novembro 18, 2021

*QUAL O REAL OBJETIVO DA MAÇONARIA? - Ir. Denilson Forato, M.I.



A Maçonaria tem três objetivos essenciais: a instrução moral, física e intelectual; a moral abrange a espiritualidade; a física o conhecimento e a intelectual a mística. Os ensinamentos maçônicos buscam sempre nos lembrar os três deveres fundamentais do ser humano, ou seja, os deveres para conosco, com a humanidade e para com Deus. Para com Deus reconhecendo sua presença em tudo e sua fabulosa obra, o universo.

Para com a humanidade, consistindo em nossas famílias, a pátria e o universo, tendo como tarefa levar o conhecimento, a solidariedade, enfim, os nossos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Para conosco consistindo em nosso aperfeiçoamento, o desbastar da pedra bruta, a busca do equilíbrio entre a mente e o corpo. Sendo esta a tarefa mais difícil de todas, a de olhar para dentro de nós mesmos, reconhecendo nossos defeitos, nossas limitações e ainda em certos momentos encontrar em nós sentimentos e atitudes as quais combatemos por princípio. Termos em certos momentos a consciência de nossa ignorância.

Todas as vezes que nos vemos irritados, insatisfeitos, atribuindo nosso insucesso a causas externas, como: pessoas, trabalho, dificuldade financeira, devemos neste momento olhar para dentro de nós mesmos, pois o bem estar, a felicidade, o equilíbrio como queira se chamar está dentro de nós, pois o mundo não muda, mas a nossa visão do mundo sim, esta pode ser modificada e só depende de nós. Busque através de Deus, do conhecimento, do autocontrole, de qualquer forma, mas busque sempre.

Todos nós passamos por momentos muito bons e também revezes e em vários destes estavam vocês, meus queridos irmãos, nos bons e nos difíceis.

É comum após alguns anos de maçonaria, alguns se interrogarem, o que estou fazendo aqui? Será que estou sendo útil ou será que a Maçonaria me é útil? Frequentemente encontro irmãos adormecidos, por este ou aquele motivo, muitos dizem “a maçonaria não é mais a mesma”, “maçonaria virou copo d’água”. Muitos acham que a maçonaria deve mudar o mundo, a política, a sociedade toda, mas sequer consegue mudar a si mesmo, sofrem em  reconhecer uma série de defeitos.

Hoje vivemos em imensos conglomerados urbanos, com família desfeitas, drogas, falta de Deus, com pessoas com problemas psíquicos graves, não mais em pequenas cidades, onde a influência dos justos e de boa formação era a regra, por isso temos tanta dificuldade em influenciar em massa, mas podemos e devemos continuar o trabalho pequeno em extensão, mas de enorme valor.

Não fossem as leis, mesmo com graves distorções viveríamos em condições piores do que animais, pois o ser humano é destrutivo em sua essência, e isto fica evidente quando suas necessidades não são satisfeitas.

Meus queridos irmãos, a maçonaria não é um reduto de homens perfeitos, mas sim um seleto grupo que busca a superação humana, a sabedoria e o conhecimento que não vem do dia para a noite e sim de forma gradual. Cada reunião em Loja é rica do inicio ao fim, basta enxergar, algumas melhores que outras, mas sempre muito produtivas.

A presença de cada irmão traz Luz à Loja, esta Luz é conhecimento, é riqueza, é espiritualidade, cada um com seu espírito formando uma egrégora positiva e construtiva.

Por tudo isso, e resumidamente, venho a esta Loja para combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros. Para glorificar a verdade e a justiça. Que Deus permita que eu nunca desista.

CARBONÁRIA - Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz





O Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz é um dos mais prolíficos escritores e intelectuais maçônicos do país, membro da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras.


A Carbonária era uma sociedade secreta fundada na Itália no século XIX, em que erroneamente se associa à Maçonaria, provavelmente por ter adotado, por cópia, práticas semelhantes, levadas por Maçons que pertenciam às duas Sociedades.

Da mesma forma que Maçom é Pedreiro, Carbonário era “Carvoeiro”.

Sete ou mais Irmãos Maçons constituem uma Loja e vinte ou mais “Bons Primos” Carvoeiros formavam uma “Venda”.

A região em que se encontra uma Loja chama-se Oriente e onde se encontrava uma “Venda” chamava-se “Floresta”.

Três ou mais Lojas formam uma Obediência e vinte ou mais “Vendas” formavam uma “Venda Central”. Havia, também, uma outra instância, a “Alta Venda”, formada por representantes (deputados) das “Vendas Centrais”.

Como a Maçonaria, a Carbonária tinha o seu alfabeto secreto.

Algumas ideologias maçônicas eram afins com a Carbonária, como o combate ao absolutismo e à intolerância religiosa, além do patriotismo e a defesa da democracia e dos ideais liberais.

A Carbonária caracterizava-se também por valores anticlericais e por sua atuação política e revolucionária, tendo atuado tanto na Itália quanto em outros países latinos europeus e sul-americanos. 

O Carbonário Maçom italiano Giuseppe Garibaldi participou no Brasil das forças separatistas derrotadas na Revolução Farroupilha.

Tal como a Maçonaria fora condenada pelo papa Clemente XII na bula In Eminenti de 1738, a Carbonária foi condenada pelo papa Pio VII na encíclica Ecclesiam de 1821.

novembro 17, 2021

DO EMPOBRECIMENTO DAS LINGUAGENS - Dominique Lelys

 


(…) A linguagem telegráfica e ultrassimplificada, que hoje p r e d o m i n a , é  capaz de  transmitir mensagens imediatas e sentimentos primitivos, assim como faz a “ l i n g u a g e m ” d e muitas espécies animais. Está associada a textos curtos e músicas pobres, repetitivas.

 A linguagem humana é muito mais do que isso. Ela fala de história, atualiza o passado, indica o futuro, refere-se ao que não existe, transmite conceitos, narra sentimentos e descreve objetos complexos.

 Em vez de escolas e famílias adaptarem-se ao empobrecimento vocabular e sintá tico, elas devem contribuir para enriquecer crianças e jovens. Quem não domina  uma linguagem rica não pode conhecer Shakespeare , Guimarães Rosa, a Ilíada e tantos outros monumentos da nossa humanidade.

 Afastados desse universo simbólico sofisticado, também não conseguem apreciar Villa-Lobos, a Pietà ou uma bela solução arquitetônica. 

 A ideia de rebaixar a escola em nome da inclusão só reproduz a exclusão. 

 Cesar Benjamim 

O desaparecimento progressivo dos tempos (subjuntivo, passado simples, imperfeito, formas compostas do futuro, particípio passado...) dá origem a um pensamento no presente, limitado ao instante, incapaz de projeções no tempo.

 A generalização da familiaridade, o desaparecimento das maiúsculas e da pontuação são todos golpes fatais à sutileza da expressão. Eliminar a palavra "saudade" não é apenas abrir mão da estética de uma palavra, mas também promover a ideia de que entre uma menina e uma mulher não existe nada. 

Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade de expressar emoções e menos oportunidade de pensar bem. Estudos têm demonstrado que parte da violência nas esferas pública e privada decorre diretamente da incapacidade de traduzir as emoções em palavras. 

Sem palavras para construir um raciocínio, o pensamento complexo caro a Edgar Morin é dificultado, tornado impossível. Quanto mais pobre a linguagem, menos pensamento existe.

 A história é rica em exemplos e há muitos escritos de Georges Orwell em 1984 a Ray Bradbury em Fahrenheit 451 que relataram como ditaduras de todas as convicções dificultaram o pensamento, reduzindo e distorcendo o número e o significado das palavras. Não há pensamento crítico sem pensamento. E não há pensamento sem palavras. Como construir um pensamento hipotético - dedutivo sem dominar o condicional? Como imaginar o futuro sem conjugação com o futuro?

Como apreender uma temporalidade, uma sucessão de elementos no tempo, passado ou futuro, bem como a sua duração relativa, sem uma linguagem que faça a diferença entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que pode acontecer, e o que será depois que o que pode acontecer tenha acontecido? 

Se hoje se ouvisse um grito de guerra, seria o grito dirigido a pais e professores: façam com que seus filhos, seus alunos, falem, leiam e escrevam. Ensinar e praticar o idioma em suas mais variadas formas, mesmo que pareça complicado, principalmente se for complicado.

Porque nesse esforço está a liberdade. Quem explica o tempo todo que é preciso simplificar a grafia, purgar a linguagem de seus " defeitos", abolir gêneros, tempos, nuances, tudo o que cria complexidade são os COVEIROS DA MENTE HUMANA. 

 Não há liberdades sem exigências. Não há beleza sem pensar na beleza.

 Christophe Clavé


HAMLET NA MAÇONARIA: SER OU NÃO SER… MAÇOM - Márcio dos Santos Gomes




A conhecida e dramática frase “ser ou não ser, eis a questão” reflete a angústia existencial e a antológica dúvida do príncipe na obra “A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca”, escrita por William Shakespeare (1564-1616) na viragem do século XVII, onde o famoso personagem medita sobre o dilema de vingar ou não a morte do pai. Tal situação decorre do facto de Hamlet se ver diante de uma realidade que não era aquela imaginada, sendo subitamente colocado diante de revelações do fantasma do seu pai a demonstrar que o seu mundo perfeito era uma farsa, frente à complacência da corte. O momento desta descoberta da verdade dos factos também é registado na célebre frase “há algo de podre no reino da Dinamarca”.

A situação de dúvida acima relatada é uma constante que persegue o ser humano na sua trajetória terrena, presentes em momentos decisivos e impregnados de dualidades, envolvendo o que queremos ser ou sermos o que podemos. Enfim, como viver a vida. Alguns chegam a afirmar que felizes são aqueles que, ao viverem permanentemente alienados e não se verem confrontados com choques de verdades, não percebem as realidades do mundo e fazem a sua caminhada de forma descomprometida ou por vezes também construída ou fruto de um mito onde cada um a percebe de um modo diferenciado, como bem representadas na conhecida “Alegoria da Caverna” ou “Mito da Caverna”, uma passagem de “A República”, do filósofo grego Platão (400 a.C.).

É amplamente sabido que ao longo da história muitas pessoas procuram estruturar-se em clubes de serviços, grupos, associações, fraternidades, entidades com mais variados objetivos, de cunho material, social, cultural, religioso, civil, etc., onde prevalece a cooperação, a partilha, a ajuda mútua e a solidariedade. Aos membros e dirigentes de tais entidades cabe, dentre outras ações, encontrar pessoas com as qualificações e o ideal necessários para dar continuidade aos trabalhos, que se comprometam e se envolvam de forma plena a garantir a consecução dos objetivos definidos.

A Ordem Maçônica não foge a este receituário, por isto condiciona a seleção dos seus futuros membros a rígidos valores como probidade, honra ilibada e consciência cidadã, pois neste aspecto reside a sua força. Uma vez aceite a proposta de ingresso e superada a fase de sindicância e iniciação ritualística, outros valores são incutidos nos estudos e discussões regulares, de forma a que o iniciado aprimore a tolerância, a compreensão do verdadeiro amor ao próximo e à Pátria, despertando o interesse e exaltando a necessidade de trabalho pela felicidade do género humano e à consagração da solidariedade como a primeira das virtudes e o combate aos vícios inerentes ao ser humano, que é o objectivo a ser perseguido continuamente.

A serem seguidos os critérios e regulamentação previstos para a escolha e o escrutínio dos candidatos, observada a cautela nas diligências encetadas para aquilatar o grau de qualificação e valores demonstrados pelos possíveis interessados, não haveria espaço para frustrações e desistência ao longo da caminhada maçónica. Apesar disto, verificam-se por vezes procedimentos sumários de escolha e convite, com vistas a manter ou repor os quadros de algumas Lojas com número reduzido de obreiros, que desaguam em danos irreversíveis, decorrentes do comprometimento dos valores tão caros à Ordem, facultando a entrada a pessoas despreparadas, em busca de vantagens ou com o simples objectivo de serem chamados de “irmãos” e distribuir palmadinhas nas costas para demonstrar camaradagem e proximidade, para angariar simpatias pessoais e popularidade.

Por outro lado, mesmo após os cuidados cautelares, a frustração é do próprio iniciado, que se vê desiludido nas suas expectativas, nomeadamente por falhas dos dirigentes das Lojas em o envolver em atividade que cativem a sua atenção ou o instruam competentemente nos Princípios da Ordem.

Num primeiro momento o obreiro começa a emitir alguns sinais de insatisfação, como faltar às reuniões, por vezes sem justificação coerente, ou mesmo chegar atrasado, cumprimentando um ou outro, e não se interessando pelos assuntos tratados. Muitos tornam-se resmungões, não dão valor aos encontros festivos, descuidam-se das funções do cargo, caso os tenham, ou o recusam, quando convidados a atuar. Frequentar os ciclos de estudos da Escola Maçónica e reuniões da Loja de Pesquisas, ou mesmo visitar outras Lojas, nem pensar. Neste aspecto, não é raro ouvir-se no “jornal da caserna” que aqueles irmãos voluntários da Escola Maçónica estão a inventar ou a alterar a ritualística ou não sabem do que estão a falar, esquecendo que este fórum é para discussão e nivelamento de informações e não para ensinar aos que já o sabem.

Quando o assunto é apadrinhar um candidato, o argumento de não conhecer alguém com o perfil adequado é recorrente. Nas reuniões, os desinteressados estão sempre a recordar o “adiantado da hora” para que os trabalhos não se prolonguem e não comprometam o assistir ao jogo de futebol do dia, o copinho da praxe, etc. Tudo isto, sem entrarmos nas situações de formação de “panelinhas” e articulações políticas para processo sucessório nas Lojas e provocação de cizânia entre irmãos, comportamento típicos dos discípulos de Bakunin.

Neste contexto, algumas reflexões precisam ser feitas pelas Lojas e pelos obreiros que se identificam numa destas situações. Quanto às Lojas, várias perguntas podem ser feitas, como por exemplo:

O que podemos fazer para envolver e comprometer os obreiros?

Onde estamos a falhar?

As nossas reuniões são dinâmicas ou apenas cumprem as formalidades?

Temos apresentações de trabalhos que suscitam discussões e crescimento intelectual?

Estamos envolvendo a família nas atividades festivas e de companheirismo?

Estamos cuidando dos nossos aprendizes e companheiros, dando o suporte de “mentoring”?

No caso do obreiro temos questões como:

O que tenho feito para a Loja?

Tenho sido assíduo às reuniões?

Tenho interesse pelos assuntos tratados?

Participo das atividades extra Loja?

Recuso cargos ou substituir irmãos ausentes por motivo de força maior?

Faço visitas a outras Lojas?

Acompanho a evolução do(s) meu(s) afilhado(s)?

Indico novos nomes para compor a Loja?

Convido irmãos de outras Lojas para nos visitar?

Se nada disto é feito, então a Loja pode estar a trilhar um caminho tortuoso que fatalmente levará à sua extinção. Quanto ao obreiro, caso se sinta responsável por esta situação, é chegado o momento de se colocar como o melancólico Hamlet, onde o “ser” se tornou uma opção e ele agora tem que ponderar e escolher, sabendo que se não se sentir preparado o suficiente para fazer a escolha de forma consciente e alinhada com os postulados da Ordem, e chegar à conclusão que tudo não passou de uma escolha de ocasião, o seu prazo de validade expirou. Então, o passo seguinte é tratar de saber como obter o “quite-placet”, na certeza de que, se correr, o bicho não pega.


,

novembro 16, 2021

SER ESCRITOR - Marcelo Rates Quaranta



Ser escritor é transcender a alma através da pena. O escritor é aquele que tem a sensibilidade de perceber as emoções que voam ao seu redor, fazendo do seu próprio coração o ponto de pouso de cada sentimento. 

É aquele que tem a habilidade de prospectar nos corações alheios os seus sentimentos, e os converter em palavras, transformando um pedacinho da vida num poema, num texto, numa frase...  Ele é  o coração que escreve. A sua lágrima e o seu sorriso pertencem a ele, porque ele os fez acontecer.

O escritor está no DNA de cada uma de suas criaturas e vive a vida dos seus personagens, ri com eles, sofre com eles, angustia-se por eles, ama por eles, odeia por eles, perdoa e se vinga por eles, como se vivesse mil vidas dentro de uma sinergia louca onde em minutos todos os sentimentos se embaralham. 

O escritor é cada personagem num momento diferente do coração, que muda numa fração ínfima de eternidade. O escritor é amor suficiente pra ser um deus, e pérfido o suficiente para ser o diabo. Como deus ele cria, dá vida, conduz e ainda determina a hora e a forma da sua morte. Ele é a virtude dos mocinhos, o suspiro dos apaixonados,  a tristeza dos desvalidos, a volta por cima e a derrocada. Como diabo ele é a vingança, a trama, o drama e a maldade. 

Não basta saber escrever. É preciso dividir suas emoções com cada uma das suas criaturas. É preciso amar o bom e o mau. É preciso ver cada personagem como um filho, com todas as suas virtudes e defeitos. Ele não pode odiar o que ele cria.

Ser escritor é aprender muito mais com suas criaturas do que ensinar como criador. É se ler e enxergar que é a sua própria vida que está projetada em cada uma das suas obras, e fazer da sua  própria existência peças formatadas entre muitos prólogos e tantos outros epílogos.

Ser escritor é amar e viver a vida intensamente, fazendo do papel uma bula, um manual de instruções da sua própria passagem pelo mundo. É ser o mago das emoções e um manipulador sorrateiro, que pega o coração do seu leitor com as mãos e faz dele o seu brinquedo. É transformar a folha do papel num elemento mágico, capaz de  penetrar na alma alheia.

.

Eu amo ser escritor, porque amo pelos que amam e odeio pelos que odeiam, e com isso condiciono a minha própria vida à ponta de uma pena.

O NOTÁVEL MAÇOM GOETHE - Walter Celso de Lima

 

1.     Introdução:


     Johnn Wolfgang von Goethe nasceu em 28 de agosto de 1749, em Frankfurt am Main, então Sacro Império Romano-Germânico e faleceu em 22 de março de 1832 (aos 82 anos) em Weimar, então Grão-Ducado de Saxe- Weimar-Eisenach, Confederação Germânica. Foi um escritor, filósofo, cientista e estadista alemão. Foi maçom. Seus trabalhos incluem quatro romances, poesia épica e lírica, dramas em prosa e verso, memórias, uma autobiografia, crítica literária e estética e tratados sobre botânica, anatomia e cores.


2.    Biografia e suas Obras:


         Goethe era um poliglota. Falava latim, grego, francês, italiano, inglês e hebraico (Matussek, 2002). Recebeu aulas de dança, equitação e esgrima. Frequentava muito o teatro. Celebridade literária aos 25 anos, enobrecido em 1782 pelo duque de Saxe-Weimar, Karl August, Duke de Saxe-Weimar-Eisenach (1757-1828), após sucesso de seu romance  Die Leiden des jungen Werthers (O Sofrimento do Jovem Werther) – 1774. Participou, então, do movimento literário Sturm und Drang (Tempestade e Desejo). Durante seus primeiros dez anos em Weimar tornou-se membro do Conselho Privado do Duque, participou de comissões de guerra, supervisionou a abertura de minas de prata e implementou uma série de reformas administrativas na Universidade de Jena.

      Estudou direito na Universidade de Leipzig, de 1765 a 1768,desistindo em seguida. Na época apaixonou-se em 1766 por Anna Katharina Schönkopf (1746-1810), tendo-a enaltecida em seus versos. Escreveu a comédia Die Mitschuldigen (Os Cúmplices). Retornou a Frankfurt. Depois de uma grave enfermidade, Goethe deixou Frankfurt, em 1770, para terminar seus estudos na Universidade de Estrasburgo. Em Estrasburgo, Goethe estudou Shakespeare. Entre 1770 e 1771, Goethe apaixonou-se pela Friederike Elisabetha Brion (1752-1813), para quem fez vários poemas (Koopmann, 2014).

      No final de agosto de 1771, Goethe adquiriu o grau acadêmico deLicentia Doccendi em direito. Estabeleceu, então, em Frankfurt, uma pequena prática jurídica que não deu certo. Encerrou depois de alguns meses sua carreira como advogado. Dedicou-se, então, à literatura. Escreveu Götz von Berlichingen, história de um cavaleiro imperial alemão, mercenário e poeta (1480-1562). Em 1774, escreveu um livro que lhe traria fama mundial: Die Leiden des jungen Werther (O Sofrimento do Jovem Werther)

      Em 1775, Goethe foi convidado à corte de Karl August, duque de Saxe-Weimar-Eisenach. Goethe passou a viver em Weimar.

      Em 1776, Goethe estabeleceu um relacionamento com Charlotte Albertine Ernestine von Stein (1742-1827), da corte de Weimar e amiga íntima de Friedrich Schiller (1759-1805) - Safranski, 2009. Charlotte era uma mulher mais velha e casada. Este vínculo íntimo durou dez anos, quando Goethe partiu para Itália.

      Em 1779, Goethe assumiu a Comissão de Guerra do Grão-Ducado. Em 1782, Goethe assumiu o cargo de Chanceler do Tesouro do Ducado, uma espécie de primeiro-ministro. Goethe foi enobrecido em 1782, acrescentando “von” ao seu nome.


Fig. 1 – Goethe. Pintura feita em 1787, por Angelica Kaufmann (1741-1807, pintora suíça), quadro em exposição no Goethe-Nationalmuseum (Weimar).

      A viagem de Goethe à Itália e Sicília foi de 1786 a 1788. No final de 1788, Goethe visitou Veneza.O primeiro trabalho científico de Goethe, Pflanzenmetamorphos(Metamorfose das Plantas) foi publicado em 1788, após sua viagem à Itália. Tornou-se Diretor-Gerente do Teatro de Weimar (Himmelseher, 2010) e em 1794 iniciou uma grande amizade (Safranski, 2009) com o dramaturgo, poeta, historiador, físico e filósofo Friedrich Schiller (Johann Christoph Friedrich von Schiller, 1759 – 1805, poeta, filósofo, médico, historiador e dramaturgo alemão). Durante este período, Goethe publicou seu segundo romance: Die Lehre von Wilhelm Meister (Os Ensinamentos de Wilhelm Meister), o poema épico Hermann und Dorothea (Hermann e Doroteia) e, em 1808, a primeira parte de sua obra prima Faust (Fausto).


Fig. 2 – Goethe aos 79 anos. Pintura feita em 1828 por Joseph Karl Stieler (1781-1858), pintor alemão. Em exposição na Neue Pinakothek, museu de arte, em Munich.

      Na década de 1790, Goethe manteve várias conversas escritas com vários pensadores: Friedrich Schiller, Johann Gottlieb Fichte (filósofo idealista alemão, 1752-1814), Johann Gottfried von Herder (filósofo, teólogo e poeta iluminista alemão. 1744-1803), Alexander von Humboldt (polímata, geógrafo, naturalista, filósofo e cientista prussiano, 1769-1859), Wilhelm von Humboldt (filósofo, linguista e diplomata prussiano, 1767-1835, irmão de Alexander), August von Schlegel (poeta romântico, professor de sânscrito, tradutor de Shakespeare, 1767-1845), e Friedrich von Schlegel (poeta romântico, filósofo, filólogo, hinduísta, 1772-1829, irmão de August). A reunião destes escritos formou uma obra chamada de Weimarer Klassik (Classicismo de Weimar).

     Em 1806, Goethe estava vivendo em Weimar com sua amante Johanna Christiane Sophie Vulpus (1765-1816), com quem se casou posteriormente. Em outubro de 1806, o exército de Napoleão invadiu a cidade. Soldados franceses ocuparam a casa de Goethe (Damm, 2001). Beberam vinho e fizeram grande alvoroço. Depois, invadiram o quarto de Goethe. Christiane comandou a defesa da casa. Fez com os empregados, barricadas na cozinha e no porão contra os franceses. A firmeza de Christiane provocou a fuga dos franceses (Damm, 2001). Logo depois, Goethe se casou com Christiane (em 19 de outubro de 1806). O casal já tinha tido vários filhos, incluindo o mais famoso, Julius August Walter von Goethe (1789-1830). Chistiane faleceu em 1816.


Fig. 3 – “Chistiane com cachecol”, desenho a lápis feito em 1789 pelo próprio Goethe, ed. C.H. Beck, Munique, 1982.

      Em 1823, tendo se recuperado de uma cardiopatia quase fatal, Goethe se apaixonou pela baronesa Ulrike von Levetzow (1804-1899), de 19 anos, último amor de Goethe.

      Em 1832, aos 82 anos, Goethe faleceu em Weimar, de insuficiência cardíaca. Suas últimas palavras foram Mehr Licht ! (Mais Luz !). Está enterrado no Cemitério Histórico de Weimar, ao lado de Schiller (Koopmann, 2014).

Fig. 4 – Os caixões mortuários de Goethe e Schiller na cripta de Weimar.

 

3.    Goethe como maçom:


         Goethe foi iniciado em 1780 na Loja Amalia, em Weimar(Brachy, 2000). O nome completo da Loja é “Anna Amalia zu den drei Rosen” (Anna Amalia nas Três Rosas) que, em 2005, completou 250 anos. A Amalia “A” é usada pelos irmãos da loja como uma referência à fundadora, a duquesa Anna Amalia.- Anna Amalia von Braunschweig-Wolfenbüttel (1739-1807) – Fig. 5. A Loja trabalha no Rito Zinnendorf (Aguilar, 2020). Este é o rito mais praticado na Alemanha, na atualidade. É um rito cristão e trinitário, isto é, quem pratica este rito necessariamente deve ser cristão e acreditar na Santíssima Trindade. O rito teve muita influência do Rito Sueco. O Rito tem 7 graus. Foi criado por Johann Wilhelm Kellner von Zinnendorf, médico cirurgião do Exército Prussiano, nascido em Halle an der Saale, Estado da Saxonia-Anhall, em 1731 e falecido em Halle, em 1782. Criou, em 1770, a Grande Loja Nacional dos Maçons da Alemanha (Groβe Landsloge der Freimaurer von Deutschland) onde foi Grão-Mestre em 1776. O compositor Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), maçom, trabalhava neste Rito. Sua ópera A Flauta Mágica (Die Zauber Flöte) bem apresenta este Rito, exceto, obviamente, dos segredos do rito.

Goethe foi maçom ativo até sua morte (Koopmann, 2014).

Goethe também foi atraído pelos Illuminati da Baviera, uma sociedade secreta fundada em 1776 (Schüttler, 1991).



Fig. 5 – Joia da Loja Anna Amalia zu drei Rosen – 1806.

Em sua obra maior “Fausto”, Goethe descreve como vender a alma (de Fausto) ao diabo pelo poder sobre o mundo físico. Fausto enaltece o materialismo. Considerado símbolo da modernidade, Fausto relata a tragédia de um homem das ciências que, desiludido com o conhecimento de seu tempo, faz um pacto com o demônio pelo seu poder, especialmente pela energia da paixão pela técnica e pelo progresso material. Fausto é entregue aos prazeres materiais e, finalmente, é levado para o inferno. Fausto diz: “A arte é longa e avida é curta” (Claudon, 2011).   


Fig. 6 – Goethe; no pescoço a Cruz do Comandante da Ordem Leopoldo Imperial-austríaca, no peito esquerdo a Cruz de Oficial da Legião de Honra Francesa, e no peito a direita a estrela da Grã-Cruz da Ordem de Vigilância dos Saxões-Weimar. Pintura feita em1822 por Heinrich Christoph Kobe (1771-1836), pintor alemão. Em exposição no Goethe-Nationalmuseum, Weimar, Alemanha.

 

Fig. 7 – O brasão de Goethe 1782.


Goethe era cristão e racionalista. Embora luterano na infância e adolescência, quando adulto nunca mais frequentou sua igreja (Simm, 2000). Segundo Goethe (Goethe, 2010), sua fé foi abalada pelo terremoto de Lisboa (1755) e a Guerra dos Sete Anos (1756-1763, guerra entre França, Áustria, Suécia e Espanha contra Inglaterra, Portugal, Rússia e Prússia). Era, também, um panteísta e humanista (Matussek, 2002).

Dizia Goethe que “o mundo não é mal”. O escritor gaúcho Luís Fernando Verissimo (1936), usando os dizeres de Goethe, completou: “O mundo não é mal, mas é muito mal frequentado”.


Fig. 8 – “Goethe na campanha romana”. Pintura de 1787, feita por Johann Heinrich Wilhelm Tischbein (1751-1829), pintor alemão.

Há umas ideias paradoxais de Goethe sobre França. Goethe lutou contra França, teve sua casa invadida por soldados franceses e foi molestado por franceses. Entretanto, Goethe considerava França berço da cultura europeia e assim a respeitava. “Como eu poderia escrever canções de ódio aos franceses quando não sentia ódio? Entre nós, nunca odiei os franceses, embora tenha agradecido a Deus quando nos livramos deles. Como eu poderia, a quem as únicas coisas significativas são a civilização (die Kultur) e a barbárie (selvageria), odiar uma nação que está entre as mais civilizadas do mundo e à qual devo grande parte de minha própria cultura? De qualquer forma, este negócio de ódio entre nações é uma coisa muito curiosa. Você sempre o achará mais poderoso e bárbaro nos níveis mais baixos da civilização. Mas existe um nível em que desaparece completamente, e onde alguém se coloca, por assim dizer, acima das nações, e sente o bem-estar ou a angústia de um povo vizinho como se fosse o seu” (Beachy, 2000).

         Goethe teve um encontro com Napoleão, em 2 de outubro de 1808, em Erfurt, capital da Turíngia, Alemanha (Friedenthal, 2010; Friedenthal, 2005; Seibt, 2008). Napoleão Bonaparte (imperador francês, 1769-1821) falava muito mal o francês, segundo Goethe. O francês de Goethe era perfeito, formal, literário, enquanto o francês de Napoleão era com sotaque corso (idioma corso ou córsico, com similaridades ao italiano da Toscana) e seu linguajar era informal, grosseiro, rústico e inculto (conforme Goethe, 2010 e Broers, 2014; Seibt, 2008). Goethe e Napoleão discutiram política, os escritos de Voltaire e a obra de Goethe, que Napoleão disse que a lia, especialmente “Os Sofrimentos do Jovem Werther” (Broers, 2014; Swales, 1987). Trocaram ideias, também, sobre Maçonaria (Seibt, 2008). Há controvérsias sobre se Napoleão foi maçom. Mas conhecia muito sobre Maçonaria e nomeou seu irmão sanguíneo José Napoleão Bonaparte (1768-1844 rei de Nápoles (1806-1808), rei da Espanha e das Índias (1808-1813) iniciado em Marselha em 1793 e designado Grão-Mestre do Grande Oriente de França (1804-1815). Napoleão não gostava do Rito Moderno (que então não era denominado assim) por ser de origem inglesa. Não gostava do Rito Escocês por ser de origem irlandesa e escocesa. E apoiava o Rito Adonhiramita por ser genuinamente francês. Goethe sabia disto (Goethe, 2010; Montez, 2005). Não se sabe, exatamente, quais as ideias trocadas entre Napoleão e Goethe sobre Maçonaria.



Fig. 9 – O encontro de Napoleão com Goethe. Fotogravura de uma pintura de Eugène Ernest Hillemacher (1818-1887), pintor francês.

Goethe saiu da reunião com Napoleão profundamente impressionado com o intelecto de Napoleão (Broers, 2014; Seibt, 2008). Disse Goethe sobre a reunião com Napoleão: “Nada mais alto e agradável poderia ter acontecido comigo em toda minha vida” (Ferber, 2008).

Goethe escreveu: “Napoleão é o homem! Sempre iluminado, sempre claro e decidido, e dotado de energia suficiente para executar o que ele considerava vantajoso e necessário. Sua vida foi o passo de um semideus, de batalha em batalha, e de vitória em vitória. Pode-se dizer que ele está num estado de iluminação contínua. Por esse motivo, seu destino é mais brilhante do que qualquer outro que o mundo tivesse visto antes dele, ou talvez jamais o verá” (Seibt, 2008).

 

4.    Considerações Finais:

                  Goethe foi o criador de muitas ideias que tiveram grande efeito no século XIX e até hoje. Escreveu vários livros sobre poesia, ensaios, críticas, trabalhos iniciais sobre evolução, linguística e filosofia. Era fascinado por mineralogia. Seus escritos de não ficção estimularam o desenvolvimento de muitos filósofos como Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831, filósofo alemão, importante figura do Idealismo Alemão – Deutscher Idealismus), Arthur Schopenhauer (1788-1880, filósofo alemão, desenvolveu a metafísica ateísta e o pessimismo filosófico), Søren Aabye Kierkegaard (1813-1855, filósofo e teólogo dinamarquês, primeiro filósofo existencialista, desenvolveu a ética cristã), Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900, filósofo, compositor, poeta e filólogo alemão, crítico radical da verdade em favor do perspectivismo, procurou dar resposta estética à “morte de Deus”, desenvolveu o conceito de Superhomem – Übermensch), Ernst Alfred Cassirer (1874-1945) filósofo alemão, filosofia idealista da ciência, desenvolveu a teoria do simbolismo, muito importante para a Maçonaria), Carl Gustav Jung (1875-1961, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica), Johann Christoph Friedrich von Schiller (1759-1805, filósofo, poeta, médico, historiador e dramaturgo alemão) – Schings, 2011. Com Schiller, Goethe desenvolveu uma amizade muito produtiva. Discutiam, frequentemente, questões relativas à estética.

O drama “Fausto” é sua criação artística mais famosa. Germaine de Staël (Anne Louise Germaine de Staël-Holstein – 1766-1817, escritora e historiadora francesa pertencente ao romantismo) apresentou o classicismo e o romantismo alemão sendo Goethe um “clássico vivo”, um gênio alemão que uniu “tudo o que distingue a mente alemã” (Gillespie, Engel, 2008). Staël declarou que Goethe “é um herói cultural europeu”.

Na Inglaterra vitoriana, Goethe exerceu profunda influência sobre George Ellot (Mary Ann Evans, conhecida pelo seu pseudônimo George Eliot, foi uma romancista e poeta do período vitoriano – 1819-1880). Eliot apresentou Goethe como “eminentemente o homem que nos ajuda a alcançar elevado ponto de observação” e elogiou sua “grande tolerância”. Goethe foi o "Médico da Idade do Ferro" e "o pensador mais claro, maior e mais útil dos tempos modernos" com uma "visão ampla e liberal da vida". Afirmou também: “Goethe foi o maior homem de letras alemãs ..... e o último verdadeiro homem universal que caminhou sobre a terra” (Röder-Bolton, 1998).



Fig. 10 – Monumento aos poetas Goethe e Schiller, em Weimar (Safranski, 2009).

 

         Goethe tornou-se referência fundamental para Thomas Mann (Paul Thomas Mann, 1875-1955, romancista, ensaísta e filantropo alemão, laureado com Prêmio Nobel de 1929. Fugiu do nazismo refugiando-se na Suíça, EUA e depois, novamente, Suíça onde faleceu. Mann é um dos expoentes do Die Exilliteratur, ou a literatura alemã escrita no exílio).

         O drama de Fausto é muito atual. Hoje, de maneira geral, o homem “se vendeu ao demônio”: quer ter posses, é materialista e consumista. Trocou seu comportamento e seu pensar visando posses materiais. Trocou cultivar virtudes por ter poder e ter posses. Acredita ter mais valor o “ter” do que o “ser”. E o fim é o “inferno”. Como Fausto. Muito interessante Goethe ter previsto este mundo atual a mais de 200 anos. Hoje, quase todos são Fausto: quer ter, quer aparecer, quer ter poder.

         O Goetheanum, localizado em Dornach, cantão de Solothum, Suíça, é um centro mundial do movimento antroposófico, denominado em homenagem a Goethe. Antroposofia é uma doutrina mística formulada pelo pensador Rudolf Steiner (Rudolf Joseph Lorenz Steiner, 1861-1925, filósofo, arquiteto, economista e esoterista austríaco). O edifício Goetheanum projetado por Steiner, inclui 2 teatros de 1500 lugares cada, galeria, biblioteca e espaços administrativos da Sociedade Antroposófica. Neste teatro são realizadas apresentações festivas de Fausto.

         Goethe-Institut (Instituto Goethe) é a instituição cultural da República Federal da Alemanha, fundada em 1951 e seu centro está localizado em Munich, Bavaria. Promove o estudo do alemão em todo mundo e conhecimento cultural, da sociedade e da política da Alemanha. Trata-se de uma associação cultural sem fins lucrativos, autônoma e politicamente independente. Opera em todo mundo, com 159 institutos, promovendo o estudo do idioma alemão e incentivando o intercâmbio e as relações culturais internacionais. No Brasil há Institutos Goethe em Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

A UNESCO declarou um Memorando Goethe patrimônio literário mundial.

A Universidade de Goethe (Johann Wolfgang Goethe Universität Frankfurt am Main) é uma universidade fundada em 1914, como universidade de cidadãos, isto é, fundada e financiada por cidadãos de Frankfurt. Atualmente possui cerca de 45.000 alunos distribuídos em 4 campi. Oferece bolsas especiais para brasileiros. A Universidade possui 20 vencedores de prêmios Nobel entre seus docentes.

         Para terminar, uma das frases de Goethe “Somos todos responsáveis pela ausência de valores”. Esta ideia foi muito explorada por Albert Camus (1913-1960, filósofo, escritor e jornalista francês, premiado com Nobel em Literatura, em 1957). Ausência de valores lembra Fausto.

         Goethe foi o mais importante escritor em idioma alemão. Suas ideias, sua vida maçônica, são exemplos importantes de moralidade, austeridade, humildade e sapiência. Repito uma das frases mais importantes e atuais de Goethe: “somos todos responsáveis pela ausência de valores”.

 

BIBLIOGRAFIA:

61 obras de Goethe (eBook), em diversos idiomas, podem ser lidas em

http://www.gutenberg.org/ebooks/author/586 Acessado em 29.dez.2019.

Todas as obras de Goethe, em alemão, podem ser lidas em Projekt Gutenberg – DE, s/d

https://www.projekt-gutenberg.org/autoren/namen/goethe.html Acessado em 25.jan.2020.

- Aguilar, R. “El Rito Zinnendorf o Rito de Reuchell”. Retales de Masoneria 10 (103): pp: 37-41, 2020.

- Beachy, R. “Recasting Cosmopolitanism: German Freemasonry an Regional Identity in the Early Nineteenth Century”. Eighteenth-Century Studies, 33 (2), pp: 266-274, 2000. Também em:

 https://muse.jhu.edu/article/10887

 ou https://www.jstor.org/stable/30053687?seq=1 Acessado em 29.dez.2019.

- Broers, M. “Europe Under Napoleon”. London: I.B. Tauris, 2014.

- Citati, P. “Goethe”. São Paulo, Cia das Letras, 1996.

- Claudon, F. “Goethe: Essai de Biographie”. Paris, Ed. Kimé, 2011.

- Damm, S. “Christiane und Goethe: Eine Recherche“ (Christiane e Goethe:

         Uma pesquisa). 7ª edição. Frankfurt am Main: FrankfurtHerausgeber, 2001.

- Eckermann, J.P. “Gespräche mit Goethe“. (Conversa com Goethe).

Herausgegeben von Christoph Michel unter Mitwirkung von Hans Grüters.  (Publicado por Christoph Michel com a colaboração de Hans Grüters). Frankfurt am Main: Deutscher Klassiker Verlag, 2011.

- Ferber, M. “A Companion to European Romantism”. Hoboken, N.J.: John Wiley & Sons, 2008.

- Friedenthal, R. “Goethe: His Life & Times”. Abingdon-on-Thames (UK), Routledge – Taylor & Francis Group: Transaction Publishers, 2010.

- Friedenthal, R. “Goethe – sein Leben und Seine Zeit“ (Goethe – sua vida

         e seu tempo). 15ª edição. Munchen: Piper, 2005.

- Gemünden, G. “Framed Visions: Popular Culture, Americanization and

the Contemporary German and Austrian Imagination”. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1998.

- Gillespie, G.E.P. & Engel, M. “Romantic Prose Fiction”. Amsterdam: John Benjamins Publ. Co., 2008.

- Goethe, J. W. “Fausto I: Uma tragédia (primeira parte)”. Apresentação,

comentários e notas de Marcus Mazzari. Edição bilíngue. São Paulo: Editora 34, 2004.

- Goethe, J.W. “Fausto II: Segunda parte da tragédia”. Apresentação comentários e notas de Marcus Mazzari. Edição bilíngue. São Paulo: Editora 34, 2007.

- Goethe, J.W. “Fausto”. (partes I e II). São Paulo: Martin Claret, 2004.

- Goethe, J.W. “Os Sofrimentos do Jovem Werther”. São Paulo: Martin Editora, 2007.

- Goethe, J.W. “Autobiography: Truth and Fiction Relating to My Life”.Aus meinem Leben: Dichtung und Wahrheit – Da minha vida: poesia e verdade), Project Gutenberg, 2010a.

http://www.gutenberg.org/ebooks/573  também: https://archive.org/details/autobiographyofg00goet/page/n4

QUAL FOI O MOMENTO MAIS FELIZ DE SUA VIDA ?



 - Quando o bilionário nigeriano Femi Otedola, em uma entrevista por telefone, foi questionado pelo apresentador de rádio: "Senhor, o que você se lembra que o tornou o homem mais feliz da vida?"

Femi disse: - 

“Passei por quatro estágios de felicidade na vida e finalmente entendi o significado da verdadeira felicidade.

“A primeira etapa foi acumular riquezas e meios. Mas nesta fase não consegui a felicidade que queria.

“Em seguida, veio a segunda etapa de coleta de objetos de valores. Mas percebi que o efeito dessa coisa também é temporário e o brilho das coisas valiosas não dura muito.

“Então veio a terceira fase de obtenção de grandes projetos. Foi quando eu tinha 95% do fornecimento de diesel na Nigéria e na África. Também fui o maior proprietário de navios da África e da Ásia. Mas mesmo aqui não obtive a felicidade que tinha imaginado.

“A quarta etapa foi quando um amigo meu me pediu para comprar cadeiras de rodas para algumas crianças com deficiência. Quase 200 crianças.

“A pedido do amigo, comprei imediatamente as cadeiras de rodas.

“Mas o amigo insistiu que eu fosse com ele e entregasse as cadeiras de rodas às crianças. Eu me preparei e fui com ele.

“Lá eu dei essas cadeiras de rodas para essas crianças com minhas próprias mãos. Eu vi o estranho brilho de felicidade nos rostos dessas crianças. Eu os vi todos sentados nas cadeiras de rodas, se movendo e se divertindo.

“Era como se eles tivessem chegado a um local de piquenique onde estão compartilhando um prêmio acumulado.

“Eu senti uma alegria REAL dentro de mim. Quando decidi ir embora, uma das crianças agarrou minhas pernas. Tentei libertar minhas pernas suavemente, mas a criança olhou para meu rosto e segurou minhas pernas com força.

“Abaixei-me e perguntei à criança: Precisa de mais alguma coisa?

“A resposta que essa criança me deu não só me deixou feliz, mas também mudou completamente minha atitude em relação à vida. Esta criança disse:

‘Quero me lembrar do seu rosto para que, quando me encontrar com você no céu, eu possa reconhecê-lo e agradecê-lo mais uma vez.’ "

"Esse foi o momento mais feliz da minha vida. "

*Pelo que você seria lembrado depois de deixar o local que você está agora?*

novembro 15, 2021

A MAÇONARIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA - Hector Guerrero


Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 

Como cumprir esta tríade sem um governo Democrático em sua plenitude???

No dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, com o apoio dos republicanos, demitiu o Conselho de Ministros e seu presidente. 

Na noite deste mesmo dia, o marechal assinou o manifesto proclamando a República no Brasil e instalando um governo provisório.

Após 67 anos, a monarquia chegava ao fim. 

No dia 18 de novembro, D. Pedro II e a família imperial partiam rumo à Europa. 

Tinha início a República Brasileira com o Marechal Deodoro da Fonseca assumindo provisoriamente o posto de presidente do Brasil. 

A partir de então, o pais seria governado por um presidente escolhido pelo povo através das eleições. 

Foi um grande avanço rumo a consolidação da democracia no Brasil

É inegável afirmar que em todos os eventos históricos brasileiros se teve a presença ‘notável’ da maçonaria. 

E todos foram tramados e concretizados dentro das Lojas maçônicas. 

Assim, não poderia deixar de ser com a Proclamação da República.

A  implantação  da  República  foi,  sem  dúvida,  a  maior  revolução  de  nossa  História,  tendo como  líderes  os  IIr.·.  Deodoro  da  Fonseca  e  Benjamim  Constant. 

A  palavra  REPÚBLICA,  derivada  do  Latim  (res  publica),  é  definida  como  coisa  pública. 

É  o sistema  de  governo  em  que  um  ou  vários  indivíduos  eleitos  pelo  Povo,  exercem,  em  seu nome,  o  poder  supremo,  por  um  determinado  tempo. 

A  Proclamação  da  República  no  Brasil  foi uma  consequência  natural  da  profunda  crise  ocorrida  no  Império  Brasileiro,  provocada  pelas transformações  que  ocorreram  na  Sociedade  Brasileira,  principalmente  a  partir  de  1870,  isto  é, após  o  término  da  Guerra  do  Paraguai.

As  questões  Militar,  Religiosa  e  da  Libertação  dos  Escravos,  conjuntamente,  foram  as causas  da  queda  do  Império  e  da  Proclamação  da  República,  porque  o  poder  do  Governo  Imperial sustentava-se,  principalmente,  na  Escravidão,  no  Exército  e  na  Igreja.

A  razão  que  levou  o  exército a  contrapor-se  ao  Governo  Imperial  foi  que,  apesar  de  ter  saído  da  Guerra  do  Paraguai  vitorioso, fortalecido  e  modernizado,  continuou  a  ser  marginalizado  pela  aristocracia,  que  detinha  o  poder  e, por  isso,  os  militares  passaram  a  acreditar  que  somente  o  Exército  poderia  salvar  o  Pais  da  crise econômica;  dos  problemas  sociais;  das  fraudes  eleitorais;  da  corrupção  política,  etc.

A  Igreja,  por  sua  vez,  queria  sua  liberdade,  pois,  encontrava-se  submetida  ao  domínio Imperial.  

Em  1864,  a  Bula  Papal  "Syllabus"  proibiu  os  padres  de  fazerem  parte  da  Maçonaria, proibição  que  não  foi  aceita  pelo  Governo  Imperial  e,  em  1874,  o  Primeiro-Ministro,  Visconde  do Rio  Branco,  Grão-Mestre  da  Maçonaria,  mandou  prender  os  Bispos  de  Olinda  e  de  Belém  do  Pará, que  mandaram  fechar  irmandades  religiosas  de  Pernambuco  e  do  Pará,  cujos  membros  não tivessem  abandonado  a  Maçonaria.  

Contudo,  em  1875,  sendo  Primeiro-Ministro  o  Duque  de Caxias,  também  membro  da  Maçonaria,  foram  aqueles  prelados  postos  em  liberdade.

As  diversas  leis  de  cunho  antiescravista,  como  a  Lei  do  Ventre  Livre  (28.09.1871);  a  Lei  dos Sexagenários  (28.09.1885)  e,  finalmente,  a  Lei  Áurea  (13.05.1888),  foram  fatores  preponderantes ao  enfraquecimento  do  Império,  contribuindo,  decisivamente,  para  acelerar  o  processo  que culminou  na  Proclamação  da  República.

A  atuação  dos  partidos  políticos  durante  o  Segundo Reinado  foi  bastante  intensa  e  dois  deles  revezavam-se  no  poder:  o  Liberal  e  o  Conservador.   

Contudo,  em  1868,  uma  briga  havida  entre  os  membros  do  Partido  Liberal  provocou  uma cisão,  dando  origem  ao  Partido  Radical,  em  1869,  o  qual,  em  1870,  publicou  um  manifesto criticando  o  fato  de  o  Brasil  ser  a  única  Monarquia  em  todo  o  Continente  Americano.

O  manifesto,  assinado  por  Quintino  Bocaiúva,  Rangel  Pestana,  Saldanha  Marinho  e  outros expoentes  daquela  geração,  continha  uma  proposta  de  descentralização  política,  típica  de  uma Federação, isto é, de autonomia das províncias e municípios.

Foi o embrião do Partido Republicano, que, poderosamente, abrigou em suas fileiras, duas fortes correntes de pensamento: os evolucionistas e os revolucionários.

Os evolucionistas, representados por Quintino Bocaiúva, acreditavam na não-violência e julgavam que a República aconteceria naturalmente, sem lutas.

Os revolucionários, representados por Silva Jardim (vide a Coluna Efemérides do Boletim de Julho de 2000), propunham a luta armada como meio de derrubar o Império.

Os evolucionistas, por suas ideias, aliaram-se aos militares e à aristocracia cafeeira, conseguindo, desse modo, predominar sobre a corrente adversária.

Os contatos, encontros e reuniões para articular a derrubada do Império eram feitos às claras. 

Conspiradores como Benjamim Constant, Deodoro da Fonseca e Sólon Ribeiro agiam abertamente e, no dia 14.11.1889, lançaram o boato de que o Governo Imperial havia mandado prender Deodoro e Benjamim, o que provocou a sublevação de 2 regimentos sediados em São Cristóvão, desencadeando a ação militar do dia seguinte, já sob o comando do Marechal Deodoro da Fonseca, o qual, sem derramamento de sangue, proclamou a República do Brasil.  

A segunda metade do século XIX foi pródiga de acontecimentos decisivos na história do Brasil e, assim a sociedade conheceu importantes transformações econômicas, sociais e políticas, que modernizaram o país e o levaram a adotar relações mais dinâmicas de trabalho, podendo ser citadas como conquistas daquela época, que contribuíram para a Proclamação da República: instituição do trabalho assalariado; intensificação da imigração, principalmente de europeus; abolição da escravidão; novas ideias políticas, com a de Federação; surgimento de novos partidos políticos e enriquecimento do País com o café.

O primeiro Presidente do Brasil foi o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, nascido em Alagoas, em 1827 e que morreu no Rio de Janeiro em 1892.

O primeiro Ministério foi assim constituído: Campos Sales - Ministro da Justiça; Floriano Peixoto - Ministro da Guerra; Eduardo Nandenjkolk - Ministro da Marinha; Rui Barbosa - Ministro da Fazenda; Benjamim Constant - Ministro da Instrução Pública; Francisco Glicéreo - Ministro da Agricultura; Aristides Lobo - Ministro do Interior; Quintino Bocaiúva - Ministro do Exterior.

Outras personalidades também lutaram pela implantação da República, dentre eles, Prudente de Morais, Saldanha Marinho, Rangel Pestana, Silva Jardim e Francisco Manuel.

A Maçonaria mais uma vez ditou o rumo da história e fez valer seu princípio de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 

Bom dia e bom feriado meus irmãos.

Compilado pelo irmão Hector Guerrero M.'.M.'.

NASCE A REPUBLICA - Adilson Zotovici




Adilson Zotovici da ARLS Chequer Nassif  169 de S. Caetano do Sul é intelectual e um dos mais talentosos poetas da maçonaria brasileira.


Passaram-se pois, alguns anos

Da tão sonhada Independência

Desperta a ânsia com veemência

De florirem antigos planos 


Tantos sentimentos ufanos

De todo um povo que exigia

Fim da vã soberania 

Como dos jugos tiranos


Buscando direitos humanos 

Basta à miséria, impertinência...

Bradaram seres de excelência

Com seus propósitos lhanos 


Regrados nos sacros arcanos 

Obreiros da maçonaria

Findam mortiça monarquia...

Por ideais Republicanos !