junho 08, 2025

FAZER MAIS - Adilson Zotovici




Caminham obreiros passo a passo

Pelas sendas do bem, culturais

Com vigor por canteiros cabais

Que labor, amor, seja o traço


Vez que livres pedreiros leais

Aonde alcançar o compasso

Pela régua, a cinzel e maço

E sem trégua, cruzam os portais


Se em seu trilho algum cansaço

Desistir da jornada jamais

No obreiro não há brilho baço


O trabalho a fio nunca é demais

Vez que sempre haverá espaço

“E o desafio é fazer pouco mais” !



UMA CARINHOSA E SIMBÓLICA LEMBRANÇA

M


Ao final da palestra que realizei na sexta-feira na ARLS Fraternidade de Itariri, pequena e bela cidade do litoral sul de São Paulo, a cerca de 80 km de onde resido, reencontrei alguns irmãos que são velhos amigos.

Um deles era Venerável Mestre quando fiz a primeira palestra naquela Loja, há alguns anos, em sessão pública, e desde então compartilhamos nossa paixão por rock clássico e cultura judaica.

Este irmão, Gibran Tadeu de Barros, num gesto delicado e gentil, ofereceu um lindo mimo, uma pequena Menorah dourada, com um poderoso significado simbólico no judaísmo e na maçonaria.

Na foto aparecem ao meu lado o Venerável Mestre Juarez Cavalcante e Gibran. Minha gratidão.


 

junho 07, 2025

ARLS FRATERNIDADE DE ITARIRI 293 - Itariri



Na noite de ontem, sexta-feira, a convite do VM Juarez Távora Amorim Cavalcante, amigo de longa data, visitei a ARLS Fraternidade de Itariri n. 293, na cidade do mesmo nome, para proferir a palestra Os desafios da maçonaria na contemporaneidade, tema do mais recente livro editado pela Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, que tenho a honra de presidir.

É uma Loja onde tenho irmãos que são amigos queridos, como o próprio Venerável Mestre e o irmão Hugo Menezes de Souza que me deu a carona pelo longo e perigoso trecho de Mongaguá até Itariri.

A palestra gerou boa participação dos irmãos que se estenderam em comentários proporcionando aprendizado a todos os participantes.

Ao final o irmão Gibran Tadeu de Barros, membro da Loja e da administração da GLESP me presentou com um precioso mimo, uma menorá judaica, na Ordem símbolo de luz.




O QUE LEVA O HOMEM A SER MAÇOM? - Ivair Lopes


A primeira premissa esclarece que a Maçonaria é uma Fraternidade.

Ora, o substantivo feminino fraternidade designa o parentesco de irmãos, o amor ao próximo, a harmonia, a boa amizade, a união ou convivência como de irmãos.

Isso leva à conclusão de que, na organização designada, genericamente, como Maçonaria, ou Franco Maçonaria, definida como uma Fraternidade, deve prevalecer a harmonia e reinar a união ou convivência como de irmãos.

(Do livro “Fragmentos da Pedra Bruta – José Castellani)

Estive meditando, nos últimos dias….

O que leva o homem a ser maçom?

Devemos inquirir nossos conhecimentos de prima facie, relembrando que o homem maçom é escolhido dentro a sociedade profana, como que um diamante ainda em estado bruto, pois assim o determina os antigos costumes, de forma que ele somente toma pé de onde e o que o espera, quando da sua iniciação.

Sabemos que hoje, não mais como ontem, o indicado, indaga-se e prepara seu espírito, quando lhe é informado que será iniciado, certamente pelas ferramentas disponíveis na internet e em outros meios de comunicação, toma nota e assimila um conteúdo considerável a respeito da sublime ordem.

Mas, muito provável, muita coisa que lerá, será apenas falácias, enquanto outros se apresentarão muito maiores que possa imaginar a sua vã expectativa.

Nestas falácias, muita coisa, escrita, ou não se enquadra no seu rito ou não é operada ao pé da letra por sua futura loja ou potência.

Podendo traduzir num permeio de desolação e decepção quanto ao que esperava.

Noutro mote, há expectativas geradas pelos próprios futuros irmãos de ordem, que acreditam piamente e esperam algo que não se traduz em realidade tangível, mas apresenta-se apenas como expectativas.

Assim, o candidato e a oficina se apresenta com enorme expectativa, desde a sua iniciação até o dia que o laço de rompa, seja pela saída do obreiro, desligamento obrigatório ou a sua passagem para outro oriente.

Pois bem, há nítido jogo de interesses, não manejo o interesse com o intuito depreciativo, mas sob a ótica construtiva, o interesse como objeto de vontade, a loja adquirindo um obreiro que atenda as suas expectativas enquanto membro, maçom, pai de família, pessoa da sociedade e o iniciado aglutinando outras visões de interesse, de lapidar seu conhecimento de si, adquirir novas amizades, prover um meio social coerente a si e a seus familiares, etc.

Quando não esta tudo caminhando. Afirma-se que a “egrégora” não esta condizente. Particularmente não gosto desta afirmação!

Mas, certo é que também discordo da afirmação de que a maçonaria, escolhe grandes homens, e entre eles, haverá diferenças maiores quanto mais for a capacidade e a liberdades daqueles.

A afirmação alhures, é tipicamente profana.

Vale fora dos nossos templos.

Não poderia vingar quando falamos de relações entre maçons. 

Que deve ser uma relação alicerçadas nas leis naturais, nos antigos costumes e num sistema que tem como meta algo mais que uma boa relação entre irmãos.

Lembramos que combatemos o despotismo, a iniquidade, levantamos templos a glória do criador, em honra da virtude e sepultamos nas profundezas todas as formas de vícios.

Neste permeio de locuções é que busco a resposta para a indagação que me trouxe até estas linhas, aquele profano imaginário, não sabia de nada disso, se sabia, o seu horizonte não imaginaria como os olhos de um maçom veem a tudo isso.

Por tal é recebido maçom, um homem, que circula por dentre a decortinação do grande espetáculo da luz da verdade, o caminho solar do escocismo. 

Viaja por dentre as luzes da sabedoria, aprende nas ciências e sente a existência da força e embebedar-se pelos caminhos da beleza, situações que sustentam todo o arcabouço do aprendizado maçônico.

Arrancam-lhe o juramento.

São lhes deferidas as obrigações, assentindo é feito maçom!

Descobri o que leva o homem a ser maçom? 

É guardar consigo, não grandes segredos.

Mas o segredo da vida, ser feliz, amar ao próximo, lutar, vencer, sorrir e chorar e não tripudiar dos oprimidos, não blasfemar, não vilipendiar, não deixar de lapidar-se, aprender a praticar a iniciação em si mesmo dia após dia.



MANUSCRITO BARRET-HALLAM


O Museu da Maçonaria em Londres recebeu recentemente uma doação rara e valiosa: um novo manuscrito das Antigas Obrigações, agora batizado de "Manuscrito Barret-Hallam". Datado de 20 de julho de 1718, ele surge exatamente no período em que a Maçonaria deixava de ser operativa e assumia sua forma especulativa moderna.

Escrito por Joseph Hallam, escrivão paroquial de Mansfield, para um certo William Barret, o documento segue o formato clássico das Antigas Obrigações: oração inicial, lenda das sete artes liberais, história mítica da maçonaria e regras para lojas e aprendizes. O mais curioso? Hallam deixou seu nome e uma carta pessoal dentro do pergaminho!

Com quase 3,6 metros de comprimento, o rolo passou por um minucioso processo de restauração financiado pelo National Manuscripts Conservation Trust. O trabalho revelou inclusive o tipo de papel usado - com marca d'água holandesa - e vestígios de intervenções mal feitas ao longo dos séculos.

Agora restaurado, o manuscrito está disponível para consulta na Biblioteca do Museu. Pesquisadores o consideram uma peça-chave para entender o nascimento da Maçonaria moderna e suas ligações com as antigas tradições operativas. Uma nova publicação acadêmica sobre ele já está a caminho.

MASONICA | O Portal da Arte Real www.masonica.com.br

junho 06, 2025

AMPULHETA E SEU SIMBOLISMO ENIGMÁTICO - Newton Agrella


A palavra “ampulla” que, em Latim, significa redoma de vidro é a que deu origem ao substantivo "ampulheta" em Português, artefato muito utilizado antigamente na navegação, cuja função era a de marcar um período determinado de tempo.

Sem entrar no mérito de sua elaboração estética, mas sim, como um símbolo maçônico encontrado nas Câmaras de Reflexão, seu significado remete a uma profunda análise íntima daquele que se submete ao processo de iniciação na Sublime Ordem.

Sob o ponto de vista filosófico, a ampulheta diz respeito à inevitabilidade da passagem do tempo, e em especial, uma alegoria à própria transitoriedade da vida.  

Considerado na Maçonaria, um símbolo que mostra, pelo escoamento da areia, o transcorrer do tempo, e recorda ao profano a brevidade da existência humana - conferindo-lhe inclusive um ar um tanto esotérico -  com plurais interpretações, a ampulheta traz consigo uma imagem enigmática.

O tempo passa e voa, e a vida sobre a terra é semelhante ao cair da areia.

Àquele que se submete à experiência da iniciação maçônica, cabe registrar que a ampulheta se encontra na Câmara de Reflexões para sinalizar ao Iniciando, que o tempo deve ser aproveitado para as coisas úteis e positivas da vida, tanto para si, como para toda a humanidade. 

O esoterismo contido no simbolismo maçônico  da ampulheta é a de alertar ao Iniciando, que as ínfimas frações do tempo, acumulam-se para dar vazão à Eternidade, anímica e espiritual.

Nessa linha simbólica, a ampulheta representa o ciclo humano.

Pela sua própria compleição, a ampulheta com seus dois compartimentos revela a analogia entre o alto e o baixo, o vazio e o pleno, a terra e o céu e mormente no âmbito especulativo a ruptura simbólica com o mundo profano, e a entrega ao espírito e ao intelecto na busca pelo aprimoramento interior.

Não vai aí nenhum exagero, interpretar que a ampulheta, talvez seja o instrumento mais sensível que instigue a Consciência Humana, do tempo de que se tem para marcar o protagonismo e a razão de nossa história.

A expectativa é a de que cada grão de areia possa representar o exercício mais consistente e significativo do tempo que temos para valorizar esta nossa experiência.

Hora de virar a ampulheta !


CARTA CONSTITUTIVA - Alfério Di Giaimo Neto



Nos primórdios, uma Loja era formada por si só, sem nenhuma cerimônia, normalmente auxiliada por outra da vizinhança, se um número suficiente de Irmãos decidissem formar uma delas.

Mas, em 1722, a Grande Loja da Inglaterra recém formada em Londres, determinou que cada nova Loja na Inglaterra deveria ter uma patente, e desde aqueles tempos todos os Irmãos que resolvessem formar uma nova Loja, empenhavam-se para obter a permissão, a certificação, em forma de carta, da Grande Loja.

Esta nova Loja ficava, então, unida à Grande Loja da Inglaterra, como uma filial, se comprometendo em trabalhar de acordo com seu sistema, e se manter dentro dos antigos landmarks.

Então, a tal Loja era chamada justa, perfeita e regular.

Temos hoje, conforme nos orienta o Mestre Alec Mellor, que nenhuma Loja ou Capitulo pode existir regularmente sem um título de constituição, chamado Carta Constitutiva (em inglês, Warrant ou Charter) que é ao mesmo tempo, a sua certificação de nascimento e, de certa forma, seu alvará de funcionamento.

Henry Wilson Coil nos esclarece que não há uma essencial diferença entre Warrant e Charter, mas ambas as palavras, nos primórdios eram usadas para descrever a autorização, emitida pelo Grão Mestre, consentida pela Grande Loja, de modo oral primeiramente, em seguida por escrito, para a constituição de uma nova Loja.


junho 05, 2025

XXX JORNADA MAÇÔNICA DO BRASIL

 


Também no domingo passado recebo o honroso convite para assumir a Coordenação Geral da XXX Jornada Maçônica do Brasil, o maior e mais importante evento da Ordem no país, e que nesta oportunidade, pela primeira vez será realizado fora da Capital, na cidade de Santos. Participei como palestrante em algumas edições.

A ACAOL, Associação Cultural e Assistencial Obreiros do Leste, que criou e organiza o evento, tem um destacado trabalho de benemerência na região onde se situa e as Jornadas Maçônicas são um poderoso instrumento de divulgação da cultura da Ordem e de visibilidade da ACAOL.

Creio que o convite partiu do pressuposto de que, de maneira mais modesta, eu tenho os mesmos objetivos: disseminar cultura Maçônica e através das doações obtidas com minhas palestras e publicações amenizar a dor e o sofrimento de pessoas em situação de carência.

Agradeço a honra e farei o possível para que esta trigésima edição tenha o mesmo sucesso das anteriores.


RUAS DE PEDRAS POLIDAS





No domingo passado, durante a 16a Jornada Maçônica de Santos fui presenteado com vários livros, o melhor presente que um estudioso pode receber.
Um deles, interessantíssimo, foi uma cortesia do irmão e editor Cléber Bortolomasi, intitulado "Ruas de Pedras Polidas". É um livro com as biografias dos ilustres maçons, dos séculos 18 a 20, que contribuiram com a Ordem e a sociedade e dão nomes às ruas de Santos e região, e na verdade em todo o Brasil.
Os textos, bem documentados e redigidos, são de autoria de diversos membros da ARLS Amigos da Verdade.
Entre as inúmeras biografias e curiosidades estão personagens como Afonso Pena, Benjamin Constant, Carlos Gomes, Ruy Barbosa, Vicente de Carvalho e muitos outros.
Um livro delicioso de ler e com ele aprender. Muito obrigado.

TRAÇANDO PARALELO - Newton Agrella



A originalidade é uma expressão única e singular da capacidade humana de tornar absolutamente autêntica sua engenhosidade e seu processo de criatividade.

Particularmente no campo das Artes, da Música e da Literatura essa condição se torna evidente quando provoca reações que podem variar de humor conforme o perfil de seu ineditismo.

A originalidade está implicitamente associada ao modo de expressar-se, mas sobretudo à forma independente e individual de expor uma pintura, uma escultura, uma música ou uma obra literária. 

Ela se substancia a partir do momento que consiga traduzir "legitimamente" um novo conceito ou uma nova ideia que impacte o espectador, o ouvinte ou o leitor, e cuja essência seja capaz de convencê-los disso.

A originalidade remete-nos desde os textos bíblicos, quando a mesma se manifestava como inequívoco qualificativo do Pecado.

Sim, o Pecado Original, no universo cristão, dá conta sobre a autenticidade da imperfeição humana.

De qualquer forma é uma propriedade que traz consigo o caráter de ser genuína, inimitada e inteiramente própria em sua compleição.

No que diz respeito às peças literárias, o que mais se vê no dia a dia é o famoso "chupa e cola" ; 

Pois é, esse tal do "chupa e cola" ou a  desaforada "não citação de fontes e autores" de que se valem muitos dos que se atrevem a mergulhar no terreno da escrita são extremamente prejudiciais à saúde cultural.

Por mais infame que possa parecer, no ambiente maçônico é algo um tanto rotineiro, aventureiros travestidos de escritores procederem cópias fiéis de inúmeros textos, sem ao menos se preocuparem em dar um mínimo de caráter pessoal aos mesmos.

Imprescindível lembrar, que além de  indevido, este tipo de expediente em nada contribui para um suposto desenvolvimento intelectual do "pseudoautor".

Ainda no que tange à natureza da originalidade, espera-se de um artista, músico, escultor ou escritor  um mínimo de esforço, discernimento, reflexão e arbítrio para elaborar sua obra na esfera de sua verdadeira capacidade intelectual.

O pensamento e o raciocínio são os agentes transmissores desse exercício, os quais encerram em sí um caráter incomparável.

No que contempla a originalidade no campo literário, o texto deve possuir um mérito dialético e argumentativo, alicerçado antes de mais nada, pela ética, como diretriz pelos princípios que motivam e disciplinam o comportamento humano,   manifestando o respeito da essência das normas e valores, atinentes a qualquer realidade social.



OFÍCIO MAÇÔNICO E ORDEM MAÇÔNICA - Almir Sant’Anna Cruz


No Reino Unido utiliza-se até os nossos dias o termo Craft Masonry (Ofício Maçônico), que lembra as corporações de ofício medievais, da Maçonaria Operativa. 

Quando a Maçonaria foi introduzida na França, o termo Craft, ofício, corporação, embora honorável, foi considerada excessivamente plebeia e passou-se a utilizar o termo “Ordem”, considerada mais apropriada ao caráter aristocrático que ela assumiu, que poderia se referir tanto às Ordens do Rei, quanto às Ordens religiosas, ou às Ordens profissionais, como a dos Advogados. 

O termo “Ordem” dava à Maçonaria um prestígio maior que o termo Craft, sendo desta mesma época o costume de todos portarem espadas em Loja, privilégio dos nobres, mas que em Loja igualava o nobre ao plebeu.

Do livro Maçonaria para Maçons, Simpatizantes, Curiosos e Detratores Interessados no livro contatar o irmão Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

junho 04, 2025

O DOM DA VIDA - Heitor Rodrigues Freire

 


Aprendi que a criação de Deus é uma dádiva que deve ser glorificada para sempre, pois representa o pensamento Dele em relação a tudo o que criou. E a maior bênção, sem dúvida, é a criação do ser humano à sua imagem e semelhança, para que seja um elemento útil no trabalho cósmico a ele destinado.

Assim, a nossa encarnação é um fato divino que deve merecer gratidão eterna por parte de cada um de nós. Não somos apenas o resultado de um espermatozóide que fecundou um óvulo, ao acaso. Somos mais do que isso; somos seres imaginados por Deus, ou seja, somos um projeto divino.

Daí a necessidade do despertar da consciência para essa realidade, e a partir daí contribuirmos efetivamente com a nossa inteligência e vontade para a evolução da humanidade. No universo nada é de graça; toda concessão implica uma retribuição. O privilégio de existir exige uma contrapartida que se realiza pelo trabalho. A lei de Deus é a Lei do Trabalho que se manifesta em todo o universo e por toda a eternidade.

O dom da vida é o bem mais precioso que Deus nos concedeu. E esse dom não se esgota no tempo e no espaço. Pelo contrário, é ad aeternum, para toda a eternidade, e é também a mais clara demonstração do amor que Ele tem por todas as suas criaturas.

O dom da vida não se manifesta por acaso. Ao nos dar a vida, Ele também nos conferiu uma individualidade que caracteriza o nosso ser por toda a eternidade.

Ao entender essa condição única, cada um de nós dentro da sua idiossincrasia deve manifestar a mais profunda gratidão por esse fato. Somos únicos. A nossa existência se realiza por fases, em que nascemos e renascemos infinitamente.

Todos somos destinados a morrer. Uns mais cedo, outros mais tarde. Alguns de uma maneira, outros de outra.  Mas o meio é o mesmo: a morte não significa o fim. É a forma de mudarmos de status, de encarnados para não encarnados. Mas sempre vivos. Porque a vida não se restringe ao tempo em que vivemos neste belo planeta azul.

Quando se compreende isso, ocorre uma sensação de leveza, de paz, de alegria, de entendimento, de libertação.

Em geral, a humanidade não se dá conta disso. E esse desconhecimento é que acaba gerando todas as disputas em que o ser humano está envolvido desde o princípio dos tempos. Na realidade, somos todos parte do mesmo corpo cósmico universal. Tudo o que acontece em qualquer parte influencia o restante.

Nós não recebemos um manual com as informações de uso para orientarmos nossa vida. Mas ao longo da existência vamos aprendendo e evoluindo na senda do progresso. Na realidade, todos temos inscrita em nossos corações toda a orientação necessária para isso. Temos que saber buscar. Entendo que três características são indispensáveis: a fé, a gratidão e a integridade. Naturalmente permeadas pelo amor.

Deus nos dotou, a todos, de um atributo intrínseco, infinito e eterno: a fé. A fé não pode ser confundida com crença. Fé é fidelidade. A fé liberta, a crença fixa, prende. Outro atributo da fé é que ela é pessoal, individual. A fé revitaliza o ser humano.

A gratidão é uma característica que, infelizmente, está longe do procedimento do ser humano. O que mais se observa hoje, em todas as atividades, é a ingratidão. A gratidão deve ser cultivada desde o berço. E desenvolvida com a prática constante.

A integridade, então, neste mundo em que as atitudes são permeadas pelo interesse, em que tudo o que se faz é em função do imediatismo, é um produto em falta. A integridade requer consciência plena do compromisso assumido com Deus.

A fé, a gratidão e a integridade acabam ensejando outros princípios que, naturalmente, se inserem na vida das pessoas, como a alegria de viver e a determinação na busca da realização dos objetivos, criando uma atitude positiva, escolhendo pensamentos e sentimentos que serão úteis à transformação de cada um.

Isso tudo me levou a uma mensagem do espírito Emmanuel, psicografada por Chico Xavier, que diz assim: 

 "Nasceste no lar que precisavas, vestiste o corpo físico que merecias, moras onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com teu adiantamento. Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades; nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas. Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização". 

É isso.

O PELICANO - Carlos Armando Molinaria



Examinando as páginas do Grande Dicionário Enciclopédico da Maçonaria de Nicola Aslan, vamos encontrar a seguinte descrição sobre o Pelicano: "símbolo maçônico representado pelo pelicano derramando sangue pelos seus filhotes a que foi adotado pela maçonaria, na antiga arte cristã, o Pelicano era considerado emblema do salvador".

Este simbolismo tem por base uma antiga superstição, cuja falsidade foi demonstrada, mas, enquanto se acreditava nela, o Pelicano foi adotado como símbolo do Cristo, derramando o seu sangue pela Igreja e pela Humanidade.

A esta interpretação teológica, os místicos aplicaram, porém, outro significado, considerando o Pelicano como símbolo do próprio sacrifício, indicando que na medida em que damos, nossas posses, as nossas aquisições intelectuais, as nossas habilidades, alimentamos a nossa vida, desenvolvemos o nosso caráter e a nossa personalidade, sendo que, à medida que os anos passam, o nosso sacrifício se reflete em boas ações que perduram além da nossa vida, como que lembrando os sacrifícios que fizemos.

Entre os alquimistas, o Pelicano foi um utensílio que utilizaram para suas operações, e um símbolo.

Tratava-se de um alambique de vidro circular, de uma só peça, com o bojo encimado por um capitel tubulado, do qual partiam dois tubos opostos e encurvados, formando asa.

Estes tubos voltavam a entrar lateralmente no bojo, de modo que o líquido destilado recaía constantemente dentro dele. Não se sabe bem se o nome de Pelicano foi aplicado pelos alquimistas ao aparelho por causa de sua forma que se parecia com esta ave, ou pela função do aparelho, destinado a alimentar constantemente e manter a vida, com o produto de suas entranhas, o "franguinho" do alquimista, ou seja, a "obra" que ele procurava realizar.

Nas várias fases por que passava a grande "obra", a matéria tomava diferentes cores, tornando-se sucessivamente preta, branca, verde, amarela, arco-íris etc., simples transições entre as cores principais. Estas tinham os seus símbolos: o preto simbolizava um cadáver, um esqueleto, um corvo etc. o branco geralmente por um cisne; o vermelho, a rubificação, como o chamavam, por uma fênix, um Pelicano ou um jovem rei coroado encerrado no Ovo Filosófico.

O Pelicano é sempre representado quando se abre as suas entranhas para alimentar seus filhotes, sempre em números considerados sagrados: 3-5-7. A Maçonaria vê no Pelicano o DEUS alimentando o seu Cosmos com a própria substância.

Por isso na Joia dos Cavaleiros "Rosa-Cruzes" o Pelicano é visto embaixo da rosa-cruz e do compasso, que apoia as suas pontas sobre o quarto círculo que sustenta o seu ninho.

No simbolismo maçônico, o Pelicano é o emblema mais característico da caridade.

É como tirar de suas entranhas o alimento de seus filhotes. Muitos veem no Pelicano o mais lindo símbolo do amor materno.

Entre os antigos Egípcios, o Pelicano era tido como ave sagrada, era um emissário do Espírito Santo, porque apresentava certas qualidades que faziam com que os nativos de então se surpreendessem pelos esplendores da ave.

O Espírito Santo bafejava sobre o povo, assim como a pomba nos evangelhos representa o Espírito Santo, tal como naquela passagem quando Cristo foi batizado nas águas do Rio Jordão. Saindo das águas, o céu se abriu e desceu o Espírito Santo na forma de uma pomba.

Seria Lenda?

Superstição?

Seria Verdade?

Não podemos questionar. 

E isso porque o pássaro era o símbolo da maternidade mais augusta, da maternidade elevada ao seu grau máximo.

Então, o Pelicano possui uma espécie de bolsa, logo depois do bico, descendo para o papo. E, na forma de regurgitação, deposita ali os alimentos para os filhos. Quando necessitando desse trabalho, enfiava o bico pela bolsa e retirava o alimento que ali estava, servindo assim seus próprios filhos.

A ave procedia dessa forma para a manutenção dos filhotes, mas acreditavam piamente, os daquela época, que o Pelicano arrancava parte do próprio corpo para alimentar a prole, ou extraísse o próprio sangue que alimentava os rebentos.

O Pelicano não serve de sua carne, não serve de seu sangue para alimentar os filhotes, pelo processo que era vedado aos primitivos notarem, devido à distância em que ficavam. E a semelhança ficou, o símbolo permaneceu.

E o Pelicano é para nós, realmente o emblema mais extraordinário de nossa própria Ordem, quando a mãe comum realiza todos os sacrifícios para amparar os filhos, para alimentar seus rebentos para propagar a própria espécie.

Não estranha, pois, que a Maçonaria dos Altos Graus, tenha adotado este símbolo do Pelicano para o Grau de Cavaleiro Rosa Cruz, 18, grau alquímico por excelência e eminentemente cristão, fazendo-o, outrossim, o símbolo do amor paterno e materno.