outubro 15, 2025

PROFESSORES, PARABÉNS - Adilson Zotovici


São versos singelos, gentis,

Que a verdade como aporte

Dos seus universos, sutis

Donde encontramos um norte


Há um sentimento que diz

Que além mesmo da morte

Jamais é perdida a raiz

O ensinamento, o suporte


O homem se torna um forte

A sabedoria prediz

Pela educação, não fuzis


Assim, sou homem de sorte

“Entre professores”, feliz,

Vivo... como eterno aprendiz !




DIA DOS PROFESSORES - Roque Cortes Pereira


Dia dos Professores – A Arte de Ensinar e Transformar Vidas

15 de outubro é uma data de profunda reflexão e gratidão: o Dia dos Professores. Mais do que uma simples comemoração, é o momento de reconhecer aqueles que, com sabedoria, paciência e dedicação, constroem os alicerces do conhecimento e da cidadania. Ser professor é muito mais do que transmitir conteúdos — é inspirar, despertar consciências e formar seres humanos capazes de transformar o mundo.

Como disse Albert Einstein“a suprema arte do professor é despertar a alegria na expressão criativa e no conhecimento.” O verdadeiro mestre não se limita a ensinar fórmulas ou teorias, mas incentiva o aluno a pensar, questionar, experimentar e sonhar. Ele compreende que o ensino não é um ato de imposição, mas um diálogo contínuo entre razão e sensibilidade, entre teoria e prática, entre o saber e o ser.

Ao longo da história, grandes mestres espirituais também nos ensinaram que o verdadeiro conhecimento nasce do amor e da compaixão. Jesus Cristo nos mostrou que “o que ensina deve servir”, e que cada lição deve ser regida pela humildade e pelo amor ao próximo. Buda, por sua vez, ensinou que “ao acender uma lâmpada para alguém, você também ilumina o seu caminho.” Ambos revelam a essência do ato de ensinar: doar-se para iluminar o outro, compartilhando sabedoria como quem espalha luz.

A missão de ensinar é também um ato de coragem e esperança. Em um mundo em constante transformação, repleto de desafios tecnológicos, éticos e sociais, o papel do professor torna-se ainda mais essencial. É ele quem orienta o aluno a discernir entre a informação e o conhecimento, entre o dado e o significado, entre o consumo e o valor humano. Como dizia Aristóteles“ensinar é o maior ato de generosidade que a mente humana pode realizar.”

Cada sala de aula é um espaço sagrado de construção coletiva, onde a palavra se torna ponte e o exemplo, farol. O professor é aquele que acende luzes em meio às sombras da ignorância, que acredita no potencial de cada estudante, mesmo quando o próprio ainda não o percebe. Sua contribuição não se mede em notas ou diplomas, mas nas vidas transformadas por sua influência silenciosa e permanente.

Henry Adams escreveu certa vez: “Um professor afeta a eternidade; ele nunca saberá onde sua influência termina.” E é exatamente isso que faz do ofício de ensinar uma das mais nobres expressões do espírito humano. O verdadeiro educador não busca reconhecimento — ele busca sentido. E é no sucesso, na ética e no caráter de seus alunos que encontra sua maior recompensa.

Neste Dia dos Professores, celebremos todos os mestres que dedicam suas vidas à formação do ser humano em sua totalidade — razão, emoção e propósito. Que a sociedade compreenda que valorizar o professor é investir no futuro, é fortalecer a base de um país mais justo, consciente e preparado para os desafios do amanhã.

Porque, afinal, ensinar é um ato de amor, e o amor, quando se transforma em conhecimento, é capaz de mudar o mundo.

A RELIGIÃO QUE ME HABITA (reminder) - Newton Agrella


Minha religião não tem nome.

Ela é apenas resultado de causa e efeito.

Minha religião não impõe dogmas.

Ela é um instrumento de culto ao espírito e ao intelecto.

Minha religião não estabelece limites. 

Ela se ocupa de respeitar a fé e a razão como uma possibilidade real e necessária da minha sobrevivência.

Ela aponta o caminho que me instiga à contínua busca da minha consciência.

Minha religião ensina que todas as denominações são trilhas diversas para buscar fazer o bem e a ajudar a entender a razão da minha existência.

Não importa o nome, as práticas ritualísticas ou tampouco sua liturgia.

Basta que eu compreenda que sou fruto de um princípio criador e incriado e que me manifesto como resultado dessa referência.

Minha religião não obedece uma doutrina nem invoca pra si a dona de uma verdade absoluta

Minha religião é a essência humana que habita em mim e que se identifica através de infinitas emoções, sentimentos e sensações que consigo exprimir.

Sou eu. 

Simplesmente porque sou uma partícula de Deus.



ARLS ORPHEU PARAVENTI SOBRINHO 375 - São Paulo



O irmão Orpheu Paraventi Sobrinho foi Grão Mestre da GLESP de 1986 a 1989. No dia 18 de outubro do seu último ano de mandato foi instalada a Loja Maçônica que leva o seu nome, e que funciona no Templo 2.2 do prédio da GLESP na Rua São Joaquim 129.

Ontem fui visitar a Loja, na véspera de seu aniversário de 36 anos. Fui cordialmente recebido pelo Venerável Mestre Alexandre Amorim Jussara, o carioca mais paulistano que conheço, e pelos irmãos do quadro.

Foi uma sessão de companheiro com a apresentação de um excelente trabalho e bons comentários dos mestres.

Usei da palavra para apresentar o meu trabalho na biblioteca da GLESP e um breve resumo histórico da criação do grau de companheiro
e presenteei a Loja com uma fotografia de seu patrono, para ser usada como memória em seu material impresso. Foi uma bela sessão.




O PODER DA REGENERAÇÃO

 


Em 2016, o cientista japonês Yoshinori Ohsumi (foto) recebeu o Prêmio Nobel de Medicina por uma descoberta que transformou a forma como entendemos a regeneração do corpo humano: o processo da autofagia, um mecanismo natural em que as células reciclam suas próprias partes danificadas para se manterem saudáveis.

Durante seus experimentos, Ohsumi percebeu que, quando o corpo passa um período sem receber alimento, ele entra em um estado de limpeza profunda. As células começam a degradar e reaproveitar componentes defeituosos, proteínas velhas e organelas danificadas, transformando tudo isso em energia e novos blocos de construção celular. Esse processo conserva recursos e elimina o que está doente ou envelhecido, ajudando na prevenção de inflamações, infecções e doenças degenerativas.

A autofagia, palavra que vem do grego e significa “comer a si mesmo”, revelou-se um dos mecanismos mais inteligentes da natureza. Quando o corpo é privado de comida por um tempo, como acontece durante o jejum, ele ativa uma espécie de faxina interna. Células que estavam prestes a morrer são restauradas e tecidos passam a se regenerar.

Os estudos de Ohsumi mostraram que o jejum não é apenas uma prática espiritual ou de emagrecimento, mas uma ferramenta biológica profunda de cura e renovação. Hoje, diversos pesquisadores investigam como a autofagia pode ser aplicada na prevenção do envelhecimento precoce, no fortalecimento do sistema imunológico e na proteção contra doenças como Alzheimer, Parkinson e câncer.

A descoberta consagrou Yoshinori Ohsumi como um dos grandes nomes da ciência moderna. Seu trabalho revelou que, dentro de cada célula, existe uma sabedoria natural capaz de restaurar o equilíbrio, prolongar a vida e despertar o poder de regeneração que habita em cada ser humano.

outubro 14, 2025

A FASCINANTE HISTÓRIA DOS NÚMEROS ROMANOS - Prof. Prezotto


A história dos números romanos é um fascinante testemunho da evolução cultural e matemática da civilização ocidental, cujas raízes remontam aos etruscos, uma antiga civilização que habitava a região da Toscana, na Itália, entre os séculos VIII e III a.C. Os etruscos influenciaram profundamente os romanos em diversos aspectos, incluindo a numeração, que eventualmente se transformaria no sistema que conhecemos hoje.

Os números romanos, formalmente desenvolvidos em Roma entre os séculos VI e V a.C., não são apenas uma mera ferramenta de contagem, mas sim um reflexo da engenhosidade e das necessidades práticas dos antigos romanos. Baseados em um conjunto de símbolos derivados das letras do alfabeto latino, cada letra carrega um valor numérico que, em combinação, permite a formação de uma infinidade de números. Os símbolos básicos são:

I (1)

V (5)

X (10)

L (50)

C (100)

D (500)

M (1000)

A beleza dos números romanos reside na sua lógica intrínseca, onde a adição e a subtração são aplicadas para formar valores maiores ou menores. Por exemplo, ao somar I + I, obtemos II (2), enquanto a combinação de I e V em IV resulta em 4, ilustrando a prática de subtrair um valor menor de um maior. Essa engenhosidade não se restringe apenas à matemática, mas também se reflete na arte da escrita, na arquitetura e na própria organização da sociedade romana.

Durante o auge da República e do Império Romano, os números romanos encontraram aplicação em diversas esferas da vida cotidiana, desde a contabilidade até a arquitetura monumental. Monumentos, aquedutos e até mesmo calendários eram adornados com números romanos, simbolizando o poder e a eternidade de Roma. Os antigos romanos utilizaram este sistema em documentos oficiais, registros financeiros e na designação de eventos históricos, solidificando sua presença no tecido cultural da época.

Com o passar do tempo, no entanto, o advento do sistema numérico arábico, mais prático e eficiente, começou a eclipsar os números romanos. Este novo sistema, que chegou à Europa através das interações culturais e comerciais, permitiu uma maior facilidade nas operações matemáticas, especialmente na aritmética. Apesar de sua gradual obsolescência, os números romanos não foram completamente extintos; eles persistem em nichos da sociedade moderna, como em relógios, na numeração de capítulos de livros, em eventos esportivos e na nomenclatura de monarcas.

Ainda que sua utilização tenha se tornado mais restrita, os números romanos permanecem como um símbolo de erudição e cultura clássica, evocando a grandeza de uma civilização que influenciou profundamente o ocidente. Sua estética, envolta em um charme nostálgico, ressoa nas paredes de catedrais, nas páginas de livros antigos e nos registros de cerimônias, perpetuando o espírito indomável de Roma.

Vamos celebrar não apenas a funcionalidade, mas também a beleza poética e a riqueza histórica dos números romanos, que nos conectam a um passado glorioso e nos lembram das conquistas de uma das civilizações mais influentes da historia.

ARLS JACQUES DE MOLAY n. 127- São Paulo


Visitei na noite de ontem a ARLS Jacques de Molay n. 127, no seu templo no Palácio Francisco Rorato da GLESP e que neste mês de dezembro completara 61 de existência. Foi uma sessão de aprendiz, durante a qual três aprendizes apresentaram trabalhos excelentes, o que preconiza que a Loja continuará ainda por muito tempo mantendo um ótimo quadro de obreiros.

A sessão foi conduzida com bastante tranquilidade pelo Venerável Mestre, irmão Jarbas Martins Perez, assessorado por experientes mestres, que exibiram seu conhecimento maçônico durante os comentários aos trabalhos apresentados.

Aproveitei para falar do trabalho que pretendo fazer na biblioteca da GLESP e da importância dos estudos para o desenvolvimento da maçonaria. Para minha surpresa, e grato prazer, fui presenteado ao final com uma belíssima caneta gravada com o nome da Loja 


SOLILÓQUIO DO ESPERANÇAR - André Naves


E não é que a flor desabrochou e trouxe Luz para onde antes as trevas pareciam dominar? Aquela flor, sublime, suave e muito frágil… Uma flor de Esperança! Com o klezmer, esse nosso lamento vira dança!

É a vida que insiste, é a Beleza sempre triunfa! Uma flor semeada por quem menos se esperava… Quem, em sã consciência, poderia imaginar? Eu, jamais! Mas rio, danço e celebro!

Olho para meu relógio de algibeira — hoje chamamos de telefone celular, um tal telefone que serve pra tudo, mas que, ironicamente, quase nunca usamos para ligar. Perto das seis da manhã. O sol pinta o céu. Laranja, azul e branco!

É a Luz na janela, na alma… Vejo na tevê a multidão nas ruas, do outro lado do mundo. E a Memória, tal qual a flor, também desabrocha. Era com o cheiro e o som de um tempo alegre, feliz.

Tempo de Esperança! Tempo da Esperança!

2002, rua no centro de Jacareí. Brasil pentacampeão! Cheiro de asfalto e cerveja! Uma celebração popular, espontânea! Canto, abraços em irmãos anônimos! Manhã de domingo e a Esperança era verde e amarela, pintada no rosto.

A gente sentia o Futuro chegando… E não chegou? Ah, quanta coisa mudou. O mundo girou. A gente mudou!

Hoje, a festa é deles. O povo nas ruas lá! O Futuro é deles. Um telão na Hebraica para ver o retorno daqueles que nunca deveriam ter ido, filhos de uma violência inexplicável! O choro vira dança. A saudade vira abraço. Se fosse aqui, o Galvão ia chamar o Pelô!

A Timbalada faria o chão tremer. E os bonecões de Olinda? Seria a mesma festa. A mesma lágrima!

Já pensaram que ninguém quer saber da ideologia deles. Será que votavam no Likud, no Shas, no Hadash? Qual a orientação sexual? O time de futebol? Maccabi? Hapoel? O passado, a ficha corrida, a posição social? Usavam drogas? Moravam na Cracolândia?

Nada. Tudo se desfaz. Tudo que antes parecia sólido se desmancha no ar! É um instante sagrado em que nossa alma fica na pele, e a gente só enxerga a HUMANIDADE. As máscaras se apagam e só fica o brilho de dentro. O SER HUMANO.

Já reparou que nesses momentos de descuido, quando a felicidade nos pega de surpresa, a gente ri à toa? A gente se abraça? Compartilha o pão, o canto, a vitória… Sempre! É a nossa natureza, a nossa essência mais funda: a partilha, a ausência de muros.

Essa é a nossa PUREZA!

E ela é igual à Esperança: é uma decisão! É uma escolha diária, uma teimosia! Quase uma Chutzpá! Para ser puro, a gente precisa decidir, precisa escolher varrer o mofo do cinismo que se acumula desde o berço…

A gente precisa estar DECIDIDO, ESCOLHIDO! E pra ter Esperança também! Não é sentar e esperar. É construir juntos. É verbo, não substantivo. É ESPERANÇAR. É lutar por cada tiquinho de dignidade, em cada sorriso, em cada olhar…

A Pureza Humana, a verdadeira Santidade, eu sinto, está nisso.

Em abraçar nossas próprias contradições, nossas sombras e nossa Luz e escolher novos caminhos…  É na coragem de se reconhecer incompleto que a gente se consegue trabalhar para ser inteiro.

E, acima de tudo, é escolher, a cada amanhecer, a cada rosto, a cada linha escrita… escolher enxergar a HUMANIDADE! Ela tá lá! Naquele que sofre, naquele que luta e, também, naquele que celebra.

É essa escolha que faz a flor, mesmo na laranjeira mais improvável, desabrochar.

E essa é a única Luz que realmente importa.

outubro 13, 2025

DIA MUNDIAL DO ESCRITOR - Carl Sagan


Quando nossos genes não conseguiam armazenar todas as informações necessárias para a sobrevivência, nós os inventamos lentamente.

Mas então chegou o momento, talvez há dez mil anos, em que precisávamos saber mais do que poderia ser convenientemente contido no cérebro. Então aprendemos a armazenar enormes quantidades de informações fora de nossos corpos.

Somos a única espécie no planeta, até onde sabemos, que inventou uma forma de memória comunitária que armazena além dos nossos genes. O armazém dessa memória é chamado de biblioteca.

Um livro é feito de uma árvore. Basta olhar para ele e você ouvirá a voz de outra pessoa, talvez alguém morto há milhares de anos.

Ao longo dos milênios, o autor está falando, clara e silenciosamente, dentro da sua cabeça, diretamente para você. 

A escrita é talvez a maior das invenções humanas, unindo pessoas, cidadãos de épocas distantes que nunca se conheceram.

Os livros quebram as algemas do tempo, prova de que os humanos podem fazer magia.


EU AINDA CONFIO - Rabino Chizkyahu Ravel


Você pode não saber, mas hoje todo o povo judeu está prendendo a respiração.

Lá, em nossa terra, filhos e filhas que foram arrancados de seus lares estão retornando. Alguns estão retornando vivos. Outros... com suas almas erguidas e seus corpos descansando. Mas todos estão retornando. Todos eles.

E isso, caro leitor, não é apenas uma notícia: é um espelho.

Porque você também tem partes da sua alma que um dia foram sequestradas.

Pelo medo.

Pelo cansaço.

Pela rotina que o convenceu de que "é isso mesmo".

E assim, dia após dia, você se acostumou ao exílio interior.

Onde você é fisicamente livre, mas emocionalmente preso.

Onde você não se lembra mais da última vez que sentiu sua própria luz brilhar sem culpa ou explicação.

Mas hoje, algo no ar mudou.

Hoje, há o eco de um resgate.

Um sussurro celestial que diz: "Você pode retornar agora."

Na imagem que você viu — aquele homem enlameado, de uniforme listrado e com uma estrela no peito — há um símbolo.

Uma ironia divina.

Aquela estrela, outrora usada para humilhar um judeu, hoje brilha como a medalha de uma alma que não se rendeu.

O xerife do espírito.

O guardião da própria dignidade.

Porque você pode estar coberto de lama, pode ser esmagado,

mas nunca deixará de ser o que é:

uma centelha da Luz Infinita.

Um reflexo de Hashem na terra.

Um filho do Rei.

E quando essa centelha retorna — mesmo que trema, mesmo que não entenda, mesmo que carregue feridas que ainda doem — o céu inteiro se eleva.

Não pelo milagre de ter sobrevivido, mas pela coragem de ousar retornar.

Porque retornar não é voltar atrás.

Retornar é lembrar quem você era antes da dor convencer você de que não podia mais ser aquilo.

Retornar é permitir-se brilhar com o barro.

Retornar é olhar para o céu com lágrimas nos olhos e dizer:

“Eu ainda confio.”

E sim, o mundo continua o mesmo.

Ainda há guerras, ainda há escuridão.

Mas uma única alma que decide retornar à luz — a sua — muda o equilíbrio de todo o universo.

Não subestime o poder de uma lágrima sincera, de uma palavra gentil, de um coração que escolhe não desistir.

Porque aquele instante, aquele pequeno gesto de vida, é um resgate em miniatura.

Um êxodo interior.

Um reencontro com a sua essência mais luminosa.

Então, se você está lendo isto, não tome como apenas mais um texto.

Tome como um sinal.

A maneira do Céu lhe dizer:

Eu também estou esperando para te abraçar.”



NINGUÉM É MAÇOM, SOMOS RECONHECIDOS COMO TAL - César Luís Bueno Gonçalves



Um dos grandes dilemas maçónicos é saber se podemos ou não intitular-nos maçons (Sou Maçom!) ou se esta afirmação não nos pertence e só pode ser feita por um outro Maçom.

De facto, temos uma visão míope de nós mesmos. Tendemos a uma hipervalorização do nosso eu e, não raras vezes, em detrimento do outro… Explico melhor: fomos educados num sistema de comparações em que um ponto geralmente é explicado ou visto em relação a outro. Tendemos a fazer comparações e assim sentimo-nos mais ricos quando vemos mais pobres, sentimo-nos mais bonitos quando vemos mais feios e assim por diante.

Ocorre que por vezes a nossa miopia egocêntrica é tão grande que nos assustamos com nós mesmos ao vermos a nossa imagem reflectida em um espelho. Tendemos a não acreditar no que vemos… não é possível que seja eu…

Mas por vezes forçamos a barra e influenciamos a imagem do espelho, ou pelo menos no que ela nos está a revelar. O feio torna-se belo e assim por diante.

Assim, ao nos considerarmos maçons, em detrimento de sermos reconhecidos como tal, chamamos para nós um conjunto de características do “ser Maçom” que muitas vezes não apresentamos, não temos.

Claro, pode-se sempre invocar o formalismo. Sou Maçom porque fui iniciado. Sou Maçom porque pertenço à obediência tal… e etc. … Mas será que isso realmente nos confere a autoridade para nos denominarmos maçons?

O que é ser Maçom??? É somente ter sido iniciado??? Não implica mais nada???

Desde os meus tempos de Aprendiz que escuto um trocadilho muito usual no nosso meio, principalmente quando não gostamos de um determinado Irmão: “fulano é um profano de avental” ou então, quando encontramos qualidades num não iniciado: “é um Maçom sem avental”…

Por certo, ser Maçom implica muito mais que ter passado por uma iniciação.

Também reverbera no meu pensamento uma frase muito pronunciada em iniciações: “bem-vindo meu Irmão; esperamos que agora que entrou para a Maçonaria, que deixe que a Maçonaria entre em si, no seu coração e atitudes…”

A minha angústia, que motiva esta reflexão sobre SER MAÇOM, é a inépcia dos nossos métodos “maçónicos” em muitos de nós. Não é raro vermos Irmãos com graus de mestre, mestres instalados e, até com o grau 33º, com exposições diametralmente opostas à nossa filosofia, com atitudes antagónicas ao que está inerente às nossas alegorias e símbolos.

Bem sei que deveria estar preocupado acima de tudo com a minha pedra bruta, evitando reparar nas imperfeições de outras pedras, mas isto está a tornar-se impossível para mim, pelo que peço humildes desculpas aos meus Irmãos, mas não consigo “tapar o sol com a peneira” – empresto aqui voz a muitos que se têm chocado com palavras e atitudes de outros Irmãos.

Abate-me extremamente estar ao lado de Irmãos que acham que o cume dos seus progressos na Maçonaria são os graus atingidos… ser grau 33º do seu rito, ser Mestre “instalado”, estar autoridade maçónica e assim por diante e, deixam a humildade, a fraternidade, o carinho e virtudes trancados no armário, o armário da arrogância e da empáfia.

Abate-me saber que Irmãos são indiciados civil ou criminalmente pelos mais variados delitos ou crimes.

Abate-me ter conhecimento de Irmãos que batem nas suas esposas, filhos e familiares.

Abatem-me as disputas para saber quem é mais Maçom, quem tem o maior grau… quem foi melhor Venerável Mestre.

Não consigo entender também como alguns insistem em trazer o pior das suas práticas profissionais para o seio das Lojas. Estive em Lojas onde me senti como num tribunal de justiça, onde se fazia de tudo menos aquela egrégora gostosa de estar entre Irmãos. Todas as palavras eram medidas com cuidado, os discursos eram cheios de erudição jurídica, menos maçónica. A sessão travava com os famigerados “pela ordem Venerável”…

E o que dizer dos Irmãos entendidos em política. Raro é vê-los apresentar um trabalho sobre alegoria ou simbolismo maçónico… a tónica é uma só: política.

Voltamos então ao fulcro desta reflexão: sou Maçom ou sou reconhecido como tal ? O que significa ser reconhecido como Maçom?

O que é ou quem é o Maçom ? Há algo que o diferencia de outro ente?

Se nos orientarmos pelos rituais e pela literatura maçónica teremos uma visão super idealizada do SER MAÇOM. Ele mais se parece com um super-homem, dotado de poderes extraordinários. Mas no convívio, no dia a dia, desfaz-se esta visão do super-homem. Eu pelo menos nunca o encontrei entre nós, pelo menos não na forma idealizada. Muito menos em mim mesmo…

Está mais do que na hora de nos despirmos do modus profano. De tirarmos as nossas máscaras e darmos um passo em direcção ao autêntico “ser Maçom”. Está na hora de sermos maçons.

Reconheça que você não é o centro do universo!

Reconheça que outros podem vivenciar mais a maçonaria do que você!

Reconheça que graus para nada servem se o seu coração e atitudes não passaram daquelas do grau de Aprendiz (pedra bruta)!

Reconheça que ser Mestre Instalado não lhe dá direitos acima dos seus Irmãos!

Reconheça que tem pesquisado, estudado e reflectido muito pouco sobre os nossos símbolos, alegorias e ritualística!

Reconheça que tem faltado às sessões porque se acha melhor que aqueles que lá estão sempre, gostando ou não, ajudando nos trabalhos em Loja.

Reconheça que se é verdade que Maçonaria não se faz somente em Loja, também o é verdade que sem estar em Loja não se faz Maçonaria! É na Loja que exercitamos o “submeter minhas vontades e fazer novos progressos na maçonaria”. Não se iluda.

Reconheça que a Maçonaria não é clube social, partido político, confraria da cerveja ou o quintal da sua casa, terraço do seu apartamento, a sua sala de trabalho, mas uma Ordem INICIÁTICA.

Reconheça, por fim, que você não é dono da Loja.

Deixe que as alegorias e símbolos tomem forma no seu interior e se manifestem nas suas atitudes, não em meras palavras.

Deixe que o movimento da egrégora maçónica lhe tome a mente, o coração.

Deixe que a humildade aflore nas suas palavras e ações. Não tema, pode baixar a guarda, você está entre Irmãos.

Por fim, receba o seu prémio, não é um avental mais bonito que o dos outros Irmãos ou um título de Mestre Instalado ou 33º mas, tão somente uma ação: você é reconhecido como tal, sem sombras de dúvidas!


OS QUATRO ELEMENTOS - Alexandre Fortes



Empédocles (Agrigento, 490 a.C. – 430 a.C.), foi um filósofo e pensador pré-socrático grego e cidadão de Agrigento, na Sicília. É conhecido por ser o criador da teoria cosmogênica dos quatro elementos clássicos que influenciou o pensamento ocidental de uma forma ou de outra, até quase meados do século XVIII. Autor, em versos, de “Purificações” e “Sobre a Natureza”, sendo esta a obra em que Empédocles explica não apenas a natureza e a história do universo, incluindo a sua teoria dos Quatro elementos, mas ele descreve as suas teorias da causa, da percepção e do pensamento, assim como também explicações do fenômeno terrestre e processos biológicos.

Para Empédocles a água, o ar a terra e o fogo são as substâncias que estão no princípio de todas as outras coisas. Elas são as substâncias mais simples das quais derivam todas as outras, são os elementos básicos que não mudam nunca a sua qualidade. As quatro substâncias básicas se unem e se separam umas das outras formando todas as substâncias existentes. Elas são a origem das restantes. Os quatro elementos da filosofia de Empédocles criam as coisas quando se unem, e quando se separam, destroem o que existia quando estavam unidos.

Tanto os elementos como as forças que atuam sobre eles, segundo Empédocles, são divinos. Deus é o Esfero, a união de todos os elementos através do amor ou da amizade. Na fase em que o amor domina todos os elementos, eles vão estar ligados em perfeita harmonia. Nesta fase não existe o Sol, a terra ou o mar, mas uma unidade de tudo que Empédocles denomina como sendo o Esfero. As almas também são constituídas pelos elementos e sofrem a ação das forças do amor ou da amizade e do ódio ou da discórdia.

Destarte, a Maçonaria, em alguns ritos como, por exemplo o REAA, utiliza-se, dentre os diversos legados ou contribuições filosóficas depreendidas no mundo iluminado, também a empedocliana, dos seus Quatro Elementos, presentes nas Viagens que o candidato, para ser aceito como Maçom, terá que experienciar, através dos elementos Terra, Ar, Água, e, finalmente, o Fogo, que purifica ardente e simbolicamente, o candidato das nódoas do mundo profano, preparando-o para o mundo maçônico.

Justamente nesta última Viagem (REAA), a 3ª Viagem Iniciática, com a utilização do quarto elemento, o Fogo, é que o candidato é purificado pelas chamas que emanam de um purificador, que aumenta a sua intensidade de luz e calor, através do sopro do Mestre de Cerimônias, nesse instrumento de trabalho tão antigo, clássico, e importante na Cerimônia de Iniciação (no REAA), do candidato à Maçonaria.

Há, por vezes, o esquecimento ou silêncio no pronunciar dos nomes de alguns desses instrumentos tão utilizados nos nossos trabalhos, como a “Lâmpada de Licopódio”, assim como também objetos e lugares do Templo, que são tão utilizados ou avistados por nós no correr dos anos idos e que chegamos a nos olvidar aqui e ali dos seus nomes próprios, (no que é muito compreensível, tamanha a riqueza de detalhes no REAA).

Somente a título de exemplo deste olvidar ou usar (ou não usar) de vocábulos no REAA, às vezes chamamos até de outros nomes alguns instrumentos de trabalho, ou mesmo, simplesmente esquecemos dos seus reais nomes,  quando chamamos, às vezes, de “apagadores”, as Espevitadeiras ou Abafadores das luzes, que cessam momentaneamente as Luzes dos candelabros dos altares; ouvimos, às vezes, carinhosamente, outros nomes atribuídos, ou, ainda, outros que nem sempre são mencionados, como por exemplo, os Batedores dos malhetes; o Leitoril ou Atril, (utilizado nos Tempos de Estudos e palestras), o Nicho, onde repousam as Bandeiras ou Bastões, a Naveta no Altar dos Perfumes, as Estrelas presentes na Comissão de Recepção; as Aras das Dignidades; os Balaústres da Balaustrada da Grade do Oriente, ou o Balaústre feito pelo Irmão Secretário, ao Retábulo do Oriente, as Trapeiras do painel de Aprendiz, o Dossel e o Sólio no Trono de Salomão, as Borlas do Pavimento Mosaico, a Prancheta da Loja, ou, ainda, ao Mar de Bronze, utilizado como instrumento purificador, quando das Iniciações, com o elemento Água, e, por fim, também, entre aspas, o “purificador de fogo”. – Mas este seria o seu verdadeiro nome? Por que o soprar deste instrumento de trabalho na Iniciação? O que haveria no interior do seu bojo? Qual o seu significado? Qual o seu verdadeiro nome? Que instrumento é esse? E para quê soprá-lo?

O Fogo

Segundo o Irmão Almir Sant’Anna Cruz, M∴ I∴. O Fogo é o mais sutil, ativo e puro dos quatro elementos. Para os antigos, era considerado o princípio ativo, germe e origem da geração, fonte de energia, princípio animador e masculino, em oposição à Água.

Para os hermetistas, representava as qualidades quentes e secas, análogas ao Verão, ao meio-dia, à cor vermelha e à inteligência brilhante. Na Maçonaria, em alguns ritos de vertente francesa, o elemento Fogo é emblema da purificação iniciática, do fervor, do zelo e da Verdade.

O fogo foi adorado e considerado sagrado por inúmeros povos, seja como símbolo de vida ou da força animadora, seja diretamente como fogo aceso, seja como Sol, ou ainda como a própria divindade.

Na liturgia da Igreja Católica, apenas como um mero exemplo, o fogo novo simboliza Cristo, a Luz do Mundo; como também na cerimônia da Vigília Pascal, onde, no vestíbulo ou fora da Igreja, obtido pelo atrito de pedras, o novo fogo vai iluminar todo o templo, lembrando a figura de Cristo ressuscitado, pelo que se acende o Círio Pascal até o dia da Ascensão.

Na Bíblia, no Antigo ou no Novo Testamento, por exemplo, a palavra fogo é usada, tanto no sentido literal quanto no figurado, com inúmeros significados e em diversos contextos, todos de denso sentido simbólico. Exemplos:

- O fogo do inferno, que queima, no sentido figurado, tanto a alma, que é espiritual, quanto o corpo, que é material, sem consumi-los;

- O fogo como símbolo da providência divina (Êxodo 13:21 – Salmos 78:14);

- O fogo testando as virtudes (Zacarias 13:9 – I Coríntios 3:13);

- O fogo simbolizando a purificação moral e espiritual (Malaquias 3:2);

- O fogo como manifestação de Deus (Génesis 15:17 – Êxodo 3:2-4);

- O fogo associado ao Espírito Santo (Atos 2:3-4); e

- O fogo associado ao Espírito Santo e a um batismo superior ao da água:

Em Lucas 3:16: Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das alpercatas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com FOGO.

Portanto, embora todas as religiões cristãs utilizem a Água para as suas cerimônias de iniciação, batismo e purificação, o seu próprio Livro Sagrado, a Bíblia, especialmente o Novo Testamento, indica que existe um batismo superior, pelo Espírito Santo e pelo FOGO.

A Lâmpada de Licopódio

Em pesquisa à Lâmpada de Licopódio, segundo Sérgio Pereira Couto, no seu Dicionário Secreto da Maçonaria, da editora Universo dos Livros, página 219, relata:

“O licopódio é uma resina extraída de um arbusto proveniente da destilação da hulha, um carvão mineral facilmente inflamável quando reduzido a pó. Este arbusto simboliza a Sarça Ardente do Sinai, vista por Moisés quando Deus estava presente. Para a realização da purificação pelo Fogo, na Cerimônia de Iniciação, é usado um aparelho com uma vasilha com tampa perfurada para permitir, quando sacudido, a saída do pó. No centro da tampa, é colocado um toco de vela aceso. A vasilha possui ainda um cabo oco por onde é dado um sopro, que faz com que o pó saia rapidamente da vasilha e exploda no contato com a chama da vela, produzindo, assim, uma chama de grande volume que aquece o rosto do Iniciado, que está de olhos fechados e não sabe de onde vem o calor. O uso desta lâmpada simboliza a purificação pelo fogo.”.

Na Antiguidade, a lâmpada era um recipiente que continha óleo e um pavio que, quando aceso, produzia uma chama amarelada e emitia um ténue fio de fumaça e odor acre. A Lâmpada sempre foi uma expressão da fé, já que a sua luz simboliza a luminosidade recebida de Deus.

No Templo de Salomão, era colocada a Lâmpada Votiva, alimentada com azeite de oliva e que permanecia constantemente acesa. Em alguns Templos Maçônicos, usa-se este tipo de lâmpada, porém a sua presença não faz parte da ritualística maçônica. Quando a Lâmpada Votiva está acesa, significa a presença simbólica constante da divindade naquele recinto. No Templo Maçônico, porém, ela só é reacesa quando é formada a chamada Egrégora (atmosfera espiritual de um ambiente), após a abertura do Volume das Sagradas Escrituras. Por tradição, os gases que são emitidos da chama e os resíduos da cera queimada agradam a Deus e fazem parte do incensamento do Templo, prática ainda em uso em alguns Templos Maçônicos, como no REAA e Adonhiramita.

Portanto, o instrumento utilizado no REAA, na purificação pelo fogo, tem o nome de Lâmpada de Licopódio, por ser uma lâmpada e ter no seu interior o licopódio, que possui a faculdade de incrementar as chamas na purificação do candidato quando da sua iniciação, fazendo-o sentir o calor das chamas.

O licopódio é uma planta criptogâmica, isto é, não se reproduz por flores, mas sim por esporos, os quais surgem de uma espiga terminal. Quanto ao seu nome científico, a palavra Lycopodium é derivada das palavras gregas “pus” e “lycos”, as quais significam respectivamente “pé” e “lobo”, aludindo ao aspecto dos seus ramos jovens e a palavra “clavatum”, que vem do latim significa “moca”, uma variedade de café árabe, devido à semelhança dos esporângios com esta.

Se um pouco do pó for lançado na chama, inflama-se e um clarão vivo é emitido, devido a uma reação que ocorre com o óleo essencial presente no licopódio. É devido a isso que é utilizado na fabricação de peças de fogos de artifício com chamas coloridas.

Nome Científico: Lycopodium clavatum

Meus Irmãos, na Maçonaria, nos ritos que possuem a purificação ou provação pelos 4 Elementos nas suas Viagens, como nos REAA, Adonhiramita, e Brasileiro, por exemplo, o candidato depois de passar pelas Viagens com os elementos da Terra, do Ar da Água, e com a purificação pelo Fogo, chega, enfim, à Iniciação pura, à purificação superior, em que, (no REAA), o Mestre de Cerimônias utiliza a Lâmpada de Licopódio, livrando-lhe, simbolicamente, das nódoas lodosas dos vícios do mundo profano, para uma nova vida, para a vida maçônica.



outubro 12, 2025

A PADROEIRA DO BRASIL - Adilson Zotovici


Santa Imagem conhecida

“Maria” que a Deus serviu

No Paraíba do Sul surgiu

Por pescadores conduzida


Que pela Fé seu povo uniu

Bondosa, nunca esquecida

Milagrosa em nossa  vida

Como “Aparecida” seguiu


Com Bento Manto vestida

Misericórdia  o seu perfil

Segue a Santa a sacra lida


Homenagem de amor, sutil,

À Nossa Senhora Querida

A Padroeira do Brasil !