novembro 17, 2024

VALORIZE OS ENCONTROS DE AMIGOS!!! - Flávio Araújo



Um texto importante para reflexão, compartilhado pelo Ir:. Flavio Araújo.

Três Estágios de Eliminação na Vida:

Aos 60 anos, o local de trabalho começa a eliminar você. Aos 65 anos Você não terá mais espaços no seu trabalho, apesar da sua experiência e de suas realizações prodigiosas ao longo da  vida. Não importa o quão bem-sucedido ou poderoso você foi durante sua carreira, você voltará a ser uma pessoa comum.

Portanto, não se apegue à mentalidade e ao senso de superioridade do seu trabalho anterior, deixe de lado o seu ego, ou você pode perder a sua tranquilidade, procure manter o seu foco na disciplina, no método, na determinação, na experiência e na sua capacidade de passar os ensinamentos aprendidos!

Aos 70 anos, a sociedade gradualmente irá eliminar você.

Os amigos e colegas que você costumava encontrar e socializar, se tornam cada vez menos presentes e dificilmente alguém o reconhecerá no seu antigo local de trabalho.

Não diga, "Eu costumava ser...", "Eu era..." ou “Eu fiz” porque a geração mais jovem não o reconhecerá e você não deve se sentir desconfortável com isso em nenhum momento. Você verá que só os  amigos de bom papo e que você gosta de estar e escutar serão seus companheiros.

Aos 80/90, será a família que lentamente eliminará você.

Mesmo que você tenha muitos filhos e netos, na maior parte do tempo você estará vivendo com seu cônjuge ou sozinho, talvez rodeado por filhos e netos, mas irá verificar que eles falam mais entre eles do que com Você, não importa o chefe de Família que Você tenha sido, nem o quanto de prosperidade trouxe a sua Família. Quando seus filhos o visitarem ocasionalmente, será uma expressão de afeto e respeito, e então não os culpe por virem menos frequentemente, pois eles estão ocupados com suas próprias vidas, com seus próprios filhos. Novamente aqui só os velhos amigos que Você sempre se identificou e era prazeroso estar e conversar com eles é que irão lhe procura.

Depois dos 90, a Terra é que buscará eliminar você.

Nesse ponto, não fique triste ou desanimado,

pois esse é o curso natural da vida e todos os privilegiados por Deus com vida longa,  certamente seguirão esse caminho. 

*Do pó viestes e para o pó voltarás!*

Portanto, enquanto nossos corpos ainda são capazes, temos boas energias, estamos lúcidos e ainda admirado pelos velhos amigos e companheiros de luta, vivamos a vida ao máximo, principalmente sempre encontrando quem gostamos!

Participe dos encontros, coma o que você quiser, beba o que desejar, brinque e faça as coisas que você ama. 

Então, participe mais em sua vida encontrando os amigos, cultivando a amizade mesmo na velhice, participando nos grupos de amigos e suas redes sociais, mande um bom dia e diga um olá sempre, mantenha sua presença, seja feliz e não tenha arrependimentos!" 

Afinal Você será sempre lembrado se for Luz por onde passar!

Dedicado aos Amigos de longa data...

O AUMENTO DE SALÁRIO - Adilson Zotovici



Independe da potência

Atende mesmo temário

Seguindo mesma sequência

Desde recipiendário


Grande luta em evidência

Resoluta no glossário

Quais degraus em sua essência

A novos graus do ternário


Mas soberano, sumário

O valor dessa apetência

Insano algum honorário


Ledo engano a  influência

Vez que  aumento de salário

É o aumento da incumbência !



Reunião publica da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras em 15 de novembro de 2024



 

novembro 16, 2024

...SE A CURIOSIDADE AQUI TE CONDUZ, RETIRA-TE - Newton Agrella


R.'.E.'.A.'.A.'.

O enunciado deste breve fragmento literário traz como sujeito da oração a palavra: "curiosidade" - num contexto exclusivamente maçônico e sobretudo iniciático.

É inegável que semânticamente e morfológicamente, grosso modo, o referido substantivo traduz em seu significado a disposição mental pela vontade de aprender e descobrir coisas novas e que igualmente pode ser entendido como um aspecto da inteligência humana.

Cabe também deixar registrado, que a palavra "curiosidade"  tem sua etimologia advinda do Latim *"curiositas"* que quer dizer  "desejo por conhecimento" ou "desejo por informação" ; de *"curiosus"*, “diligente, cuidadoso, inquiridor”, e de *"cura"*, “cuidado”.

Vários são os tipos de curiosidade que aguçam a mente humana, dentre as quais podem ser citadas :

- A provocada pela sensibilidade à privação;

- A mera satisfação em explorar;

- A curiosidade social;

- Aquela que busca emoção;

Dentre outras tantas.

Apesar destas considerações iniciais,  particularmente no caso da Maçonaria, a mesma não pode e nem deve  servir como um território experimental, ou um simples laboratório para saciar uma mera curiosidade.

Até porque, a Maçonaria -  além de seu caráter iniciático, constitui-se na mais importante instituição filosófica, bem como um complexo Código Moral -  dedicada precípuamente ao estudos de problemas fundamentais da humanidade, dotada de grandes ensinamentos. 

Desse modo, diante deste seu amplo arquétipo humanistico e cultural a mesma impõe que aquele que esteja investido do reles espírito da "curiosidade", seja demovido deste propósito ao deparar-se com este claro alerta ao ingressar na Câmara de Reflexões.

A filosofia maçônica e seus preceitos dialéticos rechaçam a afeição ao superficial, ao fútil, à vacuidade de pensamento e à inconsistência de propósitos.

A rigor, "a curiosidade pela curiosidade" - pode se tornar um fator de risco e perigo à própria Sublime Ordem, posto que os seus segredos, confidencialidade, procedimentos ritualísticos e tradições históricas resguardadas ficariam expostas.

O caráter sigiloso da Arte Real, por si só, consiste num elemento filtrante e impeditivo para que curiosos, sejam movidos por outras intenções, senão na busca pela evolução pessoal e pelo aprimoramento da consciência.

Contudo, ainda assim, um dos episódios mais frequentes com que nos defrontamos é com Iniciados, que após brevíssimo período, se dão conta que a Maçonaria "não era bem o que esperavam"... e acabam por desistirem, num tácito exemplo de descomprometimento e irresponsabilidade.

Não é por acaso que o ditado popular: "A curiosidade matou o gato” seja tão legítimo e  serve para alertar que este sentimento irrepresável pode levar a problemas e sobretudo à frustração.

Este é mais um dos ingredientes que ajudam a explicar o porquê do êxodo nas Lojas e a falta de compromisso daquele que assume este vulnerável espírito felino.

O CONHECIMENTO


Sócrates: Sócrates acreditava que o verdadeiro conhecimento começa com a admissão da ignorância. Ele dizia: "Só sei que nada sei". Através do método socrático, que envolve diálogo e perguntas rigorosas, ele acreditava que poderíamos nos aproximar da verdade ao desmontar preconceitos e ideias falsas, promovendo uma compreensão mais profunda dos conceitos.

Platão: Platão, aluno de Sócrates, acreditava que o conhecimento verdadeiro provém do mundo das ideias, também conhecido como mundo das formas. Em "A República", ele utilizou o famoso exemplo da "Alegoria da Caverna" para explicar como o mundo físico é simplesmente uma sombra do mundo real das ideias. Nesta alegoria, os prisioneiros acorrentados em uma caverna veem apenas sombras projetadas nas paredes, acreditando que essas sombras são a realidade. Somente ao se libertarem e saírem da caverna, eles podem ver a verdadeira luz do sol, que simboliza o conhecimento e a verdade, acessíveis através do raciocínio filosófico. Platão também desenvolveu a teoria das formas, onde as ideias são entidades abstratas que existem independentemente do mundo material e que representam a verdadeira realidade.

Aristóteles: Aristóteles, aluno de Platão, acreditava que o conhecimento provinha da experiência sensorial e da observação. Ele defendia a ideia de que a mente humana pode compreender o mundo ao coletar e analisar dados, baseando suas conclusões em evidências empíricas. Aristóteles também desenvolveu a metodologia científica baseada na lógica e na análise cuidadosa dos fenômenos naturais, propondo que o conhecimento pode ser adquirido de forma sistemática através da indução e dedução. Além disso, ele introduziu as quatro causas (causa material, causa formal, causa eficiente e causa final) como um meio de explicar os fenômenos naturais de maneira abrangente.

Descartes: Descartes, o famoso filósofo francês, disse a famosa frase: "Penso, logo existo". Ele acreditava que o pensamento e a dúvida eram a base do verdadeiro conhecimento. Para ele, a razão é a ferramenta básica para alcançar o conhecimento. Descartes enfatizou a importância do método cartesiano, que envolve a dúvida metódica e a análise crítica como meio para alcançar a verdade.

Immanuel Kant: Kant tentou conciliar razão e experiência. Ele acreditava que o conhecimento surge da interação da mente com o mundo físico e que temos limites ao que podemos saber. Ele dizia que há coisas que a mente humana não pode compreender plenamente, chamadas de “a coisa em si mesma” (noumenon), enquanto o que percebemos são os fenômenos. Para Kant, a estrutura da mente humana molda nossas experiências, e o conhecimento é limitado pelas capacidades e categorias da mente.

John Locke: John Locke, o filósofo inglês, acreditava que a mente humana era uma tábua rasa (tabula rasa) e que o conhecimento provém da experiência sensorial e da interação com o mundo exterior. Ele argumentava que todas as ideias e conhecimentos são derivados da experiência, seja através da percepção direta ou da reflexão sobre essas percepções.

David Hume: Hume duvidava da possibilidade de alcançar um conhecimento verdadeiro e absoluto. Ele acreditava que nosso conhecimento se baseia na experiência e no hábito, e que a mente não pode alcançar uma certeza absoluta. Hume argumentava que as nossas percepções e ideias são apenas associações baseadas na experiência repetida, e questionava a validade da causalidade e da indução.

O que você acha?

Quer você acredite que o conhecimento provém da razão ou da experiência, compreender esses pontos de vista pode abrir novos horizontes em seu pensamento.

novembro 15, 2024

HUMILDADE E VAIDADE - Paulo Valle


“O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade.“ Ernest Hemingway (1899-1961) 

“A falsa modéstia é o último requinte da vaidade.”  Jean de La Bruyère (1645-1696 

SIC TRANSIT GLORIA MUNDI!

 (Como são passageiras as glórias do mundo!).  Esta frase dita pelo Venerável Mestre é o ponto alto de uma Iniciação Maçônica.  Ela encerra uma das maiores verdades e que quase sempre é ignorada por todos nós.  Julgamo-nos eternos e pouco fazemos para vencer as nossas paixões. Os cargos, o poder e a vaidade nos impedem muitas vezes de aparar a pedra bruta que somos, e, esquecemos então um dos princípios mais importantes da Maçonaria que é a humildade. 

Já, como neófito, lhe é dito que ele acabou de morrer para a vida profana (Era Vulgar) e renasceu para a Verdadeira Luz.  Isso quer dizer que tudo que o aviltava, quando profano, deverá ser desvestido, inclusive a VAIDADE.  E, tudo que lhe faltava como virtudes, deverá ser incorporado, inclusive a HUMILDADE. Uma vez Iniciado, o postulante torna-se Maçom, e, como tal, estará sob vigilância de sua própria consciência e dos demais Maçons.  

Comandado pelo Venerável Mestre a Loja dará guarida ao novo Irmão orientando e ensinando o caminho a ser trilhado, agora como Maçom, imbuído de humildade e destituído de ostentação. 

A figura do Venerável Mestre, das Luzes ou de qualquer outra autoridade, em uma Loja Maçônica, reflete sempre a bondade e as suas ações que são comparadas as de um pai que aconselha o filho ou do irmão mais velho que o protege.  É por essa razão que a joia do Venerável Mestre (o esquadro) tem um significado tão profundo para todos nós, pois ela representa a retidão das suas atitudes além da confiança que todos os irmãos nele depositam.   

Em nosso meio não há lugar para jactância do mundo profano. Aquele Maçom que por ventura não se enquadre dentro dessas normas irá se sentir deslocado e, mais cedo ou mais tarde, perceberá que está no lugar errado. 

Ser humilde significa seguir essa postura e quando perguntado: “Que vindes fazer aqui?”  responder com convicção e com orgulho: “Vencer minhas paixões, submeter minha vontade e fazer novos progressos na Maçonaria!” 

Aquele Maçom que se deixa contaminar pelo sonho passageiro de poder, seja na vida profana ou até mesmo dentro da Ordem infelizmente não entendeu a beleza e a profundidade dos nossos ensinamentos. 

Conta-se o caso que no México, há muitos anos, um Maçom foi condenado injustamente à morte. O caso teve grande repercussão dentro e fora da Maçonaria. O Presidente do México era Maçom e um dia estando em Loja, ocupando o humilde cargo de Guarda do Templo ouviu quando os Maçons indignados discutiam a condenação do Irmão. Foi então que um dos presentes sugeriu que o Presidente do México poderia comutar a pena do referido Irmão. 

Arguido pelo Venerável Mestre a resposta foi a seguinte: 

“Venerável Mestre este guarda do Templo que vos fala nada pode fazer, mas se o Venerável permitir a minha saída, quem sabe o Presidente do México possa fazê-lo!” 

O Irmão condenado foi salvo. Esta pequena narrativa mostra primeiro, aquilo que dizíamos anteriormente que a Maçonaria nivela a todos sem distinções de cargos e de títulos; e, em segundo lugar, a humildade do Presidente do México que sem dúvida entendeu muito bem a frase “sic transit gloria mundi”. 

Ser humilde é desbastar esta pedra bruta que somos e com tolerância, bondade e amor tratar não só os seus irmãos, mas também aqueles com os quais convive na vida profana.  

Não somos perfeitos e assim sendo, dentro da Maçonaria, encontraremos exemplos de irmãos que por sua postura e pelas suas atitudes são exemplos a serem seguidos, todavia outros existirão que mesmo tendo chegado aos graus mais elevados da Ordem parece que nada entenderam e continuam pedras brutas a serem lapidadas. 

Devemos ter sempre em mente que a Maçonaria é perfeita nos seus ensinamentos e naquilo que tenta modificar dentro de cada um de nós, porém nem todos os Maçons entendem desta forma e alguns permitem que o falso brilho das coisas possa ofuscar estas verdades. 

Pior que a falta de humildade é a vaidade.  

O Maçom tem o dever de constantemente policiar os seus procedimentos para evitar que a vaidade possa fazê-lo esquecer dos ensinamentos recebidos, que somos todos iguais e que na Maçonaria não existem distinções de títulos e de cargos. 

A vaidade, literalmente falando, é a qualidade do que é vão, vanglória, ostentação, presunção malformada de si.  Nos dicionários, soberba, orgulho, arrogância são palavras muito próximas de vaidade.  Homens tomados por esses sentimentos são os que olham para si como dignos de admiração pelos outros.  Imaginam que estão acima das demais pessoas. 

Infelizmente, muitos Maçons não conseguem se desvencilhar desse vício, pavoneando sua condição de algum cargo recebido, por menor que seja exigindo tapete vermelho e deixando ao largo a modéstia.

Ainda bem que esses tipos são poucos... 

E, vale essa reflexão para entender que todos aqueles que são dominados por a Vaidade, o Orgulho desmedido, a Inveja, a Ambição, e todos aqueles males que assolam o ser humano, no túmulo, ficam convertidos em cinzas e no esquecimento perpétuo.

_Sejamos, pois humildes, praticando em todo momento o Amor com o próximo, em vida_

 *de forma a ser Justos e Perfeitos, diante e para a G.·.D.·.G.·.A.·.D.·.U.·.*

A MAÇONARIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA - Michael Winetzki




De modo diferente do que ocorreu na Independência do Brasil e na Lei Áurea, que foram processos conduzidos com importante participação da maçonaria, a Proclamação da República, embora tenha tido a participação de maçons, não foi um evento patrocinado pela Ordem, mas por uma reunião de forças vivas, políticas, econômicas e religiosas.


Havia também irmãos monarquistas, ricos e nobres, opondo-se às ideias republicanas, mas talvez a principal razão para deflagrar o movimento tenha sido a bela senhora Maria Adelaide de Andrade Neves Meireles, filha do Barão de Triunfo e por quem Deodoro da Fonseca havia se apaixonado, quando comandava a tropa no RS, embora fosse casado. A viúva Maria Adelaide preferiu ficar com o político gaúcho Gaspar Silveira Martins, e isso criou uma inimizade feroz e permanente entre ambos que seria cristalizada na Proclamação da República. Não foi a primeira, nem será a última vez que o amor por uma mulher decide o destino de uma nação.


Os ideais republicanos vicejavam na Europa há pelo menos um século e eram trazidos pelos brasileiros que estudavam em Portugal, na França e na Inglaterra. Com a finalidade de lutar pela independência a Loja Comércio e Artes se dividiu em três e em junho de 1822 criou o Grande Oriente Brasílico, a primeira obediência maçônica.


Com o retorno de D. Pedro I a Portugal, a luta da maçonaria passou a ser a antecipação da maioridade de D. Pedro II, para evitar o caos político da nação que poderia resultar na formação de muitos estados independentes, como aconteceu em toda a América Latina, mas a partir da consolidação da monarquia se estabeleceram duas correntes políticas, conservadores e liberais, monarquistas e republicanos, e em ambas atuavam ilustres maçons.


Eclodiram movimentos separatistas por todo o país, fundamentados em ideias republicanas. O governo imperial combatia esses movimentos, muitos deles organizados por maçons e também combatidos por maçons. Assim foi com a Guerra dos Mascates em 1710, com a Inconfidência Mineira em 1788, com a Revolução Pernambucana de 1817, com a Confederação do Equador em 1824, com a Sabinada em 1837 e a Revolução Farroupilha de 1835 liderada pelos maçons Bento Gonçalves e Davi Canabarro. Em 1842 o maçom Caxias combateria o também maçom Padre Diogo Antônio Feijó, que liderava uma revolução em S. Paulo apesar de ter sido regente de D. Pedro II.


Três eventos foram determinantes para a queda do Império: a Guerra do Paraguai e a revolta dos militares, a Questão Religiosa e a Abolição da escravatura.

 

A revolta dos militares

Em 1870 a Tríplice Aliança vencia a Guerra do Paraguai que matou cerca de 480.000 pessoas, sendo mais de 300.000 paraguaios. O exército vitorioso retornou com grande força política, mas foi calado pela aristocracia imperial. O imperador proibiu a manifestação pública das opiniões dos militares.


A punição do Ten. Cel. Sena Madureira, que era amigo do Imperador, por ter discutido com o Ministro da Guerra que era um civil, criou uma corrente de protestos nas Forças Armadas e levantou a Questão Militar, que acabou incluindo a reivindicação por melhores salários e equipamentos mais modernos e o ideário positivista que levava à reivindicação de um Estado laico e republicano e da escolha de um governante que conduzisse o país atendendo às reivindicações populares.


Na Escola Militar o Professor Tenente Coronel Benjamin Constant, maçom e positivista, que era adorado pelos oficiais mais jovens, incutiu as ideias republicanas na oficialidade.


A questão religiosa

Também na década de 1870, finda a Guerra do Paraguai, com o exército lutando por uma fatia de poder, outra grave crise afeta o Império. Foi o enfrentamento entre a Igreja Católica e a Maçonaria que acabou-se tornando uma questão política e uma queda de braços entre o Imperador e a Igreja.


Na época, associações, civis ou religiosas, eram autorizadas e regidas pelo governo. Dois bispos ultraconservadores, Dom Vital de Oliveira de Olinda e Dom Macedo Costa do Pará, interditaram as irmandades que funcionavam legalmente porque tinham membros maçons. Os dois Grandes Orientes na época se uniram contra a ação da Igreja e os seus Grão-Mestres, Visconde do Rio Branco e Saldanha Marinho protestaram publicamente e também no Legislativo, onde maçons tinham forte presença. O Imperador se sentiu afrontado com a atitude dos religiosos, que desrespeitaram a Constituição e desafiavam a sua autoridade e mandou que levantassem os interditos. Ao se negarem a fazê-lo os bispos foram presos e condenados a trabalhos forçados.


Embora até aquele momento a Igreja conservadora fosse um dos esteios do Império, responsável por grande parte das instituições de educação e saúde, a crise tomou grandes proporções e D. Pedro II teve comprometido o apoio que as autoridades religiosas lhe proporcionaram. D. Pedro II não era maçom e não tinha simpatia especial pela Ordem, mas no Governo havia maçons em altos cargos que devem tê-lo aconselhado nesta atitude. Ao confrontar a Igreja e perder o seu apoio o Império enfraqueceu ainda mais.


A abolição da escravatura

Na mesma época uma outra questão estava sendo discutida nas Lojas Maçônicas e nas reuniões políticas, a fim da escravidão. Na maçonaria o ideal da Abolição caminhava ao lado da campanha republicana, conduzida por uma geração de jovens e brilhantes maçons e intelectuais como José do Patrocínio, Saldanha Marinho, Quintino Bocaiúva, Luiz Gama, Castro Alves e outros, sem títulos de nobreza, mas com grande prestígio popular.


A maçonaria defende nas Lojas as leis antiescravistas como a lei do Ventre Livre de 1871, a dos Sexagenários de 1885 e finalmente a Lei Áurea de 1888, cujo texto foi redigido por José do Patrocínio e assinado pela Princesa Isabel. Diversas Lojas como a Vigilância e Fé, de São Borja – RS, Loja Independência e Regeneração III, ambas de Campinas – SP, aprovaram e difundiram um manifesto contrário ao Terceiro Reinado e a favor da abolição. Outras lojas como a Perseverança III de Sorocaba realizaram coletas para adquirir cartas de alforria para escravos.


Em 1870 Joaquim Saldanha Marinho e Quintino Bocaiúva fundaram o Partido Republicano e publicaram o Manifesto Republicano que criticava a centralização do poder na monarquia e exigia um modelo federalista no Brasil com autonomia às províncias; responsabilizava a monarquia pelos problemas do país e indicava a república como a solução. Bocaiúva era editor do jornal A República e realizava reuniões cujo tema era a derrubada do Império. Três anos depois, na cidade paulista de Itu, a maçonaria iria organizar a Convenção Republicana.


A rica elite econômica, os abastados fazendeiros de São Paulo e Minas Gerais, se opunham à libertação dos escravos, cuja mão de obra era a razão de sua fortuna e tinham interesse na manutenção do estado de coisas como era com a monarquia. Entre eles também havia maçons, mas os interesses econômicos se sobrepunham ao ideário maçônico. Esses membros da elite e da nobreza participavam do partido conservador, monarquista, e combatiam com ferocidade as ideias liberais.


Em 1882 a maçonaria estava novamente agrupada em uma única obediência, o Grande Oriente, e embora seu Grão-Mestre, Vieira da Silva, fosse monarquista e leal ao imperador, o assunto da Proclamação da República fervilhava nas Lojas.


No dia 10 de novembro de 1889 Benjamim Constant, que já havia convertido a maior parte da oficialidade jovem do exército para a causa republicana e positivista, convoca para uma reunião na sua casa os irmãos Campos Sales, Prudente de Moraes, Silva Jardim, Rangel Pestana, Francisco Glicério, Ubaldino do Amaral, Aristides Lobo e Bernardino de Campos.  Nessa reunião decidem a queda do Império. Deodoro foi informado de que a intenção da reunião era apenas a derrubada do gabinete chefiado pelo Visconde Ouro Preto.


Sem a ação da tropa isso não seria possível e Benjamin Constant é designado para convencer Deodoro da Fonseca, a mais alta patente militar do Império a liderar o movimento. Missão difícil porque Deodoro era amigo leal e afeiçoado ao Imperador. Constant informa a Deodoro que o movimento era apenas para derrubar o gabinete do Primeiro Ministro. O Marechal se põe à frente da tropa e em 15 de novembro prende o Visconde de Ouro Preto. Dá vivas a D. Pedro II e voltou para casa, de onde havia saído, adoentado, para o Campo de Santana.


Sob o argumento levado por Constant (era mentira) de que o Imperador iria nomear para o cargo de primeiro-ministro a Silveira Martins, o seu inimigo pessoal e político, antigo rival no amor da gentil senhora Maria Adelaide, Deodoro revoltado assume a liderança do movimento e Floriano Peixoto assina um documento extinguindo a monarquia e proclamando a República.


Mas a reunião das tropas no quartel-general Campo de Santana não formalizou a República. Isto veio a acontecer numa reunião extraordinária convocada às pressas na Câmara Municipal, quando o vereador José do Patrocínio leu o documento da Proclamação da República, e o povo nas imediações passava a comemorar cantando nas ruas o hino francês “A Marselhesa”.


No mesmo dia 15/11 o editorial da Gazeta da Tarde publicava:

A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois pode-se considerar finda a Monarquia, passando a regime francamente democrático com todas as consequências da Liberdade.


No Palácio o Conde D’Eu, genro do Imperador e militar de carreira, e o Engenheiro André Rebouças tentaram convencer D. Pedro II a autorizar um movimento de resistência, que possivelmente teria êxito, uma vez que o mandatário era idolatrado pelo povo, mas custaria muito sangue derramado. Seu sentimento era de que não valia a pena o sacrifício de tantas pessoas. Idoso, doente e alquebrado, assim como sua esposa que veio a falecer decorrido um mês e recebendo a notícia em casa redige uma resposta:

“À vista da representação escrita que me foi entregue hoje, às 3 horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir, com toda a minha família, para a Europa, deixando esta Pátria, de nós tão estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação, durante mais de meio século em que desempenhei o cargo de chefe de Estado. Ausentando-me, pois, com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo os mais ardentes votos por sua grandeza e prosperidade.”


Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1889 D. Pedro de Alcântara.


Estava proclamada a República e o maior, mais admirado e mais culto estadista que o Brasil já conheceu foi exilado para morrer num modesto quarto de hotel em Paris, tendo por travesseiro um saquinho de terra de sua Pátria e deixando aos brasileiros a memória de mais de meio século de governo quando o Brasil foi um dos países mais respeitados e admirados do mundo.











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