PRUDÊNCIA E HISTÓRIA - José Stamato M.'.M.'.



“A totalidade das causas que determinam a totalidade dos efeitos ultrapassa o entendimento humano.” (Raymond Aron)

Todos nós consideramos que a Ordem Maçônica é um meio, uma antecâmara onde trabalhamos com conceitos morais, jogados entre as forças cegas do mundo material (aparentemente sem finalidade) e as forças espirituais que servem para nos mostrar caminhos. 

Todo “despertar da consciência” ou “resposta a um chamado” (pessoal ou para a coletividade) é sempre colorido pela personalidade e marcado pelo orgulho e a ambição. 

O propósito e o desejo de servir impulsionam os seres, mas, as diversidades de temperamento dos homens dificultam o trabalho a ser feito. 

A ambição, o orgulho, a adulação, a crítica, criam um véu, nublando e impedindo a visão do bem comum e da verdade para o grupo.

A obstinação em realizar e favorecer a própria vontade contamina os indecisos, os incapazes e os mentalmente simples. 

Como submeter à vontade e controlar as paixões se não se compreendeu que somos um grupo em evolução que tem se destacado dos demais por ter uma consciência mais ampla?

Nossos ideais supremos são a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade demonstrada e operacionalizada através da simbologia exposta nos nossos diversos graus e Ritos que exprimem e procuram sedimentar conceitos morais universais que atravessam as épocas, pois, são próprios do ser humano em evolução.

Hoje, nossa época expansionista e democrática, altamente técnica e com a ciência aplicada ao bem-estar do ser humano, esclarece e leva o conhecimento à totalidade da população mundial. 

Tudo está à disposição através das mais variadas técnicas de difusão, principalmente pela Internet que ultrapassou fronteiras, sistemas e governos políticos. 

Todos têm a possibilidade de participar; estamos tendo a oportunidade de expressar nossos pensamentos e sentimentos de uma maneira nunca antes feita, já somos uma sociedade globalizada. 

Nada mais se esconde ou suprime, as verdades vêm à tona, as mentes são sacudidas e obrigadas a refletir. 

Não há nada que não possa ser revelado!

Na Maçonaria, o conhecimento através da simbologia ainda se mostra eficaz, pois, redireciona as mentes para as virtudes morais que tanto queremos atingir. 

Mas, é preciso avançar e expandir as consciências tirando-as do caminho linear; como analogia, um veículo de transporte nos leva a um lugar determinado, apesar de não podermos apreciar e conhecer de modo mais abrangente e adequado os variados locais, paisagens e seus habitantes. 

Os que ingressam na Instituição em sua maioria, são homens com formação acadêmica e estabilizados socialmente, almejando com seu ingresso conhecimento que possibilitará uma vida mais equilibrada e voltada para o espírito fraternal. 

Já trazem um conhecimento moral-filosófico proporcionados pelo ambiente de nossa época, e em Loja esse conhecimento é enfatizado e relembrado; é sedimentado e polido, mas, acaba solto na dinâmica estruturada da luta pela sobrevivência.

Nossa época está gerando uma dinâmica tecnocrata onde as especialidades através de seus mecanismos sugerem as soluções para as dificuldades inerentes ao crescimento expansionista do homem. 

A convivência e felicidade do ser humano não é apenas uma questão técnica, a liberdade é imanente no ser humano, o “fenômeno humano” não é preso a determinismos fixos, evolui com as próprias experiências e da coletividade.

Apesar de toda essa dinâmica que o assalta, sente um impulso –não revelado- de algo que o leva a considerar que há um fator, oposto e contrário para alguns ou complementar e inerente para outros, uma espiritualidade, um humanismo que o confronta com a matéria, o mundo objetivo no qual nos expressamos e damos como único e real. 

No nosso cotidiano o fator que nos assedia é a objetividade, estamos presos no círculo da matéria e poucas oportunidades nos oferecemos em analisar a experiência humana que estamos vivendo. 

É uma questão de escolha! 

*A verdade é sempre relativa no ambiente em que a consciência se encontra.*

Nossos ideais e princípios maçônicos não são frutos da formação como instituição organizada em 1717, mas que remontam a um tempo ainda indeterminado, unicamente foram colhidos e reorganizados de uma forma institucional nessa época. 

Entretanto, move-nos a prudência em nossas pesquisas pessoais, e sendo ela aliada do homem devendo acompanhá-lo em suas buscas, não pode limitá-lo de procurar compreender o motivo que leva os seres humanos a entender o conjunto de circunstâncias que levam a determinados movimentos que impulsionam o ser humano por uma humanidade melhor e mais esclarecida. 

Mas aonde devemos procurar nossos elos? 

Essas ligações fazem parte de uma longa cadeia que vem se formando através dos diversos períodos de tempos.

Desde o remoto passado há indícios que nos revelam através de informações colhidas pelos estudiosos de nosso legado (maçônico), que nos remetem à Ordem Templária. 

Sem aprofundar em sua história, pois, muitos estudos estão à disposição dos interessados, foi uma organização adiantada para sua época, uma ordem militar e monástica, guardiões de uma tradição ancestral (uma Tradição Primordial), conheciam os segredos e as falhas da Igreja de Roma, depositários da Arca da Aliança, dos segredos dos construtores das catedrais, possuíam uma frota, construíam estradas e as controlavam, organizaram um sistema de crédito e financiamentos (primórdio das instituições bancárias), e assim nos parece estavam adiantados para sua época. 

Sua grande meta era os estados unidos da Europa e restabelecer o elo de uma tradição originalmente comum entre o Oriente e o Ocidente, tinham, portanto, uma visão política que lhes ocasionaram o crepitar da fogueira e suas atividades interrompidas.

É suposto que surgiu com o objetivo de proteger os peregrinos da Terra Santa a caminho do Santo Sepulcro (em Jerusalém) e ficavam reunidos próximo ao antigo Templo de Salomão, de onde se originou a outra designação de “Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão”. 

Naquela época, Jerusalém figurava como o “centro do mundo”, era uma cidade sagrada que abrigava três religiões, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, um centro onde se podia estabelecer um vínculo entre Deus e os homens. 

Do aparecimento (formal) da Ordem em 1118 até a supressão de suas atividades em 1312 (3.abril) ficou evidenciado um componente esotérico com origens nos movimentos espirituais de conteúdo religioso libertário que contrariava o poder temporal da Igreja de Roma. 

O padroeiro e protetor dos Templários era o abade cisterciense São Bernardo de Clairvaux (1091-1153) (7).

Suas regras, sua disciplina, seu modo de agir se diferenciava do comum da época; eram motivados pela formação de um mundo melhor e mais esclarecido. 

Temos que compreender que todos os conceitos e teorias a respeito dessa Ordem são limitados, apenas tentamos nos aproximar da verdadeira natureza de suas aspirações, e o que hoje pensamos são uma aproximação de sua realidade. 

Podemos dizer que sofreram influência dos grupos esotéricos de sua época como os gnósticos e do próprio oriente muçulmano (sufis). 

Pela literatura e estudos existentes, somos herdeiros desse grupo que floresceu, criou e desenvolveu ações e princípios que vieram nortear e fundamentar nossas bases como hoje conhecemos e nos vangloriamos em pertencer a uma Ordem que é respeitada, discreta e portadora de princípios humanitários que propiciam a evolução da humanidade e dos que nela participam.

Pedi, recebereis.

Procurai, achareis.

Batei e dar-se-vos-á entrada.

(Mateus:7, 7-8; Lucas:11, 9-10)


Em que ponto nos encontramos? 

O que vindes aqui fazer?


“Há um plano maior onde a intuição está instalada. 

Todos a possuem e consciente ou inconscientemente fazem uso dela. 


Vivemos num círculo limitado de imagens, idéias, lembranças, raciocínios, associações mentais, projetos, ideais, aspirações que nos impulsionam às realizações e atitudes. Julgamos e planejamos ações e nos comprometemos objetivamente a executá-las.”


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