EU SOU? ... ou EU ESTOU? - Heitor Rodrigues Freire

 


Heitor Rodrigues Freire é Corretor de imóveis e advogado, past GM da GLMS e atual Presidente da Santa Casa de Campo Grande.


A busca pelo autoconhecimento deve ser uma constante em nossa vida, pois assim estaremos fazendo nossa parte para a evolução da humanidade. 

Nesse sentido, há uma discussão interessante sobre o que nós somos. Acredito que encontrar essa resposta se constituirá na conquista mais elevada e verdadeira a que pode aspirar o ser humano. É por meio do autoconhecimento que se dá o entendimento e a oportunidade de clareza de ações, que nos permitirá entender o que somos e aprendermos que "quem se ofende é sempre a personalidade, e nunca a individualidade". Ou seja, a personalidade está mais para os conceitos junguianos de "ego" e "persona", enquanto a individualidade aproxima-se do "self", mais real, mais ligada ao próprio espírito.

Longe de dialética filosófica sobre a leveza do ser e outros existencialismos, o que se pretende aqui é entender o significado e o uso dos verbos SER e ESTAR e como eles são usados em português.

Em alguns idiomas, como inglês e francês, segundo consta, não existem os dois verbos: ser e estar. Mas a diferença é bem simples. 

Ser: uma condição permanente, inata, fixa, imutável, uma definição. Aquele que EU SOU mais do que estou é algo que tento descobrir e integrar. Conhecê-lo é uma das formas de me tornar um indivíduo. Individuar é tornar-se pessoa, deixar de confundir a personalidade com a individualidade. Nessa busca, a flexibilidade é palavra-chave no processo de crescimento. 

Estar: uma condição provisória, temporária, que pode ser mudada. Tudo o que dizem de mim – nacionalidade, profissão, temperamento, títulos, currículo, formação, estado civil, endereço, nome, aparência, predicados –, é aquilo que EU ESTOU. Tem muito de mim, mas não é necessária e eternamente meu Eu.

Como sabemos, o ser humano é dotado de livre-arbítrio. Assim podemos fazer livremente as escolhas em nossa vida. O que se observa, no entanto, é que as escolhas, muitas vezes, não são orientadas pelo bom senso, o que nos leva a amargar as consequências de nossas atitudes. Tudo por causa da mania do cérebro em procurar padrões em tudo. Quando entendermos que somos verdadeiramente seres originais e não partícipes de uma fabricação em série, conseguiremos dar um salto quântico em nossas vidas.

Um mundo bom necessita de consciência, fé, conhecimento, bondade e coragem; não precisa de nenhum anseio saudoso pelo passado, nem do encarceramento das inteligências livres por meio de palavras proferidas há muito tempo por homens que, na realidade não sabiam bem do que estavam falando, mas encontrando seguidores acabaram criando massas ignorantes. Necessita de esperança para o futuro e não de passar o tempo todo voltado para trás, para um passado morto, que, assim o confiamos, será ultrapassado de muito pelo futuro que a nossa inteligência e consciência pode criar. 

Assim, com os olhos voltados para o hoje, onde, na realidade tudo acontece, vamos dar continuidade à nossa encarnação buscando sempre um azimute de confiança, de fé, de fidelidade, de realização.


Comentários