.717 com a fundação da “Primeira Grande Loja” em Londres, cujo marco histórico inauguraria o sistema obediencial e a figura do Grão-Mestre. Cronologicamente a Maçonaria Especulativa, ou dos Aceitos teve o seu início documental no início do século XVII na Escócia, enquanto que a Moderna Maçonaria é do primeiro quartel do século XVIII em Londres.

Retomando o raciocínio, foi por essas influências cristãs sobre a Franco
maçonaria, brevemente aqui relatadas durante o desenvolvimento da sua história que possui aproximadamente 800 anos de idade (Maçonaria não é milenar), é que a crença em um Ente Supremo se tornaria uma condição “sine qua non” para obter ingresso na Sublime Instituição.

É bem verdade que essa crença não está na atualidade atrelada a nenhuma religião, já que essa crença é de consciência individual, nela não imperando qualquer prevalência das preferências religiosas. Em síntese, o maçom deve acreditar em Deus que, de modo conciliatório é denominado na Maçonaria como o Grande Arquiteto do Universo.

Cada maçom, à sua maneira, seja ela do ponto de vista teísta ou deísta, tem a liberdade, e deve, de professar a sua religião, desde que se manifeste sobre ela fora dos umbrais dos recintos maçônicos.

Talvez até possa parecer um paradoxo, mas na Maçonaria não se discute religião, embora ela, a Instituição condicione aos seus membros, de modo irrestrito, a acreditar em “Deus”.

A crença em um Ser Supremo é um Landmark da Ordem haurido dos nossos ancestrais e que se mantém até o presente na Moderna Maçonaria.