fevereiro 21, 2023

A PORCELANA DO REI - Malba Tahan


Achava-se, certa vez, Confúcio, grande filósofo, na sala do trono. Em dado momento o rei afastando-se por alguns instantes dos ricos mandarins que o rodeavam, dirigiu-se ao sábio chinês e perguntou-lhe : Dize-me, ó honrado Confúcio!, como deve agir um magistrado? Com extrema severidade - a fim de corrigir e dominar os maus, ou com absoluta benevolência - a fim de não sacrificar os bons?

Ao ouvir as palavras do soberano, o ilustre filósofo conservou-se em silêncio; passados alguns minutos de profunda reflexão chamou um servo, que se achava perto, e pediu-lhe que trouxesse dois baldes - sendo um com água fervente e outro com água gelada 

Ora, havia na sala, adornando a escada que conduzia ao trono, dois lindos vasos dourados de porcelana. Eram peças preciosas, quase sagradas, que o rei muito apreciava.

Preparava-se o servo obediente para despejar, como lhe fora ordenado, a água fervente num dos vasos e a gelada no outro, quando o rei, emergindo de sua estupefação, interveio no caso com incontida energia.

- Que loucura é essa, ó venerável Confúcio ! Queres destruir essas obras maravilhosas ! A água fervente fará, certamente, arrebentar o vaso em que for colocada; a água gelada fará partir-se o outro !

Confúcio tomou então de um dos baldes, misturou a água fervente com a água gelada e, com a mistura assim obtida, encheu os dois vasos sem perigo algum 

O poderoso monarca e os venerandos mandarins observaram atônitos a atitude singular do filósofo.

Este porém, indiferente ao assombro que causava, aproximou-se do soberano e assim falou :

A alma do povo, ó Rei, é como um vaso de porcelana, e a justiça do Rei é como a água. A água fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são igualmente desastrosas para a delicada porcelana, pois, a sabedoria ensina que deve haver um perfeito equilíbrio entre a severidade - com que se pode castigar o mau, e a longanimidade - com que se deve educar e corrigir o bom.

fevereiro 20, 2023

LANDMARKS E REGULARIDADE MAÇÔNICA - G. Ribeiro



Este texto surge de uma viagem interior, numa tradição iniciada com a mão fraterna que me guiou na busca do conhecimento.

Há 11 anos fiz uma pergunta, onde posso saber mais? A resposta foi uma viagem pelas entranhas das livrarias antigas do Carmo.

Aí fui escutando o que a história tinha para me dizer e com o tempo senti a necessidade de estender essa mesma mão a outros que a quiseram receber, o desafio lançado (Publicado em freemason.pt) lá e aqui é o mesmo: desvendar um pouco do véu, para que cada um faça o caminho.

Numa dessas viagens surge este tema, num livro de Nicola Aslan, “Landmarks e outros problemas Maçónicos”, nele me embrulhei, me questionei e refleti. Deparei-me que é um desafio para uns, um problema para outros, pois poderá não ter solução e aí iniciei a jornada.

Facto, é que a palavra “Landmarks” é composta de duas palavras, “land” que significa terra e “marks” que exprime limite ou marco. Que o seu significado deriva de vários versículos da Bíblia em que é referenciada, como “Há os que removem os limites” (Jo, XXIV, 2), “ Não removas os marcos antigos que puseram os teus pais” (provérbios XXII, 28); “Maldito aquele que mudará os marcos do seu próximo” (deuter, XXVII, 17). Este ato de remoção do marco era considerado pela lei judaica como sendo gravíssimo e punido com penas severíssimas.

A palavra “Landmarks”, surge na Maçonaria em 1720 na Grande Loja de Londres, através de George Payne, que a introduziu no regulamento, no artigo 39:

“Cada Grande Loja anual tem inerente poder e autoridade para modificar este regulamento ou redigir um novo em benefício desta Frater­nidade, contanto que sejam mantidos invariáveis os antigos Landmarks”.

Em 1723 com as constituições de Anderson, a palavra “Landmarks” seria substituída por “Rules”, que passariam a ser os estatutos ou regras que haveriam de permanecer invariáveis ou alteráveis, com o juramento desse principio por todos os Irmãos. Descobri que o grau de Mestre foi introduzido e muitas lutas se travaram entre Antigos e Modernos.

Descobri que existem de 3 a 54 “Landmarks”, que a Grande Loja de Nova “York”, utiliza 6, que são os capítulos das constituições de Anderson, que Mackey enunciou 25 regras, que outro Irmão famoso Roscoe Pound agrupou os 25 em 7, que na GLLP praticamos as 12 regras da Regularidade.

Naveguei à deriva com Boucher e a sua simbologia devorando cada página com a sua sapiência, na curva conheci o velhinho York de 926 d.C., com a interpretação de Malcolm Duncan’s e a descrição de Gould e Sheville no Guia do Arco Real.

Como Belo, Cheio de Força e sabedoria é o nosso Rito de York.

Hoje 11 anos depois defronto-me mais uma vez com a regularidade, aliás sempre me acompanhou a Regularidade: A Sua “Mão” continua estendida para quem a quiser receber.

Perdi-me no peculiar sistema de moralidade dos antigos e interpretado pelo Irmão Jeffrey J. Peace, O Universo é uma Unidade; Todas as coisas materiais estão em todas (Publicado em freemason.pt) as coisas; todas as coisas provêm do todo e o todo está em todas as coisas; O Universo é Divino.

Todos os Maçons na GLLP/GLRP são obrigados a respeitar e a cumprir fielmente as seguintes doze regras Maçónicas da Regularidade Universal:

A Maçonaria é uma fraternidade iniciática que tem por fundamento tradicional a fé em Deus, Grande Arquiteto do Universo.

A Maçonaria refere-se aos “Antigos Deveres” e aos “Landmarks” da Fraternidade, na óptica do respeito absoluto pelas tradições específicas da Ordem Maçónica, essenciais à regularidade da jurisdição.

A Maçonaria é uma Ordem, à qual só podem pertencer homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz.

A Maçonaria visa, também, a elevação moral da Humanidade inteira, através do aperfeiçoamento moral dos seus membros.

A Maçonaria impõe, aos seus membros, a prática exacta e escrupulosa dos ritos e do simbolismo, meios de acesso ao conhecimento pelas vias espirituais e iniciáticas que lhe são próprias.

A Maçonaria impõe a todos os seus mem­bros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. É um centro permanente de união fraterna, onde reina a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.

Os Maçons prestam os seus juramentos sobre o Volume da Lei Sagrada, a fim de lhes dar um carácter solene e sagrado, indispensável à sua perenidade.

Os Maçons reúnem-se, fora do mundo profano, em Lojas onde estão sempre expostas as três grandes luzes da Ordem: o Volume da Lei Sagrada, um Esquadro e um Compasso, para aí trabalharem segundo o ritual do rito, com zelo e assiduidade e conforme os princípios e regras prescritas pela Constituição e pelos regulamentos gerais da Obediência.

Os Maçons só devem admitir nas suas Lojas homens de honra, maiores de idade, de boa reputação, leais e discretos, dignos de serem bons irmãos e aptos a reconhecer os limites do domínio do homem, e o infinito poder do Eterno.

Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor da Pátria, a submissão às leis e o res­peito pela Autoridade constituída. 

Consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob todas as formas.

Os Maçons contribuem, pelo exemplo ativo do seu comportamento viril, digno e são, para o irradiar da Ordem, no respeito do segredo maçónico.

Os Maçons devem-se mutuamente, ajuda e proteção fraternal, mesmo no fim da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as circunstâncias a calma e o equilíbrio indispensáveis a um perfeito controle de si próprio.

A presente Constituição é um texto definitivo e não pode ser modificado sob pretexto algum. Krishsnamurti disse, “Não aceiteis o que digo. A aceitação destrói (Publicado em freemason.pt) a verdade. Testai-o”, exorto os Irmãos a efetuarem esse caminho, o esoterismo do que está oculto dá sentido à vida de mistério. Temos de nos confrontar com o nosso Eu e nos conhecermos, com base nesse autoconhecimento seremos livres de condicionamentos e encontramos a Verdade.

Podia ter desenvolvido um texto, cheio de temas, páginas e páginas de transcrições, descobertas fantásticas, mas quis o Grande Arquiteto do Universo, que esta pedra fosse esculpida com base nas doze regras e na forma mais invulgar para mim, um Poema:

Irmãos,

Surge de uma forma terna,

pela naftalina da história,

na mão dada de forma fraterna

nela deposito essa memória.


Escrevo com cuidado,

Sobre algo que nada ou tudo é,

um oceano de tinta derramado,

no ponto de ficar sem pé.


Do Landmark que impera,

do homem que o Governa,

da limitação criada na Terra,

no Deus que nele hiberna.


A Lenda do Mestre,

Nesse tempo se ergueu

O Especulativo engrandece

O Operativo esmoreceu.


Do Templo a coberto,

emerge do Livro sagrado

a verdade a céu aberto,

o caminho do iluminado.


Esse é o desígnio

Daqueles que são os escolhidos,

O Maçom limita o domínio

pelo sinuoso caminho dos Penedos

muitos serão os colhidos,

outros caminham sem medos.


Bem sei que já o fomos,

Mas imperativo já o Universo é,

Se eu sou Aquele que sou,

Tu és aquele que és,

Juntos somos o que somos,

Num Mundo que não o é.


Bibliografia

Ambeilan, Robert, “A Franco Maçonaria” Editora Ibrasa, 1999.

Anderson, James The Constitutions of the Free-Masons, 1734.

Aslan, Nicolan, “Landmarques e outros Problemas Maçónicos”, Editora Aurora, 1971.

Boucher, Jules, “A Simbólica Maçónica”, Editora Pensamento, 1948.

Duncan, Malcolm, “Duncan’s Masonic Ritual and Monitor or a Guide to the three Symbolic degrees of the Ancient York Rite, Mark Master, Past Master, Most Excellente Master and the Royal Arch”, Editora Kessinger.

Gould, James e SHEVILLE John, “Guide to the Royal Arch Chapter”, Editora Macoy, 1981.

Pearce, Jeffrey, “A Peculiar System of Morality”, Rose Cross of Gold, 2005

Bibliografia Electrónica

http://www.gllp.pt/12-regras.html

http://www.rrcg.org/

http://quatuorcoronati.com/ http://www.freemasons-freemasonry.com/landmarks-freemasonry.html

LÍNGUA É VIDA ! - Newton Agrella



Do jeito que a história está sendo escrita aqui no país, daqui a pouco, as chamadas figuras de linguagem de pensamento e de construção terão que ser exterminadas do vernáculo e da própria Língua Portuguesa como um todo.

O patrulhamento obsessivo da mídia e de um significativo contingente da autointituladas "elite intelectual"  tem se valido de toda e qualquer expressão linguística que envolva cores, formas ou gêneros, para interpretá-las, sem cerimônia, como instrumentos de ofensa ou de algum tipo de preconceito.

Importante registrar que a composição e estrutura de uma língua são fruto de uma imensa influência de fatores históricos, sociais, climáticos geográficos, étnicos e até mesmo religiosos, dentre tantos outros.

Tudo isso, contribui para que expressões que se consagraram na formação de uma língua, prosperassem e se sedimentassem como meio de comunicação, sem que necessariamente seus falantes estivessem imbuídos de carregar consigo, qualquer ideia ou noção de preconceito ou negatividade.

A transferência de significados e de tons pejorativos que se quer impor à linguagem, é descabida com relação a atitudes ou ações violentas ou preconceituosas que o ser humano despeja ao longo da vida.

Diferentemente do que um xingamento, ou o uso de maneira categórica e ofensiva de alguma expressão que denote a clara intenção de ferir, humilhar ou diminuir alguém, muitas expressões da Língua Portuguesa são analogias a repetidas situações socioculturais e comportamentais originárias de nossa própria história.

A herança cultural de uma língua obedece critérios que se adequam ao tempo e às circunstâncias, e portanto parecem inconsistentes quando se tornam objeto de monitoramento intermitente.

Ultimamente o que se percebe, é que as correntes anteriormente citadas têm empreendido uma instrumentalização política de nossa língua, agindo como verdadeiros censores, e de certa forma questionando até mesmo a legitimidade do exercício semântico seja no âmbito oral ou escrito.

O receio é que com essa postura tão intransigente e arrogante, as formas de expressão linguística ou até mesmo artísticas, sofram um processo de mecanização, tirando das pessoas a espontaneidade e capacidade de se manifestarem naturalmente.

O preconceito não está contido ou embutido na linguagem, mas sim,  na maneira despudorada com que as pessoas se tratam, se agridem e se desrespeitam.


fevereiro 19, 2023

CARNAVAL



O Carnaval é uma festa de origem Grega, que começou em meados dos anos 600 a 520 a.C. Através do carnaval realizava-se os rituais em agradecimentos aos deuses da fertilidade do solo, pela colheita e produção do ano. Outros estudiosos afirmam que a comemoração do carnaval tem suas raízes em alguma festa primitiva, de caráter orgíaco, realizada em honra do ressurgimento da primavera.

De fato, em certos rituais agrários da Antiguidade, 10 mil anos A.C., homens e mulheres pintavam seus rostos e corpos, deixando-se envolver pela dança, pela festa e pela embriaguez. 

Ainda temos autores que alegam que o carnaval surgiu nas alegres festas do Egito. É bem verdade que os egípcios festejavam o culto a Ísis há 2000 anos a.C. Já, em Roma, realizavam-se danças em homenagem a Deus Pã (as chamadas Lupercais) e a Baco (ou Dionísio para os gregos), correspondendo aos rituais Dionisíacos ou Bacanais.

Com o advento do Cristianismo, a Igreja Católica começou a combater essas manifestações pagãs, sacralizando algumas, como o Natal e o Dia de Todos os Santos. Entre todas, o Carnaval foi uma das poucas a manter suas origens profanas, mas se restringiu aos dias que antecedem o início da Quaresma e ganhou colorido local.

Na Idade Média, o carnaval passou a ser chamado de “Festa dos Loucos”, pois as pessoas perdiam completamente sua identidade cristã e se apegavam aos costumes pagãos. Nessa festa tudo passava a ser permitido, todos os constrangimentos sociais e religiosos eram abolidos. Disfarçados com fantasias que preservavam o seu anonimato.

Na França medieval, era celebrado com grandes bebedeiras coletivas. Na Gália, tantos foram os excessos que Roma o proibiu por muito tempo. O papa Paulo II, no século XV, foi um dos mais tolerantes, permitindo que se realizassem comemorações na Via Ápia, rua próxima ao seu palácio. 

Já no carnaval romano, viam-se corridas de cavalo, desfiles de carros alegóricos, brigas de confetes, corridas de corcundas, lançamentos de ovos e outros divertimentos. 

Entretanto, se o Catolicismo não adotou o carnaval, suportou-o com certa tolerância, já que a fixação deste período gira em torno de datas predeterminadas pela própria igreja. Tudo indica que foi nesse período que se deu a anexação ao calendário religioso, pois o carnaval antecede a Quaresma. É uma festa de características pagãs que termina em penitência, na dor de quarta-feira de Cinzas.

O baile de máscaras, introduzido pelo papa Paulo II, adquiriu força nos séculos XV e XVI, por influência da Commedia dell’Arte. Eram sucesso na Corte de Carlos VI. Ironicamente, esse rei foi assassinado numa dessas festas fantasiado de urso. As máscaras também eram confeccionadas para as festas religiosas como a Epifania (Dia de Reis). Em Veneza e Florença, no século XVIII, as damas elegantes da nobreza utilizavam-na como instrumento de sedução. Na França, o carnaval resistiu até mesmo à Revolução Francesa e voltou a renascer com vigor na época do Romantismo, entre 1830 e 1850.

Assim como a origem do carnaval, as raízes do termo também têm se constituído em objeto de discussão. Para uns, o vocábulo advém da expressão latina “carrum novalis” (carro naval), uma espécie de carro alegórico em forma de barco, com o qual os romanos inauguravam suas comemorações. Apesar de ser foneticamente aceitável, a expressão é refutada por diversos pesquisadores, sob a alegação de que esta não possui fundamento histórico. Para outros, a palavra seria derivada da expressão do latim “carnem levare”, modificada depois para “carne, vale !” (adeus, carne!), palavra originada entre os séculos XI e XII que designava a quarta-feira de cinzas e anunciava a supressão da carne devido à Quaresma. Provavelmente vem também daí a denominação “Dias Gordos”, onde a ordem é transgredida e os abusos tolerados, em contraposição ao jejum e à abstenção total do período vindouro (Dias Magros da Quaresma).  

O Carnaval continua sendo uma época de festa e alegria, celebramos o amor , e também aproveitamos o momento de quase início do ano astrológico para rever nossos conceitos. Um momento de pausa para reflexão e criação de nossos caminhos. Um período maravilhoso para agradecermos tudo que recebemos e dessa maneira começar uma nova energia equilibrado e de bem com a vida.

QUE MISTÉRIOS TEM A MAÇONARIA? - Eduardo Neves



O título deste artigo encerra em si uma dualidade proposital. Por um lado, pode ser tomado como irônico, pois faz uma alusão à forma sensacionalista como a Maçonaria repetidamente é tratada por grande parte dos meios de comunicação de massa – como ‘misteriosa’, cheia de segredos e símbolos estranhos. Entretanto, a Maçonaria de fato encerra em sua filosofia antigos mistérios, revelados apenas aos seus membros.

Por incrível que pareça, em pleno ano de 2020 muita gente ainda não faz ideia do que é a Maçonaria, a despeito das toneladas de informação sobre essa instituição que circulam nas livrarias e, em maior volume ainda, na internet. Muitos acham que ela é uma sociedade secreta, embora funcione em prédios nas principais avenidas das cidades e tenha personalidade jurídica constituída normalmente, como qualquer outra organização. Outros acreditam em toda aquela bobagem de satanismo, gerada por uma combinação perigosa de falta de informação e intolerância. A Maçonaria segue então com seu estereótipo misterioso para a maioria da população, atmosfera reforçada notadamente pelo caráter privativo de suas reuniões, que acontecem literalmente à portas fechadas.

Mas que mistérios serão esses que a Maçonaria supostamente esconde das massas? Para entendermos melhor, faz-se mister uma compreensão mais profunda da palavra ‘mistérios’. O dicionário Michaelis lista vários significados para este vocábulo. A maioria é relacionada com ‘segredo’ ou ‘algo de difícil compreensão’. Outras conotações surgem dentro do escopo religioso, especialmente o cristão. Mas a mera significação não é suficiente para entender a magnitude do conceito maçônico deste termo. Para isto, vamos pedir ajuda à Filosofia, em particular, à filosofia do mundo antigo, que é a origem de muitos dos conceitos usados e estudados na Maçonaria até hoje.

No antigo Egito e Grécia, sábios criavam centros de instrução onde candidatos que quisessem participar deveriam provar seu merecimento antes de serem admitidos. Este processo para o acesso chamava-se iniciação, e os centros chamavam-se escolas de mistérios. O faraó Akhenaton, que iniciou seu reinado no Egito por volta do ano 1.364 a.C., e Pitágoras, filósofo e matemático grego nascido em 570 a.C., foram exemplos de pensadores que fundaram tais escolas. Os ensinamentos eram repassados em um ambiente privativo, longe dos olhos e ouvidos das massas, e versavam sobre ciências (matemática, astronomia, etc), artes, música e ainda religião e espiritualidade. O próprio Cristo mantinha um círculo interno de discípulos – os doze apóstolos – a quem ensinava sua doutrina com maior profundidade. Quando falava para as massas, Jesus usava uma linguagem mais simples, em forma de parábolas, para facilitar o entendimento. Disse Ele: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas” (Mateus 7:6), em uma clara referência de que nem tudo é para todos.

Hoje em dia, muitos dos conhecimentos destes antigos grupos continuam sendo ensinados, mas os locais não são mais ocultos. A antiga sabedoria dos iniciados deu origem a muitas das disciplinas comumente ministradas nos colégios e universidades. Graças às escolas de mistérios, a ciência se desenvolveu, mesmo nos períodos mais negros da história, e chegou em um nível de complexidade que, certamente, para os antigos seria visto como, no mínimo, surpreendente – talvez até inimaginável.

Portanto, concluímos que os mistérios mencionados no simbolismo maçônico são um corpo de ensinamentos, repassados aos seus membros de forma tradicionalmente inspirada nos antigos métodos das escolas de mistérios. É certo que há uma corrente dentro da Maçonaria que defende que essas escolas eram, na verdade, a própria maçonaria em sua forma primitiva; entretanto, estas suposições carecem de comprovações históricas e a maioria dos autores modernos tende a concordar que a Maçonaria, na verdade, herdou o método antigo, tornando-se depositária de sua sabedoria.

Mas se a explicação da origem desses mistérios é simples assim, por que a Maçonaria não permite então que qualquer pessoa adentre seus templos e compartilhe desse conhecimento? Qual o sentido das portas fechadas, dos rituais e dos símbolos desenhados nas fachadas de seus prédios e vestes de seus membros? A resposta é, novamente, a tradição. Os maçons formam um grupo muito antigo, cuja origem histórica deu-se em uma época tumultuada e confusa da humanidade – a Idade Média. Nessa época, as monarquias, geralmente aliadas ao clero, não estavam dispostas a dividir seu poder de influência com mais ninguém. Assim, a perseguição a grupos considerados subversivos tornou-se uma obsessão, resultando no assassinato de centenas de milhares de pessoas. A chamada ‘caça às bruxas’ era um mecanismo de controle pelo medo, e a religião, através da manipulação dos conceitos das Sagradas Escrituras, exercia um domínio da sociedade extremamente eficaz. Some-se isso ao fato de a maioria do povo não saber ler nem escrever, e pronto: estava formado o panorama perfeito para a instalação de uma tirania. Os maçons e outros grupos de pensadores, como os rosacruzes, tiveram que ocultar seus conhecimentos e manter suas opiniões em segredo – nessa época, as ordens iniciáticas eram mesmo sociedades secretas, cuja sobrevivência dependia do grau de invisibilidade que eram capazes de manter na sociedade dominada pelo poder virtualmente ilimitado dos déspotas políticos e religiosos.

Hoje a Maçonaria não tem mais a necessidade de ocultar suas atividades. Aliás, na grande maioria dos países que substituíram os regimes absolutistas pela democracia, os maçons estavam entre as fileiras dos responsáveis por tais mudanças. Acontece que, sendo a ordem maçônica uma instituição que preza muito por sua própria história, mantém ainda sua tradição herdada das escolas de mistérios, onde o candidato a tornar-se maçom e ser recebido em uma loja deve provar ser merecedor de tal aceitação. Mas iniciação hoje adquiriu um caráter simbólico, e já não repete os penosos sacrifícios da antiguidade. Para se ter uma ideia, na já mencionada Escola Pitagórica, o recém-admitido não poderia proferir uma só palavra por cinco anos. Cinco anos no mais absoluto silêncio! Práticas como essa ficaram para trás, e a ordem nunca esteve tão aberta como atualmente. Praticamente toda loja maçônica conta com uma página na internet, onde divulga textos e fotos de suas atividades. Muitos maçons fazem questão de salientar sua condição, ostentando anéis, pingentes ou broches com emblemas. E aquele que demonstrar interesse em entrar, tem toda a liberdade de conversar com um maçom conhecido e declarar seu propósito de fazer parte da ordem. É válido ressaltar que, apesar de práticas mais radicais terem sido deixadas de lado, o processo de admissão ainda é bastante rigoroso, pelo simples fato de que, para a Maçonaria, o importante não é a quantidade de membros e sim a qualidade destes. Depois de uma conversa explicativa inicial, sindicâncias e entrevistas são conduzidas por maçons experientes, no intuito de avaliar o grau de interesse verdadeiro, bem como as qualidades de um ‘homem livre e de bons costumes’, além da crença em um Ser Supremo – prerrogativa obrigatória para a concretização da afiliação.

Tendo desenvolvido uma filosofia e método próprios de instrução ao longo dos anos, a Maçonaria tem mantido seu caráter simbólico e iniciático através dos séculos. A beleza de ensinar e aprender através de alegorias é algo que, atualmente, só pode ser vivenciado no interior de uma loja maçônica. A história da ordem e sua sabedoria está encerrada em seus rituais e suas lendas, que são passadas de maçom para maçom, da maneira antiga – por via oral. No interior de templos ornados com símbolos arcanos, homens que se tratam uns aos outros como irmãos buscam lapidar seus espíritos. Os pedreiros de hoje erguem edifícios simbólicos, cujos tijolos são as virtudes humanas, solidificadas em nossas atitudes diárias com a argamassa do estudo diligente e da perseverança no trabalho.

Muita coisa já foi desvelada, em livros e revistas abertos ao público, até mesmo propositalmente, para permitir que o preconceito dê lugar à compreensão nas mentes das pessoas. Mesmo o interior dos templos pode ser visitado com certa frequência por não membros nas sessões públicas. Mas ainda há verdades ocultas para serem vislumbradas. Porém, ao contrário do que o senso comum imagina, elas não estão escondidas por códigos, escritas em livros ou desenhadas em símbolos; a descoberta do verdadeiro segredo da Maçonaria acontece mesmo é no silêncio do coração de cada maçom, de acordo com sua própria evolução mental e espiritual, com desdobramentos que influenciam sua vida e as vidas das pessoas que o cercam – e isso é, verdadeiramente, o grande mistério da ordem.

fevereiro 18, 2023

A ABELHA



A abelha simboliza a imortalidade, a ordem, a diligência, a lealdade, a cooperação, a nobreza, a alma, o amor e a dor. 

Algumas características marcantes desses insetos, que buscam o pólen das flores para produzir seu alimento, são: a organização, o labor e a disciplina.

A abelha mestra é a matriarcal de uma comunidade de abelhas, uma vez que a vida na colmeia gira em torno de sua existência. Feita essa consideração, a abelha mestra simboliza a realeza, a maternidade, a fertilidade posto que já esteve associada à Virgem Maria.

No Antigo Egito, a abelha era um símbolo da realeza. Acreditava-se que esse inseto voador havia sido gerado a partir das lágrimas de Rá, o deus sol egípcio. Assim, símbolo real e solar, sua imagem mais difundida é como de símbolo da alma, aquela que purifica pelo fogo e nutre com o mel.

Na Grécia, a abelha era associada à Deméter, a "deusa mãe" da agricultura e da colheita; a abelha, para os gregos, simboliza a alma, seja aquela que sai do corpo ou aquela que desce ao inferno. Segundo, o filósofo grego Platão, “A alma dos homens sombrios reencarnam sob forma de abelha.”

A abelha, no cristianismo, simboliza a luz, a lealdade, a diligência, a ordem e a colaboração. Da mesma maneira, a abelha é considerada um emblema de Cristo, uma vez que ele, por um lado, possui um grande doçura e misericórdia, associadas ao mel; e, por outro, a justiça, representado pelo ferrão da abelha. Não obstante, por sua vez, as operárias da colmeia simbolizam o servo de Deus, o leal, ordeiro e diligente.

Os opostos bem/mal, também se encontram simbolizados nela uma vez que o mal encontra-se simbolizado pelo ferrão e o bem pelo mel.

No Hinduísmo, a abelha está associada com Kama, o deus do amor, representado por um jovem montado num papagaio, que carrega um arco e flecha. O fio do arco, feito por abelhas, pode ser associado ao cupido e simboliza a dor e o amor.

Fonte: Acervo da ARLS Berço dos Bandeirantes, 692 (GLESP) - Or. de Santana de Parnaíba.

JAMAIS EM SEU NOME - Adilson Zotovici



Neste singelo poema

Que escrevo com eutimia

Com modéstia o belo tema

Qual descrevo a valia


Que muito além do sistema

Do conhecimento, mestria

Dalgum descrito emblema

Que algum usa como guia


“Falar em seu nome” é utopia

Até ousadia extrema

Ninguém tem essa autonomia !


Quiçá pela Loja, Academia...

Jamais, que inefável e suprema

“Em nome da Maçonaria” !!!



CHAUVINISMO MAÇÔNICO - Sérgio Quirino Guimarães


"Chauvinismo ou chovinismo (do francês chauvinisme) é o termo dado a todo tipo de opinião exacerbada, tendenciosa ou agressiva em favor de um país, grupo ou ideia."

Mas, é possível ocorrer esta aberração também entre nós?

Infelizmente, sim!

Chauvinismo Maçônico é a locução que buscamos para expressar toda opinião exacerbada, tendenciosa ou agressiva, em favor de Potências, Obediências, Conselhos Supremos, Ritos ou elementos diversos da ritualística.

- Mas, Irmão Quirino, não seria normal a defesa e a prática daquilo que consideramos correto?

- Certamente! 

Mas podemos, de fato, ter certeza de estarmos defendendo o que é o correto?

Este jogo de palavras é apenas uma provocação oportuna.

Os focos da Maçonaria são a Moral e a Ética transmitidas por alegorias e símbolos, o que abre inúmeras possibilidades de conteúdo e de interpretações.

Qual seria a cor "certa" para usarmos em momentos de luto? 

Vermelho, amarelo, castanho, roxo, azul, preto?

Todas essas cores, em tese, são corretas para a vivência, apreensão e expressão de luto.

As diferenças estão na relação deste símbolo com a herança cultural que cada um carrega junto ao grupo que pertence e dele se utiliza diante da morte.

Particularmente, aprecio os símbolos orientais utilizados no luto. 

A morte no remete a elementos como a leveza, a paz e o silêncio. 

Exatamente por este conteúdo simbólico, a cor "certa" do luto seria o branco.

Este exemplo ilustra a diversidade de cores utilizadas pela Maçonaria. 

Cada uma se encaixa de maneira "certa" a uma instrução maçônica que a justifica.

Este é justamente o caso da discussão exacerbada sobre a cor "certa" do avental, o que em nada mudará sua função e seu simbolismo primaz.

Na mesma linha encontraremos as instituições "certas", os ritos "certos", a marcha "certa", a disposição "certa" dos cargos em Loja; e tudo mais para que tenhamos a certeza de que praticamos a Maçonaria "certa".

Certo até que ponto? 

Diante da nova realidade vivida pelas Instituições, a única forma de continuar inabalável sua missão é se unindo.

*NOSSAS DIFERENÇAS NÃO MUDAM NOSSA ESSÊNCIA. AQUILO QUE NOS IGUALA É O QUE FORTALECE NOSSA EXISTÊNCIA.*

É chegado o tempo em que as energias devem ser canalizadas para o propósito fim e não para o meio de alcança-lo.

Que tudo seja motivo para nos unir e que não haja nada que nos separe.


fevereiro 17, 2023

TRABALHO & SEMÂNTICA - Newton Agrella


Observe como a relação semântica na etimologia das palavras, em muitos casos encontra origem nos elementos da própria História.

Na Roma antiga havia um instrumento chamado "TRIPALIUM" que constituía-se de  três (tri) paus (palium) que era utilizado como um dispositivo para torturar e punir os escravos e aqueles que deixavam de pagar seus impostos, levando-os a um estado estuante de dor física e mental.

Daí o advento, por meio de um processo de corruptela linguística de associação de som e imagem do vocábulo latino "TRIPALIUM"  para o português "TRABALHO".

O substantivo "trabalho"  formalmente significa conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim.

Contudo, ontologicamente, "trabalho" representa a própria compleição física e mental da natureza humana, que confere propriedade e sentido de sua existência.

Interessante ainda registrar que o conceito de "trabalho" historicamente está associado à idéia de cansaço, fardo e dificuldade braçal ou intelectual.

Estabelecendo-se outra associação vocabular, observe que em Português temos ainda um sinônimo de "trabalho" que é a palavra "labor".

Labor advém do Latim "LABORE", que originalmente se refere a tarefa árdua ou labuta. 

No campo semântico porém, há uma tênue diferença entre *labor*  e *trabalho*.

Grosso modo, "Labor"  encerra a conotação de uma atividade mais pesada e sofrida. 

"Trabalho", por outro lado, pressupõe um exercício mais racional, artístico ou criativo em que o indivíduo tem que pensar mais e valer-se da intelectualidade, de métodos, de estratégias e não apenas uma atividade braçal ou operacional.

Curioso que em  Italiano, a língua primogênita do Latim, a palavra "Lavoro" é o que se designa trabalho.

Temos em Português as seguintes palavras derivadas de "Labor" :

- laboratório

- laborial

- lavra

- lavratura

- lavrar

- lavoura

- elaboração

- elaborar

Cada uma porém, possui seu próprio significado e emprego em nosso universo linguístico.

Bom Trabalho a Todos !!!


ANESTESIA MENTAL - Heitor Rodrigues Freire




Estamos todos vivendo momentos conturbados, no mundo e em nosso país. A energia predominante é a da discórdia. Há um vírus que se propaga pelo éter em todo o nosso planeta: o ódio instalado. Ele está em toda parte, incluindo, naturalmente, o Brasil. O que é profundamente lamentável!

A propósito, outro dia, li numa página da internet um texto de Étienne de la Boétie (filósofo e humanista francês, 1530–1563), que em seu Discurso da Servidão Voluntária identificou com muita precisão o que acontece desde que o mundo é mundo – um sistema que todos os regimes totalitários, de direita ou de esquerda, sem distinção, sempre utilizaram:

“Gostaria de entender, gostaria apenas de entender como é que pode ser que tantos homens, tantas cidades, tantos países suportem, às vezes, uma tirania que tem apenas o poder que eles próprios lhe dão. O que faz com que uma nação trate as outras como escrava e as prive de sua liberdade? Será que não sabem que não é preciso combater essa tirania? Que não é preciso anulá-la, porque ela se anula a si própria. Basta que não se consinta em servi-la. Se nada se dá aos tiranos, se ninguém lhes obedece, sem lutar, sem golpear, eles ficam nus, ficam feridos e não são mais nada, são como o galho que se torna seco quando a raiz não tem nem umidade nem alimento. Decidam não mais servir e estarão livres. Não mais o sustentem e verão como o grande colosso de quem se subtraiu a base pode desmanchar-se com seu próprio peso e desmoronar”.

“Resolvam não servir mais, e serão imediatamente libertados. Não peço que coloquem as mãos sobre o tirano para derrubá-lo, mas simplesmente que não o apoiem mais; então o observarão, como um grande colosso cujo pedestal foi arrancado, cair de seu próprio peso e quebrar-se em pedaços”. 

Aí é que está o problema. A sujeição a essas lideranças extremas impossibilita uma ação libertadora, por causa da grande subordinação aos discursos de ódio, ao poder da propaganda, do medo e da ideologia ao fazer com que as pessoas se conformem com sua própria sujeição. Seria covardia? Talvez. Hábito e tradição? Talvez. Ou então é ilusão ideológica e confusão intelectual. Ou até comodismo.

Murray Rothbard (filósofo e economista americano, 1926–1995) assim escreveu na introdução a uma edição do Discurso da Servidão Voluntária: “O discurso de La Boétie tem uma importância vital para o leitor moderno – uma importância que vai além do puro prazer de ler uma grande e seminal obra sobre filosofia política, ou, para o libertário, de ler o primeiro filósofo político libertário“.

Para La Boétie, o problema que todos os adversários do despotismo encontram de forma particularmente difícil é de estratégia. Diante do poder devastador e aparentemente avassalador do Estado moderno, como se pode criar um mundo livre e diferente? Como é possível ir de um mundo de tirania para um mundo de liberdade? Com sua metodologia abstrata e atemporal, La Boétie oferece perspectivas vitais sobre esse eterno problema.

La Boétie então investiga o mistério que faz com que a pessoas não se recusem a obedecer, sendo óbvio para ele que todos estariam melhor sem o Estado. Isso o envia numa jornada especulativa para investigar 

Segundo La Boétie, o governante cria uma pirâmide ilusória e transfere um pouco do poder para meia dúzia de tenentes, que repetem o processo. Esses subalternos, achando que realmente têm algum poder, submetem aqueles abaixo deles com mão forte. Assim, o Estado submete uns por intermédio dos outros, e dá razão ao adágio que diz ser a lenha rachada com cunhas feitas da mesma lenha. Para ele, ninguém deve trabalhar para o Estado, pois mesmo homens de caráter, com boas intenções, viram instrumentos da tirania e logo experimentaram os efeitos dessa tirania às suas próprias custas.

Constato, naturalmente, que sem o Estado como entidade organizada e política, não temos como sobreviver. Mas a submissão servil a tudo que emana do poderoso de plantão, ou com mandato, é que não pode permanecer. O que acaba prevalecendo é o interesse de cada um, subjugando um ao outro, envolvendo-o nessa teia interminável que embrulha tudo e todos no mesmo balaio.

Como agir então? Basta não obedecer, diz La Boétie. Como fizeram Sócrates, Gandhi, Luther King, Mandela, cujos exemplos de vida e de coragem, se perpetuam no tempo e no espaço. Ou para levar a um panorama maior, Jesus.

Jesus nos deixou uma lição básica: o amor. A grande maioria do povo ocidental se diz cristão. Mas na realidade, é da boca para fora, porque o que menos se faz é praticar o ensinamento Dele.

Vemos hoje, em nosso país, pessoas inteligentes submetidas a uma influência totalitária, tirânica, despótica, ditatorial, de ambos os espectros políticos, submetidas a uma anestesia mental que as aprisiona e conduz de maneira irracional.

As pessoas, por desconhecimento ou por comodidade, deixaram de exercer uma faculdade natural que Deus nos concedeu: o discernimento, que nos leva a questionar o que realmente queremos.

Hoje, muitos estão de cabeça feita e se recusam a, pelo menos, conceder a tudo, o benefício da dúvida. Será que tudo o que a esquerda preconiza é ruim? Será que tudo o que a direita prega, não presta? 

Há mais de quatro mil anos, conta-se que Krishna ensinou ao príncipe Arjuna, no livro Baghavad Gitâ, a seguir o abençoado e dourado caminho do meio, nem para a esquerda, nem para a direita. Esse ensinamento milenar sintetiza o procedimento que deveria nortear o comportamento de cada um. Naturalmente, coroado com o ensinamento maior, a prática do amor.

É o meu entendimento. 


fevereiro 16, 2023

A FELICIDADE E A VERDADEIRA AMIZADE - Hugo Schirmer


"Por raro que seja um verdadeiro amor, é mais rara ainda a verdadeira amizade" (La Rochefoucauld)

Estamos todos para "aprender e ensinar", depende de nós essa regeneração do gênero humano, mesmo que digam ser uma utopia vamos em frente, cada um fazendo o seu trabalho de procurar entender e fazer com que entendam os ensinamentos Maçônicos.

O mestre também aprende e o discípulo também ensina, não se esqueçam disto, somos senhores e servos. A quem vamos servir e quem vamos comandar nos dirá se terá valido a pena ter mais uma vez existido. Tudo é uma questão de SABER e oportunidade.

" Nunca o sono te feche as pálpebras sem que antes hajas perguntado a ti mesmo:

- Que fiz eu? Que deixei de fazer neste dia? 

Se praticaste o mal, recua; persevera se praticaste o bem" (Pitágoras) 

Paz Profunda!!! 


QUEM FOI ALBERT PIKE



Nasceu em Boston, Massachusetts (EUA), no dia 29 de dezembro de 1809, foi, segundo informações extraídas do site freemasons, o mais velho dos seis filhos de Benjamin e Sarah Andrews Pike. Albert foi criado em um lar cristão frequentando uma igreja Episcopal.

Quando tinha 15 anos, Albert passou no exame de admissão na faculdade de Harvard, porém não pôde frequentá-la porque não tinha recursos financeiros. Por isso, mais tarde foi para Santa Fé, estabelecendo-se em Arkansas, onde trabalhou como editor de um jornal antes de ir trabalhar num bar. No Arkansas, encontrou Mary Ann Hamilton, com quem se casou em 28 de novembro de 1834. Dessa união nasceram-lhes 11 filhos.

Quanto Albert tinha 41 anos, candidatou-se para a admissão no Western Star Lodge. Tornando-se membro ativo na Grande Loja do Arkansas, atingiu os 10 graus do Rito de York de 1850 a 1853.

Em março de 1853, em Charleston, Albert recebeu os 29 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, de Albert Gallatin Mackey ( O Rite The Scottish havia sido introduzido nos Estados Unidos em 1783. Charleston foi o local do primeiro Supremo Conselho, que governou o Rito Escocês nos Estados Unidos, até que um Supremo Conselho do Norte foi criada em Nova York, em 1813).. A fronteira entre o Jurisdições Sul e Norte, ainda hoje reconhecido, foi firmemente estabelecida em 1828. Mackey então convidou Pike a participar do Conselho Supremo para a Jurisdição do Sul em 1858 em Charleston, e ele tornou-se o Grande Comendador do Supremo Conselho no ano seguinte. Albert Pike ocupou esse cargo até sua morte, apoiando-se em várias ocupações, como editor do Memphis Daily Appeal, de fevereiro 1867 a setembro de 1868, graças aos seus conhecimentos das leis. Depois, Albert Pike abriu um escritório de advocacia em Washington, tendo defendido vários casos perante a Suprema Corte dos EUA.

No entanto, Pike  empobreceu por consequência da Guerra Civil, e passou grande parte de sua vida, muitas vezes pedindo o dinheiro para despesas básicas ao Conselho Supremo, que acabou votando (em 1879) uma ajuda financeira de US $ 1.200, por ano, como uma espécie de aposentadoria para o resto de sua vida. Ele faleceu em 02 de abril de 1892, em Washington.

Percebendo que uma revisão do ritual era necessário para que o Rito Escocês sobrevivesse, Albert Pike e
Mackey foram encorajados a rever o ritual para produzir um padrão para ser usado em todos os estados da Jurisdição Sulista. A revisão começou em 1855, e depois de algumas alterações, o Conselho Supremo endossou revisão de Pike em 1861. Pequenas mudanças foram feitas em dois graus em 1873 depois de os corpos do Rito de York no Missouri objetar que os graus 29 e 30 ° revelavam segredos do Rito de York.

Pike é mais conhecido por sua grande obra, Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry (Moral e Dogma do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria), publicado em 1871. Morals and Dogma não deve ser confundido com a revisão que Albert Pike efetuou no ritual do Rito Escocês. São obras distintas. Walter Lee Brown escreveu: "Pike pretendia que [Morals and Dogma] fosse um complemento desse grande sistema de instrução moral, religiosa e filosófica, que ele tinha desenvolvido em sua revisão do ritual escocês."


Moral e Dogma era tradicionalmente dado ao candidato, quando atingia o grau 14 do Rito Escocês. Esta prática foi interrompida em 1974. Uma Ponte para a Luz, por Rex R. Hutchens, é fornecido aos candidatos hoje nos EUA. Hutchens lamenta que Morals and Dogma é lido apenas por alguns maçons. Uma Ponte para a Luz foi escrito para ser "uma ponte entre as cerimônias dos Graus e a leitura em Morals and Dogma

fevereiro 15, 2023

XEQUE MATE EXISTENCIAL - Roberto Ribeiro Reis



Cruel dúvida ao irmão inda assola,

Na Ordem parece não ter ingressado;

Seu pensamento parece engessado,

Não captou a essência da Escola.


Comprou mais aventais, está ocupado

Não com estudos, mas com aparência;

Ele infelizmente não tem a sapiência

De quem se enveredou pelo filosofado.


Certo dia, um existencial xeque-mate

O acossou, de forma forte e hostil;

O pavimento mosaico, de modo sutil,

Trouxe à sua mente enorme embate.


Pra quê viver preso à forma externa,

Se o que prima é sempre o conteúdo?

A Sabedoria urge, a essência saúdo!

A vida é Arte Real e messe fraterna!


Aquele” piso xadrez da sinceridade”

Ensejou ao Irmão muitas indagações:

Viver o bem, o mal e as contradições?

Tudo se opõe e sintetiza a realidade.


O livre-arbítrio está na Fraternidade,

É a prudência de escolher o caminho;

É ter ciência para poder andar sozinho,

E fazer o bem, a despeito da maldade.


O Irmão se emocionou, de verdade,

Ó quão bela e nobre é a Maçonaria!

Sentir a dor, para valorizar a alegria,

Agir com amor, para viver a felicidade!