A MAÇONARIA COMO ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL - Breno Trautwein




O protótipo da organização moderna é a orquestra sinfônica. Cada um de seus duzentos e cinquenta músicos é um especialista de alto nível. Contudo, sozinha a tuba não faz música; só a orquestra pode fazê-la. E esta toca somente porque todos os músicos tem a mesma partitura. Todos eles subordinam suas especialidades a tarefa comum. E todos tocam somente uma peça musical por vez. (Peter Drucker)

Faça-se a análise da maçonaria no momento atual. O que ela representa na sociedade? Qual o número de maçons existentes? Por que se reúnem todas as semanas? E o resultado dessas reuniões? Como ela poderia ser mais efetiva e atuante?

Todas as pessoas, bem como suas associações, têm por finalidade prestar uma tarefa a coletividade.

 Como dizem as constituições e regulamentos maçônicos, dentre os quais destacamos a última promulgada em dezembro do ano passado, possivelmente a mais "MODERNA", que em sua declaração princípios traz:

O Grande Oriente de Santa Catarina (GOSC) adota com fundamento na tradição maçônica universal, os seguintes princípios:

1. Jurisdição soberana sobre todas as lojas da obediência, exercendo autoridade sobre os graus simbólicos nelas existentes.

2. Ninguém será levado a iniciação, em qualquer loja jurisdicionada sem possuir as qualidades de probidade, independência e bons costumes.

3. O maçom tem assegurado plena liberdade de crença, mas deverá abster-se de manifestar preconceitos e de provocar polêmicas de natureza política partidária ou religiosa.

4. O Grande Oriente de Santa Catarina, para a consecução de seus fins, se organiza como estado simbólico, sem prejuízo de sua devoção a Pátria comum. 

Poder-se-ia deixar a critério dos irmãos as considerações sobre as incoerências destes quatro parágrafos, porém procurar-se-á destacar-se as mais contundentes como:

Exigir dos maçons "probidade, independência, e prática de bons costumes", já no próprio texto a independência e restrita a prática de bons costumes; os quais variam de cultura para cultura, de época para época; modificados pelos novos hábitos adquiridos pelas transformações do pensamento.

Exemplificando: Tem-se a revolução sexual, consequente do Freudismo, com suas implicações educacionais, familiares e social. 

Contrariando esta proposição repete o chavão da liberdade de crença, desde que fique de boca fechada; esquecidos do "penso logo existo" cansados de todas as polêmicas.

Manda a potência e logo desmanda sobre as lojas jurisdicionadas.

Também, se organiza como estado simbólico, sem prejuízo de sua devoção a Pátria comum, justamente, quando na atualidade a noção de estado-nação vem cedendo espaço aos estados-regiões, não só sob o aspecto econômico, mas das inter-relações culturais. Estão aí União Europeia, Mercosul, OPEP, OTAN, ONU e tantos outros exemplos malgrado ter a pretensão de ser "MODERNA", e em alguns pontos ela é, contudo mantém a figura absolutista do Grão Mestre.

Fala-se em Tradição. QUE TRADIÇÃO?

DAS CORPORAÇÕES E CONFRARIAS MEDIEVAIS, DA GRANDE LOJA UNIDA DE LONDRES, OU DA LOJA DE YORK COM SUAS IMPLICAÇÕES CATÓLICAS?

É necessário rever-se os reais e antigos costumes maçônicos (Poema Régio, Manuscritos Cooke e Swain) e não a própria Constituição de Anderson e os trinta e nove princípios régios de John Payne.

Citando Peter Drucker (Sociedade pós-capitalismo) falando sobre o governo ele diz:

"Portanto o governo precisa recuperar uma pequena capacidade de desempenho. Ele precisa ser reformulado. Esse é um terreno de negócios, mas a reformulação de uma instituição quer ela seja uma empresa, um sindicato, uma Universidade, um hospital ou um governo requer os mesmos três passos": 

1. Abandono das coisas que não funcionam, das coisas que nunca funcionaram; das coisas que sobreviveram á sua utilidade e a sua capacidade de contribuição.

2. Concentração nas coisas que funcionam, que produzem resultados, nas coisas que melhoram a capacidade de desempenho da organização; e

3. Análise dos meio-sucesso, dos meio-fracassos. Uma reformulação requer abandono de tudo aquilo que não funciona e a ênfase naquilo que funciona. 

Não será possível ao nível do presente trabalho analisar com alguma profundidade os itens acima, porém deter-se-á na capacidade de desempenho da organização seja ela de qualquer tipo, entretanto torna-se necessário pensar-se na maçonaria como empresa, a qual é dirigida para PRESTAR UMA TAREFA A COLETIVIDADE.

TER-SE UMA ORGANIZAÇÃO PARA DELEITE DE ALGUNS E PERDA DE TEMPO. Ela tem que ter uma tarefa, um objetivo, o qual irá ditar as normas administrativas gerais e específicas.

Em primeiro lugar ter-se-á a organização um grupo humano formado por especialistas, ligados a uma tarefa comum. A função dela é tornar produtivo os conhecimentos, pois eles por si mesmos, hoje, são estéreis, entretanto quando reunidos e bem gerenciados são produtivos.

Um pré-requisito importante para o bom desempenho de uma organização é que sua tarefa e sua missão sejam bem claros.

Também, existe a necessidade de avaliação e julgamento de seu desempenho em relação a objetivos e metas claros, conhecidos e impessoais, para alimentar os projetos em andamento ou futuros.

Como organização uma organização tem de ter suas equipes transdisciplinares, elas, modernamente não podem ser de "chefes" e "subordinados", mas é um time em busca da vitória. E precisa ter capacidade para criar o novo, exigindo um processo de aperfeiçoamento de tudo que se faz. Hoje na indústria e nos setores de serviço a cada dois a três anos, eles são transformados em verdadeiramente em outros artefatos melhorados. Também cada organização terá de aprender a desenvolver novas aplicações dos seus produtos.

Outro aspecto da sociedade pós-capitalista é a descentralização; e ela precisa operar numa comunidade, pois seus membros e descendentes vivem na sociedade. Porém, a organização não pode submergir na comunidade nem subordinar-se a ela. Sua cultura deve transcender a comunidade .

Enquanto isso esta acontecendo no mundo globalizado para o futuro, continuam com uma administração centralizada na figura onipotente, onisciente e monárquica absolutista do Grão- Mestre.

Não se tem uma tarefa, um objetivo, uma bandeira definida. É simplesmente, um bando desorganizado obediente ou desobediente as leis, decretos, atos, vindos de um chefe, as vezes em benefício de uma minoria que se apossou do poder, e julga-se no direito absoluto de fazerem o que dita seus cérebros vazios e muitas vezes inúteis.

Infelizmente tem-se uma DESORGANIZAÇÃO MAÇÔNICA ditada pela figura centralizadora do grão-mestre que no máximo tem um doutorado específico em sua área profissional, e tem a tarefa de administrar uma caricatura de empresa, bem como ditar normas ritualísticas, conceitos simbólicos, pesquisa histórica e um pensamento filosófico pinçado das dezenas de doutrinas filosóficas modernas.

Conforme já se escreveu para o grão-mestre ficaria a tarefa cultural e a iniciática da ordem (ritualismo, simbólica, história e filosofia), enquanto a parte administrativa teria uma gerencia de preferência feita por um técnico da área de administração com uma pequena secretaria, tesouraria e planejamento e avaliação. Sobrepondo-se a essa estrutura, um colegiado de sete membros, no máximo, com a função de fiscalizar, discutir diretrizes, que seria eleito democraticamente pelos maçons. Poder-se-ia criar regiões eleitorais de acordo com o número de membros do colegiado.

Numa visão global ficaria a pergunta: O que fazer com os órgãos centralizadores atuais: GOB, COMAB,CMSB?

ELIMINÁ-LOS. 

Vê-se, facilmente a imensa tarefa dos maçons atuais e dos próximos trinta anos. Recriar uma maçonaria que seja semelhante a uma orquestra sinfônica. Será possível? Eis a questão, diante de tanta vaidade, orgulho, egoísmo, características do homem atual, "ávido em ter e não em ser".

FICA O DESAFIO:MUDAR OU PERECER.

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