O SILÊNCIO DE HARPÓCRATES E A INICIAÇÃO -


Desce o primeiro dia que o que se passa em LOJA tem sido uma sequência de mistérios. 

Pouco e pouco alguns se vão revelando, pelo menos parcialmente. 

De todos os que tomei conhecimento, ou de que me apercebi, houve o que me marcou mais: O Silêncio.

I - O Silêncio

Desde as primeiras civilizações que o silêncio é um importante elemento cultural, imposto, muitas vezes com firmeza, para salvaguardar segredos. 

No antigo Egito chegou a existir um Deus do Silêncio, Harpócrates e na classe sacerdotal os iniciados assumiam um estado de silêncio total, a fim de se manterem os segredos e como incitamento á meditação, regra que seria adotada posteriormente pelas sociedades iniciáticas.

Ao longo dos tempos o Silêncio foi mantendo a sua importância, tendo até a G:.L:.U:. da Inglaterra, após a sua unificação adotado a legenda "Ouve, Vê e Cala". 

Os primeiros catecismos maçônicos também referiam que os pontos que distinguiam um Maçom eram a Fraternidade, a Fidelidade e ser Calado.

Comigo, o primeiro contato que tive com este Silêncio foi na Câmara de Reflexão. 

Há muito tempo que não tinha a oportunidade de estar, comigo mesmo, em atitude contemplativa e meditativa durante um espaço de tempo tão longo.

E tão fácil, mas tão estranho ao princípio.

Foi também o primeiro contato que tive com esta irmandade, prenunciador da importância que esta "ferramenta" viria a assumir.

Depois foi a importância que teve no juramento que realizamos na iniciação, as frases que anunciam o "silêncio nas colunas" e no final de cada Sessão o juramento de silêncio sobre tudo o que se passou.

Não podia deixar de referir também o silêncio em que, durante as Sessões, me tenho tido que manter até agora. 

Qual a sua justificação? 

Será um apelo a "Ouvir, Ver e Meditar" ou outra qualquer. 

A mim, basta-me a primeira.

Confirma-se pois que o silêncio é fundamental na origem de todas as iniciações.

Mas afinal o que significa Silêncio?

Não é só a ausência de ruído ou barulho, nem se pode confundir com mutismo.

Normalmente, tendemos a fugir da solidão, do silêncio, da responsabilidade e damos preferência aos reflexos ilusórios e á busca de satisfações, facilidades e alegrias.

O mutismo é a regressão, o mutismo esconde, é negativo e cala. 

O mutismo é calar negativamente perante uma realidade que chama por nós.

O Silêncio, pelo contrário, é propiciador ao exercício do pensamento e da reflexão. 

O Silêncio é proativo e positivo.

É pensando e refletindo, obviamente em Silêncio que chegamos a conclusões, logo se evolui, há progresso e abertura.

Somente um homem capaz de guardar silêncio será disciplinado em todos os outros aspectos do seu ser, podendo-se assim entregar á meditação.

O silêncio é também uma virtude maçônica, uma vez que desenvolve a discrição e permite usar a prudência e a tolerância em relação aos defeitos e faltas dos outros.

O silêncio é pois de ouro e, afinal, o seu som um dos mais belos.

Bom dia meus Silenciosos irmãos.

(autor desconhecido)




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