A FRAGILIDADE DO “EU” E O PODER DO “NÓS” - Alan Soares M.'.M.'.



No  atual  cargo  em  exercício, optei  por  escutar  todos  os  irmãos, entender  anseios, críticas, sugestões dentre  todas  as  contribuições  que  cada  obreiro, a sua forma, ofertou a nossa  Loja. 

Sendo assim, já focando no título deste  trabalho, venho apresentar não  as  minhas  conclusões, mas uma síntese de ideias e reflexões de nosso grupo. 

Para iniciar o trabalho, e o ponto a  seguir foi levantado por muitos  irmãos,  vamos refletir sobre este: "Evasão  Maçônica" , a qual é um problema não só de uma Loja ou Potência, mas já foi inclusive objeto de estudo da CMI e  tema de um livro  “Evasão  Maçônica, Causas  e  Consequências”, de autoria do Past-Grão Mestre da GLMDF, Irmão  Cassiano Teixeira de Morais. 

Apesar de não ser o foco do trabalho a  Evasão Maçônica, dentre os vários  motivos, um deles foi comprovado estatisticamente com pesquisas feitas em todas as Grande Lojas, que a  Maior parte dos Irmãos  busca o  “NÓS”  dentro da Maçonaria e existe uma  grande frustração quando se inicia, se Eleva e se torna Mestre e o irmão as  vezes só encontra o  “EU”, entre  os  próprios Irmãos. 

A  vaidade  maior  de  todos  os  vícios  do  ser  humano  está  rompendo  as  portas  dos  Templos  e  o “EU”  se  tornando  o  grande  vilão  da  Maçonaria.  

Hoje  o  mundo  é  tomado  pelo  egocentrismo,  o “EU”  está em primeiro  lugar  em  tudo.

E  infelizmente  o  que mais  escutamos  de alguns  irmãos  é :  - “Na  Minha  época  a  Maçonaria  era  melhor  que  hoje”,  quando  “EU”  fui,  “EU”  fazia,  “EU” propunha,  “EU”  decidia,  "EU" era o Venerável Mestre, “EU”  construía...,  ai  assim  vai. 

Será  que  tanto  “EU”  realmente  foi  tão importante? 

Se  o  “EU”  fizesse  a  diferença,  hoje  esse  modelo  não  teria  prevalecido  e  as  Lojas estariam  mais  fortes? 

Ou  esse  modelo  fez  com  que  se  criasse  um  padrão  que  não  se  aplica mais e que  está fadado  ao  fracasso  e,  ao  contrário,  devemos  combater  enquanto  ainda há  tempo? 

Irmãos  entendam  que  o  trabalho  é  uma  leitura  de  dados  e  análise  feita  pela  Confederação Maçônica  Interamericana,  uma  séria  pesquisa  que  ouviu  milhares  de  irmãos  e  fez  a  tabulação de  dados.  

No  entanto,  mais  importante  e  interessante  do  que  os  estudos  de  dados,  é  que  a seriedade  da  pesquisa traduz  de forma concreta os  pensamentos  e  anseios  de nossa Potência  e de nossa Loja. 

Acreditamos  que  o  homem  Maçom  deve  se comportar como tal e tem  o  dever de preparar-- se  como  um  espelho  da  sociedade.  

Para se  preparar para  tais  desafios, ele  precisa  conhecer  para poder  compartilhar  conhecimentos  Maçônicos,  dimensionando  sua  doutrina,  tanto  no  aspecto teórico  como  prático. 

Na cerimônia de Iniciação, a mais  importante  da  Maçonaria, muitas  vezes o que acontece não é a Iniciação,  mas,  ao  contrário,  vem se tornando  mera  “pró-forma”  e,  via  de  regra,  tendo  como consequência,  uma  grande  decepção  do  iniciando,  isto  é,  enorme  frustração  em  relação  à Ordem Maçônica que nada  tem a ver  com  os  anseios   que  recebeu quando  convidado. 

Ao  invés  de  focarmos  no  Irmão  que  entrará  para  Loja,  alguns  irmãos,  por  incrível  que  pareça, querem  seu  “EU”  como  centro  das  atenções,  da  própria  iniciação  e  assim  mais  uma  vez  o  “EU” enfraquecendo  a  Loja  já  no  primeiro  dia  do  Irmão  iniciado.  

Existe  uma  expressão  que  traz  uma grande  verdade:  “A  primeira  impressão  é  a  que  fica”.  Desta  forma,  carregamos  essa  grande responsabilidade  para com  cada irmão  que  se  inicia. 

Assim  sendo,  é  a  hora  de  todos  “NÓS”  juntos  buscarmos  mais  União  e  Comprometimento  para que  possamos  ser  cada  vez  mais  coletivamente  reconhecidos  como  bom  exemplo,  como paradigmas  dos  irmãos  que  chegam  e  da sociedade. 

O “NÓS”  sempre  foi, é e  será mais  importante  e  mais  forte  do  que  o  “EU”. 

O mérito  do  trabalho e  contribuição  de cada  irmão  para  nossa  Loja,  sempre  será  reconhecido,  mas  não  pode  ser exaltado  acima  da  própria  Loja,  pois  o  “EU”  passará  e  o  “NÓS”  sempre  estará  presente  e  vivo nas  figuras  dos  irmãos  ativos  e  dos  que  virão. 

O  “NÓS”  é  o  que  faz  e  dá  sentido  a  pertencer a  uma  Ordem  Maçônica.  

Nada  agrega em encontrar  irmãos  para  simplesmente  ficar  falando  mal  de  outro  irmão,  seja  por  questões  de vaidade  ou  sentimentos  frustrados  do  seu  “EU”.  

A  verdade  é  que  não  existe  mais  espaço  para essa  postura  antimaçônica,  pois as pessoas  querem  irmãos  positivos,  participativos,  de  alto astral,  sejam  nas  reuniões  ritualísticas,  sejam  nos  encontros  sociais  familiares. 

Se  não  for  para agregar  e  fortalecer, a Maçonaria  agradece  e  dispensa os  negativos  e  pessimistas, pois  desses o mundo profano  já está cheio. 

A  luta é pelo  resgaste  da  essência  do  que  se  busca na  Maçonaria e  assim  aniquilar  a  vaidade  e  a  quantidade  de  “EUs”  e  eliminar  o  espaço  daqueles  que  querem denegrir  a  imagem da  Instituição  que  tanto  temos  orgulho  de pertencer. 

O  Poder  do “NÓS” é  tão  forte  que  o  orgulho  de  podermos  desenvolver    qualquer  projeto  juntos dá  muito  mais  prazer  e  satisfação  quando  é  realizado  em  grupo,  seja  dos  atos  mais  simples, como organizar um evento social para a Família, a  projetos mais arrojados como os apresentados pela Grande Loja. 

Ser  Venerável Mestre,  nada  mais  é  do  que  tocar  o  leme  de um  barco  formado  por  um  conjunto de  vontades  de  todos  “NÓS”  que  formam  nossa  oficina. 

Sem  o  “NÓS”  não  somos  e  não  seremos nada  do  que  a Maçonaria  necessita. 

Tudo que  a  Maçonaria  conquistou  desde  sua  fundação  em 1717, foi porque  grupos  de muitos  “NÓS”  que  se  uniram  em  um  grande propósito. 

Ao  contrário de  outras  instituições,  nações  e  grandes  nomes  da  humanidade,  não  existe  nenhum  grande nome  ligado  à  Ordem,  por  trabalho  em  prol  da  Ordem.

Não  acharemos  Grãos  Mestres  do passado, que  deixaram  seu nome  marcado  por  grandes  feitos  em  nome  da  Maçonaria, e  sabem porquê? 

O “EU”  não  faz  parte  da  filosofia  Maçônica, falamos  muito  da Primeira Grande Loja da Inglaterra,  mas  não  do  Primeiro  Grão  Mestre,  pois  o  que  importava  na  fundação  sempre  foi  o “NÓS”, o  grupo, a união  de irmãos  em  prol de  uma nova  instituição  que  se  erguia. 

Concluindo,  de  forma  bem  serena,  que  todo  relato  acima  é  um  anseio,  um  desejo  e  esperança de vários  irmãos, claro  que  nem  todos  pensam  iguais  e  nem deveria, mas  como  uma instituição democrática  que  somos,  temos  que  direcionar  os  objetivos  para  o  lado  que  a  grande  maioria escolheu, ou seja, o  “NÓS”  e  o  mais  importante  é  saber  que o  “NÓS”  é  o  caminho  certo. 

Desta  forma,  acredito  que  podemos  alcançar  o  ideal  de  comprometimento  maçônico  e  até mesmo buscar  a correção  de  rumos. 

“NÓS”  devemos, por  iniciativa própria, espontaneamente, entrar  em  consonância  com  as  ideias  apresentadas.

Além  de  pensarmos  que  não  concordamos, pensemos  também, por  que  não  concordamos  e assim, poderemos  medir  o  nosso  próprio  ego. 

Vencidas  nossas  paixões,  que  “NÓS”  possamos  promover  a  harmonia  e  crescimento  desta maravilhosa instituição  denominada Maçonaria. 




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